terça-feira, 27 de maio de 2008

AFINAL NÃO É TUDO MAU...

Claro que não é tudo mau, eu estou aqui sentado num sofá bem confortável, a tv faz-me companhia com um programa que eu não vejo, oiço como ruído de fundo, e às vezes nem isso, ligo o cotonete, escolho a música que quero e auscultadores nas orelhas, que é o que está a dar. Afinal há milhares de locais neste mundo bem piores, onde para além de não haver condições dignas de sobrevivência, não há esta calma de fim de tarde, um computador para escrever o que nos apetecer, consultar os jornais, ver o correio electrónico, telefonar aos amigos à borlix... é isso, afinal não é tudo mau.
O dia começou cedo e depois do pequeno almoço tomado, uma viagenzinha de bicicleta até à escola, com o portátil apoiado no quadro, demora uns minutos. Depois disso uma pequena reunião com os colegas e uma chamada para uma substituição com a turma do 9º CEF, onde tinham como objectivo a construção de um pequeno filme publicitário. Achei tudo muito interessante, embora 3 ou 4 alunos só estivessem interessados em jogar um daqueles jogos de guerra, mostrando pouco ou nenhum interesse em aprender algo. Dentro de 10 ou 20 anos lá os encontrarei a preencher uns papéis do Rendimento Social de Inserção.
Ao meio-dia lá estava eu no miradouro de Alcanena a montar as cordas para a aula de rapel que os jovens do 11º A começariam dentro de minutos, sempre são 7 a 8 metros em parede lisa, que faz acelerar o coração a alguns deles, mas costumo dizer-lhes que todos temos medo e que o prazer está em saber dominá-lo, confiar em quem está com eles e os estimula a ultrapassar as dificuldades. Foi rapel para quase todos e rapel australiano para uns poucos mais confiantes. No final da descida há sempre um sorriso e a vontade de voltar a descer... e o tempo passa num instante, são quase duas da tarde e o almoço no refeitório já espera por nós.
A desmontagem rápida dos acessórios e cordas e aí vamos nós comer um bacalhau à brás que estava uma delícia, enquanto a malta do grupo de ténis de mesa do desporto escolar esperava pelo professor... já passava das 14,30 quando começámos o treino... até às 16 fomos treinando e jogando e hoje o Bernardo ganhou ao professor, não, não perdi de propósito, é ele que está a jogar muito bem.
Às 16 lá fomos para o gabinete acabar o teste sobre as matérias do 3º período, Beisebol, Voleibol, BTT e Rapel, que amanhã os alunos irão tentar acertar, coisa simples para quem tem muitas disciplinas e só precisa de saber o básico de Educação Física...
E o portão do gabinete fechei-o às 18 horas, bicicleta e portátil no quadro e um regresso a casa bem tranquilo... acho que não vou deixar esta vida tão cedo, as coisas fluem, o tempo passa sem darmos por isso e o livro "já podeis da pátria filhos" de um dos meus escritores preferidos, o João Ubaldo Ribeiro, ainda não foi iniciado desde que o comprei no Domingo na Feira do Livro... acho até que o governo vai ter de brigar comigo para eu ter de sair do meio dos jovens daqui a uns anos.
Mas tudo isto que acabei de falar não interessa nada, isto é desenvolvimento não é crescimento e quem manda nisto só quer saber de deficit, ISPs, IVAs... afinal só agora descobri que o título desta crónica tinha o propósito de enaltecer uma notícia bombástica e de primeira página, onde se dizia que os contribuintes poderão poupar cerca de 5,50€ (cinco euros e cinquenta cêntimos) por ano (!!!!), com a abolição da taxa dos contadores.
Reuni a família de emergência e decidimos investir esta poupança em acções da EDP Renováveis... será que eles aceitam?

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