quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

SAÚDE!

Não há dúvida que o povo quer é saúde, para além de alguns outros pormenores, como dinheiro, amor, viagens, automóveis, jóias, perfumes... mas na verdade a saúde é talvez a mais importante causa social dos povos europeus, em oposição a muitos outros que ainda estão num patamar que só lhes permite sonhar com paz, pão, habitação, água potável, roupinha barata, medicamentos, alfabetização.
Mas não nos iludamos, a preocupação com a saúde é unicamente justificada pelo facto de a malta querer viver mais uns anos, contradizendo o sentimento popular que refere estar tudo "pela hora da morte", um subterfúgio usado que apenas quer fazer transparecer aos outros que isto está muito mau. E não é verdade, ponto final.
Então a saúde está pior e vivemos mais anos?
A saúde é o cancro da sociedade do século XXI, capaz de esgotar todas as verbas da Segurança Social enquanto o diabo esfrega um olho, sendo objectivamente contrária aos desígnios nacionais, na medida em que não há governo que se aguente com tanta gente a querer chegar aos 100 anos e... com saúde. Onde é que isto vai parar?
Há necessidade de alterar as coisas, premiar quem tem a lucidez necessária de morrer numa idade razoável, digamos, entre os 55 e os 65 anos, proporcionando ao Estado uma poupança enorme, capaz de em meia dúzia de anos nos colocar na frente do pelotão do mundo desenvolvido. Acho até que o Estado deveria proporcionar prémios aos falecidos, em função da idade, oferecendo as despesas de funeral e pagando até uma banda filarmónica para acompanhamento, caso o falecido nunca tivesse estado de baixa e falecesse no ano em que havia de se reformar.
Mas quem é que aceita que se diga que isto está cada vez pior, que a malta responda sempre "vai-se andando..." quando lhe perguntam como vai e queira viver com saúde, pelo menos 100 anitos? não é paradoxal? então se está tudo tão mau, não seria melhor morrer com saúde mas... mais cedo que o costume?
A política do governo Pinto de Sousa tem sido um aglomerado de leis e despachos avulsos, muitas vezes contraditórios, mas no caso da Saúde não encontramos motivos de contestação, uma vez que todas as medidas se inserem numa conjuntura mais vasta de equilíbrio das contas públicas, fechando as urgências para poupar nos custos do Ministério da Saúde e em consequência deixar morrer mais alguns aposentados, poupando nos custos da Segurança Social.
Porque esta mama de viver cheio de saúde até aos 100 anos, tem mesmo de acabar, sob pena de eu ter de trabalhar até aos 90.
Ahh, já me esquecia... supondo que um médico, uma enfermeira e um administrativo estão toda a noite encostados ao balcão de atendimento do Centro de Saúde de Favaios, a receber a 200% da tabela, à espera do doente que não aparece e no dia seguinte estão de folga e não há médicos para os doentes que estão para ser atendidos às 9 da manhã, não será melhor fechar aquilo durante a noite? isto é só uma suposição, claro...
Mas um país onde um automóvel é obrigado a ir à inspecção todos os anos e uma pessoa pode estar 4 anos há espera de uma intervenção cirúrgica, é um local mal frequentado, capaz de nos levar a escrever crónicas destas, não acham?

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

MORTE NA PASSADEIRA...




