segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

OS RICOS VIVEM MAIS!!!

"Os ricos vivem mais", era mais um título de um dos nossos cada vez mais profundos diários de referência, logo ali na primeira página, dando espaço e visibilidade a um estudo, enquadrado num doutoramento de mais um dos milhares de doutores apostados em fazer aumentar o conhecimento científico deste país, cada vez mais no pelotão da frente dos países ultra-desenvolvidos, já naquela fase não moderna, mas pós-moderna, como diria o professor Manuel Sérgio, naquelas aulas sempre bem divertidas em que postulava por uma Faculdade de Motricidade Humana, que isso de Educação Física era redutor até dizer chega.
Ora, depois de esmiuçados uns milhares de cadáveres, contas no banco, depósitos de retorno mais que imediato, heranças de família e outos trocos que não vêm ao caso, verificou-se que quanto mais velhos mais ricos, ou seja já não bastava os pobres serem privados de bens materiais ao longo da vida, para além de só terem no fundo do túnel uns diazinhos baratuchos por conta do INATEL, não bastava isso, dizia eu, como ainda por cima... morrem mais cedo, não, não é morrer lá para as 7 da manhã, não, mas é mesmo morrer numa idade pouco avançada.
Não sei sinceramente as médias de esperança de vida de ricos e pobres, mas o estudo apontava para uma diferença de 10 anos entre ricos e pobres, nem sequer sabemos quantos ricos viram o seu cadáver remexido e analisado ou até mesmo quantos ricos entraram nas contas estatísticas, sabendo-se da dificuldade de saber quem era rico, uma vez que eles normalmente escondem os saldos em off-shores e também se escondem o máximo possível, para que o fisco não os encontre a cada esquina.
Agora, sem querer, lembrei-me que há um problema no meio disto tudo que não consegui ver resolvido e que me deixa uma dúvida quase metódica... os pobres morrem mais cedo porque são pobres, ou afinal o facto de morrerem mais cedo impossibilita os pobres de chegarem a ricos?
Sabendo-se que a acumulação de riqueza começa a aumentar exponencialmente quando o novo-rico passa a catalogar-se de abastado ao entrar na terceira idade, é muito provável que os pobres não cheguem a esse patamar apenas porque morrem cedo demais, o que embora não contrarie a conclusão de que os ricos vivem mais tempo, leva-nos a desconfiar daqueles que se dizem pobres, mesmo com aquelas reformas de 300,00€, mas com o bilhete de identidade a demonstrar 90 ou mais anos de riqueza. Agora sim, percebo a minha tia Etelvina, que perguntava a toda a gente a idade e respondia aos octogenários "ai, que riqueza!", porque, como ficou demonstrado nesta tese de doutoramento, ela afinal, mesmo analfabeta, sabia o que dizia.
E se não levam a mal, o governo deveria tirar as devidas conclusões, dentro do princípio de que "ou é rico ou morre cedo", colocando as repartições de finanças em cima desses que se dizem pobres e já passaram os 75 anos de idade, porque "ou paga impostos ou o melhor é morrer" para não dar uma falsa imagem de riqueza aos outros, uma vez que a inveja grassa por aí à rédea solta.
Acredito até que o Estado ganharia muito mais se, em vezes de tratar mal os pobres na terceira idade, ao ponto de eles quererem morrer mais cedo, os tratasse como ricos por forma a fazê-los pagar mais uns cobres de impostos às finanças. Desconfio é que mesmo pobres, não se safam de preencher o IRS.

domingo, 13 de dezembro de 2009

NUNCA VALEU TÃO POUCO...

"Ter dinheiro no banco nunca valeu tão pouco" era o título de primeira página do "Diário de Notícias" de hoje, prestigiado jornal dirigido pelo conhecido jornalista de apelido Marcelino, o qual se não estou em erro começou a fazer umas crónicas no futebolístico "Record", dominando a estratégia, a leitura de jogo, a jogada na "cabeça da área" ou as jogadas de "bola parada", para passar a um patamar superior em que já analisa discursos ministeriais ou presidenciais, não se coibindo de abordar seja que tema for e a que propósito seja. A sua postura séria, a ideia que transmite de um conhecimento profundo em todas as áreas económicas, sociais e políticas, nas várias ocasiões televisivas em que o tenho encontrado, aliada a uma imagem bem trabalhada da qual se salienta aquela barba de vários dias fazem dele um "director". Daí a luz verde do senhor director do jornal para este título, diria "bombástico", capaz de levar as pessoas a passar na agência bancária mais próxima e a levantar o pouco que lá têm, se a imprensa fosse ainda uma referência honrada, verdadeira e séria, como o deveria ser num país razoavelmente evoluído, o que não é o caso, como o comprova o facto de 90% da população não comprar com regularidade qualquer tipo de jornais, ficando-se pelas revistas que trazem os episódios das novelas, os divórcios de algumas estrelas da TV e os segundos, terceiros e até quartos casamentos das mesmas estrelas. Na verdade seria de bom tom realizar um doutoramento nesta área da comunicação, dando de barato que num país evoluído as pessoas compram jornais, mas também que um povo culturalmente maduro não compra jornais que não têm o nível que essas pessoas exigem. Paradoxal, portanto.
Ter dinheiro no banco nunca valeu tão pouco e ainda bem que é assim, porque nem ressentimentos tenho de nunca me inclinar muito para o aforro ao longo destas dezenas de anos em que tenho andado por aqui, o que me dá uma paz de espírito enorme... já viram o que era ter juntado uns milhões no banco e agora... não valer quase nada? muitas pessoas chegam até a matar-se quando dão conta de que o seu dinheiro no banco não vale quase nada e outras matam-se porque o seu quase nada não chega sequer à porta do banco.
Num subtítulo o jornalista até afirma preto no branco que "em seis meses o valor dos depósitos a prazo caiu para metade", o que se é português que ele escreve daria para uma explosão social pior que a manif dos ambientalistas em Copenhagen, mas não, na óptica de Medina Carreira é apenas ignorância e iliteracia de mais um estagiário do DN, licenciado em comunicação social numa qualquer universidade "perto de si", o qual se fosse há 30 anos começaria pela secção de "necrologia" e hoje começa logo na primeira página a dizer asneiras.
Na verdade com um pouco de atenção calculamos que o valor dos depósitos se mantenha e a taxa de juro aplicada a esses valores depositados é que caiu para metade, mas nunca fiando, porque se alguns se abotoam com milhões, outros poderão ficar com metade do que lá têm, porque a volatilidade dos valores é cada vez maior e nunca sabemos o dia de amanhã, com excepção de uns administradores de bancos, empresas de construção e até de "ferro-velhos", que antigamente não ganhavam para a bucha e hoje é o que se vê.
Na verdade "ter dinheiro no banco nunca valeu tão pouco"... e não o ter, será melhor?

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O ESTADO DOS MILHÕES

Mais um dia de descanso religioso, para cristãos, não cristãos, ateus, agnósticos, muçulmanos, budistas, hindus, evangélicos, islamistas e todos os outros que nem lembra ao diabo, fruto de um oportunismo bacoco que me dá um certo gozo, uma vez que nunca vi um grupo de pitorescos anarquistas e, ou contestatários de tudo e mais alguma coisa, pedir a realização de um referendo para acabar com estes diazinhos que se gozam na perfeição à custa da metafísica suspeição de que há um Deus que nos protege e consequentes santas, santinhos, anjos e arcanjos para onde nos viramos quando estamos com a corda no pescoço, salvo seja, ou quando algum jogador do nosso clube marca um golo, se benze 27 vezes e olha para o céu a agradecer.
Poderia ter escrito uma crónica a semana passada, dentro da mesma linha, onde se comemorou um feito dos nossos antepassados monárquicos, pela independência da corte em relação a Castela, dia esse bem gozadinho de descanso por todos os republicanos deste país onde afinal tudo serve para comemorar seja o que for, desde que seja feriado, seja ele político e ninguém goste de política nem dos políticos, seja religioso e ninguém saiba onde fica a porta da igreja.
Ora um dia tão bom como o de hoje, que em princípio se repetirá em 2010, tinha de ficar ainda mais interessante com a notícia do jornal onde se dá conta de que o Estado, ou o Governo, ou o Chefe de uma qualquer repartição de finanças, ou até mesmo um simples mas inteligente ministro vendeu uma penitenciária, ali mesmo por cima do Parque Eduardo VII, numa das melhores, mais bonitas e mais caras da cidade de Lisboa, onde até o Bil Gates gostaria de viver e o Jorge Coelhone da Mota Engil gostaria de construir um arranha-céus panorâmico com vista para o Tejo, dizia eu que venderam a penitenciária por 81 milhões de euros, ficando a pagar a módica quantia de 7 milhões de euros por ano de renda, o que quer dizer que daqui a 12 anos o Estado não tem dinheiro, nem penitenciária, nem terreno, mas terá rendas para pagar e presos a quem alimentar, caso o Papa não consiga aministiá-los todos nas 14 viagens a Fátima previstas para os próximos 7 anos.
E eu que sou um perfeito ignorante nestas coisas da fazenda pública, nestes negócios onde se vendem os anéis com dedos e tudo, ninguém pede responsabilidades a ninguém e ainda bem porque o tribunal que mandou parar a co-incineração já deu ordem contrária, o outro que acusou o Caldeira já o ilibou, aquele que acusou o cheque falso do Valentim Loureiro já o prescreveu, aquele outro que isaltinou contas na Suiça já amnistiou tudo e o "Estado" que andou por aí a gritar sobre as facturas falsas das "Soares" e "Motas" empresas de construção acabou por acusar e culpar o Calçada da Gouxaria que parece que comprou uns sapatos novos e se esqueceu de pagar o IVA.
Espero ter saúde suficiente para ver Portugal ser engolido pelo descongelamento dos glaciares, antes mesmo de os credores cá virem tomar conta disto, até porque no Brasil os meus amigos sempre me disseram que "quem não tem condições, não se estabelece", mas por cá há sempre quem se estabeleça até à 5ª geração.

domingo, 6 de dezembro de 2009

EU QUERO DESCONTO!

