segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

A ÚLTIMA DE 2007

Pois bem, era suposto que neste ano de 2007, que ainda vai aguentar-se por mais 5 horas, eu não teria tempo, assunto ou vontade de escrever o que quer que seja, mas afinal há um espaço para preencher entre o jantar e o espumante da meia-noite e nada melhor que deixar passar o filme de 2007, o meu claro...
Começou bem, sim senhor, com a Melanie C a cantar lá ao fundo, na praia de Albufeira, com chuva de espumante barato e umas goladas saborosas com os amigos, embora o frio não nos tivesse deixado em descanso. Uns dias antes tomei a decisão de aumentar a prestação da poupança-reforma, o que embora me possa vir a fazer sorrir daqui a uns anos, obrigou-me a mais uns apertos ao longo do ano. Confesso que até pensei que a decisão doesse mais, mas só o Carlos do quiosque reparou que eu tinha deixado de comprar livros e jornais quase diariamente. Consequência da medida do governo em me aumentar os anos de trabalho, o que me levou a pensar que, com menos anos de reforma, os livros que tenho na estante chegam e sobram para ocupar o tempo que espero usufruir para os ler. Com a crise, os bens culturais são sempre os que mais sofrem, mas nalguma coisa temos de cortar, não? É que no tabaco, na bebida, nos jantares fora de casa, nas saídas nocturnas, na roupa de marca, eu já cortei desde há muitos anos...
No entretanto trabalhou-se...
E veio o Carnaval... não gosto muito da época, talvez porque esta treta de andar mais ou menos mascarado durante o resto do ano retire um pouco a autenticidade da quadra e depois, enquanto me lembrar do carnaval no Brasil...
No entretanto voltámos ao trabalho...
A Páscoa voltou em todo o seu esplendor, com bom tempo, um banhinho na praia algarvia, com quem consegue aguentar-se connosco, uns passeios agradáveis e aquelas laranjas de Boliqueime compradas e comidas na beira da estrada.
E por causa das coisas, voltámos ao trabalho...
Mas não descurámos o flanco e no 10 de Junho, comemorámos o feriado nacional com mais um passeio até ao Oeste, não fomos ao Texas porque não havia tempo para isso, mas foi um almoço com vista para o mar e um peixinho grelhado para ficar na memória. Não fica nos meus trajectos habituais, mas a Praia da Areia Branca só precisava de uma urbanização europeia para atrair o turismo que lhe falta. Há estradas de terra batida junto à costa que... só de jeep.
E por causa das coisas o trabalho foi dando lugar a umas férias programadas com a máxima antecedência e muita organização, mas sempre com alguma ansiedade porque cá o "manager" colhe os louros quando corre bem, mas leva com as críticas todas se algo corre mal.
Conseguidas por um preço bem acessível, as férias de uma só semaninha, com quem gostamos, foram uma delícia na praia, claro, porque eu não troco a praia por nada e uma água morninha como poucas vezes tenho tido, fizeram com que a semana se passasse demasiado rápida.
Depois é que foi ruinzinho, a esplanada do Avenida levou com o verão mais frio dos últimos 20 anos, alguns dias de Agosto até chuva tivemos e fiquei desconfiado com os cientistas que diziam que a temperatura da Terra tem tendência para subir cada vez mais, que a água dos mares vai subir meio metro nos próximos anos, que...
E um novo ano escolar começou em Setembro...
O Natal apanhou-nos em casa com a família, como é normal, mas eu não alinho na tradição das prendas, essa festa do consumismo em que transformámos tudo isto. Sim, sim, gostei de receber um livro dos meus filhos que me tocou particularmente. Então não é que a minha filha juntou todas as crónicas que publiquei no meu blog durante o ano de 2007 e fez um livro excelente, de tiragem única? um espanto! depois ofereceram-me uma caneta linda, porque sabem que eu adoro canetas.
Pelo meio do ano apareceram os aniversários, casamentos e batizados, os jantares em casa dos amigos ou com os amigos em casa, as festas, as comemorações, os encontros... de tal maneira que sem darmos por isso, estamos novamente na noite de passagem de ano.
Prometemos que íamos perder alguns quilinhos, mas não nos deixaram, pelo que fica a promessa que vamos voltar aos 75 quilos em 2008. É que só tenho duas hipóteses: ou perco uns quilinhos ou tenho de comprar roupa nova!
Não será fácil, mas acredito que 2008 vai ser um ano fantástico para todos!
Comece com um sorriso!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

NATAL...




Em terra de calcário,
um sonho de natureza
encheu de coscorões a minha mesa...
quis deixar um pouco a quem não sabe
que por aqui se come que nem abade
e lá mais para baixo é o calvário.

Ninguém se engasgou com a sopa quente,
seguida de peixe e carne mais que baste,
ensaiaram outro filme em que o contraste
é bem vincado e continua,
cada um afirmando como sua
comida que chegasse a toda a gente...

É uma estrada mais que percorrida
que se repete em cada ano,
um atrás de outro desengano,
sem que a alma humana se oponha
à fome e à miséria de vergonha
que em vez de dar, nos tira a vida.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

TAMBÉM TU, BHUTO?

Fico sempre num estado muito desagradável quando estou a almoçar, ou a jantar, com a família e sou presenteado com a notícia de um ataque suicída, o que neste ano de 2007 só deve ter acontecido umas 100 a 120 vezes para não ser tão taxativo. Poderão ainda argumentar que não é nada de extraordinário, porque ainda ficam cerca de 250 dias para as outras notícias, que todos pensamos serem agradáveis... mas nem por isso, a RTP, a SIC e a TVI têm o cuidado de me mandar na sobremesa com uns assaltos, sequestros, violações e desaparecimentos, de tal maneira que começo a pensar se a falta de pessoas nas ruas é devida a todos estes acontecimentos, não sei...
Às vezes até penso no Iraque e nos seus telejornais... aquilo devem ser noticiários de 3 ou 4 horas a transmitir ataques e funerais, diariamente, o que de certo modo justifica o facto de os iraquianos só beberem chá, porque aquela nossa mania de cozidos à portuguesa, entrecosto com ervilhas, feijoada e sopa de pedra, regado com um bom vinho, não se conjugava com esse tipo de cenários guerreiros, dando-nos a volta ao estômago a cada noticiário televisivo.
Felizmente a tv tem vindo a diminuir o número de mortos por cada ataque, seja por má pontaria dos suicídas, seja porque há cada vez menos gente nas ruas de Bagdad.
Agora até fiquei a pensar que uns ataques ao almoço, via tv, é estratégia do governo, para que a malta perca o apetite e além de poupar uns cobres na alimentação, ainda fique com um corpinho mais atlético... pelo menos eu não consigo engordar nem um quilinho, ao olhar os telejornais e já reparei que o Rodrigues dos Santos também tem perdido o apetite. O homem faz sempre umas caronhas feiosas depois de debitar os mortos e feridos...
Tudo isto a propósito do assassinato de Benazir Bhuto, filha do também assassinado Ali Bhuto, ambos ex-presidentes do Paquistão, o que me leva a pensar que talvez os filhos da Benazir optem por ir estudar para Oxford, como fez a mãe, mas fiquem por lá a ver o Ronaldo marcar golos. Aquilo no Paquistão é uma autêntica fogueira onde se queimam literalmente os filhos da Nação e onde só os militares se safam com vida.
Na vizinha Índia, a maior democracia do mundo, como a Europa gosta de lhe chamar, era a família Gandhi a eleita para atear as fogueiras da política (por algum motivo os indianos optam por queimar os corpos a céu aberto...). Começou com o Mahatma, passou pelo Nehru, depois a Indira Gandhi e o filho desta, Rajiv Gandhi, todos assassinados e queimadinhos na fogueira, com excepção de Nehru, talvez porque mandou invadir Goa e os indianos tenham gostado de ver aumentar a nação e o tenham poupado ao sacrifício...
Mas quanto à Benazir, se não fosse hoje, era um dia destes... todos sabem como as coisas se resolvem para oriente. E democracia numa nação de 500 milhões é um pouco difícil, digo eu... transportem a nossa democraciazinha de 10 milhões para a Índia e façam uma pequena ideia do que sejam, na devida proporção 20.000 presidentes de câmara, 100.000 vereadores a tempo inteiro e 200.000 presidentes de junta de freguesia, mesmo a meio tempo... quem é que queria ser democrata numa "freguesia" destas?
Aguentem lá o Musharaf para ver se os filhos do bin laden e do kohmeini não saem do buraco durante uns anos mais...

sábado, 22 de dezembro de 2007

TROCAS E BALDROCAS

Tribunal de uma Comarca próxima de si, 19 de Novembro de 2007.
Peça num acto (desesperado)
Juíza - O seu nome?
- Carlos Jesus...
Juíza - Com que então, excesso de velocidade... o senhor não sabe andar devagar?
- Mas...
Juíza - Cale-se! ainda por cima tem a mania que é um ás do volante, desses que encontramos todos os dias nas estradas a provocar a desgraça de muitas famílias... já se esqueceu que houve um cidadão que perdeu a vida neste acidente?
- A senhora doutora deve...
- Cale-se, que ninguém lhe pediu para falar! É sempre a mesma coisa, têm sempre uma desculpa pronta, mas na hora de pegar no volante esquecem-se das regras de conduta. Não se lembra que já anteriormente teve uma contra-ordenação grave?
- Grave?... descul...
- O senhor vai ficar calado e não volta a interromper, ouviuuuuu? se volta a interromper vai ver a pena agravada. É por estas e outras que todos os anos vemos milhares de mortos e feridos nas estradas do país... e já vi que essa primeira ocorrência deveria ter servido para o arguido tomar consciência da gravidade da sua conduta, uma vez que até passou um sinal vermelho...
- Sinal vermelh...
- O senhor além de péssimo condutor é mal educado! Vai condenado a nove meses de prisão com pena suspensa por um ano, oito meses de inibição de condução e setecentos euros de multas, custas do processo e outras despesas, dado o facto de ser reincidente. Tem alguma coisa a declarar?
- Meretíssima, como advogado do senhor Carlos Jesus, tenho a declarar que o meu constituinte nunca foi multado por atravessar sinais vermelhos, nem objecto de contravenções muito graves, pelo que sou levado a pensar que V. Exª. se equivocou e trocou os processos, uma vez que ficou provada na altura a culpa do condutor falecido no acidente.
- ...
- Face ao engano verificado...
- A setença foi proferida! Caso ache que a razão lhe assiste, faça o recurso da sentença.
(A boca de cena não foi fechada, como devia, no final do acto, mas ninguém deu por isso... o público saiu em silêncio, depois de ter sido feito um peditório a favor do Carlos Jesus, porque a juíza não aceitou o pagamento com cheques pré-datados).
Entretanto o morto foi exumado para ver se tinha no casaco a verba suficiente para pagar o processo, caso o Menino Jesus, perdão, o Carlos Jesus seja absolvido, o que não acreditamos, pois ao Kafka aconteceu o mesmo.
Há uns tempos, escrevi uma crónica em que concluía que das mulheres na GNR/Polícia, no futebol e na magistratura, só se aproveitavam os perfumes, mas ninguém ligou...

domingo, 16 de dezembro de 2007

SEIS MESES SEM GOVERNO!

