sexta-feira, 27 de abril de 2007

NÃO HÁ NADA COMO REALMENTE!

Sempre me pareceu que com o advento (esta soa-me bem) da informática e dos chats, blogs, foruns, emails e outros que tais, o pessoal começaria a esgrimir os seus argumentos com clareza e todos nós, que gostamos de escrever e ler, iriamos ficar um pouco mais cultos, quanto mais não fosse pela variedade de comentários que todos os dias nos chegam por estas vias. Ainda por cima, pensava eu que esta coisa da informática ainda não estava tão proletarizada, o que inviabilizava o acesso das classes mais desfavorecidas económica e culturalmente a estas modernices. Puro engano. A burrice globalizou-se e está presente em todos os quadrantes e classses sociais, sendo que a profissão de revisor ainda irá fazer sucesso dentro de algum tempo. É ver as classes mais elevadas economicamente (e só isso) a contratar revisores para lhes corrigirem os livros que vão escrevendo e publicitando na "Caras", para além de uns discursos que terão necessidade de soletrar quando fizerem alguma inauguraçãozita (se Jardim se limitasse a ler uns discursos escritos, talvez não dissesse tanta asneira... mas o homem é assim mesmo e a malta gosta).
As barbaridades são, eu ia dizer diárias, mas acho melhor dizer horárias, as biqueiradas nas coxas das palavras são uma realidade atroz, de meter medo e eu, um simples professor de educação física, mais rotinado noutros movimentos, fico bué de irritado com o cenário (está moderno, não?).
Isto tudo a propósito de um novíssimo "sindicato dos professores com mestrado e doutoramento", que se deu a conhecer na minha escola com um panfleto espectacular. Dizia o presidente do sindicato dos mestres e doutores (SINPOS ou SINOPS, já não recordo) que todos os sindicatos de professores fazem tábua rasa de todos os professores, nivelando por baixo e esquecendo os mais qualificados (mestres e doutores). No final, acabava em beleza:
"SE TEM ALGUMA DÚVIDA, NÃO EXITE. VENHA AO NOSSO SINDICATO"
Claro que não hesitei... é melhor não frequentar nenhum mestrado nos tempos mais próximos. Posso apanhar com um destes "exitantes" pela frente e depois fico cheio de dúvidas.

SER OU NÃO SER... A QUESTÃO É OUTRA.

É ou não licenciado
quem se governa a valer
d`um povo mal preparado,
que tanto, assim é lixado
pela máfia do poder.

De prenúncios duvidosos
tem medíocres as bases,
mas lê discursos pomposos,
na essência vaporosos,
da peste, dos piores gases.

Por isto, vão os meus brados!
não nos volte antigamente
com estes santos, louvados
por milhares de desgraçados
sem dignidade de gente.

3/Abril/2007
Rafael Carvalho de Castro
(Funcionário Público,
auxiliar de serviços gerais,
pouco mais que o salário mínimo)

quinta-feira, 26 de abril de 2007

ALTOS COMISSÁRIOS OU COMISSÁRIOS ALTOS...




As Nações Unidas, uma organização mundial, sobre a qual não ponho as mãos no lume (lembro-me da estória do boi de churrasco...), assim como não ponho as mãos no lume, nunca. Uma coisa que não queria era ter as mãos queimadas, que além de fazer muito doer, creio, ainda acabavam por ficar inestéticas e está provado que as mulheres olham muito as mãos dos homens, não sei porquê mas desconfio. Bem, mas era das Nações Unidas... agora veio-me à memória a "artistas unidos", a pensão "corações unidos", os casamentos da Lux "para sempre unidos" (há uma que já vai nos três casamentos unidos...). Caramba, estou sempre a perder o rasto a esse pessoal das Nações Unidas, sempre com maiúsculas para que não haja confusões... mas eu só queria dizer que ouvi hoje na abertura do telejornal que Jorge Sampaio tinha sido nomeado para Alto Comissário das Nações Unidas para... as Civilizações! C`um caneco, olha que essa das Civilizações é obra, é claro que o homem até é civilizado (quê? não tem nada a ver? pois...).

Ah, tem a ver com essa estratégia do diálogo entre civilizações... estou a ver... mas não seria melhor nomear o Figo? logicamente ele agora vai para a Arábia Saudita... e o Rui Costa ia para Roma (a civilização romana não é?). Eh pá (esta é do nosso ex-presidente, ele ainda não se esqueceu da linguagem do MES) se tem de ser o Sampaio, que seja. Afinal já lá tínhamos o Guterres a dar refúgio aos refugiados (aquelas tendas ordinárias não podiam ser melhoradas? bem piores que as da "semana de campo"...). Boa dupla, mas acho que nós funcionamos sempre melhor com quartetos (o "1111", as "doce", o da avenida de roma) portanto já sabem, se faltar um... e já me esquecia, a partir de agora acho que devemos usar a terminologia dos jornalistas desportivos... o chelsea de mourinho, o manchester de cristiano ronaldo, o barcelona de deco, o comissariado (alto, claro) dos refugiados de guterres e o comissariado (alto, também) das civilizações de sampaio!

