segunda-feira, 27 de abril de 2009

A INVENÇÂO DA LOUCURA

Quando nasce, um doido é uma criança
Inventada pelas nuvens, impensada
Uma bola jogada, uma nave que dança
No céu cinzento à espera do nada.
O doido que nasce, pura lembrança
Do amor da palavra desajeitada
Da deusa que escolhe e nunca alcança.
O doido que sou e ama a madrugada
Liberta, disperso, o amor tão louco
Estrangula a poesia de tão apertada,
Desfaz em palavras tudo, por um pouco
E constrói de forma perfeita uma estrada
Que nos transforma em deuses… um sufoco!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

ORA TOMA QUE É LUXO!

Ando um pouco atarefado, o que de certa forma compensa uns dias de descanso que usufruí na Catalunha, porque nesta vida chega sempre a hora de dar, antes ou depois de receber... e nem queiram saber porque razão um professor deixa os seus tempos livres, sábados, domingos e feriados, sem qualquer remuneraçãozinha extra ou subsídio, para proporcionar um intercâmbio desportivo, social e cultural entre jovens de diferentes países, como foi o caso do intercâmbio que realizamos na Catalunha com malta de Portugal, Espanha e Alemanha e que vamos realizar nesta pequena vila de Alcanena, o tal interior de um dos mais pobres países da Europa desenvolvida, segundo os critérios mais que comprovados de uma qualquer comissão com sede em Bruxelas.
A propósito, o meu colega Miguel realizou esta semana um intercâmbio desportivo com a Escola Sebastião da Gama, de Oeiras, uma cidade mais que desenvolvida da zona metropolitana de Lisboa e no final constatamos que os jovens de Oeiras ficaram positivamente surpreendidos com as condições da nossa escola e da vila que visitaram... são excelentes pavilhões em Alcanena e um ginásio dos anos 50 em Oeiras, é uma pista de atletismo de tartan em contraponto com uma "rua" de alcatrão onde fazem corridas e saltos, são piscinas cobertas onde os jovens da província têm as aulas de natação em contraste com a possibilidade de um mergulho na praia de Oeiras nas últimas aulas do ano... é uma visão diferente que se ganha quando somos confrontados com a realidade que desconhecíamos, pelo que todo o trabalho de preparação, realização e conclusão do intercâmbio é o prémio que o Miguel mereceu e recebeu dos colegas e da comunidade escolar, assim como o fazem milhares de professores por esse país, sem que o Ministério da Educação, preveja por tudo isso de um pontinho mais na avaliação pedagógica dos professores.
Mas voltando à "vaca fria" comecei a mexer os cordelinhos para que a parte cultural do intercâmbio ficasse preenchida quando os jovens catalães nos visitarem, vai daí contactei o CCB (Centro Cultural de Belém) e...
- ... sim, sim, 30 jovens mais professores, quanto custa?
- é gratuito, temos muito gosto em vos receber...
Contactei também o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém...
- sim, sim... e quanto custa?
- é gratuito, temos muito gosto em vos receber...
E que tal uma visita ao Porto, afinal os nossos amigos vêm de avião por lá... talvez o Palácio da Bolsa...
- ... sim, sim... e quanto custa?
- é gratuito, temos muito gosto em vos receber...
Pensei então nas Caves do Vinho do Porto em Gaia e liguei...
- ... sim, sim... e quanto custa?
- é gratuito, temos muito gosto em vos receber...
Depois de tudo isto lembrei-me do Estádio do Dragão, até porque o futebol está na ordem do dia, toda a gente gosta da bola, são jovens...
- ... sim, sim, são 30 jovens e 3 professores... e quanto custa?
- sabe, às 4ªs feiras não há visitas, mas aqui o meu colega está a informar que por especial favor pode realizar-se a visita e são apenas 7 (sete) euros por pessoa.
- obrigado e desculpe a maçada, mas provavelmente não vamos ter tempo de fazer a visita... fica para outra ocasião.
E fiquemos por aqui, façam o favor de "descobrir as diferenças", como se fazia com aqueles bonecos, quase iguais, que eram publicados no "Diário Popular".

