domingo, 27 de fevereiro de 2011

PORCOS NAS PRISÕES!

O título poderia fazer pensar que eu quero todos os porcos nas prisões, mas não, não sou ingénuo a esse ponto, nas prisões devem estar as pessoas que cometem ilegalidades e para quem só a privação da liberdade seja o necessário castigo, uma vez que muitas ilegalidades serão supostamente reparadas com coimas, multas e indemnizações e outras ainda nunca serão castigadas, podendo até ter direito a umas nomeações para empresas publicas, uma vez que é necessária gente com experiência para essas funções.
Mas o essencial da crónica de hoje tem a ver com uma acção levada a cabo por forças de segurança na cadeia de Paços de Ferreira e felizmente gravada por um elemento das forças de segurança envolvidas, talvez até para prevenir algumas más interpretações levadas a cabo por eminentes e prestigiados advogados da nossa praça.
E resumindo, podemos afirmar que um animal, classificado semanticamente de detido prisional, esteve numa cela durante alguns dias, fazendo as necessidades fisiológicas no chão da cela, mandando a comida para o chão e conspurcando de tal modo o espaço que os detidos dessa ala exigiram o fim daquele inferno, que deveria deixar as pessoas das celas contíguas com o estomago a dar voltas durante as vinte e quatro horas do dia.
Perante esta situação e também pelo facto de o energúmeno já ter provocado e agredido detidos e guardas em situações anteriores, foram chamadas forças especiais para lidar com a situação, filmando até a cena para que os Franceses, Nabais, Arrobas e Fernandes não viessem depois para a televisão dizer que ahh e os direitos humanos, ahh e a liberdade, ahh e os deveres, ahh e a força bruta da polícia...
Tive a possibilidade de ver e ouvir a acção e de reparar que os guardas mantiveram uma atitude correcta e legítima, isto no ponto de vista do leigo na matéria que nunca esteve preso e nem entrou numa prisão seja por que motivo fosse. O porco, que deixou a cela mais imunda que os porcos que o meu avô criava, foi transferido para outra cela onde ficou sozinho, ou seja, no nosso país ainda há presos que ficam com cela privada, ao contrário do recomendável, uma vez que eu não acredito que esse recluso tivesse o mesmo comportamento numa cela onde estivesse acompanhado de mais 5 ou 6 reclusos.
Tudo isto pode acontecer e creio que o sistema prisional está preparado para lidar com estas situações, onde concerteza podem e devem ser utilizadas as tais armas eléctricas, senão para que serviria a compra desses instrumentos dissuasórios se nem nesta situação poderiam utilizar-se?
Muitas situações iguais ou parecidas poderiam inventariar-se ao longo dos anos, mas o original de tudo isto é ter o bastonário da ordem dos advogados proposto uma acção contra as forças policiais e em defesa deste recluso, por alegada violação dos direitos humanos e contra a violência policial. A indiferença da população em relação ao senhor bastonário neste caso em apreço, demonstra bem da irrresponsabilidade do advogado Pinto e gostaria até de saber quantos portugueses com os impostos em dia lhe ligaram a concordar com essa diatribe, o que também a mim me deixou perplexo, uma vez que na maior parte das vezes que o tenho ouvido até tenho simpatizado com as suas opiniões, sendo certo que há um ditado popular que sempre avisa que "no melhor pano cai a nódoa".
Esperava deste e de muitos mais casos que vão aparecendo, que o ministro responsável fosse à televisão e aos jornais exprimir o seu apoio às forças de segurança, dando corpo ao sentimento das populações e moralizando os agentes da autoridade pela sua acção sempre meritória e reforço isto porque ao longo de 57 anos de idade nunca um agente policial me tratou mal, me ofendeu, me interpelou de modo extemporâneo, havendo alguns a queixar-se... será que estão sempre no lugar errado à hora errada, ou será que nunca saem desses sítios nem têm vontade de sair?
Espero que os agentes da autoridade não deixem que as prisões se transformem em pocilgas.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

MORTES...

Claro que todos um dia teremos de morrer, seja como for e parafraseando um conhecido slogan publicitário, a morte física é "tão natural como a sua sede"... ou a falta dela.
É um tema difícil de tratar, se é que a morte se trata, mas não há muitos estudos sobre a morte, pelo menos eu tentei nesses internéticos motores de busca e encontrei pouca coisa, pelo que é um assunto possível para uma tese de mestrado, a qual tem inúmeros temas de discussão e análise, tais como:
- um morto encontrado num apartamento oito anos depois da morte é desleixo, crime, esquecimento ou alzheimer institucional?
- um indivíduo que dá conta do desaparecimento de uma pessoa durante treze visitas ao tribunal é interessado, coscuvilheiro, teimoso ou tem muito tempo livre?
- um polícia que recebe uma queixa de desaparecimento e assobia para o lado é ineficaz, parvo ou anda a treinar?
- o director da segurança social a quem são devolvidas as pensões dos idosos entretanto "desaparecidos", faz alguma coisa para saber o que lhes aconteceu, assobia para o lado, faz um comunicado a abrir "inquéritos", diz que a polícia, os tribunais e os vizinhos não têm nada a ver com o assunto e processa o morto por incumprimento fiscal?
- o director de finanças diz ao amigo leiloeiro que tem um negócio interessante para ele, elabora um processo por dívidas no valor de 1.500,00 €, já com juros de mora e IVA incluídos, não comunica nada a ninguém e vende o apartamento em hasta pública através do leiloeiro amigo por 30.000 € e ninguém sabe onde param os 28.500,00 sobrantes, para além de um e outro nunca terem visitado o bem a penhorar?
Uma coisa que me faz abrir a boca de espanto é a justificação policial de que não podem arrombar portas porque correm o risco de ter de pagar uma porta nova à pessoa lesada... mas é mesmo preciso arrombar portas? não haverá em qualquer cidade um cadastrado que saiba abrir fechaduras sem as estragar e que seja do conhecimento dos polícias? ou até mesmo um carpinteiro da escola antiga, já para não falar da conhecida "casa espanhol" em Torres Novas, onde não havia segredos nem para chaves nem fechaduras.
Como se comprova, esta possível tese de mestrado ou mesmo doutoramento, que no caso em apreço bem poderia ser "doutoramento deshonoris causa" só teria um inconveniente... ninguém está livre de aparecer mais uma augusta senhora morta na sala da cozinha há 35 anos, o que retiraria muito do valor do tema anteriormente descrito.
Mas na verdade, porque haveriam estas notícias morbidas de ganhar tanto relevo na comunicação social, quando todos os dias somos confrontados com mortandades não apenas físicas, mas tantas vezes sociais e políticas que reproduzem mortos-vivos, caídos na cozinha da indiferença muitos anos antes de podermos enterrá-los sem pompa nem circunstância.
Lembrei-me agora deste governo que nos vai matando a cada dia que passa, que alguns dizem vivo, outros eternamente moribundo e outros ainda morto e malcheiroso desde há quase seis anos, com a particularidade de rejeitar sistematicamente a denúncia de vizinhos queixosos, as investigações das polícias especializadas em fraudes freeportianas ou ilegais arrombamentos de salários.