Como habitualmente, lá fui ao quiosque dos jornais fazer a minha boa acção semanal, até um dia em que por força da crise, do alzheimer ou do parkinson deixe de o fazer, como aconteceu com tantas e tantas coisas que me davam prazer e que fui deixando de lado, infelizmente acho eu, porque a bronquite, as pneumonias, o colesterol elevado, as palpitações e o sistema nervoso vão dar cabo de mim seis meses depois do que aconteceria se mantivesse os vícios todos, o que não sei se será uma opção muito racional andar uma vida inteira armado em "dalai lama" só para andar por aqui mais uns meses...
Bem, no fundo, bem no fundo vale sempre a pena e analisando bem, foram poucos os vícios deixados de lado, porque tirando o tabaco, algumas bebidas alcoólicas (quase todas), as carradas de livros que me davam cabo do orçamento, as tertúlias até às tantas da manhã (também por culpa dos amigos que se foram afastando...) que o casamento impossibilita sempre, mais cedo ou mais tarde e algumas actividades que davam mais prejuízo que lucro, "tudo vale a pena quando a alma não tem dilema, não é Helena, nem é pequena" para rimar, que conversa sem rima não fica tão atraente.
Abri o jornal e procurei o "guru"Alberto Gonçalves, o tal que nunca terá os "dias contados" enquanto escrever dessa maneira irónica, inteligente e "endireitada", porque eu que tenho uma visão "sinistra" das coisas preciso do reverso da moeda, para apreciar melhor o verso, ou o contrário tanto faz...
Então não é que o jornalista Gonçalves aborda de uma maneira inteligentíssima esse novo vício social que é a "luta contra as alterações climáticas", essa nova forma de umas simpáticas organizações internacionais, tipo "green peace", quercus, amigos dos animais, live qualquer coisa, receberem dos Estados umas coroas e depois organizarem umas manifestações contra quem lhes dá os subsídios, com muitas viagens de avião por esse mundo fora, sem se importarem com o CO2 que eles próprios lançam para a atmosfera (olhem que gritar, partir e deitar fogo aos automóveis também produz CO2...).
Achei interessante porque há uns dias escrevi aqui uma crónicazinha que reflectia uma visão semelhante e ainda bem que escrevi antes do Alberto Gonçalves para não pensarem que ando a plagiar seja quem for, mas até nem foi a abordagem das "alterações climáticas" que me satisfez mais, tenho de confessar, porque a "marcha anti-Sporting" é que me encheu as medidas, sim senhor, essa de dois bacanos se dizerem "casal" para verem um jogo do Sporting com um só bilhete é bem esgalhada, ou bem esmiuçada, como está agora em moda dizer-se.
Claro que veio logo um tal Buraco de Almeida, perdão, Vale de Almeida, deputado do PS e dirigente de uma das várias associações gays que por aí andam, falar em discriminação, porque o Sporting não aceitou vender um bilhete com duas entradas, pelo preço de uma, o que me leva a pensar que qualquer dia ainda vão discriminar alguém que viva com quem tem duas entradas em vez de uma, ou quem tenha uma entrada a menos, o que seria anti-constitucional, não?
Esquecem-se que não se entra assim sem mais nem menos onde se quer, haja ou não direito a descontos e que nos armazéns do Grandela é que existiam várias entradas para uma saída feliz.
E para o Sporting, qual é a saída? mandem-nos dar uma curva ao campo grande... ou será bilhar grande?

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

OS CTT DA PEDRA LASCADA...

Ontem recebi um mail bastante interessante sobre algumas empresas, investigação e inovação que também existem neste belo país à beira mar plantado, em contraponto com inúmeros indicadores que nos envergonham e que nem vale a pena enumerar, pois basta comprar um jornal diário de vez em quando, ou até mesmo aproveitar os que os cafés e pastelarias nos colocam à disposição quando lá vamos tomar a habitual bica, esta também uma instituição nacional que, se não estou enganado é quase caso único na Europa.
Pois, ao ler o tal mail, onde se enaltecia o facto de a maioria desses jogos de computadores serem imaginados, produzidos e fabricados em Portugal e exportados para todo o mundo, onde tecnologia aplicada a telemóveis permitem pré-pagamentos que são exclusivos em Portugal, onde os automóveis se deslocam por auto-estrada e não têm de parar para pagar porque uma empresa portuguesa inventou, produziu e vendeu essa tecnologia da via-verde, onde já existem nas caixas multibanco possibilidades de pagamento de tudo e mais alguma coisa, onde a utilização da internet e das novas tecnologias nos coloca no grupo dos países mais avançados do mundo, onde eu próprio marco férias, viagens, compro, vendo, contacto com quem desejo, telefono de borla, falo e vejo a família e amigos na hora, no país que tem dez milhões de habitantes e 15 milhões de assinaturas telefónicas móveis, neste país onde existem famílias em dificuldade e num fim de semana se oferecem 2.500 toneladas de alimentos, ao contrário de alguns outros países e governos que recebem milhões e milhões de dólares de ajuda internacional e têm os seus povos a morrer de fome, eu queria dizer que... os CTT de Alcanena não têm terminal de multibanco!
É verdade, uma das maiores empresas de Portugal, com administradores pagos a peso de ouro, com movimentações aos seus balcões de milhares de euros diariamente, só aceita notinhas e moedas como pagamento, ao contrário de alguns vendedores do mercado semanal que já se apresentam com um terminal portátil de multibanco para receber o valor de peúgos, sapatos e até material de marca contrafeito.
E a cara da funcionária quando lhe disse que era perfeitamente ridículo que uma agência dos CTT não tivesse terminal de multibanco? a estranhesa pela minha inquirição até me levou a pensar que tinha entrado numa daquelas repartições públicas do século passado...
- mas se quiser, pode reclamar...
- gostava de lhe dizer que se eu fosse funcionário dos CTT já teria chamado a atenção do seu chefe para a necessidade de se adaptar aos novos tempos...
- ........
Esclarecido, saí dali o mais rápido possível, antes que me enfiassem nas catacumbas do século XIX, lembrando o facto de no balcão de Alcanena ser necessário estar numa fila que pode demorar 5 ou 50 minutos de espera, apenas porque precisamos de um selo para uma simples carta.
Por este andar "é meio caminho andado", como dizia o slogan do correio azul e "meio caminho parado", como digo eu.

domingo, 29 de novembro de 2009

PLANETA REDONDO COM MENTES QUADRADAS...

De vez em quando dou comigo a ver blogues, começo no meu claro... tenho até quem me chame "narciso", quem nunca entenda que a vida (?) de cada um de nós não é passada a ferro pela vida de quem nos passa ao lado, mas como dizia costumo passar uns bocados a ler o "blog seguinte", passando por eles apenas na esperança de ver um que tenha algo para me dizer... e então apanho com grupos de reflexão, paninhos de crochet, tunas (e que tunas, agora que já as há no feminino), receitas, malucos por filmes, análises políticas, sexo, religião, escritores, poetas, cientistas, amigos disto e daquilo, de tal maneira que penso até que aquilo que nunca consegui imaginar está na net e concerteza num blog desconhecido que espera por si.
São milhões em todas as línguas, cores e paladares, uns mais bem conseguidos que outros, mas isso sou eu a falar que também estou refém de mim mesmo, dos meus gostos, desejos, interesses e como diria o Aleixo, produto da sociedade em que fui criado, pelo que começo a acreditar que estamos chegados à internética sociedade do conhecimento, contrariando todos esses personagens que encontramos em qualquer esquina ou banco de jardim, onde a qualquer momento se ouve uma bacorada do tipo "estes gajos não sabem nada e no meu tempo é que era...", de preferência com uma lambidela nas cartas, uma cuspidela para o chão e a saudade daquele professor que todos os dias lhes dava com a régua, "mas eram bem dadas!".
Meia hora de blogs corridos e, desde "designers criativos", a escritores de palavras criativas "livres e imaginativas onde apetece tocar", a bloguinhos de agrupamentos de escolas, onde se dá a conhecer um pouco do trabalho de horas, dias e meses com crianças que passam mais tempo com o professor que com os pais, a um outro que nos dava uma reflexão confusiana "escolhe o trabalho que gostas e nunca terás de trabalhar um único dia na tua vida" e por último um blog de um jovem cientista brasileiro que está de volta de um doutoramento complicado, uma vez que está na "contra-mão", como ele se define, porque vem dando conta de que essa história tenebrosa do aquecimento do planeta é afinal um "golpe" do poder instituído apenas para que os povos e países em desenvolvimento nunca atinjam o nível dos países desenvolvidos.
Segundo ele, no século XIX a temperatura média do planeta foi superior à temperatura do século XX e vejam o que era o século XIX sem automóveis, sem centrais a carvão, sem queima de fósseis, sem desbaste da amazónia. Reforça ainda o facto de antes disso não haver medições que possibilitem saber com segurança como era a temperatura do planeta e acaba por achar uma certa piada aos pseudo "amigos do ambiente" que andaram por aí a gritar pelo "buraco do ozono", que em meia dúzia de anos íamos morrer todos fritos e afinal sem que nada se alterasse o tal buraco está a desaparecer a olhos vistos.
Será que temos de conviver com quem só tem como objectivo de vida enfernizar a vida dos outros? é que há sempre, diariamente até quem não queira que vejamos os telejornais, tantos e cada vez mais graves são os perigos que nos espreitam... eu que já estava a ficar descansado com essa pandemia da gripe A, porque normalmente constipo-me ou engripo-me por esta altura e continuo com o nariz tão desentupido como nas férias de verão, afinal não posso descansar porque mesmo sem sintomas posso ter o virus cá dentro... caramba, vai ser muito difícil safar-me desta, mas tenho a certeza que um dia, talvez dentro de uns anos não me safe.
É muita mente quadrada neste planeta redondo, eu acho...

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

COM QUE ENTÃO TITULAR, HEIM?

Acabou! é verdade, o 25 de Novembro já não vai ficar na história apenas como aquele dia de 75 em que Jaime Neves e Eanes derrotaram Otelo e Mário Tomé, para descanso de muitas famílias, mas também porque os professores deixaram de estar divididos em "titulares" e "professores", passando tudo para o "contingente geral", como se dizia na tropa.
Foi difícil sim, mas o governo entendeu deixar cair esta divisão artificial que apenas germinou na cabeça de um qualquer amanuense educativo, com o único propósito de colocar uma barreira no acesso de 66% dos professores aos lugares de "titular" através da colocação de barreiras e "numerus clausus", o que levaria a um restrito acesso de apenas 1/3 dos professores ao topo da carreira, fossem bons ou maus, uma vez que com as vagas ocupadas desde o segundo concurso, só lá entrariam novos candidatos por morte ou reforma dos mais velhos, o que não seria tão cedo com estas novas leis da aposentação.
No fundo o que o governo queria era poupar, primeiro com o congelamento e depois com a divisão da carreira docente, criando uma barreira difícil de transpor na progressão.
Então e esses "titulares" não ficam aborrecidos? vão ficar sem esse título e nem se manifestam? pois não, e sabem porquê? porque neste tempo todo como titular eu e alguns milhares mais não sentimos qualquer efeito, nem escolar, nem profissional, nem económico... nem uma hora sequer para mais uma reunião pedagógica desses tais profissionais, nem um eurinho na folha de salário. Era um cargo de fachada, claro, mas agora sem essa divisão deixarão de existir barreiras à progessão na carreira docente? ah isso não, não pode ser... o governo até já disse que a melhor solução é colocar umas restriçõezinhas no 3º, 5º e 7º escalão, para prevenir um congestionamento na última barreira, assim sempre vão ficando uns milhares pelo caminho... até porque este governo não brinca em serviço. E parece que um novo 11º escalão vai continuar sim, mas se lá chegarem ou estarão moribundos ou morrem logo a seguir, não há grande problema... faz-me lembrar aquele artista que leva o cão atrás do rebuçado e nunca dá o rebuçado ao bichano.
E nós a pensar que todos os sacrifícios eram necessários para ajudarmos a baixar esse maldito deficit que o Santana Lopes nos deixou, esse esbanjador sem escrúpulos, mas agora com os professores há 7, 8 e 9 anos sem subirem de escalão são confrontados com um deficit de 8,4% do PIB desse Sócrates das engenharias.
Tenhamos esperança porque entre titulares e suplentes alguém há-de safar-se... quem? todos sabemos.

