quarta-feira, 29 de agosto de 2007

ATLÉTICA PAIXÃO

Voam na pista de tartan
superando sonhos, concerteza...
colam-se uns aos outros, como íman
em miríades de cor, tamanho e destreza,
vão no campeonato da beleza
ganhar a medalha do amanhã.

Um décimo de segundo os separa
entre as barreiras de um beijo,
vai, corre, salta, só quem pára
pode perder a prova do desejo.
Continua no caminho, que te vejo
a vencer, ninguém te agarra.

Sorriem e choram sem razão
para quem vê de longe o seu cansaço...
bate-lhes com força o coração
esmagado pela força de um abraço,
vem festejar cada volta, cada passo,
no campeonato do mundo da paixão.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

OS JORNAIS "DESPORTIVOS" EM PORTUGAL



O fenómeno dos jornais desportivos em Portugal deveria ser objecto de uma profunda análise, na medida em que eles reflectem de alguma forma o substrato sociológico deste povo simpático que se vai moldando desde há quase 900 anos, com avanços e recuos próprios de quem vai tentando viver sem grandes planeamentos e um pouco ao sabor de ventos e marés.
Se repararmos, a maioria das pessoas procura dar-se bem com quem não lhe levanta grandes questões, tendo 90% da população este interessante diálogo:
- “bom dia, tudo bem?”
- “bom dia, vai-se andando…”
Claro que, se depois disto houver uma proposta de discussão sobre o árbitro do jogo do Benfica, ainda temos 60% da malta a ripostar:
- “são uns ladrões…”
- “é tudo uma cambada…”
Podemos ainda verificar que 12% ainda são capazes de falar do centenário de Miguel Torga, 5% sabem que esse era o pseudónimo do médico Adolfo Coelho da Rocha, que escrevia uns livros e uns poemas e que 2% já leram qualquer coisa dele…
A partir daí, os estudos de mercado só têm um caminho a seguir, que é nem mais nem menos que ir ao encontro dos gostos do grande público, o qual é sempre levado a gostar daquilo que lhe dão, até porque depois é fácil chegar à conclusão de que só lhe dão o que ele, povo, gosta. Romper este ciclo vicioso é sempre difícil, na medida em que, ou as pessoas tomam atitudes e ficam isoladas, ou…
O Nelson Évora, um jovem de 23 anos, natural de Cabo Verde, naturalizado português com imensa dificuldade, que só o conseguiu por já ser recordista do triplo-salto, uma especialidade do atletismo, em vez de ter ingressado num gang de assaltantes, arruaceiros ou “grafitistas” foi dar o seu melhor no atletismo e esta semana foi campeão mundial de triplo-salto, o primeiro homem português a ganhar uma medalha de ouro num campeonato mundial de atletismo ao ar livre. O Jornal de Notícias e o Correio da Manhã, jornais generalistas colocaram o homem em grande plano na primeira página, envolto na bandeira nacional. O jornal Record e o Jogo, jornais “desportivos” colocaram na primeira página, em grande plano, o “Ed Carlos”, o novo reforço do Benfica, um rapazinho brasileiro, que ninguém sabe quem é…
Os jornais “desportivos”, vão dizer que é estratégia de marketing, que as pessoas gostam é de futebol, etc, etc… mas eu vou chamar a tudo isto, à troca de um português campeão do mundo de atletismo, por um brasileiro jogador de futebol que ninguém conhece, eu vou chamar a isso uma pulhice.
Um dia teremos para os Nelson Évora e para as Vanessas Fernandes deste país, se não os euros do Cristiano Ronaldo, pelo menos um tratamento igual dos jornais desportivos. Então nessa altura, eu irei comprá-los!

