domingo, 4 de maio de 2008

O FUTEBOL É MESMO ASSIM!

Não sei se só agora me apercebi disso, ou se andava distraído e só agora dei conta, mas a frase "treinadoral" que oiço a cada entrevista televisiva é essa mesma, "o futebol é mesmo assim...", não sei se para justificar alguma coisa, se para dar a conhecer uma visão desfocada da realidade futebolística do burgo.
Que o columbófilo Chalana afirme esta lapidar frase, tal qual La Palisse o diria se tivesse sido internacional de futebol, eu até compreendo e aceito, na medida em que o homem deve ter lido poucos livros relacionados com a profissão, escrito poucas frases mais rebuscadas para além das dedicatórias nas sessões de autógrafos em guardanapos e camisolas transpiradas, sem cair nos exageros do professor Manuel Machado, mas se não escreveu podia pedir a um desses jornalistas para lhe editar o "pensamento e obra do Chalana"... eu até me lembrei do João Malheiro, et pour cause...
Mas do Chalana eu até compreendo, assim como compreendo que o treinador Bento tenha um discurso quase quadrado e com leve sotaque espanhol, que aqueles anos em Oviedo lhe deram, bem enquadrado em todas as milhentas conferências de imprensa e reportagens que de Domingo a Quarta-feira escalpeliza (!) o jogo anterior e de Quinta-feira a Sábado antevê (!) o jogo seguinte. Há uns anos era só no final dos telejornais, mas hoje só consegue ser batido no início dos ditos pela 3.548ª notícia do rapto da menina inglesa, que um dia aparecerá pela mão do D. Sebastião num dia de nevoeiro, com o Presidente da Câmara de Santarém a apresentar cumprimentos.
E esta malta não aprende que as equipas pequenas jogam quase tanto ou mais que as maiores, apenas porque "o futebol é mesmo assim"... e como não aprende, vá de chamar nomes aos jogadores, treinadores, dirigentes e respectivas famílias, de alguma maneira justificados pela diferença enorme entre os jogadores que recebem e os que não recebem (antigamente era entre os que recebiam muito e os que recebiam pouco).
Os jornais da bola irão "escalpelizar" a coisa até à exaustão, concerteza com um título adequado, como seja "BENFICA EM CRISE", por exemplo, esquecendo até quem foram os dignos adversários, que com quatro meses de salários em atraso deveriam ser eles os titulares dos jornais, até porque não sei se o bairro de Benfica é mais representativo que o seu vizinho da "Porcalhota" (antiga e típica designação do bairro da Amadora). E a tudo isto só basta mudar os nomes para se aplicar na perfeição ao bairro das Antas e outras vezes ao bairro de Alvalade, porque na sua essência os adeptos são iguaizinhos aos " Capitães Moura" do sempre bem apanhado programa da "Liga dos Últimos".
Ao ouvir ontem o treinador Jesualdo Ferreira, outrora professor universitário, com as mesmas justificações do Chalana perante o insucesso, dizendo que os adeptos foram a melhor equipa no estádio, menosprezando os valorosos adversários do Nacional da Madeira, concluo que já o Meirim tinha razão quando dizia que no futebol, ao fim de 10 minutos de jogo, já não se diferenciava o doutor do cavador.
Mas o que me trouxe a esta crónica, o título que se destaca "o futebol é mesmo assim", só aparece porque o Correio da Manhã noticiava que num jogo de futebol entre o União de Almeirim e o Atlético Alcanenense foram expulsos e castigados 26 jogadores e mais alguns treinadores e dirigentes, não tendo sido castigados os massagistas só porque estavam a tratar os mais necessitados de cuidados médicos.
Caramba, se "o futebol é mesmo assim", ainda bem que já deixei de jogar há mais de vinte anos, senão teria de me despedir da família e levar a apólice de seguro de vida e tratamentos hospitalares, todos os fins de semana.

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