Não, não estou a exigir o que quer que seja, mas apenas a citar um jornalista que anunciava na televisão o facto extremamente grave, sublinhava o homem, de a Bélgica, um dos países mais desenvolvidos do mundo, não ter governo há seis meses.
Ao contrário do que os iluminados governantes de todos os quadrantes possam pensar, os governos apareceram para regular o funcionamento das sociedades, até pelo facto de a maioria das pessoas não ter capacidade intelectual ou económica que bastasse para se governar a si mesma ou no conjunto, legitimando de alguma maneira o aparecimento de orgãos de regulação e governos. Concerteza a situação levou o seu tempo, com algumas bordoadas no lombo daqueles mais intransigentes, que se achavam livres de não alinhar com os governantes, que se iam organizando por forma a manter ao longo dos tempos os Menezes, os Albuquerques, os Almadas, os Castelo Branco e alguns mais, sempre uns degraus acima dos Silvas, dos Sousas e de muitos outros menos.
E paradoxalmente, com a aquisição de melhores níveis de vida do povinho,os governos conseguem manter-se à tona e cada vez com objectivos mais complexos, de maneira que as pessoas pensem que sem eles seria o caos... e é bom que continuem a pensar assim, porque se começam a pensar que não, temos mais uns tantos desempregados nas estatísticas. Lembrei agora o inefável almirante Pinheiro de Azevedo que um dia à porta da Assembleia da República, anunciou a demissão do governo e mandou os trabalhadores da construção civil "bardamerda".
Casaco desabotoado, mãos enfiadas no cinto das calças, em pose típica de forcado amador, os jornalistas caíram-lhe em cima...
- Então e agora, sr. almirante?
- Agora o quê? agora não quero saber disto para nada, acabou o governo! estou farto de ser sequestrado!
Acho que foi uma altura histórica desperdiçada para inscrevermos Portugal na história mundial, como o 1º país da pós-modernidade a funcionar sem governo, muito embora já tivessem havido umas tentativas no Burkina Faso, na República Centro Africana e no Congo Brazaville, mas sem resultado, porque eram sempre os mesmos a passar fome...
Nessa altura fiquei preocupado e andei umas noites sem dormir, não sei se por medo ou porque os meus amigos continuavam a preencher comigo as noites longas do Café Facho, mas... andámos uns tempos sem governo e os trabalhadores da construção continuaram a acartar baldes de massa e a receber no fim do mês. Aí eu desconfiei que se calhar isto até andava mesmo sem governo...
Passados mais de 30 anos, aparece a Bélgica sem governo há mais de seis meses, o pessoal flamengo e valão continua a trabalhar, tudo continua tão limpo e higiénico como no tempo do governo e se não se despacham a arranjar um primeiro-ministro, os belgas ainda propõem a extinção "ad eternum" de qualquer governo, probindo-o como fizeram ao tabaco e à matança do porco. A propósito, fui no passado fim de semana a uma ilegal matança de porco, ali para os lados da Batalha, regado com uma ilegalizada água-pé e nem queiram saber o prazer que dá uma dentada na ilegal bifana...
Paradoxal será Bruxelas, capital da União Europeia, acordar um dia destes como capital de um Estado sem governo. Aí sim, começo a ter esperança no futuro, porque o meu avô, proprietário rural de uma courela de meio hectare, como o designava o Estado no início do século XX, já me dizia que viveu sempre sem sentir necessidade do governo. O velhote sabia o que dizia e nessa perspectiva eu compreendo a necessidade dos governos em não fazer evoluir muito a maralha. É que a malta, um dia, pode achar que vive bem sem governos.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

A TAXA DE TELEVISÃO

Ao abrir a caixa de correio electrónico, deparei-me com uma resposta da DECO a uma reclamação colectiva que circula na net e que tinha encaminhado esta manhã para aquele organismo de defesa do consumidor. Ainda pensei que a DECO tivesse lá alguém sem fazer nada, para responder tão rapidamente, mas reparei logo que a carta é uma resposta automática a uma reclamação automática. Antes assim, porque nas reclamações tradicionais com carta registada, nem resposta nos dão.
E o que contestei? a taxa da televisão, que, segundo a DECO, o governo cobra para financiar a actividade da RDP - antena1 e antena 2 (não sei porquê, omitem a antena3), bem como a actividade da RTP1 e RTP2. E contesto porque a taxa de televisão entrou em vigor ainda no tempo da ditadura, juntamente com a licença de isqueiro (também podiam fazer mais umas coroas com esta taxa...) e sempre se justificava com o facto de haver pouca publicidade, segundo os "mamões" da altura.
Dá-se o 25 de Abril e algum tempo depois o Dr. Aníbal acabou com essa aberração, até pelo facto de as televisões privadas nos darem os mesmos maus programas de borla.
Para sossegar as sanguessugas do "regime televisivo", instituiu o governo as "indemnizações compensatórias", saídinhas de fresco do orçamento de Estado, assim como se liberalizou a publicidade, ou seja, acabou a taxa, mas começou o regabofe das indemnizações e tanta ou mais publicidade que nas televisões privadas.
Mas a têta não dava para tanta cria e em 2002 voltou a taxa, remodelada, recauchutada e reinstalada (esta é a verdadeira política dos 3 erres), para alimentar a parasitagem que mama na têta da vaca enquanto houver, como diz o Raul Solnado.
- Então e como estamos hoje, senhor ministro?
- Ainda bem que me faz essa pergunta...
- É que temos as indemnizações compensatórias, a taxa da tv e a publicidade... acha pouco?
- Essa sua questão é bastante pertinente...
- Parece que de taxas são cerca de 60 milhões de euros, de indemnizações do orçamento de Estado são 152 milhões em 2007, para além de 150 milhões em 2006, 145 milhões em 2005, 143 milhões em 2004 (números retirados de consulta a documentos governamentais), e de publicidade são mais umas dezenas de milhões, senhor ministro...
- Não lhe posso dar uma resposta cabal, até porque não tenho aqui os dados à mão...
- Mas deve saber, senhor ministro, que a RTP mesmo assim, prepara-se para dar uns milhões de euros de prejuízo em 2007... acha que as televisões privadas dão lucro porque vendem droga nos estúdios, ou pagam os cachets em "queijadinhas de sintra"?
- O governo está atento e não deixará de dar uma resposta...
- E o administrador da RTP que com mais de 250 milhões de euros de receita, não conseguiu dar lucro, foi elogiado pelo governo e mandado para as Estradas de Portugal, vai conseguir os mesmos resultados, ou vai instituir uma taxa prós pneus?
A meio da questão, o ministro desapareceu por trás dos placards das empresas patrocinadoras, suspeitando-se que o governo aprove, na próxima reunião do "conselho de ministros" a nova taxa de licença de isqueiro... se o povo pagava há 40 anos, porque é que não há-de pagar agora? A DECO estará de acordo, estou convencido.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

MÁRIUS LINUS I - O ALDRABÃO

- Porreiro, pá! eu que não tinha nada para escrever a não ser a cimeira Europa - África, levei com uma reportagem na Assembleia da República, que me eriçou os cabelos, todos os cabelos deste corpinho...
- Mas olha que a cimeira é um bom assunto... tens aquele artista do Mugabe, democrata dos sete costados, que só para não deixar o poder a meia dúzia de aspirantes a ditadores, se mantém democraticamente no poder desde... desde... até já perdi a conta, pá! mas já lá vão uns anitos, porque ele ainda tomou posse com uma boa carapinha e sem óculos...
- Pois, mas o assunto de hoje é outro... escolhi o camarada Linus I, Márius Linus para fazer uma crónica bem disposta. O homem está numa forma, que já nem as curvas de Monsanto o descarrilam, com aquela pose de homem de estado e que estado...
- Não sei não, a baixeira, desculpa, a cimeira Europa - África está mais na berra, não te esqueças que já há sete anos que não se realizava e aquela malta já estava com saudades de visitar a Europa... especialmente o Moamad al Kadafi. Agora lembrei a professora que ía sendo fuzilada porque deixou os meninos chamar Moamad ao urso e os gajos na Líbia têm um urso com o mesmo nome e não fazem nada.
- Boa piada! vá lá que não estás no deserto do Márius Linus I, porque já houve um ministro que foi para a rua por contar uma anedota, aliás sem piada nenhuma. Este país nunca teve muito jeito para anedotas, a não ser as do Samora Machel... ele não está na cimeira pois não? ah pois, ele morreu, mas se ainda fosse vivo cá estaria ele também, democrata como ele era...
- Ainda tinhas mais uns cromos para a crónica, como aquele do Sudão... ou do Darfur? é o Sudão no Darfur ou o Darfur no Sudão? esta geografia... se tivessem deixado tudo como estava no mapa cor de rosa, ainda trocávamos uns barcos de refugiados por um paquete de turismo de qualidade do pessoal europeu da mesma côr...
- Oh pá, tem paciência mas hoje é o Márius Linus I, de cognome "o aldrabão" e se não sabes eu conto: o ministro Márius, em Março passado disse na tv que o aeroporto construído na margem sul, jamais! jamais!
- E disse muito bem, aquilo em Alcochete é um deserto, agora até tem lá os passarinhos de bico direito, para não falar dos toiros, que aquilo é zona taurina... mas voltando à cimeira, reparei que o presidente da Guiné-Bissau, o camarada Nino Vieira já lá esteve, saiu e voltou concerteza sob o patrocínio do Valentim Loureiro, seu amigo desde a trapalhada das batatas da messe. Mas ainda bem que o Nino voltou senão tínhamos levado com o carnavalesco barrete vermelho do Kumba Ialá... do mal o menos.
- Hoje, na Assembleia da República, uma casa séria, onde as pessoas respeitam os outros e se respeitam a si mesmas, se não me engano, o camarada ministro afirmou, que eu ouvi, "eu nunca disse margem sul, jamais! jamais!"( leiam jamé! jamé! como fazem os franceses). Eu sei camarada ministro que você vem da escola leninista, a malta que está atenta não esquece, mas assim como o Lenine mandou apagar o Trotsky da fotografia, se o meu amigo fosse inteligente tinha mandado apagar o filme do arquivo das televisões. Agora gozam consigo e têm razão.
- Caramba, não perdoas nada, pá! isso é alguma coisa comparada com os 150.000 empregos do senhor engenheiro...
- Tens razão, para ouvir aldrabões não precisavamos de os trazer de África!

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

26% ESTÃO OPTIMISTAS!