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

MORANGOS

Alguma comunicação social precisa de estrelas, sensação, espectáculo e mortes, muitas mortes, se possível em directo e com enviado especial no local, alguma comunicação, digo eu, para não me catalogarem de crítico ácido e irresponsável. Daí o "alguma" dar uma certa tranquilidade, porque todos os comunicadores sociais pensarão que não é com eles, que afinal eu estou a referir-me apenas aos títulos garrafais do "CM", algumas crónicas do "Expresso", uns títulos do "Publico", umas novidades do "Diário Económico" ou com muito a propósito ao "Diabo", ao "Crime" e à "Gaiola Aberta" (acho que os dois últimos já se finaram...). Mas também e especialmente à TV, onde se vêem a cada dia muitas "telenovelas" que para além de histórias de amor que ninguém usa, promovem uns jovens eleitos em "casting", como soa bem dizer, muitas vezes sem saberem o antes nem perspectivarem o "depois da novela". E o problema é mesmo o que se passa depois da glória da TV, naquele momento em que o produtor escolhe o momento da última filmagem para dizer ao "actor" que "não te preocupes que para o mês que vem começa outra novela e eu depois contacto-te". O artista, que até já era reconhecido na rua e dava autografos em sessões no shoping, começa a convencer-se que afinal deveria ter tido mais cautela, que o carro que comprou podia ter sido mais económico e o dinheirinho ganho com alguma facilidade já desapareceu...
Os estudos ficaram para uma próxima oportunidade e as companhias menos capazes são as que ficam (são sempre as más companhias, não?). Tudo isto a propósito de uns actores dos "Morangos" que, segundo os jornais, foram apanhados pela polícia em acções menos recomendáveis, um deles até faria parte de um bando de delinquentes que assaltava à mão armada e agredia as vítimas. Não queremos pensar que aprendem estas coisas nas novelas, mas muitos dos textos que têm de decorar são tão fantasiosos que às tantas, os actores confundem a ficção com a realidade.
Se já não davamos grande crédito a esta tontice das TVs em realizar produções de novelas às dúzias, está a ficar claro que os "artistas" estão cada vez mais à altura do que se vai produzindo.
Mas se quiserem continuar a manter o nível, contratem este governo. Eles produzem e realizam cada novela...

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

DE QUE LADO?

Para quê olhar deste lado
se do outro tenho tudo?...
a paixão e o amor tão puro
numa cumplice e clara folha,
onde por razões de minha escolha
deixo em cada letra meu afago.

Procuro neste jogo de vogais,
o canto livre em que quero
dar-te a conhecer, porque te espero
e morro de saudade em cada dia...
o céu que desconhecia
e hoje se abre mais e mais.

Por cada puzzle que percorro
em cada momento de luta apaixonada,
sinto a força inteira, redobrada,
de uma paixão que me supera.
Quero ganhar-te sim, em tua espera
e trazer-te à minha terra, meu tesouro.

Não vou perder-te, não!
tudo será teu por minha dôr,
soprando em cada madrugada meu amor,
irei ver-te sorrir de olhos cheios
sem dores, nem temores, nem receios,
e farás o voo alto e belo da paixão.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