E diziam que os portugueses são fraquinhos e pequeninos...

quarta-feira, 25 de abril de 2007

ETERNIDADE

No plano liso do teu mundo
onde colocas todos os teus desejos,
despes a máscara do profundo
e recebes o encanto de mil beijos.

Serás sempre a pedra branca e lisa
que colocarei em meu altar
onde, com o livro aberto darei missa
de dois corpos prontos para amar.

O que fôr será eterno, certamente,
até que num momento decisivo
alguém nos confronte e nos lamente,
esquecendo nosso amor sempre vivido.

A eternidade é mais do que pensamos,
é o escuro que fica além do nada,
o tempo total em que juramos
a felicidade entretanto conquistada!

terça-feira, 24 de abril de 2007

O TEMPO NÃO EXISTE!

Afirmar que o tempo não existe, pode ser considerado até um daqueles sketchs dos "gatos", só para provocar uns sorrisos e concluirmos da ignorância de quem o diz, mas não vou ser tão taxativo. O tempo é um vácuo, com dimensões diferentes, sem dimensão nenhuma, ou de infinita dimensão, como que um buraco negro, que cada um preenche a seu bel prazer ou sem prazer nenhum, conforme nos conseguimos ou não libertar...
O tempo é uma construção do homem, uma forma que alguém inventou para nos escravizar. E como construção do homem não é uma verdade absoluta e se não pode ser verdade absoluta, podem deixar-me entender que será uma relativa mentira...
É, o "tempo" (o que dizem existir) apenas nos condiciona, nos transforma e nos mata. Condiciona porque nos obriga a trabalhar quando está bom tempo e a descansar quando está mau tempo. Transforma porque começamos a ficar com cabelos brancos e nem demos pelo tempo passar. Mata-nos porque quando morremos com mais de 90 anos, todos dizem que "já não era sem tempo". É tempo de preenchermos bem aqueles espaços de "tempo". Ok, há sempre gente que "não tem tempo nenhum", assim como quem "não tem dinheiro nenhum"... mas aqui há uma diferença substancial, ou talvez não, porque os americanos costumam dizer que "time is money"... mas não conseguem cotá-lo na bolsa. Embora digam que o trabalhador recebe à hora, para justificarem a existência do tempo, ele recebe pelo trabalho que executa e todos sabem que meia hora de trabalho é uma hora de facturação...
E quando um amigo se reforma e nos diz que "agora tenho todo o tempo do mundo" e fica com menos dinheiro no fim do mês, estará a querer dizer que o tempo é inversamente proporcional ao nosso dinheiro? poderemos concluir que um gajo rico não tem tempo nenhum? mas isso só vem confirmar que se o tempo existisse, qualquer rico também tinha, não é? logo...
A propósito, que horas são?

O CÉU EXISTE, SIM!

A lua te recordará
a branca noite
em que ela se despiu
e vermelha
se fez cumplice
do nosso amor.

O rio te lembrará
nosso costume
de caminhar nas tardes
até o horizonte,
pois que o rio
também é cumplice
dos namorados distantes.

E quando vires, amor,
num vão de céu
uma estrela
tu não chorarás
porque, então,
aprenderás o meu caminho.

MCR

("há-de brilhar, uma estrela no céu, cada vez que ocê chorar")
"Quanta"
Gilberto Gil

segunda-feira, 23 de abril de 2007

BARREIRAS...


Sinto
que oiço lengo-lengo
misturado na rotina,
perdido por um lamento,
achado como um tormento,
coca, ópio, heroína...

Penso
que há coisa melhor
para dar calor à vida...
paz, cultura, muito amor
que faça esquecer a dor,
renove a paixão perdida.

Minto
quando digo que gosto
do que mais nada me diz...
em muitas coisas aposto,
noutras ajo a contragosto,
mas... só quero ser feliz!

domingo, 22 de abril de 2007

QUANTO MAIS SE MEXE...