Apenas 26% dos portugueses estão optimistas, quando todos sabemos que nos últimos 60 ou 70 anos a sociedade evoluiu de tal maneira que em muitos sectores da vida económica e social, a análise comparativa, mesmo que superficial, nos levaria a uma quase absoluta opinião de que o nosso país melhorou imenso.
Alguém dizia que os optimistas são apenas pessimistas distraídos, na medida em que a essência do nosso comportamento individual e colectivo foi-se formando ao longo dos séculos como um repositório da culpa "paradisíaca", não, não me estou a referir ao Havai ou às Seychelles, mas sim ao Adão, à Eva e à mordidela da maçã.
Conta-se até que os nossos primeiros companheiros de percurso, foram expulsos do Paraíso apenas por um mal entendido, tendo Adão comido a maçã, quando lhe tinham dito para comer a Eva. Um erro que transportou o sentimento de culpa até aos nossos dias, espelhado nesta conclusão culpabilística de 74% de pessimistas. É obra!
Então o estudo escolhe aspectos fundamentais para chegarmos a tanto pessimismo, dos quais destaco "juventude". Quando se fala de juventude a uma sociedade envelhecida, querem que o pessoal se encha de optimismo e comece a rir às gargalhadas? Depois vêm a "beleza", num país onde a maioria da população gosta de loiras de olhos azuis e o que nos sai na rifa são morenas de cabelo preto e com influências árabes... querem a malta optimista?
Reparem bem nos anúncios publicitários, outro importante parâmetro influenciador do nosso baixo índice de contentamento, com paisagens de sonho, mulheres sempre sorridentes, propondo-nos férias, viagens, créditos, automóveis topo de gama... e eu pergunto como é possível aumentar o número de optimistas neste país?
É claro que se mostrassem as coisas boas do dia a dia, a malta a ler o jornal sem pagar, enquanto bebe um cafézinho por um terço do preço da Europa desenvolvida, uma espreitadela grátis à porta do tribunal para ver o pai da menina que foi raptada pelo pai biológico, que fugiu com a mãe de acolhimento e foi preso por engano, a cerveja do hipermercado a 0.20€, o que proporciona bebedeiras ao preço da chuva, o horário que não se cumpre, o cozido à portuguesa feita pela Eugénia a 5,00€, que não se encontra nem no Zimbabué...
Suspeito até que este pessimismo só se justifica porque o Benfica não ganha nada há uma data de anos e temos seis milhões de benfiquistas, não é?
Em relação às telecomunicações, com tanta oferta, ninguém acerta no modelo de tv, dvd, pc, hi-fi, playstation, gameboy, mp3 e telemóvel de última geração... phone-ix!!! Como podemos estar optimistas?
Nas bebidas, querem que bebamos tudo sem alcool, ficando com frio no inverno e calor no verão, sabendo que umas boas cervejas, bem geladas, só podem tornar-nos mais optimistas. Esta censura do século XXI é pior que a inquisição, já para não falar no tabaco que nos querem tirar, um meio privilegiado de relação social ("desculpe, tem lume?") e que nos dava aquele optimismo que nos fazia avançar... qualquer dia é o café que provoca hipertensão, como podem querer o pessoal optimista?
A Comunicação Social, parâmetro de investigação do nível de optimismo? essa não lembra ao diabo! Com tanta notícia pessimista, querem que a malta se ria?
Bem, é melhor não falarmos mais nisto que estamos quase no Natal e nada melhor que umas filhós e uns coscorões para aumentar a percentagem. Façam um inquérito no Natal e vão ver que chegamos com facilidade aos 80% de optimistas.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

XTÔ XOKADO!

Os alunos portugueses com 15 anos de idade ficaram abaixo da média da OCDE e parceiros, em conhecimento geral, ou seja, com 57 países à nossa frente na classificação geral do conhecimento.
Parece que não ficámos mais atrás porque a Guiné, o Sudão, a Etiópia e todos os outros nem tiveram conhecimento da prova, ou não tinham esferográficas para todos.
É tão mau que desconfio que até mesmo na adição os nossos miúdos falharam, tão habituados estão a ver os pais a fazer provas de subtrair nas contas do mês, lembrando-me dos "gatos" quando dizem que há coisas deprimentes... nada tão deprimente como o anúncio televisivo em que fecham a porta a quem pede para fazer um telefonema, pois, pois, as coisas têm graça quando não chocam com o bom senso, não é? os nossos jovens de 15 anos vão perceber que aquilo é piada, ou vão fazer pela vida fora como os gatos, fechando a porta a quem precisa de ajuda?
Bem, já me estou a desviar da média, mas percebo no final da notícia que se o exame fosse feito unicamente pelos miúdos de 15 anos que andam no 10º ano de escolaridade, como deveriam andar todos, a média era superior e teríamos ficado entre os primeiros, ou seja o problema é que os agentes do PISA (o programa de exame) seleccionaram jovens de 15 anos independentemente de andarem no 10º ano, no 7º, no 5º ou nos Centros de Recuperação Infantil.
Como temos a mania de nos auto-flagelarmos, aceitamos que nos tratem um pouco pior do que nós na realidade somos, pois profissional do ensino há uns anitos, vejo que a maioria dos alunos se preocupa, trabalha e estuda, até porque vêem os pais com dificuldades, também provocadas pela falta de estudo quando tinham a idade deles.
Um dos problemas actuais é a facilidade com que se "usa e deita fora", qual chiclet, especialmente naqueles programas televisivos, onde a luz fascina jovens ainda em construção, incapazes de perceber que uma ida a um concurso não é o fim da estrada e que sem trabalho e muito esforço não conseguimos ser bons em nenhuma actividade.
Parecendo que não, houve nos últimos anos alguns programas de tv que nos dão o lado do palco e o outro lado "da noite" onde se vêem jovens transpirando, repetindo até à exaustão esquemas, vozes e sons, para que nada falhe no momento de "glória", transmitindo a noção de que é preciso muito empenho para que tudo pareça fácil e natural.
Essa treta de que somos um país de atrasados mentais e formamos legiões de analfabetos só pode ser suportada por comentadores sociais que querem 80% da população a saber de tudo e mais alguma coisa, quando na verdade as sociedades se têm desenvolvido com os 20% de tecnicos de alta qualidade e 80% de trabalhadores regularmente formados, informados, atentos e respeitados.
O grande problema é que na actualidade o vigarista e o jovem dos "gangs" têm tempo de antena na tv e os que trabalham, estudam e se esforçam passam anónimos... estão a ver como isto está virado? dá mais nas vistas o "artista" que se pavoneia no centro comercial com o telemóvel caro que aqueles que queimaram as pestanas a inventá-lo... alguém sabe quem é o indivíduo que desenvolveu a ideia do telemóvel? gostava de lhe dar um abraço!

domingo, 2 de dezembro de 2007

HÁ COISAS DEPRIMENTES, NÃO HÁ?

Que a coisa está preta, já dizia o Chico Buarque há mais de trinta anos, um período de tempo que se transforma e nos transforma de tal maneira que para quem não quer saber de nada, tanto pode ser 30, como 300 ou 3.000... e há tanta gente que não quer saber de nada que até o nada as atrapalha. Tudo é tão frágil, fugaz e desinteressante para esta geração que até as borbulhas deixaram de aparecer na cara, para os preocupar com alguma coisa.
Se nos voltamos para a história recente, confundem o Eanes com o Gil Eanes, o Spínola com o Tomaz, o Bernardino Machado com o Machado dos Santos, o Sócrates com o José Sócrates, desconhecem o 25 de Abril, o 10 de Junho, o 1º de Dezembro, não conhecem Pessoa, Herculano, Aleixo, Torga, Ary dos Santos, Alegre, nem um versinho que seja, quanto mais uma quadra. Sabem lá quem foram e o que escreveram Fernando Assis Pacheco, Manuel da Fonseca, José Cardoso Pires, Ferreira de Castro, Sophia de Mello Breyner, Natália Correia, Vitorino Nemésio, Alexandre O`Neil, José Gomes Ferreira, Eugénio de Andrade e tantos outros que nos encheram de palavras, sensações e sentimentos nos últimos trinta anos...
Vão por milhares de ruas, praças e avenidas deste país e lêem a Praça Sá Carneiro, Avenida Óscar Monteiro Torres, Praça Marechal Carmona, Rua Capitão Salgueiro Maia, Aqueduto Engº Duarte Pacheco, Avenida dos Aliados, etc, sem sequer sentirem a curiosidade de ir a uma enciclopédia tentar saber algo destes personagens.
Não se interessam por história, literatura, sociologia, arte, desporto, ficam fechados em casa durante fins de semana olhando a tv ou o computador, não se juntam com os amigos, não passeiam nos jardins, nem namorar sabem, que isso de namorar obriga a conversar, a dar a conhecer os nossos sentimentos, anseios, desejos, objectivos de vida, gostos e na verdade o seu léxico é tão reduzido que cinco minutos de conversa capaz deixa-os esgotados.
Mas há sempre momentos em que nos deslumbramos sem querer, olhamos essa coisa dos blogs e damos com verdadeiras obras, onde jovens escrevem trechos bonitos, seus ou que leram e acharam por bem divulgar, o que de alguma maneira nos conforta e ajuda a entender que para lá de tudo o que possamos pensar e criticar, os jovens estão a percorrer novos caminhos e a transformar esta sociedade onde os adultos também andam um pouco desorientados.
O meu pai levava-me ao futebol, às festas, à praia, sempre que achava que o meu comportamento era positivo ao longo das semanas e meses de escola, o que pressupunha boas notas. Tudo o resto, ir e vir da escola, jogar futebol, brincar com os amigos eram actividades diárias onde os pais não perdiam tempo, pois eram atribuições nossas que nos ajudavam a crescer.
Hoje fui ao futebol, onde esses jovens de 20 anos, lídimos representantes da actual geração "desenrasca", que a rasca já passou, se deitam para o chão e fazem batota, gritam a plenos pulmões palavrões de fazer corar um santo e riem-se dos adversários quando deveriam respeitar e respeitar-se. Talvez por isso a minha geração deixou de "ir à bola", aproveitando o tempo livre de outra maneira, protegendo os filhos e filhas daquelas cenas ordinárias. Entrei no campo ao intervalo, deixei cinco euros na caixa para ajudar o clube e saí a vinte minutos do final, com tempo suficiente para contar 160 almas.
É como os "gatos fedorentos"... "há coisas deprimentes, não há?"

terça-feira, 27 de novembro de 2007

INTERESSANTE...

Esta semana foquei o meu interesse numa reportagem televisiva, onde os pais e (en)carregados de educação de "crianças" entre os 9 e os 13 anos, alunos de uma escola C+S deste país, se amotinaram à frente do portão da escola e deram a conhecer ao mundo (do Sudão ao Bangladesh) o elevado nível cultural e social deste torrãozinho peninsular. Então não é que os seus filhinhos, coitadinhos, tinham de fazer ummmmmm quilóooooometro a pé, entre a escola e o pavilhão desportivo onde tinham as aulas de educação física? Pelas imagens da reportagem só deu para ver uma escola bem situada, com ruas asfaltadas e um solzinho que faria inveja às crianças de países não tão desenvolvidos como a Noruega, Suécia, Dinamarca e por aí fora... um convite a um passeio em grupo até ao pavilhão.
- Isso é que era bom, o meu filho não sai da escola, que eu não autorizo!
- Mas é só um quilómetro...
- E você acha pouco, para crianças tão pequeninas? o meu filho anda no 5º ano e só tem 13 anos... não sai da escola, já disse!
- Tenha calma...
- Tenho calma??? vou lá dentro e parto a cara a esses professores que não querem saber nada, nem resolvem este problema... só vão ao pavilhão se forem de autocarro e acompanhados de uma funcionária, porque nem nos motoristas se pode confiar. Há por aí tanto malandro...
- Com calma tudo se...
- Lá está você com as calmas, não vê que isto só se resolve com barulho e com a televisão a mostrar tudo? e você acha pouco um quilómetro? alguém me disse que na verdade é um milhão de milímetros, um milhão, ouviu??? um milhão de seja o que fôr é um exagero... e estava você para aí com essa do quilómetro...
- pois...
- Ele entra aqui às 8 da manhã e sai às 6 da tarde e mais nada! e se me chateiam muito fica cá até à meia noite, que eu tenho de trabalhar e não posso andar a trazer e buscar a criança, ouviu?
Entretanto e porque tenho este vício de ler jornais, fui chocar com uma notícia de um jornal regional onde se destacava a recuperação de uma escola no Kosovo, feita por militares portugueses, na zona de Orlann, onde "faltava quase tudo", como destacava o tenente-coronel Mário Pereira, comandante do batalhão.
"Na memória de Mário Pereira estão as filas de crianças, que nalguns casos percorriam mais de 8 quilómetros por dia por estradas cobertas de neve, ao frio e descalças, só para irem à escola"
E agora eu pergunto:
Estarão as nossas crianças (e os seus pais) preparadas para dentro de alguns anos, ajudarem quem quer que precise, depois de se negarem a fazer a pé um percurso de um quilómetro, em grupo, até uma aula de educação física?

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

A (T)RAMPA!

