quinta-feira, 27 de maio de 2010

O LAPSO

Todos os dias aparecem na comunicação social notícias que nos deixam de alguma forma incomodados, apenas incomodados porque acho que tudo isto é como o virus da gripe, se a malta liga incomoda-se, se não liga ficam os hospitais incomodados com tanta vacina para deitar fora. Na comunicação social, sejam os quatro canais a quadruplicar as mesmas notícias, sejam os jornais e revistas a entrevistar sempre os mesmos, há sempre algo que nos retém a atenção, não tanto pela importância, ou pelo figurão da notícia, mas muitas vezes pela inexplicável originalidade dessas notícias, ou até pelo inconcebível e impensável, como por exemplo, a jovem jurista, antigamente designada de advogada, de 27 anos que vai embolsar 4.088,00€ por mês e que foi contratada pelo Ministério das Finanças tendo como justificação a sua experiência, o que reforça a ideia de que neste país se tem muita experiência aos 27 anos e se é velho para encontrar trabalho aos 40, desde que não tenha ninguém num qualquer ministério que dê uma mãozinha.
Mas não era bem isso que me levou a escrever esta crónica, uma vez que sinto cada vez menos vontade de abordar tudo o que seja crise, deficit, política, selecção nacional... e essa teimosia já fez com que eu estivesse 11 (onze) dias sem cronicar, o que de alguma forma me deu uma ideia sobre todos os amigos e desconhecidos que me têm lido ao longo do tempo... nem um me perguntou se eu estava doente, o que me leva a pensar que estas crónicas são como o "melhoral", não fazem bem nem mal, mas adiante.
E sobre o que vou escrever? pois bem, hoje o tema é o "lapso", estão a ver, a malta engana-se e diz que foi lapso, engana-se no troco e diz que foi lapso, vê o árbitro anular um golo à equipa adversária e claro que foi lapso, uma vez que só seria um roubo se fosse anulado à nossa equipa, esquecemo-nos de fazer o que nos pedem e foi lapso, passando aqui a relapso se não houver melhorias... e relapsos é o que há mais onde menos se espera.
Então não é que encontraram as escutas do primeiro-ministro metidas num outro processo do Tribunal do Baixo Vouga, se calhar relativo a um novo shopping, uma sucateira ou mesmo uma vivenda forrada a azulejos, por lapso, claro, de um juíz coadjuvado por um oficial de justiça, uma funcionária administrativa e a mulher da limpeza da agremiação.
E eu, perfeito ignorante que nunca entrei num tribunal, que nunca precisei dos serviços de um advogado, terei de viver o resto da minha vida sem ao menos uma vez ter a felicidade de encontrar pela frente um desses lapsos judiciários? é que um pessoa sem um lapso não é gente, não é nada, lá poderia dizer o juíz do Baixo Vouga, mas sabendo-se que o Vouga é um rio e que o tribunal é do Baixo Vouga, não será um lapso andarem por aí juízes e tribunais abaixo da linha de água, como se costuma dizer no futebol aos mais fraquinhos da classificação?
E a mulher da limpeza não terá sentido curiosidade em ouvir as escutas? se ouviu... foi lapso!

domingo, 16 de maio de 2010

A BRUNA...