- Olha, meu amigo, já o meu avô dizia que "quanto mais se mexe na porcaria, pior ela cheira" e salvo um ou outro ditado popular, a conclusão é essa mesma, quase diria que a "conclusão é conclusiva".
- Mas nós estavamos a falar daquela treta das comemorações pró e anti salazarentas, que irão ocorrer quando o homem fizer anos...
- Então o Salazar ainda faz anos?
- Faz anos que nasceu, faz anos que governou, faz anos que caiu da cadeira, faz anos que mandou meter pessoal na cadeia (alguns, se calhar...) e faz anos que morreu... agora é só escolher a data que dá mais jeito e ala na excursão dar "vivas à Cristina".
- E estamos a falar disso, porque a TV noticiou que dois grupos de "matarruanos", se preparavam para promover uma "dialética" junto à cova de Salazar...
- Então se não noticiasse, achavas que nem uns nem outros lá iam?
- Provavelmente... mas não os acho tão inteligentes assim. Talvez fossem, mas quando reparassem que não havia TV, bebiam umas cervejas, urravam um pouco e desapareciam com o rabo entre as pernas.
- Não acho que fosse tão simples como tu dizes...
- Não? é porque não te lembras dos toiros de Barrancos... enquanto lá foi a TV eram 20.000 e agora são os da terra e pouco mais.
- E em Santa Comba não estão todos a caminho do cemitério?
- Já faltam poucos... liga aí a televisão, para ver as notícias do Salazar.

sábado, 21 de abril de 2007

ESP(H)ERANÇA


Na maré cheia de novas descobertas,
por entre o exercício de geometria,
contornando os medos, com alegria
vi aquele belo rosto de menina,
como oásis em areia fina,
pintando lindas imagens, despertas.

Esta maré, nada a fará parar
e as ondas que a vida nos reserva,
far-te-ão forte, e muito certa
a escolha que farás em cada hora,
construindo com muita luta, embora,
o universo que desejas para amar.

E um dia, olhando o que vivido
nos deu aquilo que somos,
químico do que sempre fomos,
poderás sentir sem medo algum,
em todos os lados e nenhum
o fruto de um amor adquirido.

PALAVRAS

Palavras... oceano de letras que se une
e em cada onda se desfaz.
Dizem o que dizem, valem o que valem...
assim como explicar o mundo, a guerra, a paz,
a solidão, o amor, a felicidade,
com sinais que no silêncio se evadem.

sexta-feira, 20 de abril de 2007

AS COISAS ESTÃO COMPLICADAS...

- Não achas que a situação está a ficar um pouco complicada? todos os dias aparecem factos, alguns tão singulares, que não conseguimos ter com eles um juízo "chiclete, mastiga e deita fora"... ficam cá dentro a brigar connosco...
- É mesmo, já me tem acontecido... ouviste aquela do pai que foi condenado a 1.600 euros de multa porque bateu no filho, só porque ele faltava às aulas?
- Palerma...
- O pai?
- Estava a falar da juíza...
- ahhh... mas também não se deve bater nos miúdos. Sei lá, o rapaz não queria ir às aulas, estudar dava-lhe sono, os amigos se calhar também não íam e agora ter estudos ou não ter é igual, fica tudo desempregado. As lojas não têm ninguém, mas vender droga tem sempre clientes... um dia destes até pode ser que vejas o puto a andar de porshe e o pai a dar serventia. Daqui por uns anos, já lava dinheiro e compra um desses diplomas...
- Palerma...
- O miúdo?
- Estava a falar da juíza...
- Vê lá, o velho a dar porrada no miúdo só porque falta à escola... agora tem de trabalhar 3 meses para pagar a multa, vestir o miúdo e cair com a semanada, que o jovem não quer estudar, mas quer ir à discoteca aos sábados... e a mãe a fazer-lhe o comer...
- Palerma...
- A mãe?
- Estava a falar da juíza!!!

quinta-feira, 19 de abril de 2007

INSTANTES


Enquanto vivermos, viveremos a tentar
os instantes felizes que passarmos junto ao mar...
E quando morrermos, voltaremos a buscar
os instantes felizes que vivemos junto ao mar.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

TODOS DIFERENTES E... BEM DIFERENTES!