segunda-feira, 20 de abril de 2009

PALAMÓS 2ª EDIÇÃO




Pela segunda vez o IES de Palamós/Catalunha e a ES de Alcanena levaram a efeito um intercâmbio escolar capaz de proporcionar um desenvolvimento pessoal e relacional, entre jovens de diversos países, levando-os a conhecer outras realidades sociais e desportivas, no caso em apreço.
Josep Blasco é um colega professor de Ciências que de há uns anos a esta parte tomou nos seus ombros a responsabilidade de construir um clube desportivo, representante do Instituto de Estudos Secundários de Palamós, escola onde estudam e praticam várias modalidades em tempos extra-curriculares várias centenas de alunos, onde o corfebol é considerado o desporto ideal, pela característica muito própria de englobar equipas mistas, tendo conquistado nos ultimos anos vários títulos da Catalunha, uma região de Espanha com características próprias e uma língua própria bem definida em relação ao castelhano.
Também o badminton revelou excelentes jogadores, alguns deles campeões de Espanha em vários escalões etários.
Os jovens portugueses revelaram qualidades tanto na parte cultural como desportiva, em competição com jovens espanhóis (IES Palamós e IES Montgri) e alemães (DJK Rheda), conquistando o 1º lugar na modalidade de futebol de 7 (3 vitórias), o 3º lugar em Corfebol, Basquetebol e Badminton, bem como o 1º lugar individual na modalidade de Ténis de Mesa.
O intercâmbio com o IES de Palamós/Catalunha incluiu ainda uma visita à cidade de Barcelona, bem como a assistência ao Circuito Renault Series de Barcelona onde estiveram presentes cerca de 90.000 espectadores e a troca de experiências entre as várias comitivas presentes.
Dentro de dez dias será a vez de recebermos em Alcanena e na Escola Secundária a comitiva catalã, composta por vinte alunos e professores, facto que acontece pela segunda vez na nossa vila, depois do intercambio de 2007, iniciativa que tem o apoio da Câmara Municipal de Alcanena e de uma dezena de empresas do concelho.
Está em elaboração um projecto de intercâmbio, no âmbito do programa "Comenius", apoiado pela União Europeia, com escolas da Turquia, Alemanha, Espanha e Portugal (Alcanena), sabendo-se, por experiências anteriores, da dificuldade de concretização de projectos desta natureza, mas as escolas envolvidas acreditam na qualidade das acções a levar a cabo.
Os professores envolvidos no projecto de intercâmbio desenvolveram todas as acções necessárias, viagens, alojamento, deslocações, visitas de estudo, actividades desportivas e alimentação, fora dos seus tempos lectivos, ao longo de vários meses, sacrificando até fins de semana, para centrar a sua acção no desenvolvimento integral dos seus jovens alunos.
E porquê realçar tudo isto num momento em que os professores são confrontados com uma avaliação que contempla da mesma forma um intercâmbio internacional de uma semana com uma visita de estudo a uma central de tratamento de lixo, com partida pela manhã e regresso à hora de almoço? Ah, já me esquecia, os professores não receberam qualquer verba para compensação das 120 horas de trabalho que durante uma semana, de dia e de noite dispenderam para o desenvolvimento integral dos jovens. Esperemos que a parte que nos cabe na recepção dos jovens catalães, esteja à altura do bom acolhimento que nos prestaram e para isso o apoio dos pais e encarregados de educação é fundamental.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

OS RAPAZES...