A morte é o fim da estrada? afinal eu que sempre ouvi dizer que era o fim da estrada, estou baralhado, porque os factos demonstram todos os dias que não é bem assim, a morte é o princípio, o meio e o fim da estrada, porque quem nos governa não sabe o que é a estrada, quem dirige não entende a estrada, quem nos mata não vê a estrada, quem se mata não acompanha a estrada e tem o infeliz defeito de... atravessar a estrada.
Ainda por cima, há uns tempos atrás, uns peritos da problemática do trânsito inventaram umas riscas pretensamente brancas, bem iluminadas e detectáveis à distância, a que chamaram "zebras" para os "camelos", perdão, para os transeuntes arriscarem passar de um lado para o outro da estrada, o que apenas serve para as ambulâncias do INEM encontrarem no mais curto espaço de tempo, mais uma vítima.
- Alô, daqui Charlie 325, mais uma vítima na passadeira 1.036 da serventia municipal. Escuto.
- Daqui Charlie 325, na viatura do INEM. Dentro de 2 horas estaremos no local. Escuto.
Normalmente o condutor da viatura coloca em dúvida se a vítima estava mesmo a atravessar na passadeira, uma vez que depois de lhe dar com o carro a 130, ela fica sempre a 100 metros da passadeira. Ora, para que não restem dúvidas, o governo já devia ter aconselhado os peões a atravessar a estrada 100 metros antes da passadeira...
Concerteza são estas dúvidas uma das justificações para que os juízes condenem sempre os condutores a penas, que variam entre os 6 e os 8 meses de prisão, com pena suspensa por 2 anos e as vítimas à vida eterna.
Até já pensei que matar uma pessoa a tiro é muito mais perigoso que mandar-lhe o carro para cima, mesmo que seja na passadeira. Então com arma leva com 15 ou 20 anos de prisão e com automóvel são só 6 meses? A sorte do pessoal é que os gangs gostam de matar com pistola e ainda não repararam que com automóvel é muito menos perigoso e só dá 6 meses de choldra. Mas se forem dormir a casa depois do "acidente" e se entregarem no dia seguinte, na esquadra mais próxima, ainda apanham menos tempo, acho eu. E se contratarem um desses advogados que gostam de dar entrevistas na TV, então vão logo para casa e não se fala mais nisso.
Tudo isto a propósito de uma jovem estudante, com 20 anos, que ao atravessar a passadeira numa rua de Rio Maior, foi abalroada por uma carrinha do pão, coisa da qual eu não me tenha já lembrado, na medida em que as carrinhas de transporte de pão, com a necessidade de levar o pão fresco ao seus clientes, pela manhã, andam a uma velocidade que não se justifica dentro das localidades e se aconteceu em Rio Maior, acontecerá noutra localidade se não houver mais cuidado da parte dos condutores em geral e dessas carrinhas em particular.
É dificil para a família desta jovem estudante entender que a morte tenha acontecido onde menos se esperaria, quase diria que a dôr desta perda é mais sentida que, se acaso o fosse, por uma doença grave e progressiva, embora seja em qualquer caso uma perda irreparável, mas para quem tem filhos, os trata bem, acarinha, acompanha, vê crescer, projecta neles um futuro feliz e não consegue entender como uma simples passadeira de peões possa ser uma armadilha.
Sou condutor, ando na estrada e os meus filhos também. Preocupo-me cada momento em que penso que também nos pode acontecer algo e procuro transmitir-lhe esses cuidados, mas não estamos imunes... pelo que todo o cuidado é pouco. Quem pensa, lê, fala e discute o assunto, concerteza estará mais alerta para não cometer erros na estrada.
Talvez não seja como penso, mas um dia que seja atropelada a filha de um juíz de um qualquer tribunal deste país, a lei se transforme e seja menos condescendente com quem utiliza automóveis para matar.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

À (BA) TATA (DA)!




Sempre pensei num século XXI cheio de inovação, coisas agradáveis, trabalho ao serviço da condição humana, sem aquela visão do trabalho como castigo divino, impingido desde sempre com a história do Adão, da Eva e do Paraíso como resultado final de tanto sacrifício terreno. Vivi os anos 90 com sonhos de uma revolução tecnológica, social e cultural na entrada do novo milénio, mas sempre com aquele sorriso algo cínico que caracteriza os neo-cépticos, capazes como eu, de dar uma mãozinha para o bem estar dos povos e da nossa "consciência", com uns donativos através do 707707707, com 21% de IVA a reverter para os coitados que nos governam.
Mas como dizia o meu avô, atrás do tempo tempo vêm, quase sempre um pouquinho mais tecnológico, porque a tecnologia nunca avança do zero absoluto e o Homem começa sempre a sua condição humana do zero cada vez mais absoluto. Daí as histórias que temos que contar aos meninos, dos conselhos que ouvimos e transmitimos de novo aos mais pequenotes e que todos gostam de ouvir e poucos gostam de contar. Mas a "estória" que se segue é entre adultos, para que não haja confusão...
- Oh pá, já ouviste essa história do TATA, o tal carro indiano mais barato do mercado?
- Essa caixa de fósforos, mal-amanhada, que querem trazer para cá? não vale nada!
- Não vale nada? olha que parece ser razoável... 2500 euros, 600 cm3, 100 à hora... para um país pequeno como o nosso, em que um gajo se engana num cruzamento à direita em Portalegre e entra numa calle de Badajoz, eu acho que chegava bem...
- Ahhh, quem é que quer uma chocolateira dessas? nós somos europeus, pá!
- Mas já reparaste? dá 100 à hora e serve na perfeição para as cidades onde só podemos andar a 50, gasta 4 litritos aos 100, não chove lá dentro...
- Isso não presta! já viste isso em algum país desenvolvido?
- Não sei, mas nas grandes cidades o espaço para estacionamento ficava mais fácil de encontrar com carros mais pequenos...
- Cala-te com isso. Além do mais o governo já vai dizendo que não aprova esses carros, que poluem o ambiente...
- Ou será porque são baratos e o governo faz menos receita nos impostos?
- Poluem o ambiente, não têm ar condicionado...
- Mas o ar condicionado não prejudica o buraco do ozono?
- Não têm tanta segurança como os outros carros...
- Será que não os querem porque gastam menos e o governo recebe menos impostos dos combustíveis?
- Lá estás tu... o governo não os quer porque não prestam e na Europa é um descrédito para o país ter carros desses.
- Olha lá, e esses carros com motor a dois tempos, que fazem um cagaçal, andam com gasolina de mistura a poluir isto tudo, custam 4 vezes mais que os indianos, podem ser conduzidos sem licença de condução, de marca AIXAM, mais conhecidos pelos "Papa-reformas"... são melhores?