Na verdade todos somos diferentes e não gostamos nada de igualdades. Uma amiga minha já deixou de vestir umas roupas muito giras porque encontrou uma amiga com a mesma roupa, o que até poderia levar as pessoas a fazê-las gémeas. A propósito de gémeos, é muito giro vesti-los por igual quando são pequenos, mas conforme crescem até deixam de achar piada à coisa. Então essa do “todos diferentes, todos iguais” não me soa muito bem e talvez o “todos iguais, todos diferentes” fosse melhor.
Quando essa treta da “Introdução Política e Administrativa da Nação” era ministrada aos jovens durante o Estado Novo, e eu andei por lá, os professores tinham o hábito de passar como cão por vinha vindimada, pelo capítulo do socialismo, mas a curiosidade levou-me a ler umas coisas e daí a descoberta de algumas pérolas, tais como:
Socialismo – organização social onde “a cada um conforme as suas capacidades”
Não confundir com a outra definição que procurávamos, também por curiosidade:
Comunismo – organização social onde “a cada um conforme as suas necessidades”.
Não sei porquê, lembrei-me agora da outra bem conhecida de “venha a nós o vosso reino”, que concerteza está a ser implementada à força toda por este governo do senhor engenheiro José Sócrates ( quem o dera que o fosse, mas ainda pode vir a sê-lo). Mas voltando à vaca fria, ou melhor, às diferenças, elas existem e ainda bem. O problema é a valorização da diferença que não tem nada a ver com a desvalorização de aspectos que têm tudo a ver.
Então não temos todos os dias exemplos de pessoas extraordinárias em todas as culturas, credos, cores e géneros? E pessoal imbecil em cada um destes grupos, não temos também, ainda com mais fartura? Então se o problema é arranjar um bode expiatório temos de ir arranjá-lo noutros parâmetros, porque com estes não chegamos a lado nenhum. Que tal discriminarmos, se é que temos de o fazer, com a educação (não estou a falar em instrução, que é outra coisa bem diferente), a higiene, o cumprimento das regras de trânsito, o deitar lixo e cuspir para o chão, o comprar e não pagar (a “palavra de honra”, não é?)… o que é que acham?
Talvez alguns dos “apanhados” mudassem de cor.

terça-feira, 17 de abril de 2007

LIBERDADE


Que atitudes? que valores?
quem sou eu para julgar?
de estar bem com meus amores
gosto de estar... de bem estar.

Em cada dia que passa,
sinto estar bem melhor
olhando além da vidraça,
construindo o meu amor.

No nevoeiro cinzento,
esperando uma mensagem
que devolva o brilho imenso,
que me dará nova imagem.

O silêncio, o mar calmo,
prescutando sons e cantos,
os deuses louvando em salmo
tempos felizes, instantes.

Procuro nesta paixão
algo que tudo mova,
na palma da minha mão
o prazer que se renova.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

POBREZA NUNCA MAIS!

De facto já alguém muito mais sábio que eu, como se eu fosse sábio qualquer coisinha, dizia para quem o queria ouvir que "abençoados os pobres de espírito porque deles é o reino dos céus". Bem, esta referência monárquica terá de ser adaptada aos republicanos, tribalistas (não os da música, que esses são muito bons) e outros que se governam de outra maneira qualquer, mas voltando aos pobres de espírito, eram e são esses mesmos , os portadores do bilhete de entrada no reino dos céus. Nem uma referência aos pobres de facto, aqueles 2.500 milhões que conseguem viver com menos de 2 dólares por dia, a esse número gigantesco que dava para encher de gente 250 (duzentos e cinquenta) países como Portugal. Tudo isto segundo o jornal de hoje e com algumas reservas porque os jornais às vezes confundem milhares com milhões e colocam vírgulas onde não existem. Mas deve ser isso mesmo, 2.500.000.000 de pobres num total de 6.000.000.000 que por cá andam, ou seja um pouco mais de 40% da população mundial e como uma desgraça nunca vem só, o dólar tem estado a desvalorizar nos últimos tempos, o que deve transformar os pobres em miseráveis nas estatísticas do próximo ano. Esquecem-se os peritos da ONU, da FAO, da COCA , da COLA CAO e etc e tal de contabilizar aqueles desgraçados que com mais de 2 (dois) dolares por dia, conseguem chegar ao final do mês com saldo negativo, porque embora ganhem mais uns cobres, são aliciados com o reino dos céus todos os dias através da televisão, dos jornais, dos folhetos de promoção das caixas de correio, dos telefonemas a prometer o paraíso (a estância de turismo do "reino dos céus") e de uns postais muito divertidos que uns quantos nos mandam para não nos esquecermos de pagar o imposto sobre a casa que pagamos, o selo do carro, a inspecção, a revisão, o IRS, a Segurança Social, as propinas dos miúdos, a prestação do empréstimo, o PPR (mais vale prevenir, não é?), a farmácia...
Ainda bem que só os pobres de espírito têm entrada garantida no reino dos céus, porque se fossem todos os pobres... não cabiam lá dentro.

domingo, 15 de abril de 2007

GNOMO




Aquele descontraído olhar,
próprio de quem tem a solução
para os diferentes problemas da razão,
transmite a enorme confiança
de como encarar a realidade e a esperança,
no mar que tem aí p`ra navegar.

Irá encontrar o oceano em turbilhão,
saberá passar por ele, creio bem,
usará a letra H como ninguém.
Dias haverá em que a humildade
o fará pedir um conselho, na verdade,
para melhor cumprir sua paixão.

Será bom que, no fim da estrada,
se lembre de uma vida preenchida,
em cada momento devida
a si mesmo e a todos quantos
lhe ofereceram mil encantos
e... uma família adorada.

sábado, 14 de abril de 2007

PERDER É MUITO CHATO!