Acho que todos temos um dia ruim na vida, eu até acho que são mais, mas não tenho a certeza, assim como não penso que sejam só as pessoas, mas também as instituições, algumas até declaradamente de utilidade pública, como é o caso do Benfica que pode e deve instituir o dia 11 de Abril o seu "dia negro", pois segundo informação adicional do comentador do jogo com a Académica, já tinha perdido com esse simpático clube coimbrão no mesmo dia de Abril de 2008.


Nos jornais encontro todos os dias notícias que me demonstram haver jornalistas com muitos momentos menos bons, ou então tiraram cursos sem sequer aprenderem a fazer uma redacção de vez em quando... redação, desculpem, ainda não estou sintonizado com o novo acordo ortográfico. Nos jornais existiam profissionais que lá entravam apenas porque os escritos que enviavam para o chefe de redação não continham erros, tinham a pontuação no sítio certo e se propunham para correspondentes na localidade onde residiam, umas vezes como redatores desportivos, outras como correspondentes de vida social, com a última e muito promissora vantagem de serem jovens e bem vistos no meio social de que faziam parte. Após uns anos de "universidade correspondente" e apenas quando um dos dinossauros se reformava ou morria, eram convidados a ir até ao Bairro Alto, onde todos os jornais tinham a sua estrutura.
Era interessante verificar que uma boa parte dos jornalistas tinha um pseudónimo que lhes permitia escrever livros, romances, crónicas, o que calhasse, sem que o chefe de redação soubesse disso, ao contrário dos dias de hoje em que quase todos os jornalistas escrevem livros com o nome por extenso na capa, de preferência com muitas folhas, um prefácio do eminente professor Marcelo e normalmente acompanhados por um "produtor" tipo João Malheiro, que fica sempre na mesa para desvendar algumas partes do livro que o "autor" tenha dificuldade em esclarecer, bem, isto não acontece com todos, mas no campo desportivo e artístico-novelístico acontece com muita frequência.
Mas já vamos a meio e não era bem isto que me trouxe hoje aqui... era sobre um delicioso tratamento com que um jornalista do Diário de Notícias me presenteou na edição de hoje, sobre uns "rapazes" e que me fez sorrir, não direi rir assim abertamente porque estava num lugar público e ainda íam pensar que me tinha passado... então mas o jornalista cometeu algum lapso grosseiro na tal notícia que redigiu e eu próprio li? não acho, claro que não acho, mas que há aqui um sinal dos tempos, é um facto.
A notícia dizia em título que "dois rapazes de 20 e 28 anos foram apanhados em flagrante quando assaltavam moradias no condomínio de luxo"... repararam nos dois rapazes? pois é, os rapazes tinham 20 e 28 anos respectivamente... e não me digam que os vão prender, isso não se faz a dois rapazes, eu se fosse juiz nem ligava e mandava os rapazes para casa dos pais, ou mandava os pais irem buscá-los lá ao tribunal... não achavam piada?
Já uma vez, ou várias, não vem ao caso, me perguntei como é que devemos tratar ou catalogar a maralha, talvez até seja este um bom tema de mestrado para um qualquer português que não ligue muito à bola e aproveite esse tempo para estabelecer um "quadro de referência" que ajude a um tratamento ajustado...
Sei lá, até 3 anos bebé, até 11 criança, até 13 rapaz/rapariga, até 17 adolescente, até 30 jovem, até 50 adulto, até 70 sénior, até 80 veterano e a partir daí... idoso. Agora só há que fundamentar, ou não? hummm então um ladrão de 28 é rapaz e um trabalhador da construção civil com os mesmos 28 anos é adulto? já estou a perceber aquela conversa dos homens que não foram crianças...
Estou mesmo convencido que se aprovarem a minha tese, o governo ainda decreta que só os idosos têm direito a reforma...