domingo, 20 de janeiro de 2008

A IMAGINAÇÃO NÃO TEM LIMITES!




Nem eu, um indíduo bem disposto por natureza, com natural inclinação para dar umas boas gargalhadas quando me contam ou leio umas anedotas bem esgalhadas, de preferência imaginativas e dispensando as palermices e os palavrões dos humoristas da SIC Radical... eu queria saber o nome deles, mas não me ocorre, não porque seja transcendente para quer vier a ler esta crónica saber o nome dos nossos televisivos humoristas, mas eu nunca tive oportunidade de saber o nome deles, se bem que talvez tenha alguma coisa a ver com qualidade, não sei, porque o mrs. Bean, o Herman do "Tony Silva", o Raul Solnado do Zip-Zip, o Camilo de há 20 anos atrás, a Ivone Silva, o António Silva de há 40 anos, desses eu sei o nome.
Mas não sei porque é que estou a escrever de humor e de humoristas quando afinal eu só queria dar a conhecer uma iniciativa do Centro de Emprego e Formação Profissional da Guarda, uma delegação do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), que vai revolucionar toda a estrutura Pedagógico-Educacional da Comunidade Europeia e até mesmo da comunidade das nações, com a ONU a mandar a Portugal os seus técnicos de educação para estudar e desenvolver por todo o globo as nossas inovações.
Então não é que foi criado o curso de "Jogador de Futebol"? é verdade, na área 813. Desporto, conforme se pode ler no panfleto em anexo, com a saída profissional - Jogador de Futebol e com o nível de qualificação 2 da União Europeia (acho que o nível dos técnicos administrativos é o 3 e têm de saber ler e escrever...) qualquer jovem entre os 15 e os 25 anos, com o 6º ano de escolaridade, pode tirar o curso e ser-lhe-á atribuído o diploma do 9º ano de escolaridade.
Presumo até que o IEFP promoverá para os "jogadores de futebol", já portadores do tal 9º ano e com idade entre os 25 e os 35 anos, o curso de "treinadores de futebol" com a atribuição do diploma do 12º ano ou até de "bacharelato" se entretanto souberem uma língua estrangeira.
Depois é fácil, entre os 35 e os 45 anos, o diplomado com o "bacharelato" e o cartão de treinador, terá entrada na universidade, como fez o Vitor Baía, onde completará o mestrado em Gestão Desportiva, tudo isto sob o alto patrocínio do Instituto de Emprego e Formação Profissional.
Entretanto até aos 65 anos é um instante e a reforma estará por aí a chegar...
Lembrei-me agora de uma "estória" verídica que passo a contar: nos anos 50 era necessário ter a 4ª classe para jogar futebol e o Parreira, um defesa central de "antes quebrar que torcer", não sabia ler nem escrever e foi fazer o exame, com o professor a par da necessidade do diploma para que o nosso jogador entrasse em acção. No livro da 1ª classe, que serviu de base ao exame, as palavras eram acompanhadas de imagens esclarecedoras, pelo que o professor começou o exame soletrando...
- Oh Parreira, vamos lá... P... I... PI, P... A... PA. agora diz tudo de uma vez...
- Barril!
É que a imagem do livro era mesmo um barril.
- Está bom, toma lá o diploma e vai lá jogar à bola.
Será que a Universidade Independente, com cursos de Engenharia tirados ao fim-de-semana terá alguma coisa a ver com isto? claro que não deve ter, mas que a imaginação também nos leva outros assuntos, outros caminhos...
E porque não o IEFP promover outros cursos interessantes, como "agente comercial de produtos químicos", "relações públicas nocturnas", "manipulador de fechaduras auto", "gestão de residências alheias", tudo isto para jovens entre os 8 e os 80, com atribuição de diploma de equivalência ao 9º ano?
Estamos no bom caminho, sim senhor. Ler, escrever e contar foi chão que deu uvas e não passámos da cepa torta, ou isso de saber escrever com sujeito, verbo e complemento directo deu algum lucro ao país? exportámos analfabetos e recebemos casas com azulejos na parede.
Agora, não. Exportamos jogadores de futebol, na maior parte dos casos também analfabetos (mas com o 9º ano, não se esqueçam), e recebemos figuras do "jet-set", com investimentos em resorts, revistas cor-de-rosa e carros de gama alta, naturalmente designados pela nação, embaixadores do "estado a que isto chegou" e da nossa genuína cultura universal.
Daqui lanço uma proposta, que concerteza o governo vai ter em consideração: façam um curso de "jogador de futebol" em cada freguesia! fechem as escolas entre o 6º e o 9º ano (eles jogam futebol e recebem o diploma) e se algum não tiver jeito nem para suplente, obriguem-no a ir para a universidade.
Mas não volto a falar no assunto, porque com a mania da poupança o governo ainda vai aprovar a ideia...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