Perder é mesmo aborrecido, mas não é nenhuma perda, ou seja, o acto de perder pressupõe que houve um desafio que se jogou e... perdeu, mas só isso. Todos percebem que há mais desafios e batalhas pela frente que estão à nossa espera, para serem vencidas e perdidas, porque a vida não é só uma destas coisas. Alguém me dizia que nunca se vence sempre, nem se perde sempre (embora alguns nos queiram fazer pensar que não é assim).

Tudo isto a propósito de um encontro de judo a que tive o prazer de assistir, porque um amigo meu, o João, tinha lá o filho a participar e me telefonou se não tinha uns minutos para presenciar o encontro, muito embora eu pense que me convidou para ver o Raul, o filho dele, a fazer umas projecções e imobilizações aos amigos da sua idade.

Depois de uma derrota inicial, o Raul (e o João, que também lutava por fora, com a Canon digital de não sei quantos megapixels) venceram o segundo combate, que deixou os pais felizes da vida. Perde-se e ganha-se e molda-se a personalidade dos miúdos, no contacto e na relação que se estabelece. Lembrei agora o ministro Sarmento, com quem não simpatizava até ele dizer numa entrevista que, quando era novo tinha sido "boxeur". Fiquei com boa imagem do homem, e olhava para ele como quem já tinha levado uns murros na cabeça e tinha chegado a ministro... e para lá continuar sujeitou-se a encaixar mais uns quantos, estes agora figurados, claro.

Acho até que deveria ser feito um levantamento, no sentido de saber quantos jovens "utentes" dos serviços prisionais, entre os 18 e os 25 anos nunca praticaram desporto federado. Poderíamos chegar a conclusões muito interessantes.

A perda, sim, aquela que leva a que alguém se perca, essa é que tem de ser combatida e vencida por todos, em casa, na escola e na sociedade.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

PROMESSA

Também
este meu poema
pode ficar bloqueado
um dia, em qualquer lugar...

Pode ser morto,
enterrado,
mas será p`ra recordar.

Falará do sofrimento
de quem vive uma paixão
que não consegue apagar.

Falará também do sol
na festa do ser humano,
de tudo o que é verde e lindo
para lá do oceano...

Terá sempre um chamamento,
uma notícia, um recado,
um sinal p`ra despertar.

Também
este meu poema
pode ficar bloqueado
um dia, em qualquer lugar.

Podem torcer-lhe as palavras
até que elas transpirem
e fazê-las confessar...

Mas morto este poema
continuarei a ouvir a tua voz clandestina
e... nem morte, nem prisão
calarão a melodia
que ouvirei dia a dia
entoando esta paixão!

quarta-feira, 11 de abril de 2007

E SE OS POBRES DESAPARECESSEM?



O sonho é normalmente incontrolável e aí tudo é possível, mas ele nunca vem do nada. O sonho é, creio, a nuvem que se forma na experiência do dia a dia, tornando-nos participantes activos de "estórias" que nos fazem sorrir ou de desgraças que nos incomodam.
Mas o meu último sonho trouxe-me novidades e se a ideia até era muito interessante e positiva, acabou por se tornar mais um obstáculo à felicidade. Então não é que sonhei que o "governo" (nem sei se era este ou outro qualquer, não consegui identificar) tinha conseguido fazer promulgar um decreto-lei que acabava com a pobreza? que coisa boa, de um dia para o outro tinham disponibilizado verbas enormes e viam-se crescer nas cidades urbanizações espectaculares para alojar todas essas famílias necessitadas, escolas novas para os filhos da miséria, as roupas sujas queimadas em fogueiras enormes e substituídas por novas. Houve até alguns remediados que se infiltraram nas filas de pobres, mas foram detectados e denunciados, por tentativa de aproveitamento ilícito. Era vê-los bem lavados, escanhoados, vestidos em conformidade com as profissões para que entretanto tinham recebido formação. As pessoas das classes média, média alta e alta, assistiam a tudo isto e declaravam em voz alta nas entrevistas de rua que não se importavam de pagar mais do que os 75% de IRS que o governo cobrava, porque sentiam que iam poupar com muitas despesas.
- Já viu que agora, sem pobres, miseráveis e outros marginais, não temos necessidade de polícia, assistentes sociais, médicos, enfermeiros, psicólogos, comissões de protecção de jovens em risco, associações de apoio à pobreza, banco alimentar contra a fome, carrinhas da sopa, exército da salvação e outros? Para não falar da redução de despesas com empresas de segurança, fechaduras ultra-seguras, apólices de seguro contra roubos, peditórios nos semáforos e campanhas de solidariedade...
- Pois, a situação iria piorar para esses milhares de profissionais, que, sem trabalho iriam cair na pobreza, provavelmente...
Na verdade até custa acabar com a pobreza quando pensamos nos problemas que iria causar a quem vive... da pobreza.