quinta-feira, 9 de abril de 2009

PROSTITUIÇÃO E FINANÇAS, SA

Não, não vou entrar por aí, essa mania de olhar para o título da crónica e tentar chegar a conclusões sem ler o texto pode levar-nos a juízos errados, até porque nesses caminhos ínvios do juízo, há de tudo... o juizinho materno "vê lá se tens juizinho...", o juízo paterno "vê lá se ganhas juízo!", o juízo judicial que na verdade não sei porque caminhos se tece, o juízo final que esperemos que chegue o mais tarde possível, porque isto é quase um inferno, mas tem coisas boas especialmente no verão... dizia eu então que nada como ler de fio a pavio e eu não sou de modas, começo o jornal na página um e acabo na última mesmo, passando pelos classificados que parecem iguais todos os dias, talvez porque há páginas que só são diferentes na data.
Tudo isto a propósito da secção de anúncios classificados que tive oportunidade de tresler nas páginas interiores... então não é que eram seis páginas de oferta de serviços sexuais e outras tantas páginas de anúncios das finanças, com vendas judiciais? achei interessante, na verdade tantas páginas (seis) de oferta de serviços sexuais, como outras tantas (seis) de vendas e penhoras das repartições de finanças e lembrei aquela venda das finanças através da internet, onde um pacato cidadão caiu no "conto do vigário" estatal, ao comprar por uns milhares de euros máquinas que se diziam em razoável estado de conservação e afinal nem o gerente da sucata lá do sítio as queria.
Ora tomando por base este negócio do Estado a que isto chegou, começo a convencer-me que o gerente da Bragaparques é mais honesto que certos chefes de repartições de finanças, ou então tiraram todos o mesmo curso na Freeport University of Alcochete. Mas não era isto que eu pretendia comprovar, apenas a pena da caneta informática teima em ir por outros caminhos que não os que me trouxeram hoje aqui... ou seja, será que todo o material em exposição nas penhoras das finanças está em tão bom estado de conservação como o material das outras seis páginas de que falei à pouco? é que pelo menos as meninas colocam sempre a foto do material que pretendem transaccionar e a cores, para que o cliente interessado não seja tão enganado como foi o que se meteu em negócios com a tal repartição de finanças, ali está tudo às claras, bundinhas grandes, pequenas, brancas, mulatas e negras, seios de todos os tamanhos e paladares, nada fica por mostrar, a não ser a tabela de preços que é omitida talvez para se livrarem do pagamento do IVA, bem ao contrário das páginas de vendas das finanças, que só têm texto, muitas vezes tão pequeno que mal se consegue ler, não tem fotos do produto a transaccionar, mas nunca se esquecem de colocar o preço e as condições de pagamento. Eu até proponho que nesses anúncios das finanças recuperem aquelas frases dos anúncios de cinema dos anos 60, " depois de iniciado o espectáculo, em caso de interrupção, não há direito à devolução do dinheiro do bilhete", com uma pequena nuance "Depois de vendida a sucata, não queremos saber do assunto".
E que tal se as meninas e os chefes de repartição de finanças se entendessem e fizessem uma empresa conjunta? elas tiravam o dinheiro aos clientes a troco de prazer e as repartições de finanças zelavam pelo razoável estado de conservação das meninas, sacavam o IVA, confirmavam o IRS dos clientes e deixavam de enganar o povo com a venda de sucata.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

NÃO SEI, TALVEZ...

"Será melhor assim"
talvez em gosto amargo, não sei
se a chuva é o sol de quem me dei...
tirar da minha dor todo o proveito
sentir o vento frio no meu peito,
é pena com que fico, só p`ra mim.

A luz verde, viva, tão brilhante,
provoca a emoção de te querer...
encontro noite em cada amanhecer
confundo a claridade e tudo é escuro,
talvez seja mais forte e bem mais puro
o amanhã que sonho a cada instante.

Tenho o verso e o reverso, podes crer,
na moeda com que jogo minha alma,
abro a minha mão, a minha palma,
mostro a pureza que me faz
o arco-íris da alegria que me dás
no tempo que nos falta, por viver.