COMO DEIXEI DE FUMAR




Tinha 13 anos e já fumava, porque era uma forma de afirmação junto dos amigos, uma maneira fácil de sermos aceites e integrados no grupo, fosse ele de futebol, da "carica", da "palmadinha" ou no "sargento", uma variante do bilhar, com duas bolas e um palito, onde se ganhava normalmente para "o tabaco". Então eu ia para a Foz do Arelho, no verão, com a maralha e não levava um maço de tabaco no bolso? era certo e sabido que se não levasse, na disputa da boleia era discriminado e vinha para casa a penates que era para aprender. Pessoalmente, com tabaco ou sem tabaco, é certo que nunca fui discriminado, ora porque tinha um corpo acima da média para a época (hoje comparado com o meu filho seria um minorcas...), ora porque a jogar à bola também tinha um certo jeito e o dono da bola não podia correr o risco de desperdiçar um jogador como eu.
Mas na verdade, fumar era quase um atestado de maioridade para a malta nova, fosse na praia, na ida ao cinema ou nas matinés dançantes, onde se respirava fumo do tabaco durante horas e temos de reconhecer que não era muito agradável, até porque a roupa ficava a cheirar a tabaco e lá em casa havia logo quem falasse um pouco mais alto, não em relação aos efeitos nefastos na saúde, mas em relação à necessidade de lavar a roupa e nesses tempos ela era lavada à mão.
Na escola industrial quem fumava senão aqueles matulões que exibiam uma ou duas reprovações no curriculum? mas tinham a vantagem de dançar com as miúdas mais giras nas matinés ou no baile de finalistas... e quem não queria ser desses? então... fumava-se, pois claro!
E passaram-se alguns anos, demasiados, na companhia da "fiel fumaça", até porque viver sozinho entre os 16 e os 23 anos, com muitas noites bem passadas, estava criado o ambiente para a dependência e para a despesa do tabaco.
No dia 28 de Abril de 1978, em pleno Café Facho, sou confrontado com o aumento do preço do meu "Porto" de vinte cigarros com filtro, aumento de quase 30% como era habitual por essa altura, sob a influência do FMI e... não comprei! não comprei e nunca mais comprei, não que possa dizer sem qualquer sacrifício, mas com uma tal convicção que fui incapaz de voltar atrás com a decisão.

Mas fundamentalista, daqueles que andam a distribuir papelinhos, campanhas, manifestações e se possível mandar para a cadeia quem fuma, isso não, não alinho nessa e sempre digo que ao longo destes trinta anos de abstémia, sempre que houve casamento, almoço de curso ou sessão comemorativa, com uns bons vinhos à mistura, também fumei uma cigarrilha, como o inspector da ASAE, sem necessidade de me esconder de quem quer que fosse. Essa atitude de não fumar, serviu-me de exemplo para tomar posteriores atitudes na minha vida pessoal e profissional, de tal maneira que não encaro muito bem todas essas políticas de prevenção, aconselhamento e acompanhamento que vejo por aí a toda a hora, incapazes de melhorar a situação global no que diz respeito a determinados vícios. A vontade de mudar e melhorar está dentro de cada um e sem isso nada feito. Ah pois, há sempre necessidade de ter alguém que nos dê uma palmada nas costas e nos apoie sempre que estamos a hesitar, mas pouco mais que isso. A solução do problema é essencialmente de quem tem de tomar a decisão de mudar, seja em relação ao tabaco, seja em relação à droga, à bebida ou a qualquer outra coisa.
Sem isso, nada feito!

sábado, 12 de janeiro de 2008

TIQUES...