SONHOS DE VERÃO

De vez em quando sonho. E gosto, sabem? normalmente são sonhos bons, agradáveis e fico chateado quando acordo, bem, na verdade eu fico sempre chateado quando acordo, mas se o sonho acaba porque o sono acabou... é mesmo, fico aborrecido, até porque depois não me lembro nunca dos pormenores e em sonhos bons, os pormenores são sempre ainda melhores. Ele são férias nas Caraíbas (se me fizerem um bom desconto eu até vou com furacões de grau 5), passeios na beira-mar com a "miss universo", viagens de mercedes descapotável, com o pessoal todo a olhar, as acções que eu comprei na bolsa todos os dias a subir 10%... vale ou não vale a pena sonhar?
Acho que sonhar não é pecado... é só por pensamentos, palavras e obras, portanto nada de críticas cá ao rapaz, que a liberdade de sonhar deve estar constitucionalmente consagrada. E que bom é sonhar, em contraponto com a realidade...
A realidade é outra coisa, sim, mas muito desagradável na maioria dos dias, especialmente nestes dias de Agosto, até porque eu sinto que quando estou desperto para a coisa, os outros, especialmente os responsável devem andar por aí a sonhar, ou cheios de sono, que vai dar ao mesmo.
Então não é verdade que no verão há fogos? pois, mas os aviões para combater os fogos chegaram em Agosto e só vão ter licença para voar dentro de dois meses, ou seja, em Outubro é que vai ser apagar fogos...
Outra coisa que me intriga é que há empresas privadas que compraram aviões para apagar fogos, que essas empresas recebem dinheiro quando voam para apagar fogos e que (isto sou eu a pensar) se não apagarem fogos não recebem. Ora bem, eu não quero pensar que essas empresas vão dar lucro se não houver fogos. Daí...
Não seria melhor o Estado, o principal interessado em que não haja fogos, ter meia dúzia de aviões para apagar fogos e que quanto menos houvesse e menos apagasse mais lucrava ( se o Estado lucra, lucraríamos todos, penso eu...)
Mas ainda ninguém reparou que os fogos são quase todos os anos no mesmo sítio, ou aí perto? No concelho onde vivo, quando me dizem que há fogo olho sempre para os mesmos locais e acerto sempre. É sempre a norte! há freguesias que todos os anos têm fogos e outras que nunca têm... será preciso mais para encontrar os "fregueses"? Então os responsáveis ainda não repararam que nos três meses de verão deveriam fazer uma vigilância nas zonas onde sistematicamente há incêndios? Durante alguns anos o Instituto da Juventude seleccionava jovens, em férias escolares, para fazerem vigilância aos fogos em todo o concelho onde resido. Os resultados foram muito positivos e durante esses anos quase não houve incêndios. Os responsáveis acabaram com essa vigilância. Será porque os aviões não tinham trabalho e já começavam a dar prejuízo?
Sabendo-se quais as zonas que habitualmente se incendeiam (não acredito nessa do negócio da madeira, nem que haja incendiários, não...) não seria melhor formar pequenas equipas motorizadas para vigiar esses locais durante o verão, em vez de estarem nos quartéis de bombeiros à espera de serem chamados? Não seria a presença dos bombeiros no terreno dissuasora de comportamentos criminosos?
Mas entretanto eu creio que tudo se vai resolver com uma chuvinha de Agosto, porque os responsáveis... ou estarei a sonhar?

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

30 ANOS

Trinta anos fortes e robustos,
devorados a cada esquina da cidade...
transportando a imensa vontade
de nos fazer melhor e sempre justos
no calendário desta doce liberdade,
os desejos, os amores e os seus custos.

Não é fácil transportar os pensamentos
que algum machado goste de cortar,
a raiz dos sonhos a avançar
cansa, quando em vez, por uns momentos
e volta a nascer para te amar,
lendo em teus olhos meus tormentos.

Há sempre um saldo a teu favor
na luta que entre nós existe,
pela "vitória" que te deixa triste
e faz arrefecer esse calor...
vamos descobrir, espada em riste,
o prazer, nesta batalha do amor.

domingo, 19 de agosto de 2007

BEIRA...

Mil meticais
para tentar ver na tv uma novela...
o paraíso na terra só revela
na côr com que o pintais,
que o quadro negro em tão má tela,
terá sido obra de marginais.

Que lindo terá sido o "grande hotel",
a construção perfeita, o céu aberto,
na "beira" de um país que estava perto
de revelar que o corão e o pincel,
gritando e pintando o caminho "certo",
leva o povo a esquecer o seu papel.

Revela em todo o seu esplendor
a glória de, da miséria ser dono,
a graça de avançar sem dar socorro,
só porque o sol na terra e em seu redor,
sem aquecer a alma do povo,
pensava iluminar o clã conquistador.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

QUE FÉRIAS!!!