Não sei tirar da dor o tal prazer,
não sei fugir de mim, da minha sombra,
da força que me chama e me encontra
caído por um sonho tão brilhante,
a espera de um click, num instante,
o momento de quem sabe renascer.

Querer não é poder, como me diz
alguém de quem eu sei tão verdadeira,
não só luta, não só dor, outra maneira
de saltar nas marés do oceano,
saber fechar os olhos, sem engano
e acreditar nessas histórias infantis…

Não se ganham almas sem dor
na viagem secular de uma vida,
ganhar quem queremos sem medida,
é a luz que perseguimos vida fora,
sonhamos acordar em nova aurora
mãos dadas ao futuro e ao amor.

ISTO ESTÁ MAU...

Eu diria mais, isto está mesmo mau... acho até que isto vai continuar assim, de tal maneira que já ninguém se lembra em que ano isto esteve bom, se é que alguma vez esteve bom, dizia-se até que éramos um povo cinzento, triste e cabisbaixo desde que Egas Moniz colocou uma corda ao pescoço, desgostoso da infâmia e foi pedir desculpa ao rei de Leão pelas aportuguesadas trapalhadas do auto-nomeado Afonso Henriques... ou terá sido no tempo da ditadura salazarista, aquela do " quem manda em casa é a mulher, mas quem manda na mulher sou eu", que era uma máxima da tal dita, mas que dura até aos tempos actuais, basta ver e ler o "Correio da Manhã" todos os dias? estou confuso, mas não sei porquê lembrei-me daquela do "pobrete, mas alegrete" sempre que vejo o quase democrata Jardim a brincar ao carnaval, lá na ilha, pois que se um foi ditador por lá estar quarenta anos, este que está no poleiro há trinta é o quê?
Bem, continuando o assunto, eu acho que com o ouro do Brasil houve ali um período de vacas gordas, um superavit das finanças públicas, capaz de nos dar uns conventos e mosteiros, mas a matéria prima continuou genericamente analfabeta e inculta, tal e qual como hoje, só que sem mc`donnalds americanos, levis51 ingleses, férias caribenhas, telemóveis nokia suecos, pc`s toshiba japoneses, empréstimos no santander espanhol... é mesmo, isto está mau, eu diria mais, isto está mesmo mau!
Economistas devidamente registados na Ordem, manifestam uma crescente preocupação com a nossa situação, nossa quer dizer, do país, até porque temos uma dívida enorme, não conseguimos vender nada ao estrangeiro e importamos e pedimos empréstimos ao mesmo, descobrindo ao povo que aqueles lucros enormes de milhares de milhões da banca eram só com zeros à esquerda em vez de zeros à direita, havendo até bancos que não tinham contas, não tinham agências, não tinham funcionários, apenas mantinham uns administradores para atender os clientes, que em vez de estarem quietinhos numa qualquer off-shore, ainda tinham a mania de telefonar a fazer perguntas. Bem, eu acredito que todos esses mc`donnalds, levis, telemóveis, pc`s, etc são feitos por cá e vendidos para o estrangeiro em grandes quantidades, porque todas as semanas vejo no mercado as sobras à venda, de todas as marcas famosas que nos levantam o ego e dão a imagem do homem e da mulher de sucesso.
Mas isto está mau, eu diria até que isto está mesmo mau...
Então não é que estes economistas diziam que o país só levantava a cabeça se a poupança fosse uma realidade? pois agora não é bem assim... o povo começou a ter medo da situação e vai daí começou a gastar o mínimo possível e a meter dinheiro em contas poupança, à média de trinta milhões de euros por dia! mais de mil milhões de euros de poupança por ano!!! e, meus amigos, assim não vamos lá, dizem os economistas... é que sem consumo o mercado não sai da cepa torta em que se encontra, o que convenhamos lembra-me a história da pescadinha de rabo na boca.
Isto está mau, eu diria que isto está mesmo mau!
Ah, hoje vi as notícias e soube que as câmaras municipais devem apenas 6,6 mil milhões de euros, tendo o cuidado de referir que o "apenas" foi justificado por um economista que disse para quem o quis ouvir que o "Metro", a "CP" e algumas outras empresas públicas devem mais que todas as câmaras juntas, o que me recorda que isto está mau, eu diria que isto está mesmo mau, mesmo observando o sorriso do economista quando estava a referir estes dados, talvez porque a televisão nos dá uma ideia de que quem lá vai parece até que não deve nada a ninguém.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

O OUTRO LADO DA COISA...