Estou cheio de tiques, confesso!
E o mais chato da questão é que os tiques que nos acompanham a cada minuto, nos moldam sem que nos apercebamos da coisa, até que nos chamam a atenção tal como se estivessemos ressonando... "oh pá, pára com esses tiques!", assim como "oh pázinho, já sabias que ressonas?" É claro que não sabia que ressonava, e só agora sei porque acredito que estão a dizer-me a verdade e estão incomodados com o facto, mas... os meus tiques incomodam alguém? eu sei que ressonar faz barulho, incomoda e não deixa dormir quem está deitado comigo, se entretanto se atrasou a pegar o sono, mas os tiques, caramba, incomodam? bem, se forem daqueles tiques ordinários, sei lá, estar sempre a coçar os tomates, assobiar alto, meter o dedo no nariz para tirar macacos, limpar as unhas dos pés ali no sofá da sala, aí eu acho que incomoda, mas... coçar a cara porque dá uma comichãozinha, coçar a cabeça de vez em quando ou dar uma coçadela na ponta do nariz ou na orelha, incomoda? ou é só para chatear um gajo que precisa de se mexer um pouco enquanto escreve umas crónicas no blog?
Vou continuar a coçar sempre que me apeteça, porque é bom, sabe bem e não coloca em perigo a minha sociabilidade, além de que alivia o stress, como se diz hoje por aí. Então com quatro canais a dar filmes do século passado, à mesma hora, telejornais com as mesmas notícias à mesma hora e tudo o resto à mesma hora, uma pessoa que se senta um pouco no sofá não vai ter necessidade de se coçar, ou colocar em prática os malfadados tiques?
Os tiques são uma necessidade biológica, acho eu, capazes de nos fazer repor posturas, movimentos básicos e alguns complexos, afim de afinarmos os nossos sentidos, ou vocês nunca se sentiram incomodados com aqueles indivíduos que estão a ser entrevistados na televisão com uma mosca na testa e conseguem falar dez minutos seguidos sem fazer um único gesto para afastar o insecto? às vezes até me apetece ir junto da tv com um mata-moscas...
Mas haverá alguém que não tenha o seu tique? ao assistir por momentos ao jogo do Leixões, perdão, ao jogo do Benfica, como tive oportunidade de ouvir ao jornalista, de tal maneira que quase fiquei com a sensação de que só havia jogadores do Benfica a jogar contra o guarda-redes do Leixões, apercebi-me de dezenas de tiques... ele era o adepto que tinha o tique de abanar um lenço branco, ele era a adepta a roer as unhas, ele era o tique de sair do estádio antes do jogo acabar... fiquei mais descansado, não sou só eu.
Na verdade, o facto de ter sido confrontado com os meus tiques, fez-me refrear a necessidade de os usar e enquanto estou a escrever esta crónica só me cocei duas ou três vezes, mas estou a entrar em paranóia, já tenho cócegas pelo corpo todo e só me lembro que a minha vida pode ser uma tragédia se, a exemplo do que aconteceu aos fumadores, a ASAE me proibir de me coçar sempre que me apeteça...
Só me estou a lembrar de uma solução para o caso... que tal pedir a alguém que me coce o corpo todo?

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

30 À HORA!!!



Como é possível que, com tantos governos, comissões, estudos, inquéritos, relatórios e crónicas nos jornais, como é possível, dizia eu, que ainda não tivesse aparecido um especialista na matéria da prevenção rodoviária com a solução para o problema do trânsito em geral e dos acidentes em particular?

Mas o ano de 2008 começou da melhor maneira, sim senhor, na medida em que foi proposto e vai ser aprovado, se o pessoal não se manifestar como na Anadia, a limitação de velocidade de 30 (trinta) Kms/hora, aquela vertiginosa velocidade que até os corredores de 100 e 200 metros ultrapassam nas calmas. Há vinte anos atrás o Domingos Castro fez 21 kms numa hora, num meeting realizado no Estádio de Alvalade, com o propósito de bater o record da hora, que na altura pertencia a um corredor holandês, se não estou em erro. Hoje já há atletas a correr a mais de 30 kms/hora e corremos o risco de um dia destes a polícia multar um engenheiro bem preparado que goste de fazer "footings".