sábado, 21 de novembro de 2009

697.933 EUROS POR ANO!

Com a crise instalada e um deficit de alto lá com o charuto, o PIB estagnado ou a decrescer, as receitas do Estado a encolherem e as despesas a aumentar, quase meio milhão de pessoas sem trabalho, porque isto do trabalho não é assim tão fácil como parece, as funções são cada vez mais especializadas e os trabalhadores ainda por cima especializam-se em profissões que ou já acabaram ou ainda não apareceram, com tudo isso a acontecer de uma forma galopante, muito mais rápida que um tsunami na Indonésia, os nossos queridos jornais diários ainda têm coragem de importunar quem trabalha para nosso bem, quem, sabendo que ninguém gosta dos políticos ("é tudo a mesma coisa", diz-me a dona Etelvina) se entrega de corpo e alma nessa vida difícil, apenas para satisfazer as necessidades da população e desenvolver o país, contra uma massa de invejosos que se lá estivessem "faziam o mesmo", diz-me a talhe de foice a dona Etelvina, também ela cansada de tudo e de todos, os que lá estão, os que queriam lá estar, os que metem lá os filhos e familiares e todos os que estão à espera de ir para lá para meter os filhos e os familiares.
Ora tudo isto a propósito do administrador Armando Vara, o tal que inadvertidamente se viu envolvido em tramóias verdadeiramente surrealistas, nas quais a oposição acredita que ele está metido até ao pescoço e o governo... não acredita, tendo as mais fortes razões para não acreditar nessa história dos inspectores "varatojo", juristas e juízes que não resolvem os milhentos casos que têm pra decidir, mas encontram tempo para escutar as conversas dos vizinhos, amigos e anexos e encher cd`s com gravações onde no final já não se consegue ouvir coisa com coisa e o melhor é... arquivar, ou mandar para a sucata (lá me vem o Godinho à lembrança...).
Agora digam-me que um administrador que recebeu em 2008 a brutal quantia de 697.933,00€ (seiscentos noventa e sete mil, novecentos trinta e três euros) dos bancos onde administrou e das reformas que já conseguiu com a bonita idade de 55 anos (quando chegar aos 70 nem fazem ideia como será, talvez mais que as 3(três) reformas do Presidente da República...), dizia eu se com este carcanhol todo, algum dos poucos que me lêem iam sujar as mãos com uns míseros 10.000,00€, uma insignificância destas... só se fosse para poder dizer ao Sócrates através do telemóvel que tinha ultrapassado a mítica barreira dos 700 mil euros... um verdadeiro contrato futebolístico.
Não pensem que estou aqui a defender o magnífico administrador do BCP que já ficou a saber pelo carismático Joe Berardo que continuará a receber o seu vencimento ("então como é que o homem vivia?" perguntou "comendador" Berardo aos jornalistas), mas também com este sistema judicial acreditem que não estou muito seguro da fundamentação das provas apresentadas sejam elas quais forem, porque se fossem muito credíveis já as tinha visto em letra de forma num qualquer jornal ou revista e ainda não vi isso... ou o segredo de justiça já está a funcionar e eu não dei por isso?
Estou um pouco confuso sim senhor, até porque já li esta semana que a firma do famoso Manuel Godinho tinha dívidas ao Estado há vários anos e esta semana ganhou mais um monte de sucata de um concurso público, onde até deu mais dinheiro do que a Marinha Portuguesa estava à espera, segundo um oficial que falou à tv. Mas se o Manuel dos Anzóis quiser concorrer à reforma da casa de banho do Palácio de Belém, tem de apresentar uma declaração onde se declare preto no branco que não deve nada às Finanças, ao Estado ou à Fazenda Nacional, como se dizia antigamente.
Por último, para quem não saiba, estes proventos de Vara em 2008, correspondem grosso modo a 25 anos de vencimentos de um professor no topo de carreira, ou a 33 anos de vencimento de um professor em início de carreira, ou ainda a 110 anos de vencimentos de um empregado com salário mínimo. É muito, não?

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

QUE BOM, MST...

Ontem, estava distraído e parei na TVI à hora do telejornal, não que as notícias sejam diferentes dos demais canais, mas porque os comentadores "residentes" (chamam-lhes assim porque até parece que moram lá, não é?) devem ter criado uma associação que lhes possibilita rodar por cada um deles sem se empurrarem... bem, sem se empurrarem talvez seja delicadeza minha, porque desde que veio a lume que o amigo Pacheco Pereira se abarbatava com 5.000,00€ (cinco mil euros) mensais para "quadrangular o círculo", os empurrões sucederam-se tenho quase a certeza, alguns deles, comentadores, até se dão ao luxo de registar a patente de programas de debate televisivo, para que estejam sempre a receber alguns trocos, apareçam nas câmeras ou fiquem só a ver, imitando a Teresa Guilherme que até já exporta concursos para o exterior (não tenho a certeza, mas já vi isso escrito numa dessas revistas semanais).
Bem, ontem calhava o inefável Miguel Sousa Tavares, jornalista, escritor, comentador televisivo e talvez mais alguma coisa que eu não saiba, que voltou contrariado sei-o bem, a falar dessa classe de professores, a "mais inútil e bem paga classe profissional" que existe em Portugal segundo ele, opinião que como afirmou lhe tem causado bastantes dissabores... eu sei, eu sei MST que os professores gostam de comprar livros e houve uma corporativa rejeição pelos seus livros, com uma considerável baixa de proventos, mas é a vida, essa coisa da liberdade de manisfestação por todas as formas, como vem na Constituição é balela claro e lá estão os escritores, jornalistas e comentadores a sofrer.
MST voltou a dizer que agora, com a aprovação de uma proposta do PSD os professores vão deixar de ser avaliados, que "era isso mesmo que eles queriam", esses parasitas que ganham fortunas, compram carros de luxo, viajam por todo o lado e têm 3 (três) meses de férias, para fazer um trabalho tão desqualificado que qualquer miúdo de 6 anos sabe que quando for grande quer ser... professor, ou desempregado, ou reinserido socialmente que é o que está a dar.
Sabe MST que há professores que ensinam, fomentam actividades educativas, no meu caso promovendo anualmente um intercâmbio com uma escola estrangeira, fora das actividades lectivas sem receber um único centimo por deslocações e garantindo a recepção de jovens com visitas culturais, refeições e actividades recreativas sem que o Estado contribua com qualquer verba, apenas com donativos de empresas privadas e onde a maioria dos nossos alunos tem oportunidade de efectuar o seu "baptismo de vôo"?
Pois no meu caso, era professor titular e agora vou voltar ao mesmo plano de todos os outros colegas professores e sabe o que recebi durante estes quase dois anos com essa categoria, tanto em termos económicos como de carreira profissional? zero!!!
Não tive uma única falta, com excepção de uma semana em que fui compulsivamente internado num belíssimo hospital distrital, após ter deixado uma aula a meio por me sentir a morrer... afinal era uma simples pneumonia e a médica já nem me deixou sair dalí. Estou a caminho dos quarenta anos de serviço, comecei a leccionar quando Veiga Simão era ministro da Educação, lembra-se? isso, isso, no Estado Primaveril Marcelista.
E sabe, fui buscar à secretaria da minha escola a avaliação entre Setembro de 2008 e Agosto de 2009, depois de ter definido os meus objectivos individuais, ter assegurado toda a matéria a que os alunos têm direito e ter feito o relatório exaustivo de todas as actividades proposta no planeamento anual de grupo e turmas (afinal os professores foram, são e serão avaliados) e tive a classificação de BOM, porque todos os professores na minha escola são bons e como não podiam ser todos excelentes por causa das cotas...
Esses comentários, caro Tavares, até lhe ficavam bem aos vinte anos, porque eu já passei por isso, mas na sua idade...
Que saudades da senhora sua mãe, mas acho que vc sai mais ao paizinho, aquele a quem Raul Rego um dia disse que tinha a liberdade até de lhe chamar "cara de cavalo".

terça-feira, 17 de novembro de 2009

PADEIROS E DORMIDAS

"Padarias atacam o RSI"
"Queda de 6% nas dormidas"
Andei pelos jornais de hoje, li, reli, tresli, coloquei à prova aquela peculiar análise crítica que me fazia refilar em voz alta e cheguei à conclusão de que estou no bom caminho, apenas abano a cabeça lateralmente quando a jovem de 17 anos é violada e se lança do 6º andar, concerteza porque algum psicólogo de serviço lhe disse que o violador ainda iria passar por ela na rua daqui por uns dias e se riria na sua cara, se não repetisse a façanha... não sei o que me aconteceu mas já nem os cabelos do antebraço se iriçam como antigamente.
Na página seguinte era um bando de delinquentes que roubaram um carro há 5 dias, andaram com ele sem serem incomodados na zona do roubo, entraram numa auto-estrada talvez sem pagar a portagem às duas da manhã, o portageiro nem achou estranho que 5 garotos andassem a essa hora por ali, acreditando que esses é que lhe asseguram o vencimento e a polícia, cinco dias passados não foram capazes de saber do carro roubado... mas sabem na hora se eu me esqueci de pagar o selo do carro ou o seguro, porque o computador é como o algodão, nunca engana.
Na outra página contavam que um grupo de "reinseridos sociais" roubaram um desgraçado, tiraram-lhe a roupa e deixaram o homem nú na beira da estrada, justificando que assim tinham mais tempo para fugir, porque ele não ia avisar logo a polícia e ainda corria o risco de ser detido por atentado ao pudor, porque nestas coisas, um cidadão com cara de honesto e sem pistolas é um bom pretexto para alguns agentes apresentarem serviço.
Li também uma entrevista do dono do supermercado assaltado pelo romeno que ficou em cuecas (não sei se algum canal de TV o convidou para um programa, mas ainda não é tarde), onde o homem dizia que já tapou uma porta por onde lhe roubavam mercadoria, agora tapou a janela por onde lhe queria gamar mais umas coisitas, mas eu estou convencido que ele só se safa dos assaltantes se meter cimento em todas as aberturas... não vai ter assaltos, mas duvido que os clientes possam entrar. Ah, também disse que não ia apresentar queixa porque não ía dar em nada, mas os polícias pediram-lhe encarecidamente que preenchesse os papéis, para entrar nas estatísticas... é que sem queixas ainda fechavam a esquadra e isso era mais um problema para os profissionais da segurança pública.
Hoje ia falar de duas notícias que estão no início da crónica, mas estou a ver que não está fácil, uma pessoa antigamente distraía-se por causa da bola, ou da bolsa (da nossa, claro) ou do Anthímio da meteorologia, mas agora não consegue "levar a carta a Garcia", tudo nos atrapalha. Mas vou escrever sim, então as padarias atacam o RSI? e eu a julgar que o IRS é que atacava os padeiros... claro que li tudo e fiquei espantado, o presidente dos padeiros oferece empregos (centenas) entre 500 e 600 euros por mês e há candidatos a padeiros que sem bulir recebem de RSI 700 euros por mês e só lá vão para lhes assinarem um papel que justifique que eles andam a procurar emprego. Bem, se não leram podem consultar o "Correio da Manhã de hoje, 17 de Novembro de 2009.
A outra notícia era sobre uma "Queda de 6% das dormidas", talvez devido a uma quebra de ocupação hoteleira... mas isso é notícia? podiam ter feito bem melhor, porque com todas estas leituras de jornais eu acho que 80% da população já tem muitas dificuldades em dormir.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A CRISE OCULTA...

