sábado, 24 de maio de 2008

DEITAR FOGO À GASOLINA...

Lembrei aquele dito popular " deitar achas na fogueira" para compreender tudo o que esta "nomenklatura" pós-abril (antes disso era outra, mas também havia, claro) foi edificando de uma forma nada edificante e nos últimos tempos tem aumentado o tamanho das labaredas sociais, porque uma coisa é ter vergonha e não passar certos limites e outra é perder completamente a vergonha.
É interessante verificar que em 1974 o salário mínimo era de 17,50€ e um administrador de uma grande empresa ganhava cerca de 200,00 euros, 12 vezes mais, e hoje li no jornal CM que cada membro do conselho de administração da GALP recebe 40.000,00 euros mensais, o equivalente a 95 salários mínimos, isto tudo sem que quem manda nesta tenda democrática se sinta minimamente incomodado.
Outra coisa que me deixa um pouco surpreso é o facto de não haver nesta sociedade democrática e ocidental um cabaz de compras mínimo, sei lá, estabelecer um mínimo de sobrevivência para uma família de 4 pessoas e calcular o custo médio da alimentação, transportes publicos, habitação, saúde e educação, estabelecer um salário mínimo adequado, de tal modo que a sociedade pudesse olhar de frente os pobres deste país e lhes dissesse a partir daí que são pobres por culpa própria, porque não sabem governar-se, não procuram emprego, não estudam, porque fumam, bebem e jogam sem se importar com as suas responsabilidades de pais e cidadãos.
No outro extremo, o tal cabaz máximo para aquela classe dirigente, com o calculo das suas despesas, mesmo com colégio dos meninos, a vivenda no condomínio e no algarve, o carro de gama alta, a empregada doméstica, os restaurantes melhorzinhos, os fatos e vestidos para as festas da "Lux"... 10.000,00€ por mês? chegaaaaaaaa????
Então meus amigos, que tentam governar esta tenda (eu ía dizer de circo...) façam o favor de aplicar a todas as verbas que excedam esse valor máximo um IRS de 100%... ou têm vergonha?
Já sei, o Fernando Gomes, administrador da Galp (carago não, carago!) não vai nisso, acho que ele começa logo a gritar que se lhe baixarem o vencimento volta para a Câmara do Porto, onde se ganha menos, mas pode acumular, com a Empresa das Águas, a Empresa do Metro, a Empresa da Reabilitação da Ribeira, a Empresa do Porto Feliz, a Empresa do...
Se calhar eu exagerei, 10.000,00€ por mês é mais ainda que o vencimento do Presidente da República e eu li algures que ninguém pode ganhar mais que o nosso representante máximo, mas não vou assegurar que a tal lei possa estar em vigor ou tenha sido regulamentada, porque uma lei sobre complemento de habilitações de professores datada de 1980 foi regulamentada cerca de 12 anos depois, quando os principais interessados já tinha feito esse complemento de habilitações à sua custa ou já tinham morrido.
Não, claro que não exagerei, os 10.000,00€ são uma boa maquia todos os meses e para aqueles gestores, administradores, empresários, superdotados, supertécnicos e afins mais gastadores, ainda têm os subsídios de férias e de natal para taparem alguns buracos de gestão.
Acredito piamente que mesmo com esta nova estruturação governamental, continuarão a ser distribuídas umas sopas no Cais do Sodré pelo Exército da Salvação, Banco Alimentar Contra a Fome, Santa Casa da Misericórdia, uma vez que se desaparecessem ficariam muitos técnicos sociais sem ocupação, porque isto de querer acabar com os pobres é uma questão delicada... mas também acredito que esta tentativa de redução do fosso económico ia concerteza fazer os nossos melhores recursos humanos emigar e o país não se pode dar ao luxo de desperdiçar o Fernando Gomes da Galp, o Armando Vara do BCP e o Jorge Coelho da Mota-Engil... mais uns meses e estávamos como o Zimbabué.

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