Mas é bom não esquecer que, neste aparte, estamos a falar de corridas pedestres, embora em relação aos motoristas possamos encontrar todos os dias zelosos agente da autoridade a aplicar a lei "pois, eu compreendo, a estrada nem oferece grande perigo, são duas faixas para cada lado, na maioria dos países seria uma auto-estrada, mas aqui em Portugal é uma estrada nacional onde só se pode andar a 90 e o senhor vinha a 91 e o chefe decretou "tolerância zero"... vou ter de o autuar".

Agora vem um entendido na matéria provar que um automóvel não pode ultrapassar os 30 à hora dentro das localidades, concerteza para prevenir atropelamentos, choques frontais e outras desgraças. Eu acho bem porque esta malta anda sempre a abrir, feitos malucos, sendo preciso controlar esta situação, mas... 30km/h não será de mais? acho que já fizeram um trabalho de campo no Burkina Fasso e parece que lá é normal fazer 10 quilómetros numa hora, descendo a média para 5 km/h na época das chuvas, não sei se por causa do trânsito, se por causa do lamaçal das vias de comunicação. O que é certo é que atropelamentos no Burkina Fasso... não há. Ora aqui está um bom exemplo para os nossos "expert" em prevenção rodoviária.

Estou a tentar antecipar uma passagem na localidade de Fazendas de Almeirim, com a estrada nacional a passar no meio da população, com seis quilómetros de comprimento e a malta a 30 à hora, no meio dos tractores agrícolas e com alguma bicicleta motorizada a ultrapassar pela direita.

O "entendido rodoviário" deve ter tirado um mestrado na Rússia, com localidades a 200 kms umas das outras e quer agora aplicar os 30kms/horas dentro das localidades, não percebendo que em muitas zonas do nosso país, a placa de entrada de uma localidade é a placa de saída de outra, ou ele só anda de auto-estrada e nunca "passeou" na antiga Nacional 1?

Estou mesmo a ver que isto é só para a arraia-miúda e que quem governa vai continuar a andar bem mais depressa, se possível com umas motas da GNR à frente a fazer barulho, ou então viajam de avião para não haver misturas. Não haverá por aí uns "Cesna" dos anos 80 para os transportar?


segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

SALTO À VARA!




Ontem era Domingo e não havia nada para fazer, ou melhor, era daqueles dias em que não me apetecia fazer nada, para além de rachar uns bocados de lenha, porque o recuperador de calor precisa de abastecimento, mas o "não fazer nada" é muito relativo, na medida em que, desde que nos levantamos até nos deitarmos há sempre que fazer... mas vocês sabem como é, é fazer por fazer, é preencher espaços, é fazer tudo sem fazer nada, é levantar um pouco mais tarde, é demorar um pouco mais no banho, é ir tomar um café antes de almoçar, mesmo que não apeteça, só para fazer (lá está, fazer) companhia à família, é ir ao hiper só para comprar pão fresco, porque o de ontem endureceu, é pôr a mesa (se nos sentamos, somos presenteados com desabafos nada convenientes) devagarinho, os pratos, os copos, os talheres, o pão cortadinho às fatias... e almoça-se às 3 da tarde. Já repararam no que se (não) faz? e ainda vamos a meio da tarde. Depois é o cafézinho, de novo, os miúdos que voltam para o emprego ou a escola, uns cobres para a gasolina e portagens, a comida que já levam em tuperwares e que a mãezinha fez durante os "tempos livres"...
Ahhh, agora ficámos sós para descansar um pouco o corpo e...
- É o Marcelo Rebelo de Sousa, não é? caramba! há quanto tempo não oiço este homem... ainda continua a dar palpites sobre tudo o que mexe... e não mexe. Um verdadeiro homem global, é o que é!
- E olha que era homem com pouco futuro nesta democracia... filho de ministro salazarista, tinha tudo para cair no lado errado da noite, como diz o Jorge Palma, mas não...
- Sabes, há sempre pessoas que são boas em qualquer regime e situação...
- É o caso deste Marcelo... mas olha que o outro era capaz de se safar se tivesse feito como este, ficava uns meses na Madeira, de férias, inscrevia-se no PSD e...
- Oh pá, deixa ouvir, que ele está a falar dos banqueiros, do Santos Ferreira amigo de infância, que quer fazer um "salto à vara" de um banco para outro...
- Está a dizer que é competente...
- E o Jardim também é competente... e o Teixeira Pinto também é... e os outros também são... e o Cadilhe também é... e os amigos que ele conhece, que também querem ficar num lado ou no outro também são competentes...
- Olha lá, mas se são todos competentes, essa treta dos empréstimos que não se pagam, dos créditos da Caixa para comprar acções do BCP...
- Bom, eu acredito que tudo se resolve, porque todos eles são competentes, mas aquela de tentarem meter na administração o Vara, essa não! ele é incompetente e falta-lhe "pedigree"... afinal que passado tem ele para administrador de um banco?
- Mas eu não estou a perceber... queres dizer que para ser adminisrador de banco têm de ser filhos de boas famílias, quer dizer, de apelido Espírito Santo, Pinto de Magalhães, Champallimaud, Berardo? ou ter dinheiro do avô? ou um mestrado em Economia e Finanças conjugado com o verbo haver? na verdade o Vara começou no atendimento ao balcão da Caixa, mas já vai com um mestrado em Relações Internacionais na Universidade Independente, aquela do engenheiro...
- Bom, eu acho que há um "je ne sais quoi" que faz um bom administrador bancário... e o Vara não me convence. Estranho até que não se tenham lembrado deste Marcelo, todas as semanas vem à TV falar de todos os assuntos, já andou a tomar banho no Tejo, foi o chefe do PSD, lê e aconselha 75 livros por semana... e lembraram-se do Vara...
- Eu não sei, mas acho que esse Vara pode ser fraquinho, mas é dos poucos que ainda não se falou que tenha gamado alguma coisa...