A oculta crise é outra face da oculta dita, uma paródia que só não é tão expressiva neste Portugal do século XXI porque fazem muita falta Bordalo Pinheiro, ou até mesmo o José Vilhena com a "nossa" Gaiola Aberta.
Fui procurar num "motor de busca", desses que a internet inventou para nos facultar a possibilidade de saber tudo com o mínimo esforço, ou até nem saber nada com esforço nenhum... embora nada se consiga sem esforço, normalmente até se conseguem bons resultados com o esforço dos outros, a influência dos outros, ou até mesmo o dinheiro dos outros, sob a forma de sms, telefonemas de amigos, cheques depositados em países perfeitamente desconhecidos ou dinheiro vivo, que isto de finanças está pela hora da morte.
Então o Godinho não pode enriquecer com sucata pagando bem aos amigos e o Belmiro de Azevedo pode, pagando mal aos caixas dos hipermercados?
Bem, eu acho que alguns justicialistas já condenaram o Godinho através de uma arranjinho legal que possibilita acusar uma pessoa de enriquecimento ilícito... mas onde é que há possibilidade em Portugal para enriquecimento lícito?
Ahhh não é enriquecimento ilícito? é enriquecimento num curto espaço de tempo?
- Oh Godinho, eu sempre te avisei que devias levar a coisa com calma... um gajo que anda de motorizada a apanhar ferro velho em 1999 e já faz negócio de milhões de euros dez anos depois, claro que dá nas vistas...
O homem não teve tempo de estudar um pouco de história das indígenas fortunas, porque senão sabia perfeitamente que as grandes famílias já vão na 4ª, 5ª ou 6ª geração... ele são os Espíritos Santos, os Champalimaud, os Roquetes, os Burnay, os Quintas, quintelas e quintarolas e saberia que só os seus bisnetos teriam possibilidade de começar a gastar o produto de tanto gamanço, porque aí já poderiam dizer ao chefe de finanças que tinham herdado do pai, do avô e do bisavô.
Mas faltou-lhe um "je ne sais quoi"... ninguém disse ao amigo Godinho que aquele bigode e patilhas de ganadeiro não eram compatíveis com um enriquecimento fulminante, deveria ter arranjado uma agência de imagem que lhe desse um toque cosmopolita e sem grande esforço poderia ter entrado na Universidade Independente para um mestrado de Import-Export de Materiais Inflamáveis.
Mas se não deu para um mestrado, não se preocupe porque só precisa de saber como as coisas se passam lá nos tribunais, uma vez que nos outros locais vc já a sabia toda... talvez o MRPPereira, o incansável Nabais, o anafado Francês, o inconfundível Sá Fernandes encontrem a tal vírgula, a esquecida alínea do apropriado artigo do Código que lhe permitirá safar-se em 2035, por prescrição do processo.
Lembrei-me agora do coitado do romeno que ficou entalado, literalmente entalado, alvo do desprezo das multidões que não o quiseram desentalar, tendo a GNR que lá ir buscar o homem e apenas me lembrei porque este desgraçado também faz parte do processo da "face oculta", afinal ele ficou todas aquelas horas apenas com o rabo à mostra e a face oculta, mas a este não há advogado que lhe valha... ficarei até bastante admirado se o programa da Júlia, do Goucha ou de outro qualquer jeitoso da TV não o convidarem para mostrar ao país as cuecas da "intimissi".
Oh Godinho, veja lá se me arranja um mercedes dos modernos porque esta treta de lhe dar umas dicas importantes para se safar em beleza também tem o seu preço, ou pensa que são só os outros?

domingo, 15 de novembro de 2009

A SUCATA...

Um mês depois volto a tentar uma cronicazinha, porque o ser humano é essencialmente um elemento dialogante se a situação estiver a favor, ou beligerante se a coisa começa a dar para o torto... mas a ausência de vontade ou até mesmo de tema será o quê? tergiversante? desculpem ter ido ao diccionário da língua portuguesa ver se não estava muito fora do contexto, mas é sempre bom prevenir antes de uma qualquer calinada... é isso, tergiversar... hesitar, não saber bem o que fazer e tudo isso por causa do estaleiro de sucata que está a tornar Portugal insuportávelmente tergiversante, sim tergiver... isso mesmo, que conforme eu comprovei também serve para definir quem "volta as costas a...", seja alguém a voltar as costas a Portugal ou o inverso tanto faz.
Então não é que vou com os miúdos dar uma corridinha pelos "caminhos de Portugal" e só vejo sucata espalhada por tudo quanto é caminho de terra batida com 2 metros de largura, essenciais para que as carrinhas de caixa aberta de micro, pequenos e médios construtores possam vazar o entulho e desaparecer na calada do fim de tarde ou início da noite?
É num parque natural, numa fazenda nas traseiras de uma qualquer casa de habitação ou no parque Eduardo VII? bem, aqui não que era capaz de dar nas vistas, mas também há para lá entulho que chegue...
Lembrei-me então do Godinho sucateiro e perguntei-me a mim mesmo se ele cumpre ou não as especificações ambientais, porque todas as outras de pagar por cima e por baixo da mesa, dar prendas no natal, pagar os cafés aos conterrâneos, subsidiar o clube de futebol e a banda de música, isso ele fazia e por isso é tão acarinhado pelos conterrâneos.
Isso levou-me a pensar no Escobar que na Colômbia também fazia o mesmo em maior escala e só não se lembrou de mandar uns mercedes ao comandante da polícia que o abateu, porque nestas coisas da indústria extrativa não podem existir esquecimentos... e o Godinho esqueceu-se de muitos, incluindo esses departamentos policiais que o denunciaram e levaram a juízo, talvez apenas porque ninguém lhe disse onde ficava o gabinete certo dessas polícias de investigação.
Amigo Godinho, se alguma vez tiver a infelicidade de encontrar este blog e ler esta minha crónica, fique sabendo que vc errou de uma forma perfeitamente infantil, talvez porque nunca leu uns livros de história nem conheceu o Marquês de Pombal, que não se limitou a expulsar os jesuítas, nem a tratar dos vivos que os mortos já não dão lucro à sociedade, não, não... dizem as más línguas que o homem ao ser desterrado para Pombal, levou uns baús com dinheiro e distribuiu-o por todos os conterrâneos. Em vez de ser pendurado no pelourinho, foi nomeado "marquês", talvez com "z" não sei, e verdadeiramente venerado tal como Valentim Loureiro, Isaltino de Morais, Fátima Felgueiras e outros 753 sucateiros que andam por aí.
Quando voltar à liça, meu caro Godinho, faça como eu lhe digo, comece a dar uns mercedes lá em cima, mas não se esqueça que tem de acabar a oferecer uns citroens C1 aos que estão cá mesmo no fundo, e nunca aceite que alguém lhe diga que não porque estará aí um possível denunciante... e afinal o que são 10 milhões de carrinhos oferecidos em comparação com um negócio tão rentável como é esta sucata de 89.000 quilómetros quadrados?

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

PARVOS, PORCOS E... POLÍTICOS!

Lembrei-me daquele sugestivo filme "feios, porcos e maus" sempre que dava uma pedalada, durante o percurso de btt que fiz com as minhas turmas nas aulas de hoje e até pode parecer que me estava a referir aos alunos, mas não, afinal eu tenho o prazer de ser professor numa escola excelente, onde tudo funciona razoavelmente, onde as aulas de substituição quase não existem, porque a assiduidade é superior a qualquer empresa publica, onde os alunos fazem educação física e tomam banho, onde o refeitório se enche de jovens, talvez porque a crise obrigou os pais a fazer contas de cabeça e 1,60€ na escola sempre é melhor que uma baguete na pizaria por 3,00€, porque as condições de estudo são muito boas para os que querem estudar e os funcionários são competentes.
O filme? pois troquei o título para um actual "parvos, porcos e... políticos", na medida em que nos 8 kms que fizemos entre Alcanena e Olhos de Água, encontrámos centenas de garrafas de água, latas de sumo e cerveja, caixotes, tampas, cartões, papel, jornais e outros objectos que tais, numa prova provada de que estamos num país superdesenvolvido em que o povo compra, consome, mastiga e deita fora e chama nomes aos parvos que reparam nestas cavalidades comportamentais.
E porque é que eu andei de bicicleta mais de mil quilómetros e não vi uma garrafa de água na berma da estrada? concerteza porque na Alemanha, Austria, Eslováquia e Hungria o povo não tem dinheiro para comprar garrafas de água ou leva-as para casa para encher de azeite e colocar na mesa à refeição, como fazia o meu avô há 50 anos atrás. Agora não se faz nada disso e o povo tem mais que fazer que guardar o lixo no carro e despejar no contentor quando chegar a casa, isso é que era bom, os gajos do lixo que apanhem que ganham para isso...
Pois é, parvos e porcos sim, somos todos nós, os que deitam o lixo na berma da estrada, os que cospem no chão, palitam os dentem com a boca aberta e dizem mal do governo, mas... políticos?sim, políticos mas os cá de baixo, das juntas de freguesia e das câmaras municipais... então eu que percorri essa europa em ciclovias, tenho de ir até aos Olhos de Água numa estrada municipal sem bermas e completamente esburacada, onde já se fala de construir ciclovias há mais de uma dezena de anos, pondo em risco o corpinho dos alunos?
Também por aqui houve necessidade de correr com essa malta que já se estava perpetuando na autarquia porque nem ciclovias, nem limpeza, nem gente desenvolvida e civilizada, daí o "parvos, porcos e... políticos". A minha esperança é que em Alcanena se continue a limpeza que começou no passado dia 11.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

AMIZADE

Ser amigo é mais profundo
e a amizade serve a toda a gente
mas no fundo, bem no fundo,
queremos tudo e nada de repente.

A amizade sim, é tão concreta,
conceito tão doce que amamos...
afinal serve de capa, é a pêta
das crianças, que sonhamos.

Acredito que outros valores,
mais altos ou mais baixos se levantam,
somam ódios e pavores
com que falsas amizades se encantam.

Quero quebrar isso, sim senhor,
quero amizade, quero ser eu,
descobrir e pintar telas de amor
aqui, ali, ao longe, até no céu!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

THE WINNER IS...