Pois sim, como dizem os brasucas quando querem dizer não, eu vou continuar esta saga que me há-de levar ao paraíso. sim ao paraíso, porque se me mandassem para o inferno eu ía continuar a arranjar problemas, a queixar-me do fumo das fogueiras, do cheiro a coiratos assados, da falta de ar condiconado no invernal inferno... eu não me calaria, claro, por hábito adquirido aqui na terra, sem grandes resultados, é certo, mas lá em cima, no meio da maralha e já sem nada a perder ou a ganhar, eu ía a todas as manifs, revoluções e batalhas. Assim, eu creio no bilhete de ingresso no paraíso, porque aí estarei a salvo de qualquer caso que me faça perder a compostura.
E a propósito de caso e descaso, veio a lume o despedimento e reintegração de um funcionário da TAP, por ordem de um tribunal e a desordem do seguinte, a decisão de um juíz e a contrária de outro (não poderiam fazer o favor de estudar nos mesmos livros?).
Ora o homem trabalhava na zona onde passam umas malas com produtos naturais, tais como folhas de coca tratadas, marijuana reciclada, etc e subia e descia umas rampas com malas, provando-se em tribunal ter sido cumplice de contrabando do produto, apenas porque quando ele subia a rampa a droga descia e vice versa. Dois anos de pena suspensa, decretou o tribunal, o que contraria o despedimento feito pela TAP que, só seria válido se o homem fosse condenado a pena efectiva. E eu acho bem! Então o Caldeira sacou uns milhares aos amigos e conhecidos, fugiu para o Canadá, nem sei se foi condenado e já está de novo a comprar e vender acções e o tecnico de embalagens da TAP era despedido assim sem mais nem menos?
Diz agora a TAP e se calhar com razão, que o seu ex-futuro funcionário foi condenado, com pena suspensa é certo, e contradiz o tribunal que se foi suspensa não é condenação, o que se não é bem esgalhado é um bom tema para os "gatos fedorentos" ou para uns advogados também fedorentos, daqueles que estão sempre presentes quando a coisa cheira mal.
Estou mesmo a ver que agora já vai ser mais difícil mandar umas malas da Colômbia, porque com a admissão do funcionário, juntamente com o outro que entretanto o substituiu, vão ser dois técnicos, um para o tapete que rola para cima e o outro para o que rola para baixo... lembrei até o Jô Soares quando gritava "tá todo o mundo enrolando?".
Só faltava que o advogado do funcionário da TAP aparecesse amanhã no tribunal a defender os donos da mala que veio da Colômbia... sempre se juntava o inútil ao desagradável.
E se as malas não entrarem para que é que serve andarem a distribuir seringas nas prisões? o governo ainda não pensou numa tabela de preços para as drogas, ficando com os 21% do IVA? podia ser que o deficit...

domingo, 25 de novembro de 2007

TÃO POUCOS...

Estou sentado no sofá a olhar, de vez em quando, a televisão e reparo que a tv cabo que eu pago, está a transmitir o jogo Belenenses - Estrela da Amadora. O locutor diz que está bastante frio e que a desoladora assistência não deverá atingir mil pessoas, mas como estou pouco atento nem sei se é a assistência que está desolada com tanto frio, se é a falta de gente que desola quem tem por missão fazer-nos crer que estamos a ver o "melhor espectáculo do mundo".
O comentador, que manda umas bocas para fazer sentir ao locutor que não está a trabalhar sozinho, realça de seguida o facto de o jogo do União de Leiria ter tido apenas 300 pessoas, o que num estádio de 30.000 lugares acaba por deprimir os que lá vão, sendo o comentário dos teimosos presentes parecido com um "nunca mais cá volto, senão adoeço!"
Aos cinco minutos de jogo, desliguei o som, para não me perturbar a crónica e de vez em quando dou uma olhada, pensando pelo meio da coisa se não há mais nada para ver na televisão... e para quê mudar se ainda não acabei a crónica?
E na sportv 2 o que estará a dar? olha, o Nice - Paris St. Germain e o estádio cheio, caramba! e agora reparo, estes jogos parecem-se com aqueles empréstimos que se pagam mais depressa ou mais devagar conforme o cliente quiser, passo para o Belenenses e aquilo vai lento, ligo ao Nice e a coisa acelera.
E o público? 20.000 em Nice e 1.000 em Lisboa! um jogo numa bonita cidade de província francesa e o outro na capital portuguesa... há uns tempos atrás também reparei no Bayern de Munique - Belenenses, com 62.000 assistentes na Alemanha e 4.000 em Lisboa, o que não sendo científico, quer dizer qualquer coisa.
Proponho que os campeonatos de futebol se façam em Portugal como se constituem as empresas, bastando que o capital social mínimo se estabeleça em função das assistências aos jogos. Outra hipótese seria fazer estádios com 5.000 lugares e construir apartamentos no espaço restante. Haveria enchentes em muitos estádios e sempre se faziam umas receitas extraordinárias com a venda dos apartamentos, sendo que, com a varanda virada para o estádio, o condómino via os jogos sem sair de casa, embora tivesse de colocar vidros duplos para não ouvir os habituais palavrões próprios do léxico futebolístico indígena.
Na minha juventude era habitual jogarmos e assistirmos a jogos de futebol, ficando na memória jogos emocionantes com milhares de espectadores, onde sobressaíam alguns de intensa rivalidade com o meu Caldas, Nazarenos, Torreense, Peniche e lá estava eu no Central a ouvir a intelectualidade caldense a afirmar que o futebol era o ópio do povo, dos pobres e só andava nisso quem tinha uma vida sem grandes objectivos. Nunca acreditei, porque se assim fosse numa sociedade sem objectivos como a actual, com 2 milhões de pobres, os estádios estariam cheios.
Talvez tudo se resuma a novos focos de interesse, outras solicitações mais interessantes, outros desportos e actividades, mas com excepção dos centros comerciais, eu olho e vejo tão poucos...

domingo, 18 de novembro de 2007

VASCO HÁ SÓ UM, O PULIDO E MAIS NENHUM!

Uma sociedade como a actual tem sempre bons motivos para uma crónica, haja vontade de a pensar e escrever... e há mesmo, tal a quantidade de blogs que aparecem diariamente na internet, na ordem das dezenas de milhares a cada dia que passa, por esse mundo fora. Ora, mesmo em Portugal, são milhares e milhares os blogs que aparecem, o que de alguma forma contradiz a estafada ideia de que somos um país de analfabetos. Temos uma percentagem de cidadãos que não gosta de ler, ainda menos de escrever, trabalhar então "tá" quieto, mas há uma enorme percentagem daqueles que gostam de teclar e dar a conhecer textos, trechos e factos que prenchem os seus tempos de lazer.
Mas até para escrever aqui umas cronicas está difícil, umas vezes porque a inspiração está muito em baixo, outras porque os temos que impressionam não deixam margem para umas tiradas irónicas e não me apetece fazer humor negro e outras ainda porque o tempo não dá para tudo. Este fim de semana então foi um tormento, na medida em que fui comprar o "Expresso", como habitualmente e levei para casa quase 3 quilos de papel impresso, o que é demais para quem não consegue ler o semanário durante a semana e aproveita o Sábado e o Domingo para o fazer. E o resto? e a ida ao shoping? e o almoço fora com a companheira de quase todos os dias? e o café com os amigos? e o jogo da selecção? e as bricolages, torneiras e estores das janelas para substituir? É uma canseira!
Para descontrair li uma entrevista de Vasco Correia Guedes, ou melhor, Vasco Pulido Valente. O homem achou e bem mudar de nome, como fazem as estrelas de cinema e outras, uma vez que ainda acabavam a chamar-lhe "VascGuedes" e Pulido Valente é dele mesmo, uma vez que esse era o apelido de um seu avô.
Achei interessantíssimas algumas partes da entrevista, os problemas criados enquanto estudante com a expulsão por mau comportamento no 4º ano (actual 8º), a participação nas estruturas estudantis universitárias,
- Então e o que fazia lá no Movimento de Acção Revolucionária?
- Nada!
E a vida continuou, não se sabe à custa de quê nem de quem...
- Esteve dois anos em Direito, mas desistiu...
- Sabe, eu não sabia bem o que queria, fui para Inglaterra... voltei...
Conta que no 25 de Abril combinou com a mulher irem receber Mário Soares e Álvaro Cunhal, ela foi ao "Camarada Marocas" ele foi ao "Camarada Cunhal"... não acredito que fossem cada um ao seu só para bater palmas, mas lembrei-me agora dos manos Portas, não sei porquê...
Ainda foi Secretário de Estado, porque o Dr. Sá Carneiro lhe pediu para arranjar um secretário de estado... como não encontrou, tomou ele mesmo posse. Lembrei-me de um Secretário de Estado do Turismo que, no dia em que ia tomar posse no Governo do PS, foi substituído porque tinha tido o mesmo cargo no governo anterior, do PSD.
Mas o que mais me impressionou na entrevista de Pulido Valente foi, textualmente:
- Teve uma filha?
- Patrícia Cabral. Não usa o meu nome (vindo de um homem que mudou o nome...).
- Tem uma relação próxima com ela?
- Não.
E mais não disse Vasco Pulido Valente. Nem uma frase ternurenta, nem um carinho, nem uma referência mais numa entrevista de doze páginas, o que me leva a pensar em tanta coisa...
Vou continuar a recusar entrevistas, claro, mas se me convidarem e eu mudar de ideias, os meus filhos sabem que pelo menos metade da entrevista é para falar deles. Eu só falo do que gosto!

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

"PIOLHICE"

Todos sabemos que o piolho na cabeça das crianças e jovens é como o brandy Constantino, já vem de longe, e de alguma forma dava uma ideia aos educadores do nível de educação das famílias portuguesas, especialmente na primeira metade do século passado. A temática dos piolhos era transversal a toda a sociedade, no entanto havia mães de família, donas de casa na época em que o trabalho ainda não as tinha "libertado", que procuravam dar banho aos filhos e mantê-los apresentáveis, mesmo que para isso passassem anos sem poder ir a um café ou restaurante. Sacrificavam a sua vida em prol de uma imagem de gente humilde mas que podia sair à rua lavada e com uma apresentação que não os envergonhava. Acontecia até que os vizinhos já sabiam que podiam fazer umas festas na cabeça a umas crianças e não podiam sequer aproximar-se de outras. Se alguns dizem que o dinheiro dividia as classes, eu sempre tive amigos de todas elas e quando jovem escolhia os amigos e amigas mais pela forma como se apresentavam limpos e cheirosos do que pelo dinheiro que tinham.
E a sociedade evoluiu... de tal maneira que o alguidar de "folha de flandres", o sabão azul e branco e um pouco de vinagre na água do banho (o cabelo até chiava quando lhe dava a última passagem com as mãos) deram lugar ao shampô, ao amaciador, ao gel, à água sempre quente do esquentador, mas todos sabemos como são as crianças sem a vigilância e o cuidado dos pais... não nos lembramos todos nós de deitar a água ao lado da cabeça, fazermos de conta que lavávamos e não lavávamos e que era a mãe que no final do banho ia verificar se estava bem lavado? e como não estava, lavavam de novo? pois o problema é esse, os pais mandam crianças de 7 e 8 anos lavar-se, elas fazem que se lavam, os pais não ligam e elas chegam à escola a cheirar mal e com piolhos na cabeça. Os professores dizem baixinho a esses alunos para dizerem à mãezinha para lhes lavar bem a cabeça, os miúdos dizem, as mães têm um pouco de vergonha e no dia seguinte a criança volta à escola melhor, sem que os colegas as estigmatizem com alcunhas que perduram pelo resto da vida.
O problema reside no facto de algumas famílias gastarem mais tempo com os cães, que mantém dentro de casa, do que com os filhos, misturarem bichanos e crianças no mesmo espaço, às vezes num T1 sem varanda e muitas vezes deixarem as crianças dormir com os animais. Ah pois, as crianças choram se não as deixarem dormir com o cão...
Pois meia dúzia de crianças apareceram com piolhos na cabeça e sabem o que se faz? Publica-se no jornal da região e só não deu reportagem televisiva porque a directora da escola teve o bom senso de recusar as reportagens no espaço escolar, das televisões nacionais, dispostas a mostrar ao país as crianças com piolhos a saltar na cabeça... seria mais uma televisiva piolhice, a juntar a tantas outras que vão passando pela tv que temos.
Todos se preocupam com a instrução dos filhos, eles têm de ser excelentes na profissão que escolherem, mas os pais não se podem esquecer que um patrão não quer na sua empresa um jovem com piolhos na cabeça.
E por agora chega, que tudo isto está a dar vontade de me coçar!