"Pára com essa maldita campaínha!" dizia um actor brasileiro numa comédia dos anos 80, quando olhava a "Bruna", humm essa Bruna que cada um de nós tem guardada no sub-cortex da adolescência, na fantasiosa caminhada que sempre se construía entre uma matiné de sábado à tarde ou festa de aniversário.
Pois foi de tudo isso que me lembrei quando tomei conhecimento da professora Bruna e da notícia de que uma câmara municipal (em letras minúsculas, pois claro), tinha tomado a decisão de suspender as actividades de enriquecimento cultural da professora, uma vez que isso era incompatível com umas fotos mais arrojadas nas páginas da "Playboy" e com o facto de as crianças poderem ficar traumatizadas ao olhar a "stôra", não sei se despida ou vestida.
De vez em quando aparece uma criatura a querer dar nas vistas, com atitudes censórias e prepotentes que me fazem lembrar um qualquer ayatolah da família Kohmeini, que todos nós costumamos catalogar de ditadores ou fanáticos religiosos, mas esta coisa de querer condicionar a liberdade das pessoas já vem de longe e tantos anos depois do 25 de Abril, onde se gritou a necessidade da liberdade de pensamentos, costumes e palavras, continuam a aparecer figuras de triste memória em cargos de alguma responsabilidade.
Então uma cidadã tecnica e pedagogicamente habilitada pode ser suspensa das suas funções profissionais apenas porque nos seus tempos livres aceitou tirar umas fotos com as mamas, as coxas ou as nádegas à mostra? e um deputado que na sua função profissional e dentro do horário de trabalho rouba uns gravadores de bolso aos jornalistas, pode continuar em funções?
Não consigo ver onde um acto normal, numa sociedade livre e democrática exercido por uma cidadã nas suas horas livres pode ser causa de suspensão de funções profissionais e começo a ter alguns receios, sei lá, uma professora a passar férias num campo naturista, devidamente legalizado pelo governo, pode ser suspensa ou até despedida com justa causa se entretanto encontrar um aluno com os pais nesse mesmo campo?
E uma professora com roupa a mais poderá ser também despedida? bem, eu acho que deve ser urgentemente criado um regulamento que indique com rigor quantas peças de roupa uma professora deve utilizar na escola e fora dela, para não se criarem situações passíveis de suspensão ou até mesmo despedimento, uma vez que não estamos livres de aparecer nalguma escola uma professora convertida ao islão com uma burka dos pés à cabeça.
Se querem saber, uma professora tem bastante influência na aprendizagem das crianças e jovens, até porque na sua grande maioria são pessoas simpáticas, atenciosas, competentes e muitas vezes encarnam o papel das mães ausentes de muitas crianças deste país, mas sem qualquer base científica eu arrisco dizer que se elas forem bonitas e jovens como a Bruna, a aprendizagem aumenta e o absentismo diminui, sem precisar de justificar este tipo de comportamentos nos jovens e se a professora for directora de turma, até os pais são mais assíduos às reuniões escolares.
Sem saber porquê, uma vereadora gorducha e mal encarada resolveu suspender a Bruna... não é possível vestir-lhe uma burka?

quarta-feira, 5 de maio de 2010

ASSIM MESMO É QUE É!

"Lisboa, 05 mai (Lusa) - O Governo apresentou hoje aos parceiros sociais três exemplos de aplicação do limite de 75 por cento ao subsídio de desemprego, que mostram que a medida pode reduzir em quase 40 euros o subsídio de um desempregado".


Até que enfim que vejo uma medida capaz de nos tirar do pântano do "Guterres", ou do "menino Santana a quem tiraram o brinquedo", ou da "bancarrota" das agências de "rating", ou das críticas sempre exaltadas do ex-ministro Medina Carreira, sim também ele ex-ministro, que nunca implementaram uma medida destas, estrutural como os técnicos costumam dizer, sim porque só com medidas duras como esta podemos resolver o problema do país, porque estamos à beira do abismo, segundo os sempre convidados de todos os "prós e contras" que, só costumo ver até ao primeiro intervalo porque no dia seguinte tenho de ir trabalhar e se não durmo o suficiente fico impossível, grito, barafusto e até chamo nomes feios ao árbitro.~
Na verdade estas medidas são extremamente importantes na redução do déficit e pagamento da dívida, na medida em que 40 euros por mês, vezes 500.000 desempregados, vezes 5.000 anos e acabaremos com a dívida pública, o que nunca um governo desde o tempo do Viriato conseguiu fazer, porque efectivamente todos os críticos dizem que a política portuguesa foi sempre exercida para o "curto prazo" e agora esta pode ser uma política estrutural para os próximos 5.000 anos, muito próxima da "vida eterna" que Bento XVI nos encomendou durante os últimos dias... mas um facto quase divino me levou a entender o pedido do sofá da missa do Porto, que o Papa levou para Roma... será que ele vai esperar sentado que Portugal algum dia pague o que deve?
Acho bem melhor que ele interceda por um milagre, daqueles que Cristo fez em relação ao pão e aos peixes, mas agora com notas de euros, porque já nem os pastorinhos nos safam.