O facto de ter acabado de ler uma crónica de um amigo, sobre a forma quase arrepiante como passou as férias, leva-me a fazer uma análise da forma quase “paranóica” como no século XXI ainda se destroem férias que, alguém decretou e bem, deveriam ser fascinantes.
Durante o ano descuram-se pormenores tão importantes, como o “onde”, o “como”, o “quando” e o “quem”, preparando um tempo que deveria ser de contacto com os “Deuses”, que eu até acredito que existem, mas não, deixam andar tudo ao “Deus dará”, borrifam-se para os colegas e amigos que nos seus tempos mais ou menos livres aparecem no gabinete de trabalho com revistas de agências de viagens, folhas impressas de sugestões retiradas da net e revistas da especialidade. Em determinados períodos do mês, especialmente na última semana, até lançam uma bocas ordinárias se vêem um colega com uma revista com fotos das Bahamas, Caraíbas ou Seichelles.
Depois acabam por alugar uma casa mal amanhada, bem pior que a que deixaram lá no meio da serra, sem internet, sem tv cabo, sem sofás de jeito, enfim sem nada do que apreciamos, só pelo facto de ter a praia ali pertinho, com a água mais fria que a imperial servida no apoio de praia e os miúdos sempre demasiado pequenos, porque só se lembram de fazer filhos quando já estão com idade de avós.
E ainda querem ter umas férias com “pedigree”… ainda por cima acham que nem vale a pena ir até ao “Allgarve”, ficam-se pela praia da Nazaré ou outra qualquer mais a norte, o que se não é a água gelada para o banho, é aquele nevoeiro importado das ilhas britânicas.
Eu sei que o que tramou esta malta foram aquelas sapiências meteorológico-geofísicas, que andaram nos jornais durante os meses de Maio e Junho a avisar que íamos ter o verão mais quente dos últimos 30 anos (digo eu que só o “verão quente” de 75 foi tão quente, não?)… bem, eu só aconselho que não liguem muito a essa malta porque, se eles não sabem justificar o que aconteceu, quanto mais o que ainda não chegou e todos sabemos que sempre fez mau tempo em muitos Agostos.
Nem percebo que se queira ir de férias em Agosto quando o solestício de verão nos diz que os meses de Junho e Julho são os melhores, não tenho dúvidas. Já viram que em Junho e Julho às 8 da tarde ainda faz sol na praia?
Ora então, e porque não quero ficar com as coisas boas só para mim, eu vou dar umas dicas sobre como passei uma semana maravilhosa. Escolhi a melhor altura para ter dois filhos e como consequência disso, tenho uma de 27 e um de 20 que, sem eu saber porquê, declinaram elegantemente o convite que lhes fiz para passarem as férias com os pais. Agradeci.
Fui à Internet, falei com uns amigos e acabei por escolher uma viagenzinha de avião curtinha, para não enjoar, e um hotel a 50 metros da praia de águas morninhas, onde passei as manhãs e as tardes, deitado num colchãozinho, daqueles que os meus filhos usavam há 20 anos atrás.
Entretanto, no intervalo dos banhos tive oportunidade de provar pequenos-almoços, almoços e jantares à vontade do freguês, que é como quem diz “tipo bufet” em pensão completa, que nestas coisas é opção que não dispenso.
À noite um passeio na avenida, musiquinha nos bares, cafés expresso, cerveja e o resto das bebidas a custar uma fortuna, tudo compensado com umas noites de namoro com uma miúda muito interessante.
Para o ano vens comigo, oh Miguel!

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

SAUDADE...

A luz voa pela janela
e brilha no peito que toco,
sem saber que me desloco
no universo , na tela
que junto, mas que desfoco
para não me lembrar dela.

Porque a lembrança da dor
não afasta quase nada,
do que de bom se ganhava
por cada noite de amor...
eu sabia que juntava
desejos de muita côr.

