sábado, 27 de fevereiro de 2010

SONHOS...

Sonhar?! Não custa nada!...
Mas nestes sonhos que dou
Vão alongando outro sonho
Que nem sequer começou.

Sonhar de noite?!Que azar?...
Não tenho medo da noite,
Nem medo de me cansar
No sonho por onde vou...

Fugirei de algum medo
Que todos temos, não é?
Mas vem o dia e entendo
Não ter de perder o pé...

Vou correndo até ao Sol
E no dia em que chegar,
Ficarei assim, bem mole,
Sonharei o teu olhar...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

PREOCUPAÇÃO

Lisboa, 24 fev (Lusa) - O secretário de Estado da Administração Pública apelou hoje ao "sentido de responsabilidade" dos sindicatos para evitarem que alguns funcionários públicos se precipitem no pedido de reformas antecipadas com fortes penalizações.

É verdade, o Governo está preocupado com os funcionários do Estado, porque na verdade está a constatar que muitos desses funcionários estão a tentar uma reformazinha que pode ser inferior em 50 ou 60% do seu vencimento actual, o que revela três coisas: ou os funcionários estavam a ganhar demais e mesmo com esse corte nas reformas continuam a ganhar bem, o que pode ser possível, mas não acredito, uma vez que a uma média de vencimentos de mil euros corresponderia uma média de aposentações de 400 ou 500 euros; ou o governo pensava que os seus funcionários não faziam nada e não se importavam de continuar mais uns anos sem fazer nada, o que esta corrida às reformas antecipadas contraria, porque só alguém muito estúpido deixaria de ganhar mil euros para não fazer nada e passaria a ganhar 500 para não fazer nada também; ou o governo está a verter lágrimas de crocodilo ao dizer-se preocupado, depois de ter alterado as condições de reforma várias vezes e agora já começa a ser várias vezes ao ano, o que de certa maneira se compreende, uma vez que de tão baixas que vão ser as reformas, dentro de algum tempo não há outra hipótese que não seja dar mais algum subsídio de manutenção de funções vitais para que os desgraçados que descontaram uma vida inteira se mantenham vivos.

O governo diz-se preocupado com os funcionários públicos que estão a antecipar a reforma, mesmo perdendo boa parte dessa reforma, mas não procura saber porquê, uma vez que é melhor vir com "cantos de sereia" para a comunicação social ou enterrar a cabeça na areia, como a avestruz, mas pelo que me é dado perceber e também por experiência própria, posso adiantar algumas razões, não todas porque não haveria espaço para tanto, mas para esses preocupados governantes as razões fundamentais estão à vista de toda a gente, querem ver?

1 - um funcionário público aceitou subscrever um contrato de trabalho com o Estado, que lhe conferia o direito a uma reforma sem descontos ao cabo de 36 anos de descontos;

2 - quando estava prestes a completar 36 anos de descontos, o governo não cumpre com as obrigações do Estado e diz que não pode ser, introduzindo alterações, obrigando as pessoas a trabalhar mais 5, 6, ou 7 anos para receber uma reforma que nunca pode ir além de 88% do salário, porque entretanto introduziu sabe-se lá onde, o "factor de sustentabilidade" que, qual rato, vai roendo a reforma a cada ano que passa;

3 - introduziu a penalização de 4,5% ao ano por um período de tempo que alterou a seu bel prazer para 6% ao ano de uma forma extemporânea, não dando tempo às pessoas de prever o seu tempo de trabalho e perspectivar a reforma;

4 - começa a "lançar a escada" para a comunicação social ir aventado a hipótese de aumento da idade de reforma dos 65 para os 67 anos, desmentindo logo de seguida, tal qual o presidente de um clube de futebol que vai dando todos os sinais de confiança ao treinador uma semana antes de o despedir;

Com este clima, em que os funcionários já desconfiam que "isto" só tem tendência a piorar e que, caso se mantenham a trabalhar mais uns anos o resultado é virem a receber ainda menos, o que queria este governo? é bem verdade, como dizia um cómico já desaparecido, que os funcionários públicos são doidos, mas não são malucos, como se uma coisa fosse diferente da outra e um governo preocupado consigo fosse um governo preocupado connosco.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

FINANÇAS...