segunda-feira, 3 de maio de 2010

A CRISE...

A crise é efectivamente uma fase da vida em sociedade sem a qual não podemos passar e de onde nunca deveríamos ter saído, na medida em que se nunca tivessemos saído dela, lidaríamos hoje muito melhor com o problema, porque tudo na vida é feito de uma certa habituação, ou seja, pensar dormir debaixo da ponte causa-me insónias, mas dormir lá ao fim de seis meses é tão natural como receber milhões numa qualquer administração de empresas públicas em Portugal.
Estava eu num grupo de eternos pensadores, rodeado de um espumante e uns camarões tigres fritos, quando me informam que a crise está para durar, ao contrário dos camarões que estavam para acabar em pouco tempo, não fosse de vez em quando uma chupadela de dedos e umas reflexões em grupo, bem reduzido aliás, que nenhum queria tirar os olhos do petisco e as frases bem convincentes não tinham mais de três palavras e eram aceites com uma simples flexão de cabeça por cada bicharoco comido.
A crise tem sempre várias nuances, como tenho tido oportunidade de ouvir em variadíssimos debates nos vários canais de tv, até porque segundo dizem, é nos momentos de crise que se abrem "janelas de oportunidade", que não entendo muito bem na profundidade da explicação, mas que deve ser assim mesmo, porque de economia e finanças percebo muito pouco, ao ponto de acreditar como Medina Carreira que qualquer dona de casa geria o país bem melhor que todos os engenheiros da universidade independente juntos.
Mas na verdade estou a ficar preocupado com a crise, até porque precisei de uns trabalhos eléctricos lá em casa e tive de esperar quatro meses pelos electricistas, também eles tão preocupados com a crise que não queriam vir... mas agora, dessa já estou descansado, muito embora o tal trabalho que pedi a um amigo serralheiro para me fazer nos portões há seis meses... ainda não foi feito, porque a crise tanto dá para não ter trabalho, como para ter meia dúzia de meses de trabalho atrasado, não tanto pela preguiça, mas na realidade porque não se consegue dar vazão a tanta solicitação.
Antigamente falava-se de crise quando não havia nada nas prateleiras, quando eu quis comprar um carro novo, como diz a canção do "Falâncio", quando não havia batatas para comprar, quando havia filas intermináveis nas bombas de gasolina, quando o subsídio de Natal foi pago em "certificados de aforro", a única poupança que consegui fazer e me rendeu algum juro seis meses depois, quando já professor andei oito anos de motorizada, quando já casado fiz férias onze anos seguidos em casa dos meus pais, mas agora continua a crise sim senhor, mas podemos passear no shopping toda a tarde, num ambiente climatizado, sem nos cobrarem um chavo, podemos inscrever-nos nas férias de praia patrocinadas pela autarquia, sem pagar nada, podemos assistir a muitos espectáculos e festas à borlix, podemos sacar uns subsídios se soubermos como as coisas se fazem, enfim... sim, sim, eu sei que devemos muito dinheiro ao estrangeiro e que não sabemos bem se algum dia vamos pagar tudo, mas já ouvi dizer que todos devem a todos, que não há nenhum país que não deva... e afinal todos tememos apenas que algum dia nos deixem de emprestar, porque já o meu avô dizia que "quem não deve não teme".