Quadros de tantas luas
beijadas, dadas, vividas,
pinceladas recebidas
como a noite, feita em duas
partes bem divididas
e somas dessas loucuras.

185.000.000,00€

- 185 milhões de euros?
- Bela maquia!
De vez em quando gosto de fazer umas contas com a calculadora, puro exercício aritmético, uma vez que não tenho nada contra quem consegue ser poupado e ter algum jeito para o negócio. Mas não posso esquecer uma máxima que costuma referir-se a um “MNI” (Milionário Não Identificado) e que reza “qualquer milionário sabe explicar como ganhou o primeiro milhar, mas nunca se lembra como ganhou o primeiro milhão”.
Acontece que, com a fúria que o Estado tem actuado, no sentido de cobrar juros, IMI, IRS, IVA e outros impostos, emolumentos, imposto de selo, etc, acho hercúlea a tarefa que os nossos “milhionários” têm para conseguir chegar a estas verbas. Eu, simples contribuinte, que já me considero um privilegiado por ganhar o suficiente para ter uma vidinha decente, não tenho qualquer tipo de vícios, daqueles que dão cabo da vida das pessoas normais, tais como o jogo de casino e a frequência das casas da “carolina”, por exemplo, eu que já fui equiparado ao Belmiro de Azevedo (retiraram-me o abono de família porque atingi o 6º escalão, o do Belmiro e de todos os outros do seu nível), nunca consegui saldo suficiente para comprar um carro a pronto pagamento. E então peguei na calculadora.
185.000.000,00€ distribuídos por um prazo razoável de soma de lucros, vá lá 50 anos, dá 3.700.000,00€ por ano, uma fortuna significativa, ou seja, 308.333,00€ por mês, o que equivale ao salário máximo de 764 empregados “caixas do continente”.
- É muita fruta, pá…
Bem, falando sério, a maioria destes jovens jornalistas escolheram “comunicação social” porque a matemática era o papão e quando começam a falar de verbas com muitos zeros, baralham-se. Daí as dúvidas em relação a estes 185 milhões do senhor Vieira, 75º classificado na lista dos 100 mais ricos de Portugal. Na verdade, a fortuna é bastante grande e para se chegar a estes números são mesmo necessários muitos “depósitos dourados”, disso não tenho dúvidas.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

A MALA

"Mala com 800.000 dólares cria tensão entre Argentina e Venezuela" in Diário de Notícias de 15 de Agosto de 2007.

Amigo Kirchner e Camarada Chavez,
tomo a liberdade de vos mandar esta missiva, no sentido de esclarecer que essa mala que o meu amigo Antonini levava num daqueles carrinhos de aeroporto, quando chegou Buenos Aires… era minha. Sim, sim, era mesmo minha e agradeço que me devolvam a malinha, se “faxavor”.
Já há uns tempos atrás emprestei um avião, um “Cesna Citation X” a umas amigas para irem passar férias à Venezuela e… ficou por lá. A propósito, o tal avião da notícia do Diário de Notícias também é um “Citation X”… será o meu? As minhas amigas foram passar férias e queriam trazer-me umas prendas, mas exageraram… parece que já tinham metido 15 malas no avião e, como era muita mala para a camioneta delas, o coronel apreendeu as prendas e que prendas que elas eram, as minhas amigas, claro. Nunca mais tive notícias delas nem do avião. A Portugália ainda disse que o avião era deles, mas ninguém acreditou e ainda bem, porque o avião era meu, como já vos disse. Como em pequenino ouvi dizer que “nem tanto ao mar, nem tanto em terra” achei que devia levar a coisa à letra e se 15 malas era demais, 1 malinha não ia levantar tanta confusão. Afinal o meu amigo Antonini meteu a pata na poça e deixou que os outros metessem a mão na massa.
Uma vez que ninguém quis nada com o Antonini, acho bem que ninguém queira nada com a minha mala, daí o pedido extremoso que vos faço para que me devolvam isso. Para não haver enganos, a mala era discreta, de cor escura, da marca Samsonite, produto nacional, sim que eu não alinho em comprar malas nas lojas dos “300”, não. Se V.Exªs quiserem até posso começar a exportar para os vossos países umas malinhas, que é produto de qualidade, prometendo a cada um uma malinha com anexos, como essa que me apreenderam com os 800.000 patacos.
Diz o título que esses 800.000 provocaram um “clima de tensão” entre a Argentina e a Venezuela, mas esqueceram-se de mim. Se a mala não for devolvida fico eu com um “clima de tesura”… afinal é muita fruta e acho que só o Luís Filipe Vieira não ia dar pela falta da massa, porque eu li que ele tem 185.000.000 de saldo. Caramba, tanta massa, mesmo com os pneus em permanente promoção!
Meus amigos, mandem lá a malinha com o conteúdo, que ele está a fazer-me falta, ou querem que eu vá aí buscá-lo como a PJ fez ao Pedro Caldeira nos Estados Unidos? Mas, por favor, não a mandem para o aeroporto da Portela, que na última viagem nem o chapéu de sol apareceu nas bagagens especiais. Olhem, estive a pensar melhor, mandem para a Portela, mas em nome daquele funcionário reformado que lá anda a receber malas pela porta do “nada a declarar”, que ele é de confiança.