Como é de calcular, estive vinte dias sem escrever uma crónica, não que não me apetecesse, mas era altura de campanha, entrevistas na tv, arruadas, acasadas, pavilhoadas, canetas, bandeiras, barretes, perdão, bonés e não deram chapéus de chuva porque nunca mais chove... é verdade que parecendo interessante não deixa de ser uma real seca e qualquer dia aquela taxa que um governo mandou pagar através da factura da luz, por causa da seca continuará "ad eternum" chova ou faça sol e talvez em 2010 sofra um aumentozinho.
Claro que não ia fazer crónicas que, na pior das intenções poderia sugerir, indicar, insinuar ou até mesmo esmiuçar um voto no meu partido, no meu salvo seja, que não tenho nenhum, só pago quotas para o sindicato e para o clube, para este porque gosto e para aquele porque comecei a pagar há quase quarenta anos e depois uma pessoa habitua-se...
E não escrevi porque não me apeteceu mesmo, é escusado estar para aqui a arranjar desculpas, até tinha pensado dizer que tinha andado na campanha pelo país, de bandeirinha por festas, mercados, ruelas de bairros sociais e pavilhões desportivos, misturado com apoiantes que trazem sempre uma bucha na bagageira, mas não, não me apeteceu mesmo... e o que é que os meus amigos perderam com isso, ou pelo contrário, o que é que ganharam com isso? acho que eles não andam aqui a perder tempo lendo estas crónicas, para depois as classificarem como vitória ou derrota, perca ou ganho de tempo, ao contrário dos partidos, que na noite eleitoral apenas resumem os votos a uma vitória, seja ela extraordinária ou ordinária.
Olhei para os números e cheguei à conclusão que 2 (dois) em cada dez eleitores elegeram o novo governo, o que não sendo uma conclusão ordinária, é uma vitória extraordinária, como acentuou o vencedor, é mesmo extrordinário que apenas dois portugueses num grupo de dez façam uma maioria vencedora, vá lá saber-se como, mas isto da estatística é uma ciência de alto lá com o charuto.
Então no tal grupo de dez amigos, 4 deixaram-se ficar nas lonas e mandaram o escrutínio às ortigas, 2 votaram no governo, 1,5 foram pela oposição, 1 alinhou pela esquerda, 1 pela oposição de direita, 0,5 pela outra esquerda... e aqui damos conta da vitória extraordinária!
Tão poucos votaram no governo que as bandeirinhas acabaram por ser mais que os militantes na festa e uma grande manifestação de vitória teve de ser cancelada porque tirando a tv, os jornalistas e a mulher da limpeza, não estava lá ninguém no Largo do Rato... "olha lá, tu és rato..." ouvi logo de seguida num anúncio televisivo.
Ainda queria viver o suficiente para num grupo de 10 eleitores, estarem 9 na praia e um a festejar o governo do qual seria presidente, tesoureiro e quarto-secretário, como o Nacib da "gabriela, cravo e canela"... tenhamos calma que tudo será extraordinário, como a vitória deste governo.

domingo, 6 de setembro de 2009

EU E OS HETERÓNIMOS DE MIM...

Sem querer, sem saber, sem que fizesse o que quer que fosse para o saber, porque todos sabemos que alguém mandou escrever nas pedras "felizes os ignorantes, porque deles será o tal reino...", só não sei se serão vários os reinos, catalogados em função do nível de ignorância de cada um dos membros, mas convém que sejam vários os reinos para que existam várias cortes, variadíssimos estratos do mais elevado ao mais raso nível de ignorância.
Julgava-me eu sujeito apenas ao "juízo final", capaz de ser catalogado em função dos regulamentos, decretos e despachos ordinários e extraordinários emanados da corte suprema a que qualquer mortal não terá o mínimo acesso, nem a menor possibilidade de alterar os dados do computador total que paira acima das ultimas galácias, talvez até nalgum buraco negro, pois julgava-me eu assim mesmo, quando sou confrontado com análises mais terrenas e por isso muito mais próximas e sensíveis, capazes de nos fazer parar para pensar, o que nos tempos que correm não é fácil, porque tudo é muito rápido, tudo nos faz andar atrasados porque as solicitações são muitas e a nossa capacidade de análise, ou a tal ignorância de que falei acima não nos deixam pensar um pouco mais profundamente sobre o que somos, o que queremos e para onde vamos...
Tudo isto a propósito de ao longo dos anos ter sido confrontado com elogios e críticas, o que na verdade me leva a pensar que pior teria sido passar pela vida sem que ninguém se apercebesse que eu tinha andado por aqui, mas há críticas e críticas, aquelas que na profissão, na família e na sociedade nos fazem crescer e aquelas "qualidades" que, se calhar transportamos connosco desde que nos conhecemos, fazem parte do nosso código genético e nem nos apercebemos que às vezes incomodam quem não tem mais nada para analisar e ocupa o seu precioso tempo olhando os outros...
Sempre pensei que o homem nasceu livre, despojado e titular de livre-arbítrio, capaz de crescer e transmitir a si mesmo e aos outros os traços gerais do meio em que se insere, condições básicas que procuro manter num nível elevado, mas como humano que sou, também reconheço que tenho limites e não aceito de ânimo leve algumas críticas que, se algumas vezes "deleto" e passo à frente, noutras ficam aqui dentro e fazem mossa.
"ah não sabia? em casa pode ser uma maravilha, mas aqui é uma fera... quando está mal disposto ninguém o atura... mas o melhor é nem responder que passados uns minutos volta a ser simpático."
" sinceramente, com aquele feitio... como é que vc o aguenta?"
" humm olhe que ele é muito simpático, deve ser muito interessante viver com ele... às vezes são muito simpáticos e depois em casa são do piorio..."
Quando eu era pequeno, lembro-me do meu avô Manuel estar toda a manhã a ler o Diário de Notícias junto da janela da sala, virada para o sol e a rua, com a maior calma do mundo e sem uma única palavra, um comentário, uma observação... eu chegava em bicos de pés, sem um único barulho perturbador, beijava o "velhote" e saía de mansinho porque enquanto ali estivesse a leitura não fluía conforme a norma.
Hoje não posso, o espaço é de todos, os muitos canais de tv saltam uns por cima dos outros a cada minuto e nem pensar em dizer que aquela programa estava a ser interessan... que já lá vão mais 17 canais salteados, o jornal vai-se lendo aos bochechos entermeados por conversas sem jeito, telefonemas e mensagens e o espaço de cada um é cada vez mais o espaço de todos.
Criou-se a ideia "pós-moderna" do homem sem segredos, a saída semanal do namoro do "jet-set" e do divórcio do "jet-dezassete", acha-se impensável que um político não apresente à sociedade a família até à quinta geração e é sinal dos tempos modernos que as relações não têm segredos e que todos devem saber da vida de todos, para além de todos se sentirem no direito de analisar e julgar o amigo, namorado, marido, família, com um remate final no vestido da Michelle Obama que de tanto sair na "nova gente" também já faz parte do círculo (circo) crítico.
E a vida de cada um? os estímulos, os desejos, a imaginação, os objectivos que quase sempre acabam por não se alcançar, os sonhos que no dia seguinte já não se lembram, os segredos que não se contam, as fragilidades que se escondem, os pontos fortes que são apenas de cada um de nós, os gostos que são tão diferentes, haverá lugar para eles fora do conhecimento dos agentes da "pidesca coscuvilhice" que nos cerca?
Por algum motivo Drumond de Andrade nunca autorizou que os seus poemas do "amor natural" fossem à estampa enquanto foi vivo, ou que muitos outros tivessem deixado na gaveta os seus segredos, ou os tivessem transportado consigo...
Na década de setenta lembro de um título de um filme "Vive e Deixa Viver", a que a malta nova costumava acrescentar "... e não chateies!", para além de um velho dito que caiu em desuso "quem está, está, quem vai, vai!", o que de certa forma deveria continuar actual, acompanhados do "amigo não empata amigo!", mas o século XXI está a tornar-se o "tempo do mexerico", a era do "big brother", do "voyerismo", da prática do "sabias que...?" e quando isso começa a fazer parte da mobília as coisas começam a ficar sem luz ao fundo do túnel, como diria o "camarada Mário".

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

TROCAS E BALDROCAS...

Agora que se aproximam as eleições, sejam elas quais forem, autárquicas, legislativas ou regionais se dermos tempo a certos figurões, dei-me conta de novos-velhos episódios de "transferências" partidárias ou tão somente "transferências" opinatórias... não sei porquê esta do opinatórias, mas talvez tenha a ver com o Pina Moura, é isso, o Pina parece que deu um pinote igual aqueles que o Nani executa quando marca golos pelo Manchester United... ah até quem já proponha o Nani na Assembleia da República porque flic-flacks e cambalhotas é com ele.
Uma vez elegemos o Simões para a Assembleia, logo a seguir ao 25 de Abril, o Simões do Benfica, campeão europeu, se calhar a pensar nas fintas que o homem fazia quando era extremo-esquerdo, mas parece que o colocaram na extrema-direita e o homem foi-se embora na primeira oportunidade que apanhou... tivesse ele a habilidade do Pina Moura para entrar pela esquerda e só parar na direita (está quase, está quase) e hoje estaria a colocar protector solar no Algarve com uma reformazinha adequada.
Mas o título é mesmo "trocas e baldrocas", capaz até de ser produzido pela Endemol num qualquer concurso televisivo de um dos vários e igualzinhos canais de tv que temos, tão antidepressivos que me fazem dormir em cinco minutos, cobrindo-me de ridículo quando oiço alguém ao meu lado a perguntar "viste? viste?" - é claro que vi, então estou aqui na frente da televisão para quê?
Mas era um bom projecto, todos os dias eram seleccionados vários telespectadores que apresentariam um político que dissesse o contrário do que já alguma vez tivesse concluído, sei lá...
- dou o Pina Moura à troca, trocou o PCP pelo PS só para não ter de descontar no vencimento de deputado as alcavalas que ficavam no partido.
- eu troco o Isaltino do PSD pelo Agrupamento Eleitoral de Oeiras "vamos Isaltinar!", só para ridicularizar o Marques Mendes.
- volto a trocar o Pina Moura, que trocou o PS pelo programa de governo do PSD, dizendo que este é que é bom para o nomear na administração de uma empresa pública...
- troco por qualquer coisa que valha a pena, sei lá, a Bárbara Guimarães pela Zita Seabra que veio do Comité Central do PCP para deputada do PSD, na maior cambalhota do século XX.
- Já não tenho muitos trunfos para trocar, mas avanço com o Freitas do Amaral que depois de ser chefe do CDS, acabou ministro do PS e não se sabe ainda onde vai acabar...
- Humm acho que vou ganhar o concurso, calhou-me a biscar e saquei o jocker... então não é que mandei para a troca o Durão Barroso que trocou o MRPP pelo PSD e já vai na presidência da Comissão Europeia?
- Está bem, estás com bom jogo, mas ainda tenho aqui o Mário Lino "Jamais" que além de trocar o PCP pelo PS ainda trocou a Ota por Alcochete e já prometeu trocar o TGV pelo electrico da Praia das Maçãs, se o chatearem muito.
Bem, o melhor é ficarmos por aqui, senão ainda faço uma crónica maior que as Páginas Amarelas e a Teresa Guilherme não ganha dinheiro suficiente para produzir e manter um concurso destes nos 12 episódios que habitualmente se contratam... já lhe disseram até que um concurso destes dura em "prime-time" mais que qualquer julgamento da Casa Pia e a malta já não tem pachorra.

domingo, 30 de agosto de 2009

MEDALHAS DE OURO...