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

A PROVA!!!

Nada os demove de me fazer feliz, muito embora não lhes tenha dado nenhuma procuração, no entanto vejo-me obrigado a agradecer-lhes na próxima oportunidade em que me cruze com algum membro do actual governo... mas vou ter de esclarecer que pela experiência democrática dos últimos 33 anos, reconheço que todos têm procurado resolver os meus problemas. Só tenho de agradecer.
Hoje, em qualquer repartição já nem me perguntam o nome, pedem logo o número de contribuinte, olham-me de soslaio e pedem-me para provar que não devo nada ao Estado. Depois de passar por várias provações, no seu sentido literal, lá me deixam descansado até uma nova oportunidade.
Aumentaram o tabaco, colocaram rótulos que nos condenam a morrer de cancro e agora se quiser fumar vou para o passeio, faça chuva ou faça sol. Um dia terei de provar que o tabaco não me fez mal nenhum e adoeci com a chuva que apanhei quando vinha fumar para a rua.
No futuro colocarão câmaras de vídeo na minha sala para ver se fumante-criminoso me confesso. Bem, falando a verdade, eu já deixei de fumar o meu "Porto" há 30 anos, mas com tanta proibição, às vezes até me apetece fumar, ouvindo aquela cañção do Chico Buarque "é proibido proibir"...
Mas como diz o outro, isto não tem nada a ver... eu apenas queria escrever um pouco por causa de mais uma fúria legislativa do governo, referente à prova que agora é exigida quanto à publicidade, ou seja, se as drageias "magrex" publicitam uma perda de 5 quilos por dia, têm de o provar.
Já estou a ver a Maria com 150kgs e na semana seguinte a Mariazinha com 50 quilinhos graças às "magrex", mas... quem vai provar que é verdade? O administrador da "Magrex, SA", o polícia da ASAE ou o marido da Mariazinha que agora até já gosta de ficar por baixo? E o governo não esclarece...
Que o Senhor Presidente não esclareça eu aceito, porque a estratégia é dizer bem de todos durante o primeiro mandato e garantir a vitória no segundo, para juntar à reforma da faculdade, à do Banco de Portugal e à de primeiro-ministro, mais 80% da reforma vitalícia a que terá direito. Pensava eu que eram precisos 36 anos de desconto para cada reformazinha, mas eram "anus" a mais...
Mas eu estou de acordo, sim senhor, há que provar que o produto é tão bom como a publicidade faz crer, mas não exageremos, o cigano do mercado semanal vende roupa contrafeita e diz que é contrafeita, vende cd`s piratas e diz que são piratas, ou pensam que pelo preço ainda há alguém que ache que são produtos genuínos? Então porquê chatear os homens que vendem o que publicitam, sem enganos?
Qualquer dia vejo anúncios tipo "ESTE CARRO PODIA SER MAIS BARATO,SE O GOVERNO QUISESSE!" ou "ESTA GASOLINA PODIA SER AO PREÇO DE ESPANHA, SE O GOVERNO QUISESSE!" E será mesmo necessário provar que a publicidade é verdadeira?
Já me estou a recordar daquela treta dos 150.000 empregos... quem é que prova que é publicidade enganosa? e as portagens das SCUTS que só se pagariam por cima do cadáver do senhor engenheiro (por favor não queiram agora pagar, só para fazerem humor negro, está bem?), quem é que prova?
Ok, eu já disse que estou de acordo e continuo, mas não quero ultrapassagens pela direita, salvo seja, agora que estamos no S. Martinho e o governo proibiu a venda de água pé, quem a vai provar sou eu!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

NOVAS TECNOLOGIAS

- Acho que tudo vai mudando e as pessoas nem se apercebem, ou seja, as novas tecnologias vão trazendo cada vez mais novidades e as pessoas, especialmente os mais novos, dão a sensação que já estavam à espera disso…
- Humm, não me parece…
- É, por exemplo, na construção civil… já reparaste que aquela fase de fazer massa e acartá-la a balde, abrir caboucos a pá e picareta, já passou à história? Agora tens um operário com um comando nas mãos, um camião cheio de massa, uma mangueira e lá vai disto!
- Sabes, eu não sou muito dessas coisas…
- Olha, só o facto de terem inventado o telemóvel, deve ter contribuído para o aumento da produtividade em mais de 10%... já viste o que é um funcionário de distribuição e recolha a trabalhar sem telemóvel? Fazia uma distribuição e voltava ao armazém, voltava quase ao mesmo local para fazer uma recolha e… agora com o telélé pode receber informações no meio da distribuição, alterar rotas, poupar tempo e combustível.
- Comigo não funciona, eu lá no armazém só utilizo aquelas folhinhas “memorandum” para entregar ao pessoal e feitas à mão para saber quem mandou fazer as coisas. Sabes, pela letra de cada um sabe-se logo e no computador a letra é igual para todos…
- Os portáteis então nem se fala, estamos em contacto com todo o mundo, compramos e vendemos, consultamos tudo o que nos interessa, marcamos umas fériazinhas, consultamos a nossa conta no banco online e… anulamos a férias por falta de saldo, tudo sem sairmos de casa. Os jornalistas já nem precisam de ir às redacções de jornais e qualquer dia só se encontram nos jantares de Natal…
- Humm, continuo a pensar que isso qualquer dia falha tudo, já ouvi falar que há muita gente a fazer compras na internet e depois ficam sem dinheiro na conta, que há muitos ladrões por lá…
- Pois eu acho que é seguro, já marquei viagens, férias, livros, cds, revistas, sempre paguei com o cartão de crédito e nunca tive problemas. O único problema que tive foi pagar as contas quase dois meses depois de vir de férias… isso é que é doloroso, uma pessoa até já se esqueceu das coisas boas que passou e recebe um ofício a dizer que está na hora de descontar na conta bancária.
- Pois eu é sempre com dinheiro à vista. Bem, uma vez fui roubado numa excursão… eu não devia de andar com tanto dinheiro no bolso, acho que foram quase 500 euros que me levaram. Agora levo 100 euros em cada bolso…
- Oh pá, deixa-te disso, actualiza-te que o tempo não volta atrás.
- Ah é? Então vou-te contar: fui à Segurança Social para pagar a minha contribuição mensal e estavam várias pessoas à minha frente para pagar. Perguntaram se podiam pagar com cartão multibanco e… “Não, não podem. Aqui só por cheque ou dinheiro. Os responsáveis dizem que está para breve o pagamento automático, mas…”. E eu lá passei à frente do pessoal, para pagar com notinhas.
- Eu vi logo! Tinha de ser este governo das “novas tecnologias” a tramar o meu ponto de vista!

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

DOIS VÍRGULA UM!

- É isso, vocês compreendem as implicações macroeconómicas , a balança das transacções correntes, os ciclos de altos e baixos (se eu lhes der um lamiré de vacas gordas e vacas magras…), o deficit orçamental, a inflação, a deflação… mas não querem dizer… vão ver como elas lhes mordem…
- 2,1%...
- O governo tem feito uma governação responsável, procurando fixar metas económicas, em sintonia com a Comissão Europeia, capazes de estabilizar a pressão dos mercados e salvaguardar as gerações futuras. É preciso fazer sacrifícios e todos percebem bem o que estamos a fazer… mas vocês não querem dizer, não é?
- 2,1%...
- A oposição esquece-se que já tivemos inflação de 30% e os trabalhadores só eram aumentados 25%, no tempo do “Marocas”, mas é como diz o “Coelhone”, as pessoas esquecem-se num instante. Agora propomos uma melhoria acentuada nas vossas vidas, aumentamos os impostos para melhor os distribuirmos pelos pobrezinhos que são quase 2 milhões, e vocês sabem a solução e não querem dizer, não é?
- 2,1%...
- Vocês não compreendem o “sentido de estado” de quem troca situações de privilégio para vir para o governo prejudicar a sua vida pessoal e financeira. A única vantagem é podermos usufruir de uma bonificação vitalícia que pode chegar aos 80% e juntá-la a outra qualquer pensão a que temos direito, somos aumentados tanto como qualquer funcionário e não nos querem dizer quanto, não é?
- 2,1%...
- Podíamos ter dito que dávamos 1,5% e cada semana aumentávamos 0,1% e no final das negociações tínhamos um pouco acima dos 2%...
- 2,1%...
- Pchiuuuuu!!! Até colocam problemas aos jovens, que só vão de vez em quando às aulas, para completarem a escolaridade… idiotas! Então não se lembram de um engenheiro que se formou sem nunca ter ido às aulas, fez uns trabalhos de recuperação, quatro disciplinas com um só professor (isto é que é economia!) e passou? Vocês até sabem com quanto é que ele passou, mas não querem dizer, não é? Já vão ver quando chegar o José Sousa…
- 2,1%!!!!!
- Então o assunto está arrumado, para este ano de 2008, vão levar com um aumento de 2,1%. Vocês sabiam e não queriam dizer, não é?
- aaaaahhhhhhhhhhhhhhhhh…

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

PESADELO

- Caramba, parece que o estou a conhecer de qualquer lado…
- Provavelmente… sabe, na vida conhecemos muitas pessoas, algumas bem interessantes, outras mais ou menos felizes, mas infelizmente eu só encontro gente na mó de baixo.
- Daí…
- Eu tê-lo encontrado ao longo destes longos anos, nos mais variados locais e circunstâncias. Conheço muitas das suas dificuldades e noites mal dormidas, acho até que esses problemas de coração…
- Também sabe que sofro do coração?
- É como lhe disse, todos os seus momentos difíceis estão arquivados no disco rígido das minhas memórias…
- Então você estava em Santa Apolónia nos anos 70…
- Claro que estava. O comboio chegou à 1 da manhã e você carregava uma prancheta de desenho técnico, foi apressado até ao Rossio, mas o metro já tinha fechado. Pensou apanhar um táxi, mas era caro e o dinheiro era pouco, e foi andando… Restauradores, Marquês, S. Sebastião da Pedreira, Praça de Espanha… a prancheta já pesava demasiado e você mudava de braço para braço… Sete Rios, Benfica, ali ao pé do cemitério. Eram 5 da manhã quando chegou a casa, acho que até se deitou vestido… e eu ali ao seu lado sem poder ajudar…
- Que estupada, para poupar 4$50… moeda antiga, claro. Mas é estranho, parece que o conheço, mas nunca o olhei olhos nos olhos, até custa a acreditar que saiba tanto da minha vida…
- Nem sabe o que eu sei… lembra-se daquele golo que a sua equipa sofreu, nos descontos e que lhe custou uma “chicotada psicológica”? eu estava a seu lado, andei consigo vários dias e noites.
- Mas eu lembro-me que nesses dias eu estive sempre muito só, como foi possível você estar comigo?
- Até me lembro que acordou a meio da noite, transpirando, e disse peremptório à sua mulher que nunca mais treinaria na vida… acredita agora em mim?
- Acredito, contrariado mas acredito.
- Um dia vi-o correr com a filha doente nos braços, à procura de um táxi que não havia, noite escura, eu sem hipóteses de ajudar e por fim apareceu um amigo que os levou ao hospital…
- Que pesadelo…
- Lembra-se daquele primeiro carro amarelo que comprou com muita dificuldade e que todos os meses lhe levava metade do ordenado em reparações?
- Se lembro…
- E quando andava a construir a casa e o dinheiro já não chegava para as despesas? Um dia achei que a coisa ia dar mau resultado e acompanhei-o. Se calhar já nem se lembra do caso... alguém lhe disse que numa cerâmica de Leiria vendiam uma tijoleiras que, depois de aplicadas e enceradas davam um chão muito bonito, assim como uns tijolos refractários para forrar a lareira, muito usados na época. O amigo lá percorreu os 50 kms de distância com uma motorizada e um atrelado emprestado, que não devia levar mais que uns 50 kgs de mercadoria. Chegado à cerâmica o encarregado ao ver o meio de transporte, achou por bem oferecer o material que pudesse levar. E você encheu o atrelado de tal maneira que nas descidas a motorizada não travava e nas subidas precisava de um empurrão, ou seja, metade do caminho foi feito a pé, mas o preço foi tão bom que no dia seguinte repetiu a dose...
- Então o meu amigo sabe tanto da minha vida e eu não sei nem o seu nome?
- Pesadelo, sem prazer nenhum!