domingo, 12 de agosto de 2007

200.000 À ESPERA?

"Duzentas mil cirurgias em lista de espera nos hospitais públicos"!!!
Lá vinha no "Diário de Notícias" o título, na verdade um título de arromba, acho até com mais impacto que o título do Sporting na "Supertaça", ainda por cima carimbado com o subtítulo que dava conta da satisfação do ministro, na medida em que eram mais, muitos mais, há uns meses atrás, aqueles que esperavam por uma cirurgia nos hospitais.
- 200.000 é uma gota de água! terá dito o ministro Correia de Campos, depois de ter pedido ao cunhado Louçã, para lhe confirmar que em 2006 havia mais à espera...
- Mas o senhor ministro acha mesmo que 200.000 à espera de uma cirurgia é pouco?, perguntou-lhe um morador de Ranholas, que já espera por uma operação ao apêndice desde que acabou a 2ª Guerra Mundial...
- Olhe meu amigo, o Zao Zhiang disse-me esta semana numa conferência internacional que só na China existem 200 milhões à espera de uma cirurgia... e eram mais, mas muitos conseguiram fugir para Portugal. As "lojas dos 300" é só uma fachada, eles querem é uma cirurgia aos olhos, daí o facto de termos 200.000 em lista de espera. E o senhor ainda não foi operado ao apêndice?
- Eu fui, sim... mas quando acordei tinham-me cortado outro apêndice em vez do que me provocou a apendicite aguda... a minha mulher até pediu o divórcio... e continuo na lista.
Na verdade há muitas dificuldades nesta tarefa ingrata de zelar pelo bem estar dos cidadãos e todos sabemos que em inúmeras ocasiões até acontecem casos de cirurgias que se fazem sem necessidade, passando à frente de outras bem mais urgentes, apenas para tratar de aspectos relacionados com a beleza e em muitas ocasiões efectuadas em hospitais públicos e com o dinheiro de todos nós, como por diversas vezes tem sido referido nos meios de comunicação social, apenas porque há pareceres médicos que atestam a necessidade dessas cirurgias para atingir o bem estar psicológico do paciente e melhorar a sua auto-imagem.
A minha experiência pessoal levou-me ao Hospital de Santa Maria a uma consulta externa, com uma otite horrível em estado muito avançado. O médico, muito gentil, observou e tirou a conclusão:
- O senhor tem de ser operado! mas entretanto tome estes comprimidos e venha cá no próximo mês...
No mês seguinte, com outro médico, muito atencioso:
- O senhor tem mesmo de ser operado! mas entretanto...
Na 12ª consulta, gritei com o 12º médico e... o senhor doutor marcou a operação. Hoje, 24 anos depois, sou um cidadão feliz e aproveito para agradecer ao dr. Mário Andreia o favor que me fez.
Entretanto...
- Oh senhor Ministro, então vou ter de esperar quanto tempo mais?
- Não perca a paciência, homem. Na última reunião do governo alguém perguntou se havia lá alguém com tomates e ninguém respondeu... já tinham ido todos à cirurgia!

sábado, 11 de agosto de 2007

OH FERREIRA, LIGA A NET!