Estive um mês de férias, não porque estivesse programada esta paragem nas habituais crónicas, mas é mesmo verdade que quanto menos escrevemos menos nos apetece... lembrei agora que a maioria das coisas na nossa vida funcionam dentro desse princípio. o que de certa forma vem ao encontro do interlúdio verificado e também porque uma pessoa que começa a fazer crónicas em que sistematicamente diz mal do sistema, do governo e do treinador da sua equipa de futebol, acaba por se viciar e adeus independência, adeus crítica desengajada, adeus lucidez. Este mês sem crónicas fez-me retornar à luz que ilumina qualquer pessoa que, embora crítica, tem o à vontade e a inteligência de bater por um lado e louvar pelo outro, até para salvaguardar a hipótese de um convite para fazer parte de um qualquer aparelho partidário ou governamental...
É que eu já me estava a ver uma cópia distorcida de um qualquer Vasco Pulido Valente ou Francisco Sousa Tavares, a quem alguém que não lembro cognominava de "cara de cavalo", não tanto pela afinidade com uma qualquer burrice, mas apenas porque o homem tinha sempre uma irresistível vontade de mandar as patas traseiras ao ar, salvo seja, quando a conversa não lhe agradava.
Ora este intervalo deu-me a noção de que fazer crónicas a dizer mal de tudo e de todos, não é mais do que o que fazem 98% dos bloguistas deste país, com excepção dos poetas, da cáritas e da santa casa da misericórdia... ou seja, eu estava aqui a perder o meu tempo apenas dissertando sobre assuntos que já outros 50.000 tinham escrito na véspera, nos seus blogs, o que me levou a concluir que ou mudava o foco das minhas crónicas ou ainda acabava numa daquelas manifestações que se realizam em cada reunião dos G20, com viagens, alojamento e subsídio governamental garantido num qualquer programa europeu de apoio a jovens criadores.
A partir de agora escusam de vir aqui para ler crónicas destrutivas sobre o governo, a republica, as câmaras e as juntas de freguesia, que isso é chão que deu uvas... vou escrever sobre coisas boas, agradáveis, felizes e positivas, ou ainda não repararam que, por exemplo, ainda temos 90% de empregados em Portugal? é muito positivo não? acho que é obra do governo, não sei...
Mas não é só isso, então e os cerca de um milhão de estudantes que andam na escola em contraponto com os trinta mil que acham melhor andar a gamar em vez daquela "seca" da matemática, porque o Estado Social não quer saber dos licenciados, mas para os indigentes, analfabetos e preguiçosos há o "rendimento social de inserção", as isenções, prescrições e outras situações favoráveis, então dizia eu, esse milhão é também cerca de 95% da população jovem e estudam...
Já viram que temos um dos países do mundo com mais proprietários privados de habitação própria e secundária, também na casa dos 90% das famílias, claro que com muitas dívidas e prestações em atraso, mas efectivamente uma percentagem só comparável à do Kadafi na Líbia?
E automóveis, televisões LCD e plasma, telemóveis, portáteis desktop e laptop como dizem os entendidos, o que é que têm pra me dizer? 70%, 80%, 90%, 100% e até 120% como já vem nas estatísticas?
Sim, sim, sei que a dívida pública já ultrapassa os 100% do PIB, mas... é uma bela percentagem, não acham?