domingo, 28 de junho de 2009

O SENHOR ENGENHEIRO

Se falo alto não tenho razão,
se falo baixo ninguém escuta,
se me rio, pois então
gozo o povo que não tem culpa.

Gasto até o que não tenho
para fazer feliz este país,
não têm em conta o meu empenho,
dizem que não passo de aprendiz.

Faço ministros, pontes e reformas,
sou franco, simples, verdadeiro
e no fim de tantas obras
duvidam do canudo de engenheiro.

Vou calar esse arraial
que só vive da inveja de quem pode,
ficarei na história em Portugal
nem que os ponha a passar fome.

São o Guta, o Sampaio, o Zé Manel
em cargos europeus e mundiais...
porque duvidam do papel
onde me enterro muito mais?

Um dia vão ver como terei
um convite bem melhor e mais bem pago...
se me convidarem, não sei,
mas sair daqui? só empurrado!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

O TAL PAÍS...

"Há tantos burros mandando em homens de inteligência que. às vezes, fico pensando que a burrice é uma ciência."
Ruy Barbosa
Portugal, 18 de junho de 2009, o tal país que não vem nos relatórios da OCDE, da ONU, da CEE, da UNESCO, da... da... da... desse país imaginário, que nem Sócrates, Platão ou Aristóteles alguma vez pensaram que poderia existir, milhares de anos depois de cá terem andado a formar as massas, pois é desse "tal país", mais próprio de um sketch do Herman, que quero abordar numa temática caríssima ao engenheiro Pinto de Sousa e seu inefável ministro Vieira da Silva.
A estória da D. Ermelinda conta-se em poucas palavras...
- Oh Mariazinha não te importas de ir comigo à Segurança Social para tentarmos entender porque me retiraram a reforma?
- Retiraram-lhe a reforma???
- É, eu recebia 203 euros por mês, porque descontei aqui durante 13 anos, até ir com o meu marido para a Holanda... como já tenho 85 anos, se calhar acham que eu já deveria ter morrido...
- Se calhar você tem também uma reforma da Holanda...
- Tenho, tenho, eu nunca te falei nisso? quando o meu marido morreu, lá na Holanda ficaram a dar-me 19,49 € (Dezanove euros e quarenta e nove centimos) por mês...
Pois é, são quase vinte euros por mês que vêm da Holanda.
- Então vamos lá à Segurança Social...
O problema foi colocado ao amanuense de serviço lá da Segurança Social e consultado o computador logo se verificou tudo...
- A senhora teve a sua reforma suspensa porque acumulava uma reforma da Holanda e não pode acumular...
- Mas são só 19,49€ por mês...
-É o mesmo, até podiam ser 19.000,00€... não pode receber duas reformas ao mesmo tempo... além disso ainda tem um suplemento de 143,00€ por mês de pensão de sobrevivência, mas se a senhora acha que está mal, pode reclamar por escrito, que eu não posso fazer nada.
Então vamos lá fazer contas, a D. Ermelinda, ganhava ilegalmente 365,49€ por mês, face a uma acumulação de pensões na Holanda e em Portugal. Agora fica legal, a receber 162,49€ (cento e sessenta e dois euros e quarenta e nove centimos) por mês, o que a uma senhora de 85 anos deve chegar, uma vez que qualquer cházinho e uma torradas a alimentam.
Só há uma coisa que me intriga... parece que o Presidente da República recebe o seu vencimento e acumula a reforma do Banco de Portugal onde trabalhou, da Universidade onde foi professor e mais uns trocos vitalícios por ter sido primeiro-ministro. Aqui as acumulações são legais, não?
Até podiam pensar que a D. Ermelinda era ficção, invenção minha, mas não... infelizmente é verdadeira, é real e faz parte da família.
Tal como dizia ontem o senhor engenheiro na tv, "até se me parte o coração"!
Ah, a D.Ermelinda já fez a reclamação por escrito e pela capacidade de resposta do Ministério da Segurança Social, todos rezamos para que consiga chegar aos 100 anos de idade, senão ainda teremos que ir ao cemitério levar-lhe a carta do tal Vieira da Silva.

domingo, 14 de junho de 2009

FUNDAÇÕES...