Nestas coisas das medalhas de ouro, há-as de todos os feitios, modelos e paladares, desde os Jogos Olímpicos, Campeonatos do Mundo e afins, assim como do Estado, Governo, Câmaras e Juntas, para além de clubes, colectividades e associações, das mais exóticas às mais formais, até porque se há gente disposta a galardoar, parece que há muitos mais a querer receber, até porque medalhas, comendas e prémios dão sempre jeito no currículo, se mais não fôr para ajudar a compôr o dossier que na velhice renderá um qualquer subsídio como aqueles "da liberdade" que até o Palma Inácio recebia por ter gamado uma fortuna na Figueira da Foz.
Isto tudo a propósito de uma tal "medalha de ouro" da cidade de Santarém, proposta, aprovada e aplicada pelo bem conhecido presidente de câmara, escritor, telecomentarista e ex-inspector da judiciária Moita Flores, na pessoa do primeiro-ministro, secretário-geral, ex-ministro e engenheiro civil José Sócrates que não tendo mais nada que fazer, foi até Santarém com a comitiva receber tão importante prebenda, aproveitando para elogiar o independente eleito pelo PSD, agora apoiante do PS nas legislativas e candidato do PSD nas autárquicas, onde votará em consciência, porque o homem pode até parecer parvo, mas não é burro.
Mas eu só queria saber onde, como e quando se podem propôr medalhas de "ouro" e onde, como e quando nos devemos sentir no direito de as exigir... acho que se até para fumar já há lei que estabelece onde se pode fumar e em que condições, porque não uma lei que nos informe quando é que uma medalha de "ouro" pode ser atribuída, porque depois ainda temos as de "prata" e as de bronze. O facto de não haver um conjunto de mandamentos que organize e estruture a entrega dessas medalhinhas leva até que elas só se entreguem quando o tal presidente, seja ele qual for, se lembre e proponha, vote a favor e entregue a "coisa", porque haverá sempre um fotógrafo e um boletim informativo a perpetuar a cerimónia.
Nestas coisas de medalhas de "ouro, ou "medalhas de ouro", como queiram, encontrei algumas curiosidades, como por exemplo, a câmara municipal do concelho onde resido ter atribuído a "medalha de ouro" a um clube desportivo em 1970 e ter voltado a atribuir nova "medalha de ouro" ao mesmo clube em 1995, tudo levando a pensar que um ano destes volte a fazer o mesmo, o que pressupõe que não há um livro de registos adequado que possibilite saber quem recebeu e o que recebeu... neste caso, até com o facto extraordinário de as medalhas não serem de ouro. Então faz-se figura com as tais "medalhas de ouro" e depois aquilo não vale a ponta de um corno?
Também um dia me foi atribuída a responsabilidade de gerir um clube desportivo, onde me mantive três anos, tendo verificado que também aí as pessoas com 50 anos de sócio (cinquenta anos!!!) eram anualmente contempladas com um emblema de latão dourado e os com 25 anos de sócio recebiam um emblema de latão prateado, tudo isto dentro daquela nacional parolice que satisfazia toda a gente por meia dúzia de patacos. Claro que os emblemas de ouro e prata verdadeiros começaram a fazer parte da vida do clube, mantendo-se durante esses três anos e espero que o hábito se mantenha por muitos e bons anos, até para dignificar quem os entrega e quem os recebe.
Mas voltando ainda ao presidente da câmara Moita Flores, não somos contra a entrega de medalhas de ouro, porque haverá sempre alguém que por um desempenho acima da média e a favor da comunidade, mereça uma especial referência, mas não haverá no meio dos comentários televisivos, dos livros escritos como quem come tremoços à saída da missa ou das reuniões de câmara e das cerimónias das medalhas outros interesses que nós não vislumbramos?
Bem, ficamos à espera que esta burla das medalhas douradas acabe... ou será que quem as recebe não tem qualidade suficiente para merecer medalhas das verdadeiras?

terça-feira, 25 de agosto de 2009

FÉRIAS? AHHH FÉRIAS...

Não estou na minha melhor fase, ou alguém esperava que no final das férias de Verão alguém no seu perfeito juízo estivesse bem? acho que as férias deviam acabar, quer dizer, o conceito de férias deveria continuar, as férias na realidade deveriam existir, mas de uma forma diferente... esta treta das férias num determinado período do ano para quase toda a gente está a tornar-se insuportável... as férias onde quase toda a gente vai para o mesmo sítio ou para vários sítios fazer o mesmo e a certa altura já vai à praia, não como algo que lhe dá prazer, mas como um castigo que tem de cumprir diariamente porque pagou o hotel ou o apartamento não foi para ficar a dormir na cama até lhe apetecer, o que seria impossível até porque as crianças já têm os baldes na mão e a toalha ao pescoço.
Não sou contra, cada um deve preencher estes dias da forma que lhe der mais jeito, ou da forma que a mulher e os filhos deixem, mas não era isso o foco da crónica, as férias só deviam existir como objectivo, nós sabemos que temos umas férias em cada ano, mas como li num qualquer jornal, não é o objectivo que conta, mas todo o percurso até lá chegar... era isso que eu queria dizer sim, o que me excita é imaginar as férias, sonhar com as possibilidades de férias, ver aqueles documentários do "travel tv", fechar os olhos e ir até lá seja qual for o "lá"...
Depois são aquelas propostas malucas de ir de bicicleta...
- És parvo ou quê, pá? não vês que já não tens idade para isso?
É verdade, não me posso meter nisso que já não tenho idade...
- Já marcaste as férias para nós, ou já não te lembras?
Pois marquei e como qualquer mortal no seu perfeito juízo, as férias são um mês, mas oito dias de praia chegam e sobram, o dinheiro está cada vez mais caro e qualquer hipótese de ir a outro sítio fica logo manchada ou pela idade, ou pelo juízo que já é pouco ou...
- Já viste o dinheiro que isso custa? saiu-te algum no "euromilhões" e não avisaste?
Mas tudo continua a girar em torno da imaginação de cada um e em relação a umas férias que chegarão dentro de 3 ou 4 meses e aí sim, todas aquelas hipóteses estrambólicas, toda aquela adrenalina que elas provocam isso sim, isso é que são as verdadeiras férias, porque no fim chegamos à conclusão de que...
- Então e as férias?
- ahhh passaram-se...
Ao contrário de tudo isto, guardei uns dias para fazer umas pinturas na casa, o muro exterior, as paredes do telheiro, os pilares... aquilo já estava a precisar de uma camada de tinta branca porque a humidade, a chuva e tudo o resto tinham deixado as paredes com umas zonas escuras, além de que há sempre um período de validade para as pinturas e o meu já tinha sido ultrapassado há meia dúzia de anos. Claro que estas "bricolages" deveriam ter sido efectuadas no início desse tempo de repouso, mas não sei porquê guardam-se sempre para os últimos dias e nada de mais errado, um indivíduo sente-se até culpado daqueles bons momentos em que bebíamos uma cerveja gelada na esplanada, achamos que as paredes até nem precisavam de pintura nenhuma e acabamos as tais férias a pensar que temos dias a mais, que depois nos fazem preencher com trabalhos forçados...
Estou até convencido que a breve prazo vou ter de pedir a redução do tempo de férias... se estas continuam assim ainda meto baixa quando voltar ao emprego.

domingo, 2 de agosto de 2009

DIÁRIO DA MALUQUICE!

DIA 1 - Comecei ontem, 1 de Agosto, com o meu amigo Carlos Marques, a "odisseia do Danúbio" que em cima das bicicletas e durante 15 dias nos levará até Budapeste na Hungria, fruto de um convite de um outro "maluco" das duas rodas, o catalão Josep, imediatamente aceite há uns meses atrás e que só não foi subscrito pelo Miguel, Pedro e João, nossos companheiros de trabalho porque não tiveram juízo, casaram-se, tiveram filhos e agora sofrem as consequências das impensadas atitudes tomadas há uns anos atrás, justificando a impossíbilidade de um qualquer passeio, umas vezes com a dor de cabeça das mulheres, outras vezes com a gripe dos filhos, outras ainda com a permanente falta de dinheiro, coisa que só acontece aos pobres.
Recepção triunfal no aeroporto de Barcelona, depois de uma viagem em que as hospedeiras mostraram e demonstraram porque é que eu gosto tanto de andar de avião, indicando-me as portas de saída, os coletes salva vidas que estão sempre debaixo do banco, mas eu nunca me dei ao trabalho de confirmar e encaram as instruções dadas aos passageiros distraídos como quem bebe um café espanhol.
Chegada a Palamós, às tantas da manhã e com uma vontade enorme de parar na esplanada e beber umas canhas geladas, tal a temperatura tropical que viemos encontrar.

Dia 2 - Abençoado Domingo!

Com uma alvorada marcada para as 11 da matina e depois de um banho retemperador e um desayuno farto e sucolento, fomos na direcção do restaurante onde se comem as melhores paellas da Catalunha, antecedidas de um cocktail de gambas que me deixaram com a impressão de que a crise ainda vem em Marrocos. Num final vigoroso e arrebatador, confrontá-mo-nos com uma "taça catalunha" que chegava para toda a família... infelizmente não consegui dar conta do recado e metade da taça foi devolvida à procedência com a total ângustia e impotência que todos podem imaginar...
Depois de um curto intervalo foi possível iniciar um pequeno treino de adaptação às bicicletas e nem foi difícil perceber que uma leve azia no estômago só podia ser ultrapassada com uns sais de frutas "Eno", uma vez que se avizinhava outra refeição em casa de um amigo e não havia tempo a perder. Lá fomos atacar uma cataplana de marisco que resultou muito bem, a ponto de alguém propor o adiamento da "rota do danúbio" por uns 15 dias de férias nas praias da Catalunha, o que foi pronta e hesitantemente rejeitado, mais por vergonha que por convicção.
E a saga continua...

Dia 3 - A partida

O início do dia foi marcado por uma preparação rápida da carrinha de apoio, com todos os materiais necessários e as indispensáveis bicicletas que, experimentadas no dia anterior, demonstraram uma qualidade e fiabilidade acima da média. Daí, ainda antes da oito da matina já rolavamos pela auto-estrada em direcção à fronteira com a França, papando quilómetros e metendo gasóleo que, fomos confirmando tão caro quanto o nosso, na França como depois na Alemanha, na Eslováquia e na Hungria.

Depois de uma cansativa viagem até Donauschingen, onde o Danúbio parece nascer e digo parece porque com tantas descobertas por aí, ainda não se provou científicamente o definitivo lugar do "olho" do Danúbio... mas a malta do sítio diz que sim senhor, que é ali mesmo que o rio nasce e quem somos nós para não acreditar?

Cansativa a viagem? nem dei para saber, que assim que montei a tenda... adormeci.

Dia 4 - Afinal as bicicletas eram necessárias...

Pois a surpresa foi geral naquela quase madrugada em Donauschingen... as bicicletas foram entregues a 4 voluntários para o início de uma aventura que começava aí, mas ninguém sabia como ia acabar, se é que iria acabar em Budapeste.

Os cálculos dos quilómetros foram feitos através das normais estradas dos mapas de cada um dos países e afinal esta "donauradweg" a tal ciclovia do Danúbio tinha curvas atrás de curvas, entrava e saía das aldeias, ficava perto e afastava-se do rio quando lhe apetecia e até me pareceu que alguns "presidentes da junta" viravam as placas da ciclovia para nos obrigarem a passar por todas as ruas da aldeia.
Ao princípio até achava piada, mas depois começamos a desconfiar... eles queriam era que bebêssemos umas canecas de "wisebier" nas tasquinhas lá das aldeias, o que era para nós um sacrifício, como devem calcular.
O que acontece é que de Donauschingen a Munderkingen demoramos "apenas" 9 horas e 30 minutos, com paragens para "abastecimento" nos mais diversos locais e para um percurso que no mapa tinha marcados 120 kms, pedalamos 156,15 kms com um consumo de 4.228 calorias, atingimos a velocidade máxima de 55,5 kms/h e uma média de 20,1 kms/h.
Agora que estou a ver estes consumos de calorias aqui nos apontamentos é que percebo porque é que me dizem que estou mais magro...
E a saga continua...

