quarta-feira, 7 de maio de 2008

DÁ-LHE ZÉ!

Estou a ver a RTPN e a assistir a uma entrevista a técnicos de inserção social e responsáveis da Segurança Social, a propósito da epopeia toxicodependente do Zé Batista.
Começando pelo princípio, o Zé Batista, tal como o Jardel, começou a dar umas seringadelas por entre os centrais e foi acometido de uma marcação cerrada, neste jogo tão importante, mas também indispensável para a manutenção de técnicos, paratécnicos, médicos, paramédicos, instituições, associações, comissões e outros descontos, perdão já ía no Pingo Doce… mas voltando à “vaca fria”, encontraram o Zé Batista toxicodependente, colocaram-no num programa de desintoxicação, num hospital perto de si, sem listas de espera para toxicodependentes… parece que só os que trabalham estão em lista de espera, embora eu já comece a desconfiar que para estes, antes esperar que trabalhar.
Os técnicos acharam por bem dizer ao Zé Batista que era melhor meter os papéis para uma reformazinha por invalidez…
- Oh madame, mas eu saí da escola aos 14, comecei a dar umas passas aos 15, ando nisto há 18, nunca descontei enquanto mantive o ofício de arrumador ali no largo da Sé, acha que com 33 anos…
- Oh senhor José Batista, claro que tem direito, então o senhor até coxeia um pouco…
- Pois coxeio, sabe… eu comecei a injectar no peito do pé e ficou assim…
- Está a ver? Isso é doença profissional, homem, assine aqui estes documentos que não tem nada a perder…
Três anos passados e o Zé Batista barbeadinho, de cara lavada e com uma roupinha adequada, estava quase curado quando a Segurança Social lhe manda pelo correio meia dúzia de cheques num total aproximado de cerca de 9.000 (NOVE MIL) euros!
Segundo rezam as crónicas, a verba era aquela a que tinha direito, pela sua reforma de invalidez e porque o processo demorou mais de 3 (TRÊS) anos a ser deferido, o que dá uma imagem perfeita da velocidade a que o Estado e os seus serviços funcionam. Para não ir mais longe, recebi em 2007 o diploma do curso que tinha concluído em 1988 e tenho esperança que a morte seja nacionalizada o mais rapidamente possível, porque chegará a minha casa com um atraso considerável.
- 9.000 euros? Ena pá, estes gajos da Segurança Social sabem bem que eu tenho andado muito necessitado de verbas… acho que tenho de me beliscar para ver que não estou a sonhar… beliscar, disse eu? Hummm acho que é melhor uma picadela!
- E o senhor José Batista gastou o dinheiro em droga?
- O que é que a senhora doutora acha? A Associação de Jovens Empresários disse-me para aplicar o capital na bolsa…
- Na bolsa?
- Pois, na bolsa do pessoal que anda aí a vender… fiquei teso, mas animei o mercado com esta injecção de capital.
- E agora?
- Vou tentar processar o Estado, porque foram aqueles 9.000 euros que provocaram a recaída… acho que o Nabais vai aceitar o meu caso.

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