De vez em quando somos confrontados com o aparecimento de "fundações", sejam elas o que forem e de que área do conhecimento ou desconhecimento se trate, como foi o caso da notícia e respectiva entrevista que o "Diário de Notícias" publicou com a nova Fundação Francisco Soares dos Santos, presidida por António Barreto, aquele ex-ministro da Agricultura que percebia tanto de agricultura como eu de lagares de azeite, mas que sob o diáfano manto de Mário Soares, liquidou a reforma agrária e consequentemente fez do Alentejo uma área demograficamente moribunda, quase ao nível do Sahara Ocidental.
Hoje tive conhecimento que o nosso "Barreto Rua" é o presidente de uma fundação, a qual com um orçamento de 5 milhões de euros anuais vai, como primeira medida, criar um site na internet para dar a conhecer as mais importantes informações na área da saúde, educação, demografia, etc... assim, sim, uma página na internet é obra e até já vejo um serviço online 24 horas por dia a dar todas as informações sobre, por exemplo, saúde.
- Desculpe, é da Fundação Soares dos Santos?
- Sim, sim, faz favor de dizer...
- Olhe, sabe dizer-me qual a farmácia de serviço em Fornos de Algodres? tou com uma irritação na garganta...
- Ora, um momento... Fornos, Fornos... é a Farmácia Central. Em que mais posso ser útil?
- Obrigado, mas agora não preciso de mais nada...
- Mas sabe, no nosso site da internet temos todas essas informações...
- Pois... obrigado.
E com um orçamento de 5 milhões de euros, ter a luminosa ideia de criar um site na net, é obra, oh Barreto, até porque isso depois leva a uns estudos, uns projectos, uns gabinetes de consultoria, mais uns de advogados (tenho a certeza que o Miguel Júdice não se mete nisso)... e se não houver algum rigor, chegamos a Setembro e já não há dinheiro para pagar salários...
Se não fosse esta reportagem do DN eu ía morrer completamente ignorante sobre esta realidade nacional, porque afinal eu conhecia a Fundação Gulbenkian, a Mário Soares, a Berardo, a Champalimaud, a Luso-Americana, a do Figo, a do Vitor Baía, mas fui esclarecido que só registadas com papel impresso e carimbo regulamentar são 120 (cento e vinte) e fundaçõezinhas estima-se que existam em Portugal umas centenas, mais ou menos 500 (quinhentas) para ficarmos entre as dezenas e os milhares.
Interessante é verificar que ninguém sabe quantas são, assim como não se sabe quantos funcionários tem o Estado, assim como também não se sabe quantos carros tem o mesmo Estado, ao contrário de um qualquer supermercado que sabe até quantas caixas de preservativos estão nas prateleiras.
Então se o Estado não sabe o que tem, que importa não saber quantas fundações existem, quantos subsídios, quantos descontos, quantos Barretos andam por aí a enfiar-nos o barrete?
Nem sei como o Loureiro, (estão a pensar em qual? não precisam...) o Vieira, o Betencourt, o Costa (também não sabem qual? nem eu...) ainda não se lembraram de fazer uma fundação.
Depois do que li hoje, nem BPNs, nem BPPs, nem nada... vou fazer uma fundação só pra mim!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

SALVEM OS RICOS!

Com esta confusão da bolsa, das acções, dos investimentos em acções que se vendiam antes de se comprarem, com os gestores de fundos sem fundo, com administradores de bancos completamente negros, com bancos proprietários de outros bancos que nem sequer existiam, começo a perceber porque é que um amigo ía ao banco todos os meses, levantava o capital, contava a massa e depositava de novo... dizia ele que afinal o "dele" estava lá sim senhor, que o tinha contado.
A coisa pode estar preta, acredito que sim, mas apenas porque desde há umas duas décadas apareceu uma nova classe de gestores e administradores de bancos que começaram nisto sem o necessário "pedigree", porque esta coisa de mexer e administrar notas não se faz assim do pé pr`á mão, isto tudo tem de ser analisado segundo um quase científico ponto de vista económico e genético. Esta classe sempre pensou que o dinheiro do "zé" é deles logo que passa a porta do banco, confundiu a "estrada da beira" com a "beira da estrada" e criou bancos que só diferem da "dona branca" porque não metiam as notas em sacos de plástico.
Sempre achei que não se deve dar comida "bufet" a quem aparece esfomeado e nesta história da banca portuguesa, só se devia dar comida à descrição a quem já nasce sem fome, tipo Pinto de Magalhães, Cupertino de Miranda, Champallimaud, Roquete... analisem o que foi a vontade de comer de gestores com apelidos Costa, Loureiro, Caldeira e verificarão que nunca se deve colocar a caixa de chocolates à frente de quem só está habituado a sopa de feijão.
Claro que num Estado sem "estado de sítio", logo haveria de se ir buscar uma razoável percentagem aos lucros obtidos, os quais se distribuiriam em conformidade, mas esta treta democrática deu até para alguns "chico-espertos" nascidos do laranjal dos anos 90 edificarem bancos, claro que sempre é um negócio mais limpo que a metalo-mecanica, construção civil ou futebol, mas sempre desconfiei desta malta que consegue enriquecer em pouco tempo, até porque as famílias que citei anteriormente têm gerações de riqueza e de negócios claros, cinzentos e negros...
Estes Costas, Loureiros, Caldeiras e outros que não recordo não são mais que os "Alves dos Reis" do século passado, com uma única diferença bem importante e fundamental... o verdadeiro Alves dos Reis foi preso, passou fome e morreu pobre e doente, enquanto estes espertos do século XXI gozarão as fortunas que entretanto já colocaram em paraísos fiscais e rir-se-ão de todos os que honestamente lutam para se manter à tona de água.
Ainda não consegui perceber como é que o Presidente da República ganhou 150 mil euros e a filha outros tantos, porque comprou acções em 2001 e vendeu-as em 2003... com um negócio desses não seria inteligente comprar mais em 2004 e vender em 2006? comprar em 2007 e vender em 2009? ou o Zandinga teve o cuidado de o informar que estava pra chegar a "má moeda"?
Há coisas que eu nunca vou entender...