Dia 5 - De Munderkingen a Donau Worth

E o dia nasceu tal qual um dia de sol em Albufeira, eu preocupado com o frio da Alemanha que alguns "amigos da onça" costumam chamar a atenção e nem frio nem chuva... apenas me lembrava do impermeável, do polar para as noites frias destas paragens ou do monte de roupa que estavam dentro da mochila e que até agora só estorvavam. Ou era do tempo ou da tenda, o que acontece é que dormia todo nú e mesmo assim transpirava que nem um desalmado...
Então para hoje o mapa marcava cerca de 130 kms, o que pela experiência acumulada nos fez pensar em muito mais, o que se comprovou no cronómetro electrónico, no final de 8 horas e 10 minutos de rabinho assado no selim da bicicleta e 168,8 kms de percurso real. Não levasse eu o meu "apyrol" para massajar as nadégas e teria deitado a toalha ao chão, não porque os amigos estivessem melhores que eu, mas porque já sentia necessidade de um andamento à cowboy, não sei se estão a ver.
A vergonha de desistir ao segundo dia seria a nódoa negra de uma vida de conquistas... e como ia enfrentar o tribunal do gabinete de educação física lá da escola, onde estariam os inquisidores-mor, prontos a acabar comigo em três tempos? não, isso nunca, nem que chegasse a rastejar a Budapeste.
Escusado será dizer que à noite ninguém quis saber de Donau Worth e às 22 horas foi o recolher obrigatório, não por minha vontade, mas ninguém me quis acompanhar para um café numa das muitas esplanadas da cidade.

Dia 6 - Entre Donau Worth e Resenburg

O tempo continuava fantástico, a ciclovia do danúbio estava totalmente sinalizada e o pavimento é plano e liso, convidando a boas médias, então se o vento estava pelas costas ninguém nos segurava, ainda por cima se não era trigo, era milho bem alto a resguardar-nos de algum vento contrário.
Nesta etapa batemos o record de velocidade máxima em todo o percurso, com 50,8 kms/h, num total de 156,92 kms de percurso.
Como é de calcular, o parque de campismo e a tenda foram a tábua de salvação e nem um convite para visitar a cidade fazia sentido nessa altura, pelo que me abstive de o fazer, salvaguardando uma possível tareia como reacção dos meus companheiros de tortura. É que 481 kms em três dias de prova é razão mais que suficiente para uma reacção negativa a qualquer proposta positiva... e amanhã, como vai ser?

Dia 7 - De Resenburg a Passau, mais fácil que saltar à corda!

Apenas 115 kms, sol radioso, esplanadas junto ao Danúbio, vento inexistente, ciclovia melhor que algumas auto-estradas para automóveis, uns companheiros de viagem sempre bem dispostos... que mais se pode pedir ao pedalar na Alemanha profunda que nem a maioria dos alemães conhece? boas e frescas florestas para pedalar, de tal maneira que a média desta etapa foi de 22,5 kms/h mesmo com algumas paragens para repor o stock de líquidos, não que fossem muitas as paragens, porque de cada vez era uma "wisebier" de meio litro, mas sempre se faziam quatro paragens por dia, sim...
Se não estou em erro foi neste dia que perdemos a ciclovia, um falahnço que acontece a qualquer um e que nos fez pedalar por fazendas, montes e vales, de tal maneira que a melhor solução foi pegar nas bicicletas à mão, galgar com elas os rails da estrada para automóveis e fazer umas dezenas de quilómetros até voltarmos a encontrar o percurso das bicicletas. Este percalço também teve o seu ponto alto, quando quase fomos atropelados por uma gazela linda saída de um milharal e que se assustou... era linda, foi a primeira que vi ao natural e ao vivo e a imagem ficou na memória porque não tivemos tempo de sacar da máquina fotográfica.
Se não estou em erro, foi neste percurso que às 11 da manhã, por sugestão do meu amigo Carlos Marques, entramos num pátio de uma casa de campo alemã, apenas porque tinha uma bandeira de uma marca de cervejas na parede... não nos enganamos e encontramos Herr António a varrer a relva da esplanada e colocando as mesas e cadeiras, fumando um cigarro sem filtro, daqueles que não fazem mal a ninguém porque se fizessem o homem já tinha morrido. Também portador da única língua que nenhum de nós entende a não ser ein, zwein, trei bier e dank no final, bebemos mais umas canecas, tiramos umas fotos, dissemos onde ficava portugal no mapa e continuamos a pedalar, que por aquele andamento ainda hoje não tinhamos chegado a Budapeste.

Dia 8 - De Passau a Linz, a transição germano-austríaca por barco...

Outro dia magnífico, onde eu, o Carlos e o Tiago encontramos um anfitrião alemão completamente "português", na tal passagem de fronteira feita por barco, o homem só falava alemão mas por gestos e palavras conseguiu dizer-nos o melhor local de travessia (havia três diferentes), o melhor parque das redondezas, onde a água era muito boa para tomarmos banho, talvez ele entendesse que estavamos a precisar de um bom banho, tirou-nos fotos e fez o favor de se deixar fotografar connosco... de início pensamos que era um de muitos cicloturistas, mas acabamos por concluir que vivia ali mesmo e que a sua vida se resumia a ser um simpático public-relations de fronteira. Obrigado Fritz!
A chegada a Linz foi feita em apoteose, com um belíssimo sprint final ganho por mim, depois de nos últimos quilómetros os meus colegas de infortúnio tudo terem feito para me fazer descolar, o que como calculam me deixaria num plano de subalternidade que eu não aceitei, fui-me a eles como uma sombra e para finalizar em beleza fiz um sprint final que os deixou de rastos. Foi remédio santo, quando eu ia para a frente puxar, sentia perfeitamente que eles tremiam de medo... mas nunca tive vontade de os abandonar, isso não, estavamos ali para resolver as coisas solidariamente e além disso quem levava o dinheiro para os mantimentos eram eles.
No percurso passamos por Lindau, uma cidade alemã simpática onde se iniciam os cruzeiros que levam os turistas até Viena de Austria... enquanto passamos vimos vários barcos a receber turistas e concluímos que um passeio no Danúbio também deve ser muito agradável.

Dia 9 - De Linz a Melk, com passagem por Mauthausen...

Foi um dia de sentimentos, aquele que nos levou à cidade austríaca de Mauthausen, onde de 1941 a 1945 funcionou, num planalto a quatro quilómetros da cidade, o campo de concentração nazi por onde passaram em quatro anos cerca de 200.000 pessoas e onde a maioria acabaria por ser executada de várias e inimagináveis formas. O silêncio do lugar e das pessoas que connosco se cruzaram diz bem da forma como tudo aquilo nos pareceu real, o campo está igual às fotos da época, os lugares de tortura são ali a prova de que tudo aconteceu e para que o ciclo se feche, o ciclo da vergonha que foi tudo aquilo, não se vê na cidade de Mathausen uma única placa a indicar o campo de concentração, que só achamos porque o GPS da carrinha que nos acompanhou funcionou na perfeição.
O dia, que seria de descanso, foi preenchido por um reduzido percurso de 93 kms até Melk, uma outra bonita cidade, não porque não desejassemos descansar, mas talvez dentro de cada um de nós houvesse uma grande vontade de nos afastarmos desse campo de má memória, onde o silêncio pesa como chumbo em cada visitante.
Por isso fomos descansar em Melk, num parque junto ao rio Danúbio, muita floresta, uma catedral esmagadora pela sua grandeza e esplanadas calmas, lindas e com velas acesas nas mesas, o que dá um ambiente deslumbrante a quem chega, apenas com o senão de tanto na Alemanha como na Austria, países desenvolvidos, não termos apanhado rede livre da net, ao contrário de Portugal, Espanha, Eslováquia e Turquia... e todos sabem como eu sou um fã da internet.

Dia 10 - De Melk à deslumbrante Viena...

Se não estou errado, esta etapa foi protagonizada apenas pelo camisola amarela (eu, claro) e pelo camisola azul da montanha Carlinhos Marques, uma autêntica desilusão para quem já tinha andado pelos triatlos, btt`s da costa alentejana e algarves, treinos bi-diários de bicicleta.
Se eu tinha até alguma razão para me queixar da dureza dos percursos, até porque não estaria tão bem preparado, acho que a média imposta de 22,7 kms/h nesta pistas austríacas ficou muito aquém do possível, mas o Carlos nunca me deixou tomar o comando... ele lá sabe porquê.
Então foi ver os passarinhos, os cavalos, a malta maluca do btt que, do avô ao neto entupiam as ciclovias até Viena, o esquiador a fazer aquilo em patins, um jeitoso a pedalar em monociclo, outros em bicicletas onde os pedais vão à frente e eles deitados, como se aquilo desse algum jeito, para além de dar nas vistas, outros com atrelado na bicicleta e os filhos, coitados, a dormir lá atrás... mas de corrida mesmo, daquelas em que chegamos ao fim a transpirar... nada. Pode ser que amanhã seja outro dia.

Dia 11 - De Viena de Áustria à hungara Komaron...

Temos de referir um facto aborrecido, que foi a neutralização do percurso entre Viena e Bratislava, cerca de 60 kms, devido ao mau tempo, uma trovoada que se abateu na noite anterior e que nos deixou com equipamento e roupa completamente encharcados, o que associado a uma chuva miuda e persistente pela manhã, nos quebrou a vontade de fazer esses sessenta quilómetros. Mas o tempo melhorou e o vício da bicicleta apoderou-se de todos nós, com excepção do Tiago, do Marti e do Josep que apresentaram justificações para não sair da carrinha, o que obrigou a que o pelotão fosse constituído exclusivamente por portugueses, eu e o Carlos Marques, levando a uma velocidade média de 24,4 kms/h.
Aqui, saímos da Austria para fazer quase todo o percurso na Eslováquia e por milagre, quando esperavamos o pior quanto a ciclovia, deparamo-nos com uma autêntica auto-estrada para bicicletas só para nós, alí mesmo ao lado do Danúbio, numa baía a perder de vista e com o vento pelas costas, conversando um com o outro e com as bicicletas a ultrapassar sistematicamente os 40 kms/h... onde apenas vimos um ciclista com fato de quem tinha acabado de sair de uma qualquer fábrica das redondezas, boné na cabeça e roupa anos 60... concluímos que não era ciclo-turista, infelizmente para ele, mas a vida é assim, como se costuma justificar a má sorte alheia.
Quase no final do dia e quando nos preparavamos para deixar a Eslováquia e galgar a ponte que servia de fronteira entre este país e a Hungria, acabou-se a ciclovia e fomos atirados às feras, numa estrada nacional cheia de camiões, parecida com 90% das estradas nacionais portuguesas onde arriscamos a pele a andar de bicicleta. Não bastando isso apanhamos uma carga de água até Komaron, na Hungria, mas acho que nos fez bem... nada melhor que uma águinha na cara quando nos sentimos cansados.
Ah, já esquecia, não fosse um amigo eslovaco, de boina basca na cabeça, saído de uma fábrica em cima de uma velhinha bicicleta, a indicar-nos o caminho do Danúbio naquele fluente eslovaco que entendemos na perfeição e talvez ainda hoje lá andássemos (pelo menos eram mais uns dias sem ouvir falar nos infectados pela gripe A).
Não sei se por simpatia ou se para se ver livre de nós, o amigo eslovaco ficou deslumbrado quando lhe dissemos que íamos de Portugal até Budapeste e até tirou a boina ao despedir-se... um amigão que concerteza foi para casa a pensar que estes portugas não têm juízo nenhum desde que o Camões foi tratar de acabar os Lusíadas lá para o extremo oriente.
Para que tudo acabasse em beleza, fomos encontrar o hotel-camping "Juno", uma variante de campismo que só encontrei na Hungria, mas eu passo a explicar, qualquer pessoa pode hospedar-se com cama de hotel ou com tenda de campismo, a diferença está no preço, claro, mas pode usufruir de todas as excelentes condições do hotel, desde o restaurante, à piscina ou mesmo à password necessária para navegar na net... uma maravilha após 9 dias sem navegação à vista.
E para a estatística, neste dia foram só 122kms, à média horária de 24,4Kms/h.