sábado, 5 de janeiro de 2008

25 DE ABRIL PARA COMEÇAR...








É verdade, hoje tive um encontro de 3º grau com o 25 de Abril, um daqueles momentos em que nos esquecemos de tudo, especialmente das coisas mázinhas do dia a dia, para saborearmos pedaços da nossa vida, especialmente porque na época pensávamos ter o mundo a girar à nossa volta, uma espécie de centrifugação planetária, na perspectiva de que até o Mao Tsé Tung olhava para nós, bem, acho que estou a exagerar, mas que olhava para o Durão Barroso, para o Saldanha Sanches e para a Maria José Morgado, isso era mais que certo.


Caramba, acho que às vezes era melhor ver "A Branca de Neve" do César Monteiro e ouvir os comentários do próprio à saída do cinema, do que estar sempre a lembrar esta passarada de bico dourado, que sempre debicou as pevides no pratinho do orçamento...


Estava eu descansadinho a fazer "zapping" nos canais que a tv cabo me vende, quando vejo o José Afonso no Canal Galicia e oiço uns acordes bonitos e conhecidos de longa data ... "somos filhos da madrugada/pelas praias do mar nos vamos/à procura de quem nos traga/ verde oliva de flor nos ramos"...

Porreiro, pá! os galegos a realizar uma "homenaxe ao Zeca Afonso"! e por aí fiquei, quase 2 horas de um belíssimo espectáculo televisivo que me fez sentir orgulhoso de ser um galaico-português do século XXI... então não é que o locutor (galego, claro) falava e não hablava? e todos nos entendíamos sem precisarmos de ler as legendas, como acontece quando o Camacho do Benfica vem debitar a mesma lenga-lenga semanal nas 4TVs4 portuguesas?


E veio um jovem caboverdiano Jon Luz, com cavaquinho e tudo cantar músicas de José Afonso "não tenhas medo da morte/ que daqui ninguém te arreda/ quando isto der para o torto/ lembra-te cá do colega), acompanhadas com filmes do dia 25 de Abril (e o Sousa Tavares de megafone no Largo do Carmo, apelando à calma "nesta hora de liberdade...").


Depois, tinha de ser, o Júlio Pereira, o Janita Salomé, o Vitorino (os barões da vida boa/ vão de manobra em manobra/ visitar as capelinhas/ vender pomada de cobra...), a Dulce Pontes, o João Afonso ("a palavra socialismo/ está muito mudada/ de colarinho à Texas/ sempre muito aperaltada."), o Tito Paris e outros cantores galegos de que infelizmente não anotei o nome... já repararam o gozo de ouvir as intemporais canções de José Afonso através destas vozes? e passou rápido, tão rápido que mais uma vez me lembrei da teoria da relatividade do Einstein. No final, vejo subir ao palco uma jovem, de cravo vermelho na mão... sabem quem? a apresentadora de televisão Sílvia Alberto, essa mesma, esse produto perfeito e acabado da democracia, que eu, simples ignorante, achava incapaz de dizer palavras tão significativas sobre a liberdade, tão própria do Zeca, num palco da "Galícia", onde tenho o privilégio de ter amigos que gostam de Portugal.