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

A UTOPIA

Lembrei-me de tanta coisa nestes últimos dias, a propósito das notícias que nos vão chegando, que às tantas estou completamente baralhado e não consigo deixar de sorrir, de tal modo que a vontade de escrever sobe e desce ao ritmo dos alcatruzes da tradicional nora que salpicava os campos do Ribatejo. Lembrei-me agora dos burros que a movimentavam, não esses que pensaram, não, os burros-burros mesmo. Acho até que os "amigos dos animais", tão prontos para se manifestarem em frente ao Campo Pequeno, ainda não se lembraram de libertar os poucos burros que sofrem o calvário de uma vida completamente redonda atrelados à nora horas a fio...
Pois foram notícias atrás de notícias, capazes de me fazer sentar em frente ao teclado, mas... o meu espírito crítico não me deixava dar o tal passo em frente, começava a pensar na utilidade do texto, na tragédia que é ir na enchurrada de pareceres de tantos outros que diariamente vão desancando ministros, secretários, chefes disto e daquilo... não, não vou escrever mais crónicas que alinhem despudoradamente com a oposição, seja ela qual fôr. A partir de hoje vou fazer as minhas crónicas sempre tendo por base o pensamento dominante dos orgãos de poder, coisa que deveria ter começado há 30 anos atrás, mas uma pessoa quando é jovem pensa que vai mudar o mundo e depois arrepende-se. Custava-me alguma coisa ter escolhido uns cartazes cor- de -laranja ou vermelho debutado, em vez de andar atrás de minorias de cabeludos? bem, eu sei que alguns cortaram o cabelo, a barba e o bigode, para poder ascender na carreira, chegando alguns a ministros, sempre com pasta, e até a uns lugares porreiros, pá, na União Europeia.
Mas na verdade deixei passar o Procurador com ruídos na cabeça, perdão ruídos no telemóvel, a Ministra das faltas, as criancinhas do Gana, A D. Catalina da Casa Pia, o novo emprego do aposentado Mendes, a desaparecida Maddie, o Ranking das Escolas, sei lá, uma catrefada de temas capazes de preencher o mês a um chefe de redacção de um qualquer jornal.
Mas não me estava a dar para isso, começava a escrever e apagava, queria dar uma certa ironia à escrita e os casos só me davam vontade de chorar, liguei um canal da internet com os vídeos do Mr. Bean e o pessoal que estava à minha volta não achava piada nenhuma, eu sei que estávamos no dia 20 e por essa altura o pessoal não acha piada a nada...
Acabei fazendo um intervalo demasiado longo e perdi algumas faculdades que só uma prática constante nos fornece, por algum motivo se dizia a quem parava uns tempos naquelas profissões mais manuais, que tinham "perdido a mão". Na verdade é caminhando que se faz o caminho, como diria o Sr. de La Palice, mas é mesmo verdade que em tudo na vida é necessária uma boa dose de paciência, dedicação, discrição, atitude e alguma natural teimosia para se construir alguma coisa de que nos possamos orgulhar, mas que não é fácil todos sabemos.
Talvez se os predicados que apontei tivessem sido levados em conta nos casos que acima referi, acompanhados de um jornalismo mais profissional e menos sensacionalista, as coisas se resolvessem melhor, não sei...
Pronto, eu prometo que vou continuar a fazer umas crónicas!

terça-feira, 23 de outubro de 2007

AS TAXAS

Há cerca de 25 anos tive um problema auditivo, extremamente desagradável diga-se, que me tirou muitas noites de sono, talvez porque eu não gostasse e ainda não gosto de ir aos hospitais. Só em último recurso é que vou ao hospital, eu sei que deveria ir mais vezes, uma consultazinha de vez em quando, umas análises anuais, uns tratamentos, mas quando dou conta de que as esperas são intermináveis, de que os clientes são quase sempre os mesmos, de que os horários só se cumprem para sair... acho sempre que o melhor é não ir para lá.
Nesse tempo disseram-me para ir ao Santa Maria, que lá era melhor, que se não fosse lá, só num especialista... e eu fui a Lisboa. Urgências com ele, que era a melhor maneira de ser atendido, porque isso de consulta só lá para o 32 de Trezembro. Umas horas de espera, um médico muito simpático que afirmou peremptório que a operação era inevitável, mas... “entretanto tome estes comprimidos, pode ser que.... E volte cá para o mês que vem!”
Segunda consulta, com outro e... o mesmo! Até que à 12ª consulta, não sei porquê, eu falei um pouco mais alto ao médico e... operação marcada! Operação realizada e com os agradecimentos ao Dr. Mário Andreia, aqui estou 25 anos depois com outras mazelas, mas bom dos ouvidos. E quanto paguei? Nada, claro! Então um trabalhador, com os impostos em dia, os descontos para assistência na doença feitos mensalmente, teria de pagar um serviço para o qual sempre descontou?
Entretanto os tempos mudaram...
Caramba, tenho aqui uma borbulha que tem aumentado de tamanho, será que... é melhor ir a um especialista, tenho ouvido dizer que nos hospitais é uma chatice para ter uma consulta e um consultório particular é na hora, embora se pague um pouco mais... mas só um pouco mais vim a saber.
Consulta feita e...
- Olhe, o melhor é ir ter comigo ao Hospital, eu estou lá de serviço e tratamos disso num instante...
- E como faço, Sr. Dr?
- Chega lá ao guichet, inscreve-se, paga a taxa, diz que tem consulta marcada, que entretanto eu marco lá no hospital e espera que eu o chame.
- Então muito bom dia, Sr. Dr.
E tudo correu bem, cheguei no dia marcado, paguei a taxa moderadora, porque não sou velho, nem criança, nem bombeiro voluntário, nem dador de sangue, nem desempregado, nem...
O Sr. Dr. ainda me disse para lá voltar afim de verificar se estava tudo bem, mas já sabem como é, olhei no espelho, “humm acho que está tudo bem”, além disso perder tempo, andar mais umas dezenas de quilómetros de automóvel, encontrar uma multidão de utentes na fila, pagar outra taxa para ouvir dizer que está tudo bem, que não devo apanhar sol...
Hoje recebi um ofício. Em vez de me agradecerem o facto de não os ter chateado mais vez nenhuma e desejarem que tudo me corra pelo melhor e com muita saúde, o Hospital notifica-me (qual informar, qual carapuça, notificar é que é bom, põe logo estes caloteiros em respeito), notifica-me, dizia eu, para pagar mais 23,50€ (vinte e três euros e cinquenta cêntimos) de taxas moderadoras em dívida, relativas a histologias, electrocirurgia e excisão de lesão benigna. Mas não se assustem que estes tratamentos demoraram 20 minutinhos, o penso caiu logo à saída do hospital e eu depois tratei de tudo sozinho.Ora toma, que é para aprenderes! Tendencialmente gratuito, não é? Vinhas ao hospital e só pagavas a taxa moderadora no guichet?
Entretanto lembrei-me que o ano passado o governo aumentou o meu desconto para a ADSE, em 0,5% fixando os descontos em 1,5%. E mesmo assim não chega? Ainda preciso de pagar mais estas taxas todas, só porque não sou velho, nem criança, nem bombeiro voluntário, nem dador de sangue, nem...
Fui verificar a folha dos descontos e lá estava... 38,82€, o que multiplicado por 14 significa uma contribuição de 543,48€ anuais...
Para concluir, o ofício do hospital ainda é do tempo da “pedra lascada”, porque não dá ao cidadão a possibilidade de pagamento por multibanco, o que me obriga a gastar mais uns trocos num cheque ou vale de correio, quando poderia fazer o pagamento aqui no meu computador, sem qualquer encargo e imediatamente.
E anda o governo com tantas ganas informáticas a promover o serviço “perdi a carteira”, quando o contribuinte só encontra o “perdi a paciência”.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

"TEORIA DA CONCEPÇÃO DO MECANISMO"



O Nobel da Economia, de 2007, foi entregue a 3 economistas americanos, os quais desenvolveram a “teoria da concepção do mecanismo”, uma teoria que bem no fundo nos induz a uma prática alto lá com o charuto! Não sei se já repararam nesta referência da teoria da concepção… pois é, sem uma boa prática não há teoria que conceba. Podem existir uns créditos em conta própria ou uns débitos, de preferência, em conta alheia, mas sem movimento, sem prática, não se vai lá, muito embora estes americanos provavelmente ainda não saibam que o maior banco privado português (?) anda a perdoar calotes aos amigos e filhos dos administradores, segundo se conta, que eu não confirmo nem desminto, ou seja, aí eu não mexo uma palha nem para conceber a teoria.
Segundo ouvi, a “teoria da concepção do mecanismo” é a mais segura para saber quando uma organização está bem ou mal no aspecto económico, preconiza formulas e regras que nunca falham, desde que o pai-administrador não perdoe os calotes que o filho faz ao banco, acho eu… mas estão a dizer-me que há uma rubrica de incobráveis, já orçamentada nos bancos para solucionar estes problemas. E qual é o problema? pergunto eu, não sei… então nunca ouviram dizer que um pai deve sempre perdoar a um filho? Onde estão os valores humanos dessa cambada que grita contra esta golpada, sabendo que gostavam de ter um pai assim?
- Pai! Pai! Oh pai!!!
- Vai chamar pai ao Jardim!
Quando eu era jovem, o Robin dos Bosques era o meu ídolo, sacava aos ricos para dar aos pobres. Ora, se leio nos jornais que o Jardim-filho foi perdoado porque não tinha como pagar, deduzo que o rapaz é pobre. Se o banco era do pai, que é rico, temos aqui uma história cheia de moral e o meu Robin dos Bosques, já deixou a floresta de Londres e passeia-se por Lisboa…
- Pai! Pai! Oh Pai!!!
- Vai chamar pai ao Jardim!
Entretanto para que se entenda esta “teoria da concepção do mecanismo” direi que eu, professor, conseguiria os 12 milhões em 500 anos de vida com 2.000 euros mensais, que infelizmente ainda não ganho. Aqui vem mesmo a propósito dos 500 anos, aquela frase muito usada nos tempos que correm “não tenho vida para isso”, mas na verdade trocaria esse monte de notas por meio milénio de vida saudável…
Talvez a “teoria da concepção do mecanismo”… é que nesta área da concepção eu já me movimento com um certo à vontade.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