Dia 12 - O final de Komaron a Budapeste...

Apenas 110,8 kms nos separavam de Budapeste, a mítica cidade hungara de que qualquer turista encartado fala como uma referência e um local a visitar pelo menos uma vez na vida.
Tempo bom, deixamos a Hungria, para atravessar a ponte e regressar à Eslováquia, apenas porque queríamos ir pela direita do rio até Budapeste, uma vez que as indicações dos mapas nos faziam prever um percurso melhor que o da margem esquerda e também para olhar um pouco mais a realidade eslovaca que à primeira vista nos tinha causado uma impressão desagradável. Fomos confirmando isso ao longo do percurso e achamos que a União Europeia vai ter de mandar umas verbas para um desenvolvimento mais harmonioso do "espaço europeu" de que todos fazemos parte, porque jeeps e carros de gama alta já vimos, mas telhados a cair e malta a vestir roupa do século passado também. E um outro pormenor que não é de somenos importância, o facto de na Eslováquia as pessoas andarem quase todas com um saco na mão, talvez à espera de um artigo a preço razoável, não sei... mas deu para perceber.
Uma vez que antecipamos a chegada a Budapeste em um dia, os dois de estadia alargaram-se a três, o tempo que achamos necessário para visitar uma cidade como budapeste, propondo até aos possíveis interessados um primeiro dia para andar com o mapa da cidade nas mãos, o segundo dia para realizar um city-tour e um terceiro dia para as compras, mas não se alarguem nem tenham ilusões que em Budapeste nem a água é mais barata, não consegui encontrar nada mais barato que em Portugal e um cafézinho daqueles que não têm nada a ver custou-me 600 forints, qualquer coisa como 2,4 €, o que me fez até sonhar com aquela bica no clube, a 0,60€...
A chegada à cidade, a despedida dos amigos e das bicicletas que tinham de fazer o retorno, a procura do hotel que com GPS até se faz de olhos fechados, um alojamento bom, bonito e barato, que nos dias de hoje até se encontra com um pouco de paciência num site de viagens e lá ficamos eu e o Carlos três dias a usufruir de um final de quinzena inesquecível, projectando novos locais, novas hipóteses para a primeira quinzena de Agosto de 2010 e com uma afirmação que afasta todas as dúvidas... "morra quem se negue!".

domingo, 19 de julho de 2009

PRECISA-SE

"Precisa-se m/f, 21/31 anos, passaporte europeu, trabalho em navios/cruzeiro luxo. Sem piercings nem tatuagens. Inglês médio... telf. 91..."
Encontrei este anúncio num jornal diário e lembrei-me das dádivas de sangue dos homossexuais do género masculino, não sei porquê, vá lá saber-se, eu acho que o cérebro deve funcionar como um copo que vai enchendo de (des)informação ou conhecimento efectivamente útil, positivo e enriquecedor, assim como de muitas gotas de imaginação, experiência, vivências várias e vícios uns melhores que outros, mas também prazeres que cada um desenvolve a seu gosto e ao gosto de quem gosta. Felizmente o cérebro deve estar munido de hormonas aborrachadas capazes de apagar o conhecimento temporário, tal qual como aqueles ficheiros de computador que apagamos quando, ao fim de seis meses, a máquina nos lembra que afinal gravamos aquilo mas nunca os utilizámos...
É mesmo, o cérebro humano tem têndência para esquecer as milhentas experiências porque passamos e que não nos interessaram por aí além, o que de alguma forma nos facilita a reciclagem e a posterior limpeza que se assemelha ao tal computador dos dias de hoje. Mas a que propósito vem o anúncio dos navios de cruzeiro e das dádivas de sangue dos homosexuais do género masculino? vou tentar esclarecer, mas acho que isto tem também a ver com aqueles ficheiros que nos aparecem no ecrã do computador, que apagamos e voltam à carga, qual flash que nos chama a atenção permanente para um tal anti-vírus que já acabou a validade, solicitando o pagamento da renovação através do cartão de crédito que também já não tem qualquer validade, nem saldo...
Pois acho que talvez tenha a ver com todos aqueles que acham que devem fazer o que querem na vida e depois aqui-del rei que a sociedade e tal, é que tem a culpa e os direitos são iguais para todos, reclamando a torto e a direito, com a ajuda da "quercus", dos "amigos dos animais", do "SOS racismo" e até "liga dos combatentes".
Ah, os malandros não querem aceitar a dávida de sangue dos homossexuais do género masculino, porque têm comportamentos de risco? malandros, que os rapazes têm tanto direito de dar sangue como os outros... mas será mesmo que a algazarra se instalou porque não querem mesmo a dádiva ou afinal as "dádivas" são pagas nessas clínicas ou hospitais privados que existem por aí e os homossexuais do género masculino ficam com menos uma fonte de rendimentos? E vc, sim vc, não precisa de olhar para o lado, que estou a falar consigo, no dia em que precisar de uma transfusão de sangue e lhe dissessem que é sangue de homossexual com comportamento de risco, como reagiria? quereria correr o risco de receber esse sangue, como os hemodialisados de Évora que receberam o sangue vindo da superdesenvolvida Suíça que, para não discriminar também recebia "dádivas" de homossexuais? você, que até manda os iogurtes para o lixo porque acabou a validade ontem, o que faria?
E que dizer de uns navios/cruzeiro de luxo que, donos de si próprios, dos seus gostos e dos desejos da maioria dos clientes que lhes pagam, anunciam que só aceitam jovens que não tenham percings, nem tatuagens? pois também essas "associações protectoras" vão gritar a dizer que "tá bué de mal"? que os jovens e tal, têm o direito e coisa e tal dos tatoos e dos percings e até de não se lavarem senão quando lhes apetece?
Pois, pode ser que as miúdas gostem, que nas discotecas tenham mais facilidade de entrar à sexta à noite, mas acredito que de nada lhes sirva usar esses adereços no dia em que quiserem trabalhar, se é que querem mesmo.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

O ESTADO, PESSOA DE BEM...

O Estado, pessoa de bem! é verdade, o meu avô já falava de um Estado com maiúsculas, dizia ele que isso começou a dizer-se no tempo do Egas Moniz, quando este foi com a família e as cordas ao pescoço, pedir desculpa ao rei por alguma palavra dada e entretanto desmentida pelos factos, mas isso foi há tanto tempo que acredito que poucos se lembrem dele e até o confundam com o Martim Moniz, entalado nas portas de Lisboa, o Botelho Moniz que chegou a general de Salazar e até o quis entalar, ou até o Moniz Pereira que conseguiu fazer em Portugal recordistas mundiais e medalhados olímpico no atletismo e nunca se deixou entalar.
Mas já que falamos de entaladelas, lembrei-me agora de uma cena que se não fosse grave, daria para rir um bocadinho, que parece que faz bem ao fígado, isso digo eu, porque os cientistas ingleses confirmaram que umas palavras grosseiras aliviam a dor de cabeça... na verdade um asneiredo quando batemos com o martelo no dedo, não cura mas alivia.
Ah, a cena... pois um casal foi a uma festa e houve confusão... empurrões pra cá, murros pra lá, uma garrafa na cabeça de um, uns pontapés noutro, resultado final: dois feridos maltratados a caminho do hospital. GNR chamada, identificação dos agressores, garrafas para cima dos militares, ofensas verbais e outras coisas mais... ninguém detido para averiguações.
Entretanto no hospital:
- ena como a senhora vem... é só sangue!
- pois foi senhor doutor, fui agredida sem saber porquê e acabei com uma garrafa partida na cabeça que me deixou neste estado...
- e aquele senhor que está ali também a queixar-se, é seu marido?
- é sim... também as comeu...
- então mas ele agrediu-a?
- não, senhor doutor, ele também apanhou... fomos a uma festa...
- a senhora diga a verdade, está a parecer-me que ele é que a agrediu... olhe que se foi ele, já não sai daqui, é detido imediatamente por maus tratos, quer que chame a polícia para o deter?
- oh senhor doutor, fomos ambos agredidos numa festa por um grupo de malandros sem qualquer justificação...
- ah bom, senão ficava já detido e ia logo para tribunal, neste país é assim, não se brinca.
Entretanto no mesmo país, um dos agressores confessou a agressão ao guarda da GNR...
- pois fui sim, fui eu e se não fossem na ambulância ainda levavam mais, o que é que você quer?
e vá-se embora para o posto que isto ainda acaba mal...
Pois, aqui neste cantinho do país a GNR foi-se embora, ninguém foi detido nem identificado e a queixa foi feita...
- bom dia, quero apresentar queixa...
- sabe o nome da pessoa que o agrediu?
- não, mas sei a alcunha, que já consegui saber isso e sei onde mora... os senhores foram lá ao local e não conseguiram saber o nome?
- o senhor é que tem de saber o nome do agressor... para nós sabermos o nome, a isso já se chama investigação e é outro assunto.
Conclusão:
Em Portugal, bater na mulher é crime, bater na mulher dos outros não é!
Entretanto noutro ponto deste inimaginável país, uma senhora separa-se do marido e vai à sua vida, o gás da companhia está no nome dela e o ex-marido continua a gastar o gás durante seis meses. Em casa chegam facturas do gás em nome dela que o ex-marido rasga e não se pagam... relaxe, tribunal e penhora de bens, para simplificar a história.
Uma patrulha da GNR vai à nova morada da senhora para lhe penhorar os carros.
- então, pergunto eu que sou ignorante, se a senhora mudou de casa na mesma localidade e nem a companhia do gás, nem o tribunal, se importaram de a localizar antes do caso ir para tribunal, nem sequer desconfiaram que a senhora podia não ter conhecimento da situação, quando foi preciso penhorar os carros já deram com a nova morada?
Parei agora a crónica para dar umas valentes gargalhadas, desculpem...
Por último, outra história verídica:
jovem, 28 anos, licenciada entendeu que deveria fazer a sua empresa, em vez de ir para o "centro de (des)emprego" pedir a esmola de um subsídio. Sem subsídios durante toda a vida de estudante, sem subsídio para montar a empresa (os 5.000,00€ do capital social foram emprestados), sem receber a ponta de um chavelho do Estado, recebeu um questionário das finanças para preencher, atrasou-se, não respondeu quando devia e agora recebe um "auto de notícia" para pagar uma multa de 225,50€. Mas quem a mandou armar-se em parva e não ir para a porta de "segurança social" como fazem tantos milhares de coitadinhos? Esta valorosa e jovem empresária já ficou a saber o que é um Estado "pessoa de bem".