AMANHECER


Meus olhos foram papoilas
de tristeza e amargura
quando partiste voando,
tarde clara, noite escura.

Recolhi a alegria
de uma flor de nós dois,
construída dia a dia,
antes, agora, depois...

Quero lutar, mas sozinho
não chego, não tenho altura...
preciso de ti, meu amor
para, apesar de alguma dor,
tornar clara a noite escura.

terça-feira, 10 de abril de 2007

E PORQUÊ ELES?




Já por várias vezes pensei que ninguém gosta de fazer filhos em mulher alheia, embora cada um seja como cada qual e uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa..., ou seja ninguém gostar talvez seja um exagero, mas não serve esta crónica para especificar. Estamos a falar de generalidades, claro, e tudo isto serve para teclar sobre um tema que não tem nada a ver...

Só queríamos falar do jogo das multidões. Não, não é de futebol que falamos, mas do "euromilhões" que serve de aconchego a milhões de sonhos cor de rosa e de uma realidade a alguns poucos felizardos. Eu que me dou bem com tanta gente, nunca vi um amigo feliz com a taluda do "euromilhões", o que me leva a pensar que tem saído bem longe da minha comunidade. E afinal que lucramos nós, comunidade, com os lucros desse interessante jogo que nos faz sonhar mais que uma ou outra paixão? Quase nada.

Sei que aqueles lucros fabulosos vão em gorda percentagem para a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que os gasta na quase totalidade com ATLs, creches, jardins de infância, escolas, escolinhas, centros de recuperação, oficinas e concerteza alguns serviços de "enquadramento social" para os processos que vão aparecendo nos tribunais... na cidade de LISBOA!

Então e a minha pequena comunidade, que joga todas as semanas neste "euromilhões" da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa... não recebe nada? E o que se poderia fazer para contornar a situação? Talvez um "concelhomilhares", com prémios mais pequenos, é certo, mas que todas as semanas tornassem relativamente felizes os jogadores de cada concelho e onde os lucros fossem distribuídos pelas instituições sociais desse mesmo concelho. A certeza de que cada apostador estaria a contribuir para a comunidade de que faz parte, seria um incentivo ao desenvolvimento de cada uma das comunidades deste país, que gosta de jogar. Mas quem tem força para pôr fim a mais este monopólio do jogo social que é a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa? Este governo e os outros, que vão nomeando, com o dinheiro do jogo, os presidentes da Santa Casa, com mordomias iguais às dos administradores dos bancos, não vão concerteza acabar a mama.

Vai uma apostinha?

domingo, 8 de abril de 2007

REGRESSO

A ti regresso, anjo, ao sabor forte
do sal que o vento traz à minha boca,
à tua claridade, essa paixão
de uma vida cheia, de verão,
sabendo, embora, que a vida é pouca.

A ti regresso, anjo, corpo esculpido,
ao teu poder de paz e eternidade,
ao teu enorme desejo, acorrentado,
de uma energia feminina contornado,
força que luta e pede liberdade.

A ti regresso, anjo, como quem sabe
da tua solidão tirar proveito,
e antes que esta vida se acabe
de todo o ar que a terra abarque,
em amor tornado, encherei o peito.

sábado, 7 de abril de 2007

ESTUDAR SIM, CLARO!

- Sempre achei e você sabe, que o estudo é fundamental. Sem ele a sociedade não evoluía e entrariamos novamente na idade das trevas.
- Papá, você acredita mesmo? é que não sei, não... é lógico que tudo deveria girar no conhecimento, na capacidade de achar novos mecanismos de desenvolvimento, mas...
- Meu filho, não tenha dúvida, sem um estudo aprofundado você nunca será ninguém na vida. Olhe para mim, professor e para sua mãe, escritora e veja todo o nosso percurso de vida, buscando sempre o ponto de contacto entre a felicidade, a nossa e a dos outros.
- Pois... eu não duvido, mas falando de carro, já levou o carro à revisão?
- Aguarde até final do mês que a situação não está muito favorável.
- Já ouviu as notícias? um "médico" foi preso porque exercia sem formação. Já outro dia eu ouvi que um "advogado" até defendeu causas sem ter o curso de direito, mas esse não foi preso... talvez soubesse da forma mais certa de fugir à prisão.
- Sim, também sei disso... até um jovem treinador de futebol que treina muito bem, dizem, mas não tem formação. Não foi preso e até continua treinando.
- Pai, você continua a acreditar que o estudo...
- Você não vai querer justificar que o estudo é desnecessário por causa de dois ou três casos, certo? ou tá justificando a sua própria ignorância?
- Não, não, mas lembra do electricista que foi ministro da saúde e agora é administrador de um banco? e daquele que você disse ser um cábula ignorante, seu antigo aluno, e hoje é humorista com pouca piada e com programa de tv?
- Filho, você está confundindo as coisas, o princípio de todas as coisas é como eu digo, o estudo. A sociedade só evolui com bons estudantes e profissionais competentes.
- Pai, você sabe que eu posso ser primeiro-ministro sem qualquer curso?
- Caramba, lá está você a querer levar a sua avante... vá para o quarto estudar!