Por último ouvi a companheira de José Afonso, de seu nome Zélia Afonso, que eu nunca tinha visto na tv, jornais ou revistas falar de uma maneira simples e discreta do pensamento do poeta, músico e autor, sem uma palavra de crítica, salientando a forma simples, humana e coerente de um homem bom.


Num grande auditório de Pontevedra, sem custos de marketing e publicidade, a TVGaliza fez um excelente trabalho de divulgação da cultura portuguesa. Bem haja!


quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

O DISCURSO DO PRESIDENTE!





Portugueses e portuguesas!

Neste novo ano de 2008, desejo a todos vós as maiores felicidades e venturas, para atingirmos o nível de vida dos nossos parceiros mais desenvolvidos da União Europeia, passando dos clássicos 60% da média para os almejados 100%. Temos uma história de quase 900 anos e espero que, antes mesmo de atingirmos o milénio como nação una e indivisível (também já não dá para dividir muito mais...), possamos estar lado a lado com os mais desenvolvidos, tanto no aspecto económico como cultural, social e político. No económico já pedimos meças, na medida em que nenhum dos nossos parceiros acredita que dois milhões consigam sobreviver limpos, comidos e bebidos, com apenas 426 euros por mês.

Tenho imensas dúvidas e raramente acerto (ou era o contrário?) que, com tão poucos filhos, os portugueses ainda existam para comemorar o 1º milénium, parecendo-me que há outro "millennium" que também não vai chegar lá, mas isso são outras contas. Estranho até que os portugueses já só tenham dívidas neste que acabei de referir, porque com a crise em que se encontra já deveriam existir filas para levantar os carcanhóis, como se faziam antigamente quando a gasolina aumentava cinco tostões... um amigo meu até fez uma promessa de ir a rastejar até Fátima se o "millennium" falisse, para ver se saldava as dívidas que lá tem...

E eu pergunto, porque é que não há crianças em Portugal? com tantos abonos, tantos prémios autárquicos para os casais fazerem filhos, com abonos ainda antes deles nascerem, como é possível que haja mais pais que filhos em Portugal? Se eu fosse mais novo...

E o escândalo dos vencimentos dos gestores das empresas públicas e privadas? como é possível abarbatarem-se com tanta massa e pagarem tão mal aos seus funcionários? ( caramba, já viram como eu estou tanto à esquerda? mais uns discursos e o segundo mandato está no papo).

Eu até me parece que há uma lei que diz que não se pode ganhar mais que o Presidente da República, mas... eu tirei Economia, não percebo muito dessas coisas do Direito, mas vou tentar saber junto dos meus quase quarenta assessores. (o quê? também ganham mais que eu???).

Portugueses! temos de honrar a "rés-pública" e irei promulgar um despacho onde eu mesmo ficarei unicamente com o meu vencimento de Presidente da República, mandando cancelar imediatamente os 4.152,00 euros da reforma do Banco de Portugal, os 2.328,00 euros da reforma da Universidade Nova e os 2.876,00 euros da pensão vitalícia que me mandavam para a conta, por ter sido primeiro-ministro. Acabou, só o cacau de Presidente e mais nada! (o segundo mandato exige uns sacrifícios, mas está no papo.)

Espero um ano de 2008 excelente para Portugal, a tendência é para melhorar em todas as frentes, os portugueses têm de acreditar que quem sobrevive com 426,00€ por mês tem um "background" espantoso, lida melhor com as dificuldades do dia a dia que o filho do Jardim com as dívidas ao BCP, e está em forma, creio, para ir a correr para o emprego, melhorando a sua condição física, poupando no passe da Carris e sem aquelas barriguinhas que dão mau aspecto aos turistas que nos visitam.

Por último, a Maya já me deitou as cartas e tenho novidades fantásticas para 2008, como seja o título europeu de futebol para Portugal, cerca de uma dezena de medalhas nos Jogos Olímpicos e a nomeação do Armando Vara para todos os bancos, como administrador (acho até que para os bancos de urgência e para o Banco Alimentar contra a Fome). Que vos falta para serdes felizes, portugueses e portuguesas? Queriam um 2008 com 15 dias por mês? também eu!