O GERÚNDIO




Nos tempos que vão correndo, em pleno século XXI, cada vez mais as novas tecnologias vão ocupando o lugar de destaque que, em muitos sectores da sociedade vai fazendo por merecer, conquistando jovens e menos jovens para novas formas de comunicação e dinâmicas empresariais.
Estou reparando que num único parágrafo já lá vão quatro gerúndios, o que não sendo tão importante como isso, e retirando alguns abusos abrasileirados, funcionando como bengala de quem vai tendo alguma vontade de escrever, cronicando, está servindo às mil maravilhas, especialmente nesta crónica. E já vão, para não escrever indo, mais seis gerúndios…
Tudo isto a propósito do governador do Paraná, um estado do Brasil, que não foi de modas e decretou, com chancela e tudo, o funeral do gerúndio, aquele tempo verbal que representa tão bem ou melhor a idiossincracia do que é ser brasileiro.
Este governador é um cromo, digo eu, ou melhor, está sendo um cromo, daqueles que vão entrando diariamente no guiness da parvoíce. Então não é que o homem está querendo acabar com o gerúndio para aumentar a produtividade dos funcionários públicos brasileiros? Afinal há sempre alguém que nos vai deixando com vontade de dar umas boas gargalhadas e só não estou entendendo como é que as televisões portuguesas ainda não estão entrevistando o governador do Paraná. Elas pelam-se por uma reportagem, e melhor ainda se a repórter escolher um enquadramento diferente de uma porta de tribunal. E já lá vão mais seis gerúndios…
Diz ele, possivelmente com alguma razão, que quando o contribuinte se desloca a uma repartição para saber o estado em que se encontra o seu processo, os funcionários respondem “está indo, estamos tratando, estamos resolvendo…” o que naturalmente leva a que nada se resolva.
O governador está convencido que sem gerúndio vai funcionar melhor? Então venha a Portugal, que aqui está tudo no pretérito perfeito… quer ver?
- Bom dia!
- …
- A menina pode informar-me se já deram resposta ao requerimento que entreguei aqui há seis meses?
- Seis meses? O sr. Director ainda não deliberou. Volte cá para o mês que vem!

...............
- Bom dia!
- ...
- Era sobre o requerimento...
- Trouxe os documentos?
- Era só...
- Sem documentos não posso fazer nada.
- Mas...
- O sr. Director saiu, não pode atender.
- Quando acha que...
- Traga o recibo que lhe passei para comprovar a entrega dos documentos e volte para a semana!
- Bom dia e obrigado.
- ...
E isto tudo sem gerúndio…
A propósito, achei por bem colocar nesta crónica uma foto sugestiva, em que as maçãs com gerúndio vão caindo, ao lado de cidadãos e instituições que por cá vão indo…

terça-feira, 25 de setembro de 2007

SERINGAS NAS PRISÕES, JÁ!

Não sei se deva declarar-me incapaz, incompetente ou intelectualmente deficitário, mas estou à beira, não de um ataque de nervos, mas à beira sim de me mandar do Sítio da Nazaré, com cavalo e tudo, porque é mais fácil o cavalo ganhar asas na queda que o ministro da Justiça (escrevo com maiúsculas?) dizer alguma coisa coerente. Mas a pose e as palavras maviosas e pausadas, essas, são a sua imagem de marca, complementadas com a recordação publicitária da tv, daquele cabelo tipo "João Lopes cabelo empastado, João Lopes com o dry look", ou ainda do restaurador olex, substituído por gel "made in Taiwan". Podem soltar-se homicidas, ladrões, traficantes, podem até roubar-lhe a carteira dos trocos, que nada o transtorna, parecendo o treinador do Manchester a mascar pastilhas elásticas e a sorrir cada vez que o Chelsea ganha um campeonato.
Mas tudo isto a propósito de quê, perguntará o leitor, já atrasado para a sessão do Ratatiu que o filho o convenceu a ver no Shoping? Nada de tão grave, direi eu, apenas a nova e felicíssima ideia do governo, de colocar seringas nas prisões! Seringas nas prisões, foi a nova medida dos governantes, uma coisa que só quem tem imensa imaginação poderia tomar sem estar pedrado.
Ah, mas se o caríssimo leitor não sabe, eu vou dizer-lhe, as famosas seringas a distribuir nas prisões, serão gratuitas, isso mesmo, gratuitas, talvez a pensar nessa digníssima classe social, os presidiários, que antigamente se drogavam a fazer o Estádio Nacional, ou as malfadadas estradas de granito que tão boa memória para os ciclistas dos anos 50, uma das quais me recordo com alguma nostalgia, entre Óbidos e Peniche, porque me levava para a praia. Hoje, por culpa dos democráticos governos que acabaram com essa droga de trabalho, é natural que os utentes prisionais tenham necessidade de preencher os seus tempos livres com actividades lúdicas, incluindo picadelas nas veias, e para isso... seringas grátis para eles, já!
Pois é, gratuitas, sim senhor, ao contrário daquelas que o meu vizinho usa para injectar insulina, ele que não fez nada de nada para apanhar com a diabetes e hoje é encarado pelo ministro da saúde como um criminoso, pois só assim se aceita que tenha de pagar as seringas necessárias ao tratamento diário.
- Então mas as drogas não são ilegais?
- São!
- E as seringas, nas cadeias, servem para utilizar droga?
- Servem!
- E eu posso injectar-me, se estiver preso?
- Não!
- Mas se eu pedir uma seringa, dão-ma?
- Dão!
- E droga?
- Não!
- E se eu me drogar, o que acontece?
- Nada!
Pois este diálogo, tipo "gato fedorento" é a imagem da inteligente coerência de quem nos governa, capaz de baralhar até o mais santo dos traficantes, o mais eficiente dos guardas e o mais penteado dos ministros, que até parece só usar a cabeça para espalhar gel.

sábado, 22 de setembro de 2007

18º LUGAR! ENA!!!

Não queria acreditar, mas segundo notícias divulgadas pelos orgãos de comunicação social, Portugal está em 18º lugar na classificação mundial sobre "qualidade de vida". Ou seja, andavam por aí uns bacanos, como eu, a dizer que "ah e tal, que isto não passa da cêpa torta, que estamos cada vez pior, que o governo e tal e coisa, coisa e tal... afinal estamos no pelotão da frente, com uma distância considerável dos 2º, 3º, 4º pelotões e carro vassoura. É que, para quem não sabe, com Timor Leste ficaram a existir 216 países, não contando com possessões francesas e inglesas (estou a lembrar-me das ilhas Malvinas, que sendo inglesas, estão ali a 50 kms da Argentina), possessões essas de teor neocolonialista, segundo creio, ou isso era só uma maldade dos portugueses? bem, adiante.
Então quer dizer que temos quase 190 países a viver pior que nós? isso é que vai por aí uma larica... enquanto nós nos preocupamos com o preço dos combustíveis, andam uns milhares de milhões à procura de comestíveis, e uma boa parte deles governa-se com menos de um dólar por dia. Ainda por cima a dólar (como dizem os meus primos da América), desvaloriza a cada dia que passa...
Eu acho que o nosso espírito crítico, a nossa eterna vontade de dizer mal de tudo e de todos, ao contrário do que se pensa, tem sido a grande alavanca para o nosso desenvolvimento e acho que só vamos descansar quando estivermos no grupo dos G9 (os actuais G8 + Portugal). Mas cuidado, porque há por aí uma cambada de piolhosos que vão mandar uns cocktails "molotov" e fazer umas "manifs" quando chegar a altura de realizarmos em Portugal uma cimeira dos G9. E dizia eu que tem sido a crítica do bota abaixismo que nos tem feito subir na classificação geral, na medida em que se ouvimos dizer que o ensino é uma miséria, temos a Universidade de Salamanca cheia de futuros médicos portugueses, porque somos melhor que eles nos exames de ingresso, se a Matemática é um bicho, temos um jovem de 18 anos a ganhar a medalha de ouro nas Olímpiadas Latino-Americanas de Matemática, se achamos que o preço da gasolina é um roubo, temos um professor universitário a dizer que em 2008 vão começar a vender-se carros eléctricos fabricados em Portugal (vamos lá a ver se o governo deixa), se dizemos que as auto-estradas são como as obras de "Santa Engrácia" temos um grupo de engenheiros portugueses a inventar e a exportar a "via verde", se o Benfica não vale nada (não será tanto assim...) temos o treinador de futebol mais bem pago do planeta (e o melhor, até ver...), se há furacões nos Estados Unidos, fogos na Grécia e tsunamis na Indonésia, temos um governo que nos salva disso tudo (acho que estou a exagerar...), tudo isto a confirmar que... estamos em 18º lugar!
Mas convém não ligar muito a estas classificações... vá lá, 14 melhores que nós na União Europeia, a Suíça, os Estados Unidos, o Canadá e o Japão já somam 18, o que me leva a pensar que um destes já está atrás de nós. Tenho de descobrir qual é, caramba!

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

CÓDIGO DE SUCESSO TRIBAL!

Esta malta anda aí a fazer um barulho infernal sobre o "código de processo penal" (posso escrever com minúsculas?) e falam, falam... como diria o meu amigo Necas, a personagem mais conhecida pelos gastrónomos apreciadores do famoso "bife à Necas", ou dos "ovos escalfados com ervilhas e presunto", dizia eu, falam, falam e... não sabem, mas é que não sabem mesmo. Oh amigo Necas, eles pensam que sabem, mas... não sabem. Não sabem porque... não sabem mesmo! ahhhh...
Na verdade, eu... também não sei. Não é por nada, mas nunca entrei num tribunal, daqueles com juiz, audiências adiadas atrás de outras ainda mais adiadas... eu nunca fui lá, mas às vezes gostava de olhar cara a cara certos elementos do edifício judicial (e que tal, gostaram?) ou como diria o Desmond Morris, o pessoal da tribo, aquele que escreveu o novo código do sucesso tribal.
Os mal informados e as forças de bloqueio ofenderam-se e sem razão, digo eu, deste novo código apenas porque não alcançam um palmo à frente do nariz. O Bush esteve 14 minutos com o engenheiro Sócrates e assim que ele lhe leu o preâmbulo do novo código, achou muito bem e vai pedir uma cópia para o aplicar nos 51 estados americanos. Ainda teve tempo para lhe perguntar para que era tanto "jogging", ele que não tem a Al Qaeda atrás dele, mas o engenheiro aproveitou a embalagem e fugiu bem à questão.
Ora, sem precisar de grandes pesquisas, nem do Moita Flores, em dois dias cheguei à conclusão que a solução do deficit também passa por este novo código. Segundo as estimativas são 10.000 presos que mesmo depois de julgados vão recorrer para o TPI (Tribunal de 1ª Instância), depois para o TC (Tribunal Central), depois para o TR (Tribunal de Relação), depois para o STA (Supremo Tribunal Administrativo), depois para o STJ (Supremo Tribunal de Justiça), depois para o TC (Tribunal Constitucional) e se calhar para outros que eu desconheço. Uma vez que a prisão preventiva é ultrapassada... rua com eles!
Há uns tempos li no jornal que um preso fica ao Estado em 40,00€ por dia (eu sei que há hotéis mais baratos, mas deixam os clientes à solta, o que reduz os encargos...), pelo que 10.000 vezes 40,00€, vezes 365 dias... é só fazer as contas, como dizia o Guterres. 146 milhões de euros????!!!!!!!!
- Mas isto é uma machadada no défice, oh Teixeira de Sousa!
- Está aprovado, senhor engenheiro?
- Aprovadíssimo! olha, já agora, precisamos de conversar com esses gajos antes deles saírem da prisão...
- O que é que devemos dizer-lhes, senhor engenheiro?
- Temos de lhe dizer que eles vão ser muito importantes para este governo acabar com o defice. Quando tiverem a ideia de assaltar e matar alguém, perguntem primeiro à vítima o que é que ela faz...
- E depois?
- Se a vítima estiver desempregada, podem atirar à vontade... reduzimos o desemprego e poupamos no subsídio. Já viram o alcance do novo código?