sexta-feira, 6 de abril de 2007

JUÍZOS

A TAL AVALIAÇÃO, OU A AVALIAÇÃO E TAL...

Não mexam na minha avaliação!
é o grito que faço ecoar em meu redor
quando está em causa a minha liberdade...
o juízo que, complexo, me dá saudade
do tudo e do nada que é o amor.

Não mexam na minha avaliação!
quando avalio é tudo perfeito, perfeitamente,
feito de esquemas complexos, eruditos,
cortados, amassados, feitos em fanicos
e depois apurados... naturalmente!

quinta-feira, 5 de abril de 2007

AS PRENDAS

AS MEIAS DE LÃ

-Você nunca deve ter reparado, mas aquela treta de "nascer do pó e em pó desaparecer" tem o seu lado de verdade...
- É. Mas tem outra coisa bem mais certa, você começa e acaba com meia de lã.
- Como assim? meia de lã, acho que só no inverno para atenuar o frio.
- Antes de nascer tem sempre a mãe ou a avó fazendo meiinha de lã, seja verão ou inverno, você leva com meia rosa ou azul, conforme o género. Depois você troca de cor conforme lhe apeteça, que não tem mal...
- É, não tinha lembrado. E depois?
- Depois vai recebendo outras prendas... a bola de futebol aos 5, a tshirt do Che aos 15, os ténis da nike aos 18, o Omega aos 22, a gravata aos 25, a camisa aos 30, o lenço aos 40, o pijama aos 50...
- É, você acha que é um caminho sem retorno?
- Bem, a meio do caminho pode ter umas cambiantes, sei lá, você depois do lenço já não volta aos ténis, não, mas pode receber um chapéu de chuva, o que é um bom indicador...
- Chapéu de chuva é prenda?
- Não é prenda boa, mas indica que ainda acham você em condições de sair, mesmo com chuva.
- Ninguém dá chapéu de chuva a quem não pode mexer-se, né? E aos 50 não vamos fugir do pijama?
- Podemos adiar por uns tempos, mas você veja, não vai receber gravata nova se não tiver um novo caso e mesmo aí, não sei não... poderá aparecer um perfume, um desodorizante, um anel, mas ía dar nas vistas... o pijama pode ser acompanhado pelo robe, pois dos 50 aos 60 não vai precisar de tantos pijamas.
- Ok. Depois os 60...
- A coisa começa a ficar ruim. Você já começa a ficar sentado no sofá demasiado tempo, o jornal é companhia obrigatória, vai acenando com a cabeça a cada um que sai para jantar com os amigos... é o tempo da pantufa.
- Caramba, como o tempo passa...
- A partir daí não tem volta a dar, caminha para um final mais ou menos feliz, caso a audição se mantenha nos mínimos, o alzheimer não tenha reparado em si e o coração balance nas 60 por minuto.
- Aos 70 tem meia?
- Tem sim, mas não é obrigatório que seja de lã. Aí tem nuances, você mexe-se, levanta-se sem ajuda, trata-se e continua com apetite? leva meia de polyester.
- E depois, voltamos sempre ao fundo da questão, ao princípio de todas as coisas... às meias de lã?
- É mesmo... aos 80, quer queiramos quer não, o ciclo fecha-se com a prenda de um parzinho de meias de lã, daquelas que só se usam com as pantufas e o robe, vai ver que eles até vão tentar jogar as cores das meias com o resto da roupa.
Seu rosto foi-se fechando, tal qual a chuva que caía nesse final de tarde...
- Quantos anos você tem?
- E o que é que isso importa?

quarta-feira, 4 de abril de 2007

DESCOBERTA



Descubro entre a neblina

sombras, partículas de ti,

distância que determina

amor enquanto medida

do tempo que não vivi.



Nas águas azuis e brancas

da onda que traz imagens,

teu cabelo, tuas franjas,

teus seios como laranjas,

teu corpo por entre margens.




Ouvir tua voz, sereia,

acentuar o encanto

dos teus pés em branca areia,

do teu corpo que passeia

minha paixão, tanto, tanto!