Esta semana fui dar uma ajuda a uma familiar... umas portinhas para pintar, uns armários para montar, umas lâmpadas, tudo aquilo que uma casa precisa e em que um homem é absolutamente necessário, com as excepções limpeza e cozinha, naturalmente. Acho até que sem necessidades deste tipo, ou este tipo de necessidades, havia muito mais mulheres a viver sós, o que se não fosse uma sorte, seria um desperdício...
Bem, mas o cerne (que tal?) da questão centra-se no facto de eu levar o computador portátil comigo, utensílio que não dispenso nem que seja para ver as fotos das férias do ano passado ou em último caso ouvir as músicas gravadas e guardadas à borlix no ficheiro das "minhas músicas" (minhas?).
Mas eu levava uma secreta esperança, que se resumia a aproveitar os tempos livres, para através do wireless do pc encontrar umas redes sem fios (e sem segurança) para navegar na internet à boleia de um qualquer membro do condomínio. Então não é que a busca deu mais de 20 amigos da vizinhança com rede de internet? mas só dois ou três tinham aquela coisa sem segurança, porque todos os outros devem ser muito desconfiados...
Lembrei-me da vizinha da minha infância que, para meter conversa gritava lá do fundo do quintal "oh vizinha, tem um raminho de salsa que me empreste? fui à praça e esqueci-me...". Dentro de algum tempo vamos ouvir a vizinhança a gritar "oh vizinho, não se importa de pôr a sua net sem segurança, só por um bocadinho? tenho cá o meu filho e ele gostava de ir ver os e-mails no portátil..."
Encontrei então o Ferreira com "força de sinal excelente", mas... estava em segurança. Tentei o Trindade, com menos força no sinal (talvez fosse o do rés-do-chão), o que também não dava, bem como muitos outros com nomes esquisitos, o MX15, o Dartagnan... uma cambada de garganeiros que não me deixavam entrar à borla na net.
Até que cliquei no "Linksys", com "força de sinal fraquinha", mas sem segurança e... ligadinho da silva! é claro, estão a ver, aquilo caía vezes de mais, a página do iol demorava uma eternidade a abrir, o "messenger" só deu para conversar 10 minutos com os amigos, mas foi uma emoção andar assim na net... até lembrei aquelas noites do início dos anos 90, com o cartão telepac (30 horas/5 contos) que me fazia ir ao multibanco carregar a net às 4 da manhã...
Mas não posso esquecer o Ferreira com a "força de sinal excelente"... tive mesmo vontade de ir à janela do 3º andar e gritar "oh Ferreira, liga a net sem segurança, só para eu ver o correio!"

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

VIDA

O que levamos desta vida, anjo?
tanto faz ser alegria, amor, paixão,
como se fosse memória
de um tempo bem passado...
a glória
de um momento de ilusão.

O que queremos desta vida, anjo?
tanto faz ser alegria, amor, paixão,
que a memória se projecte
num futuro risonho de prazer,
o esplendor de se poder viver
mais um momento de ilusão.

terça-feira, 7 de agosto de 2007

A GEO-ESTRATÉGIA

A Geo-estratégia...
(lembrei-me de um comandante de apelido Carvalho, que ia à televisão mandar uns “bitaites” sempre que havia borrasca num sítio qualquer).