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

O AGENTE FRADE

Não sei se conhecem o agente Frade, da PSP, mas para o caso também não faz mal porque eu também não o conheço, embora tenha vontade de o ver um dia destes para lhe dar um abraço e umas valentes palmadas nas costas, para além de lhe dizer que a maioria do povo a que pertencemos gostava de lhe dizer cara a cara que levante a cabeça e siga em frente na profissão que escolheu e dignifica, pese embora uma casta parasitária e uns governantes medrosos, merdosos e ordinários lhe terem feito o que fizeram.
E o que lhe fizeram? eu vou contar em breves palavras o que aconteceu ao agente Frade da PSP (eu deveria dizer a PSP do Frade, tal como oiço dizer o Benfica de Rui Costa ou o Chelsea de Mourinho, mas não quero ir tão longe...), o que aconteceu, dizia, é digno de Kafka, acho até que "O Processo" foi a antevisão de Kafka sobre o agente Frade.
Então, conta a imprensa que um jovem (não dizem o nome por cobardia, acho eu), foi preso por fazer parte de uma quadrilha que se dedicava aos roubos e que cometeu um homicídio. O jovem fugiu para Espanha e foi apanhado pela Guarda Civil. Enviado para Portugal foi a Tribunal e iria aguardar julgamento quando, nas instalações da Judiciária pediu para ir à casa de banho. Dentro da casa de banho arrancou uma sanita, partiu o vidro, a grade que o envolvia e saltou do 2º andar, dando à sola com quanta força tinha. Os agentes da PSP começam a perseguição, mas a barriga da maioria fê-los atrasar, conseguindo o agente Frade, com cerca de 30 anos de idade, ser o único a chegar junto do bandido. Cansado e prevendo a humilhação de ter deixado fugir o jovem, pega na pistola e, a uma distância considerável, manda um tiro, que acerta no homem.
Pois chegaram os chefes da Direcção Nacional da PSP à conclusão de que o agente Frade deveria ser castigado e não estiveram com meias medidas: 8 meses sem vencimento e julgamento, aventando-se a hipótese de aposentação compulsiva, que até ao momento não se confirmou.
E agora pergunto eu:
- o agente Frade, quando voltar ao serviço, terá disponibilidade para fazer cumprir a lei perante qualquer situação de alteração da ordem pública?
- o agente Frade voltará a correr atrás de um criminoso?
Talvez por isso eu ache que há uma diferençazinha entre o agente Frade da PSP e a PSP do agente Frade.
Pensando bem, o que é que os governantes têm a ver com um caso que, segundo eles, decorreu dentro daquilo que está legislado, como eles gostam de dizer quando vêem um microfone à frente? Pois eu acho que um governante que tenha sob o seu comando as forças policiais "só" deveria ter a coragem de, perante as câmeras de tv, dizer alto e bom som que a lei deve ser cumprida e que perante a sociedade, primeiro a polícia e depois os ladrões. O agente Frade utilizou a pistola que traz com ele e que a sociedade lhe conferiu para a defesa da lei, da legalidade e da sociedade que cumpre as suas obrigações e deveres, exigindo o seu direito à segurança e liberdade.
Enquanto estes governantes querem os agentes “frades” da PSP, o povo irá querer e respeitar uma PSP de agentes Frade.


domingo, 9 de setembro de 2007

NO SILÊNCIO...

No silêncio a alma de quem quer
regressar ao tempo doce,
à paz pura e quente da mulher,
sorrir pelos sinais como se fosse
um campo aberto, onde me trouxe
a lembrança das cores do bem-me-quer.

O sonho de te ver em qualquer lado,
onde não estará nada nem ninguém,
seremos pó que se mistura, o resultado
de acasos que quisemos ter por bem,
memória que se sopra no além
da vida e do amor tão procurado.

Não é fácil derreter por entre os dedos
o gelo que cobre o eterno glaciar,
na distância que aviva tantos medos
e dúvidas da certeza de amar,
para além da terra, sol e mar
o sabor e o perfume dos enredos.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

"OS CHAVALOS"

Há imensos anos que não me soava nos ouvidos essa do "chavalo", mas hoje ao ver na televisão um vídeo sobre a "violência" da polícia em relação aos jovens, "chavalos" como ouvi chamarem-se, no meio de uma dúzia de "bips" que a decência de algum operador de tv colocou a tapar as barbaridades dos tais jovens, daqueles técnicos que já passaram a barreira dos 50 e que a tv ainda não mandou para a reforma, acredito que a coisa está a ficar preta. Então a polícia está a malhar nos "chavalos" coitados, ainda por cima jovens, às tantas da manhã no parque da Expo? então não viram que os "chavalos" não estavam a fazer nada e que se limitavam a ir para a padaria fazer carcaças, que a hora era a da entrada no turno da noite?
Na verdade, eu, um simples cidadão na casa dos 50 e picos, com alguma experiência de vida, com umas festas, umas noitadas, uns copos, umas viagens, nunca tive a infelicidade de ser maltratado por nenhum agente da autoridade... acho até que vou chegar à conclusão de que a polícia não me passa nenhum cartão. Então não é verdade que a polícia está sempre a maltratar os mesmos jovens, os mesmos "chavalos"? é mesmo perseguição, pá!
Depois os "chavalos" filmam e a tv abre os telejornais com essas esclarecedoras imagens... daqui a uns tempos a "amnistia internacional" lá aparece com um relatório que coloca a nossa polícia ao nível do Ruanda ou Burkina Fasso e é bem feito, que é para aprenderem a dar beijinhos aos "chavalos", a maior parte deles até já fez uma recuperação das drogas e está a meter os papéis para fazer segurança nos bares de Lisboa e Porto, uma profissão tão digna como algumas outras.
Ahh, já me esquecia que uma comissária loira da PSP, já veio dizer que vai investigar se a polícia bateu nos "chavalos", porque se bateu, os polícias vão sofrer as consequências. Então bate-se assim nos "chavalos", sem mais nem menos?
Deixei de acreditar nesta treta da segurança quando comecei a ver as mulheres na polícia, na guarda, nos quartéis, nos tribunais e até a arbitrar jogos de futebol, eu sei que me vão chamar machista, mas há tanta coisa bonita para elas fazerem... enfermeiras, professoras, educadoras, técnicas, empresárias, modelos, hospedeiras...
Pois, eu sei que elas já andavam em tudo quanto era sítio, mas de uma maneira mais comedida e até mais eficaz, basta ver as enfermeiras na guerra colonial, mas um criminoso entrar numa sala de audiências e olhar de frente um juíz de cabelo branco ou uma juíza loira de 28 anos é a mesma coisa, não é?
Os Açores ficaram cheios de "chavalos" quando os Estados Unidos começaram a ficar com essa matéria prima a mais e parece que já se pode passear à noite em Nova York, desde que o mayor decidiu limpar a cidade de "chavalos". A Amnistia Internacional e outras ONGs ainda refilaram, mas acabaram por verificar que a situação nesses locais melhorou bastante.
Na próxima, os reporteres de TV devem levar a máquina de filmar e, no mesmo sítio e à mesma hora, perguntem aos "chavalos" a profissão, onde vivem, o que fazem, com quem andam. Depois irão chegar a algumas conclusões, porque eu já cheguei às minhas há bastante tempo:
Até já os "chavalgaduras" têm tempo de antena na TV...

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

ATLÉTICA PAIXÃO

Voam na pista de tartan
superando sonhos, concerteza...
colam-se uns aos outros, como íman
em miríades de cor, tamanho e destreza,
vão no campeonato da beleza
ganhar a medalha do amanhã.

Um décimo de segundo os separa
entre as barreiras de um beijo,
vai, corre, salta, só quem pára
pode perder a prova do desejo.
Continua no caminho, que te vejo
a vencer, ninguém te agarra.

Sorriem e choram sem razão
para quem vê de longe o seu cansaço...
bate-lhes com força o coração
esmagado pela força de um abraço,
vem festejar cada volta, cada passo,
no campeonato do mundo da paixão.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

OS JORNAIS "DESPORTIVOS" EM PORTUGAL



O fenómeno dos jornais desportivos em Portugal deveria ser objecto de uma profunda análise, na medida em que eles reflectem de alguma forma o substrato sociológico deste povo simpático que se vai moldando desde há quase 900 anos, com avanços e recuos próprios de quem vai tentando viver sem grandes planeamentos e um pouco ao sabor de ventos e marés.
Se repararmos, a maioria das pessoas procura dar-se bem com quem não lhe levanta grandes questões, tendo 90% da população este interessante diálogo:
- “bom dia, tudo bem?”
- “bom dia, vai-se andando…”
Claro que, se depois disto houver uma proposta de discussão sobre o árbitro do jogo do Benfica, ainda temos 60% da malta a ripostar:
- “são uns ladrões…”
- “é tudo uma cambada…”
Podemos ainda verificar que 12% ainda são capazes de falar do centenário de Miguel Torga, 5% sabem que esse era o pseudónimo do médico Adolfo Coelho da Rocha, que escrevia uns livros e uns poemas e que 2% já leram qualquer coisa dele…
A partir daí, os estudos de mercado só têm um caminho a seguir, que é nem mais nem menos que ir ao encontro dos gostos do grande público, o qual é sempre levado a gostar daquilo que lhe dão, até porque depois é fácil chegar à conclusão de que só lhe dão o que ele, povo, gosta. Romper este ciclo vicioso é sempre difícil, na medida em que, ou as pessoas tomam atitudes e ficam isoladas, ou…
O Nelson Évora, um jovem de 23 anos, natural de Cabo Verde, naturalizado português com imensa dificuldade, que só o conseguiu por já ser recordista do triplo-salto, uma especialidade do atletismo, em vez de ter ingressado num gang de assaltantes, arruaceiros ou “grafitistas” foi dar o seu melhor no atletismo e esta semana foi campeão mundial de triplo-salto, o primeiro homem português a ganhar uma medalha de ouro num campeonato mundial de atletismo ao ar livre. O Jornal de Notícias e o Correio da Manhã, jornais generalistas colocaram o homem em grande plano na primeira página, envolto na bandeira nacional. O jornal Record e o Jogo, jornais “desportivos” colocaram na primeira página, em grande plano, o “Ed Carlos”, o novo reforço do Benfica, um rapazinho brasileiro, que ninguém sabe quem é…
Os jornais “desportivos”, vão dizer que é estratégia de marketing, que as pessoas gostam é de futebol, etc, etc… mas eu vou chamar a tudo isto, à troca de um português campeão do mundo de atletismo, por um brasileiro jogador de futebol que ninguém conhece, eu vou chamar a isso uma pulhice.
Um dia teremos para os Nelson Évora e para as Vanessas Fernandes deste país, se não os euros do Cristiano Ronaldo, pelo menos um tratamento igual dos jornais desportivos. Então nessa altura, eu irei comprá-los!