Navegar em claro sonho,

sabendo que riscos cumpro,

descobrindo um ar risonho

que em nave linda reponho

no oceano do mundo!



terça-feira, 3 de abril de 2007

O ENIGMA DO "QUADRADO DE OURO"

- Você pode ganhar, a partir do fim do mês, 117.850 euros (será com IVA incluído?)!
- Mas olhe que é muita massa, ora deixa ver... 24 anos de salários mínimos a trabalhar no duro! caramba!
- Você só precisa resolver o enigma do "quadrado de ouro" e como vê nas páginas inteiras da revista do LIDL, não há nada mais fácil.
Mais uma volta e um suspiro profundo deixam-no extasiado, completamente nas nuvens...
- Sabe, eu não estou muito bem esclarecido, dizem-me que tenho de descobrir umas palavras, aquilo até parece uma charada dos livros de passatempos que se compram nos quiosques, para fazer nos tempos livres, quando os há...
- Pois não tem nada que saber, você tem de descobrir as palavras dinheiro, sorte, felicidade, totoloto, jogo, amor, herança, lotaria, milhão, euros, sublinha cada uma e envia para a Maria Duval... e espera que lhe mandem aquela batelada de euros.
- Eh pá, tô a achar isto tão fácil... nem sei como é que ainda há uns gajos, como eu, a acartar baldes de massa para receberem, quando recebem, 400 euros...
- É porque não lêem as revistas, isto vem em quase todas e se não valesse o negócio, acha que a Maria do Vale, perdão Duval, ainda continuava com este dom divino, a pagar publicidade?
Mais outra volta e outro suspiro profundo. Este vai ser o negócio da sua vida, afinal sempre ouviu dizer que há horas felizes...
E assim foi, descobriu as palavras (acho que este anúncio não está actualizado, faltam-lhe algumas palavras, como euromilhões, mourinho, diamantes, ronaldo, abramovich, iates, aviões...), enviou para a Isabel Queiroz do Vale, perdão Maria Duval e agora é só esperar o fim do mês.
Entretanto vai dando mais umas voltas e uns suspiros até que o despertador o obrigue a ir trabalhar, que os 403 euros só os recebe no fim do mês.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

REGISTOS

Grelhas, relatórios, testes, exercícios...
a análise do eu de cada um de nós,
catalogando ácidos, genes, sangue, pós
e registando aquilo que iremos ser...
condicionando o que achamos poder viver
mesmo que na vida incluamos alguns vícios.

GRANDE EDGAR

- Lembra-se de mim?
Você não está a lembrar-se dele, consulta nas fichas armazenadas na memória o rosto e o nome dele e não encontra. Tem três hipóteses, a primeira é a mais racional e menos agradável.
- Não
A segunda é um meio termo.
- Não me diga. Você é o... o...
Aqui você conta com a piedade dele e sabe que mais cedo ou mais tarde ele vai dizer o nome.
A terceira hipótese é a menos racional e recomendável, a que leva à tragédia e à ruína.
- Claro que me lembro de você.
Agora já não há como recuar, pulou para o abismo e seja o que Deus quiser.
-Há quanto tempo...
- Pois é.
- Como tem passado?
- Bem, bem...
-Pensei que não me reconhecia...
- Que é isso? eu ia esquecer-me de você?
- As pessoas mudam, sei lá.
- Que ideia.
(É o Ademar. Não, o Ademar já morreu. Será o Resende, o da perna de pau? você pode chutá-lo amigavelmente... e se acertar na perna boa? "Que saudade" e chuta na outra)
-Você tem visto alguém da velha turma?
- Só o Pontes.
-Velho Pontes.
- Lembra do Craoré?
-Velho Craoré.
(Você não conhece nem Pontes nem Craoré. É inútil, as pistas não ajudam nada).
- Sabe que a Ritinha casou?
- Com quem?
- Com o Bituca. Você lembra dele?
- Claro. Velho Mutuca.
- Bituca.
- Isso. Velho Bituca. E vocês nem me avisaram...
- Perdi os contactos...
- Mas meu nome está na lista, era só dar um telefonema, mandar um convite.
- Desculpe Edgar.
- Não desculpo, não.
(Edgar. Ele chamou você de Edgar. Você não se chama Edgar. Ele também não tem a mínima ideia de quem você é. Aproveita, que ele está na defensiva, olha o relógio e diz "epá, já?"
- Bom, tenho de ir. Foi bom ver você.
- Certo Edgar e desculpe...
- O que é isso. Precisamos de nos ver mais vezes.
- Reunir a velha turma.
- Certo.
Você ainda o ouve na esquina a dizer "Grande Edgar", mas jura que é a última vez.
Na próxima que alguém perguntar "lembra-se de mim?", nem responderá "não". Sairá dali correndo.