Por uma curiosidade própria da juventude, que não tinha muito mais que uns jornais desportivos na mesa do café “Capristanos”, foi aí que aprendi a ler juntando as letras garrafais de “A Bola” e começando a tomar conhecimento de outras realidades, através das crónicas dos “enviado-especiais” aos jogos do Benfica, na saudosa época de sessenta, onde a classe de jogadores como José Augusto, Coluna ou Eusébio, dava 3 de avanço a quem lhes aparecesse no caminho.
Em todas as deslocações ao estrangeiro, e não eram mais de 5 ou 6 por ano, na melhor das hipóteses, jornalistas como Vítor Santos (um pouco chato de ler, o homem…), Aurélio Márcio, Homero Serpa e Carlos Pinhão, entre outros, tinham oportunidade de nos contar como se vivia do outro lado da fronteira (Badajoz já era inacessível para o português dos anos 60, que só uma minoria conhecia por fugir a salto para França). Era um momento de evasão para jovens como eu, que gostavam de saber mais qualquer coisa. Ainda me lembro de um jogo Benfica-Dukla de Praga, talvez em 1963, a que assisti com meu pai, que serviu para saber um pouco da Checoslováquia, do Pacto de Varsóvia, da Guerra Fria, do Muro de Berlim que tinha sido erguido, também porque os censores do regime não eram tão severos com as crónicas dos jornalistas desportivos (nem a carteira de jornalista lhes era passada, tal a discriminação). E havia lá um tal Masopust, eleito em 1962 o “melhor jogador da Europa”…
Uns anos depois, por volta de 1969, surgiu uma revista com o John Kennedy na capa, revista essa que era dedicada aos grandes políticos mundiais e… comprei. Na contra-capa estava Dubcek, um líder da oposição checa, que seria a capa da revista nº 2. Nunca saiu para as bancas… em 1971, a viver em Lisboa, dirigi-me à morada da editora, que não recordo, mas sei que ficava próximo do cinema S. Jorge, talvez na esquina da Av. da Liberdade com a rua Castilho, mas de editora nem o rasto…
E hoje? Com toda a liberdade espalhada pelo mundo, com os filhos e os netos dos que governaram há 40 ou 50 anos a tomarem conta disto, a “coisa” melhorou?
Tudo isto a propósito de um tal Kadafi, “pai” extremoso do povo líbio, que em 1985 levou com uns morteiros do inimigo americano, meteu o rabinho entre as pernas e calou-se, fechou o país como uma coutada de caça, mandou prender e matar quem se queixasse e agora até consegue dizer que já é democrata para sacar algum dos EUA e EU. E sabem o que aconteceu? Conseguiu convencer a malta! O quê? Está no poder há 30 anos, qual Alberto João? Mandou o direito às malvas, qual Mugabe? Fez da Líbia uma prisão, qual Guantanamo? Não faz mal… disse que já se tinha recuperado e até gosta de Bush.
E a propósito de Mugabe, ainda quero ver este governo cobarde de Portugal a dizer que este “artista” do Zimbabué, que mandou expulsar os brancos que trabalhavam a terra e matar quem não se quisesse ir embora, deixando o povo desgraçado a morrer de fome, é democrata. Os ingleses, que não gostam de fazer figura de parvos, já disseram que não se sentam ao lado de ditadores.
E aquele tal Khomeini, que esteve exilado durante anos a comer “croissants” democráticos na Versalles e a ser sustentado pelo estado francês que, em 1979, foi para o Irão prender e matar quem queria comer uns “croissanzinhos” mesmo sem creme?
E o Sadam, amigo dos EUA em 1980, que recebeu armamento de guerra às toneladas dos amigos "yanques", para combater os fanáticos iranianos e alguns anos depois recebeu desses "amigos" uma corda ao pescoço em vez da cruz de guerra de 3ª classe?
Acho que tenho que acabar, quem me lê não tem paciência para ler tratados e eu começo a perder a paciência com estas mudanças geo-estratégicas…