"É impossível levar o pobre à prosperidade através de legislações que punem os ricos pela prosperidade".
"Para cada pessoa que recebe sem trabalhar, tem de haver outra que trabalha sem receber".
" O governo não pode dar para alguém aquilo de não tira de outro alguém".
"É impossível multiplicar riqueza, dividindo-a".
Rogers Adrian, 1931
Sempre pensei que a pobreza não é apenas uma situação de falência financeira, mas um conjunto de falências, financeira sim, mas também social, escolar, psicológica e afectiva, que acaba por minar as pessoas retirando-lhe os meios de subsistência mínimos, mas também a auto-estima e a lucidez sempre necessárias. Ao longo dos anos tenho observado jovens oriundos de famílias pobres, com uma estrutura psicológica estável e um envolvimento que proporcionou a esses mesmos jovens alcançar os objectivos profissionais por que sempre lutaram, alcançando patamares económicos, sociais e profissionais de nível elevado.
Outros provenientes de famílias de classe média/alta revelaram pouco empenho na sua formação, pouco investimento a todos os níveis e hoje culpam a sociedade pelas dificuldades que entretanto foram encontrando quando o apoio dos familiares diminuiu ou acabou.
A sociedade do bem estar e da abundância, a sociedade-amiga, a sociedade dos direitos humanos, dos animais, das criancinhas, dos subsídios, talvez com muitos pesos na consciência, foi sempre mais paternalista e proteccionista dos coitadinhos dos pobrezinhos que daqueles que levantaram a cabeça e encararam de frente os seus problemas, no sentido de os resolver com o seu próprio esforço. Entretanto à semelhança de um tal primeiro ministro inglês percursor da "3ª via", também o estado dos "boys friends" se foi instalando no poder, tentando fazer das histórias do Robin dos Bosques, o seu programa de governo, numa terceira via contemporizadora da sociedade onde sempre haverá quem lute e se esforce e quem não faça nada.
Qual "exército da salvação" espalharam-se por todas as administrações executivas, não-executivas, empresas públicas, semi-públicas e publicamente apelativas, com pais, filhos e enteados, assembleias republicanas, maçónicas, universidades mais ou menos independentes, jornais, revistas e tribunais, confortando-se com subvenções milionárias e organizando os serviços do Estado para dar umas migalhas aos pobrezinhos, para que nada mude, os que trabalham não façam barulho com o que têm de pagar em impostos e os que nada fazem fiquem satisfeitos com um desses inúmeros subsídios.
E agora vem a Europa dizer que temos de apertar o cinto? ok, colocam-se os que trabalham a descontar um pouco mais na prestação da casa, nos descontos para a reforma, para a doença, para o IVA, para o combustível e para o IRS, porque temos de manter os subsídios aos que nada fazem, coitados... afinal eles não têm trabalho, mas não sei porquê neste país são sempre os mesmos que não têm trabalho, aliás um amigo meu dizia com alguma graça que haviam 500.000 desempregados, veio quase um milhão de imigrantes de leste, arranjaram trabalho e... os 500.000 desempregados mantém-se firmes e hirtos.

POEMA VERDE

Acredito nos anjos que ajudam,
Nas deusas com olhos tão brilhantes,
Acredito nas amizades que abundam,
Em teu coração, como diamantes.

Acredito que sintas bem profundo
a força da verdade por instantes,
Acredito, vais ao céu por um segundo
E contas-me como ele era antes.

Acredito nos deuses de um mundo puro,
No livro da vida que nos dá um rumo,
Acredito na amizade que me sabe bem.

Acredito até nas coisas dolorosas,
Na mágoa de ausentes prosas,
Nas asas da amizade, também!

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

ESCUTAS

Ainda não acabaram as famosíssimas novelas do Freeport, dos andares comprados pela mãe do senhor primeiro-ministro, das sucatas, do deficit, da TVI, da face oculta e do mais que por diante aparecerá por obra e graça de algum tenebroso jornalista e já vamos nas 21.16 horas do jornal da SIC, o que se não se compara às clássicas "lavagens ao cérebro" das polícias políticas do século XX, confunde-se com as "lavagens de roupa suja" do século XXI.
Trrimmm, trrimmmm!
- alô, senhor primeiro-ministro? é o Vara...
- sim, sim...
- é por causa do "face oculta"...
- ahhh... se é por isso não estou, ou melhor, eu vou atender mas é como José Sócrates... por favor pá, não me comprometas, que de ferro velho só me lembro daquele primeiro carro que comprei quando fazia casas de azulejo na câmara da Covilhã...
- era só pra dizer que os jornalistas estão a investigar a minha vida privada, primeiro foi a licenciatura em Relações Internacionais, depois uns cobres que eu ganhei a jogar póquer com o Manuel Godinho... tudo coisas privadas...
- então não te preocupes porque o primeiro-ministro nunca vai saber disso, mas o José Sócrates vai tentar resolver.
- Obrigado oh José Socrates!
Trrimmmm, trrimmmm!
- tá lá? Vara?
- sim, José Sócrates?
- Qual Sócrates qual carapuça! daqui fala o primeiro-ministro... é só para te dizer que vamos aprovar o orçamento para 2010 e como estás no BCP, ou não estás mas estás, ou recebes mas não estás...
- mas... mas...
- pelo que prepara aí o pessoal para uns impostos sobre prémios de desempenho, porque temos de dar um arzinho de Robin dos Bosques, tirando um pouco aos ricos para aumentar os subsídios de inserção, entendes?
- então é esse problema da TVI, da Manuela Boca Guedes e tal, vais conseguir resolver isso?
- oh Vara, naõ confundas as coisas, o primeiro ministro não sabe de nada, não quer saber desses jogos políticos e não interfere com a justiça, pelo que... tás a falar com o José Socrates ou com o primeiro-ministro?
- oh camarada eu já estou baralhado... já nem sei do que falo nem com quem falo...
- então é melhor desligares que me parece que estamos a ser escutados... tou? tou? tenho de mudar de telemóvel... ou de amigos? ou de governo?

sábado, 6 de fevereiro de 2010

O PAÍS DO "FAZ DE CONTA"

Meus caros, vamos "fazer de conta", aliás todos nós alguma vez na vida fizemos e fazemos de conta, umas vezes fazemo-nos de galãs, de ricos, de estrelas de cinema, de tv e revistas, de empresários de sucesso, de realizadores de cinema, de cantores americanos de preferência, ou latino-americanos para aumentar o número de fans que compram cds, mas também fazemos de conta que somos políticos, na esperança de que alguém com responsabilidades nos oiça, sempre que debitamos à mesa de café a "tal" solução para os problemas do país.
Pois bem, também já me travesti de todas estas personalidades, imaginando-me a receber prémios disto e daquilo, palmas de Canes ou globos de Hollywood, mas acima de tudo louvores, sim, louvores é que eu acho o máximo, é como ter atingido o zenit, ficar lá em cima nas nuvens olhando milhões de portugueses a bater palmas, a levantar o queixo para cima e gritar como se de um golo do Ronaldo se tratasse. Quantos milhões de portugueses já imaginaram receber um louvor do encarregado, do chefe de repartição ou até mesmo do director, naquele que seria o culminar de uma carreira profissional de sucesso, exemplo até para as gerações futuras?
Uma pessoa amiga fez-me chegar fotocópia de um louvor especial, porque não é nada daquilo que eu pensava quanto a louvores, daqueles que o director da empresa, repartição ou escola dava ao funcionário no final de uma carreira de 40 ou mesmo 50 anos sem uma falta ao serviço, uma falha sequer na contabilidade ou uma utilização indevida dos meios ao seu dispôr, naquele que se presumia ser o último acto da vida activa de um qualquer trabalhador com salário mínimo.
Mas afinal há outro tipo de louvores, os chamados "louvores supersónicos", que tive o prazer de conhecer através do que encima a crónica de hoje, assinado pelo primeiro-ministro de Portugal, deste país europeu e democrático em pleno século XXI, de seu nome José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa, de tal maneira que uma pessoa que começa a trabalhar a 26 de Outubro e sai no dia 30, ou seja 4 (quatro) dias depois, leva com um louvor que nem eu sonho obter e onde só pensava ser possível de um qualquer primeiro-ministro do Senegal, Sudão ou Zimbabué.
Esperemos que para além das dificuldades que o nosso país está a atravessar, o primeiro-ministro se lembre de louvar também o amanuense que inscreveu um aumento de 3,2% na rubrica de automóveis e gabinetes de ministros para o ano de 2010.
Deus seja louvado!