terça-feira, 28 de dezembro de 2010

SEMPRE IGUAL A SEMPRE!

Estava eu a pensar com os meus botões sobre tudo isto que nos envolve, revolve e resolve, pois que no final de contas tudo se resolve, seja de que maneira for, mas se for mesmo como eu penso há-de resolver-se na horizontal, porque até mesmo aqueles homens de H grande e sempre verticais, com coluna vertebral vertical, até esses vão um dia resolver-se na horizontal.
Às vezes fico a pensar se a maioria já pensou que tudo vai acabar numa quarta-feira, como cantava e bem o Chico Buarque, mas acho que não, parece que todos pensam que isto não vai acabar mais, que tudo vai ser como o meu amigo Necas dizia, "sempre igual a sempre".
E na verdade eu também acredito que tudo vai ser "sempre igual a sempre", uns bem na vida, outros de bem com a vida, outros nem uma coisa nem outra, porque esta treta das democracias e da conjuntura social ou até mesmo das medidas estruturais que sempre oiço no telejornal das "8" e não alcanço, serão aquilo que cada um de nós quiser, em função daquilo que soubermos e pudermos desempenhar, complementado com algum que os pais e avós cá deixarem e o Estado não cobre em impostos de mais-valias, de sucessão, de suspensão ou até mesmo de substituição...
A propósito de estarmos numa "crise" sem precedentes a nível pessoal, nacional e internacional, dei por mim a ver os jovens em cuecas na porta de uma superfície comercial, num desses telejornais que nos dão notícias fantásticas, como aquela do chinês que morreu afogado num país com 1.300 milhões de chineses, alguns desses jovens despidos de preconceitos e cheios de frio durante algumas horas de espera apenas para vestirem duas peças de roupa e sairem à rua com mais dois trapinhos iguais às dezenas que já têm no guarda vestidos lá de casa. Acredito que a "crise" é enorme e que já leve a malta a andar em cuecas, mas também não exageremos, aquilo é afinal só uma promoção de uma marca de roupa que aproveitou uns minutos de propaganda de televisão sem pagar nada, pelo que só espero que o "Tavares Rico" não comece a distribuir as sobras dos jantares, porque há casas que não precisam de publicidade e a clientela não ía achar piada nenhuma à ideia.
A seguir ao 25 de Abril, no jornal "A Bola", alguns jornalistas escreviam que com os novos tempos de liberdade e democracia, os filhos dos sapateiros não tinham que ser sapateiros, os filhos dos mecânicos não tinham de ser mecânicos, as pessoas teriam toda a liberdade de ser aquilo que quisessem... mas na verdade a filha do Carlos Pinhão jornalista lá do jornal, foi também jornalista do mesmo, o filho do Homero Serpa idem, o sobrinho do Vitor Santos aspas e mudando de rumo, a filha de um "justiceiro" ministro Costa foi nomeada assessora do gabinete do pai, o filho do presidente Sampaio foi nomeado para um experiente cargo público, o filho de Soares bem como os filhos de experientes deputados sentaram-se nos lugares dos pais, a mãe do Louçã com 70 anos ainda foi a tempo de ocupar um lugarzinho de secretária na Assembleia da República (pensavam que o Bloco era diferente?) e só o Eusébio não teve engenho e arte para inventar quem o substituísse... o que de alguma maneira vem corroborar o meu amigo Necas e o tal "sempre igual a sempre".
Mas um facto novo vem contrariar esse secular pensamento e só podia vir de um governo liderado por uma pessoa que inventou licenciaturas ao domingo, "novas oportunidades" e "magalhães". A diminuição de vencimentos de quem trabalha para o Estado, como um castigo merecido pelo facto de se terem construído auto-estradas sem carros (a A15, por exemplo) para todos poderem andar e não haver dinheiro para pagar.
No próximo ano cá estarão a diminuir os vencimentos dos funcionários do Estado, para pagar o novo aeroporto e em 2012 novo corte para pagar a nova ponte.
Um dia irão cortar nos vencimentos dos privados para pagar a "sopa dos pobres" aos funcionários... porque não se iludam que isto calha a todos, ou seja "sempre igual a sempre".

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

VAMOS BRINCAR À EUROPA!!!

Ainda sob o efeito do clima natalício, mais ainda pelo efeito do alcool nos chocolates "mon cherry", que eu não dispenso, mas que me deixa inebriado ou até mesmo capaz de ficar tão pedrado como o Contador a subir os Pirinéus, dos quais me lembro cada vez que a televisão me mostra cinco centimetros de neve na Serra da Estrela, dou por mim a rir às gargalhadas sem razão aparente.
Sem razão aparente dizem aqui em casa, mas com razão evidente quando na SIC voltam a repetir a cada hora a notícia "o Estado vai pagar as multas aplicadas pelo mesmo Estado aos partidos políticos", não, não se riam que é mesmo assim... ei, ei, vejam lá se param de rir, que isto de escrever piadas é mais para os "gatos fedorentos", eu não nasci para contar anedotas, isto foi dito na televisão por um jornalista que transcreveu a notícia sem se rir.
Assim, quando o Estado multa um partido político, manda anexado ao auto de transgressão um cheque no mesmo valor, o qual deverá servir para pagar a multa se entretanto algum chico-esperto não se abotoar com o chequinho, porque nestas coisas pode até acontecer os documentos serem extraviados para um qualquer paraíso fiscal.
Então e eu? não podem mandar um chequinho juntamente com o auto de contravenção de trânsito, daqueles de 120, 00 € porque ía a 60 kms/horas e só podia ir a 50?
Então deve ser por estas manigâncias que ouvi hoje o presidente da Eslováquia a dizer que Portugal deveria sair do "euro", o que de alguma forma não me surpreende, mas fez-me lembrar uma viagem de bicicleta entre a Alemanha e a Hungria em 2009, onde tive oportunidade de percorrer a Eslováquia profunda e, meus amigos, se Portugal devia sair do "euro" esta Eslováquia nem devia lá ter entrado, porque eu vi casas com telhados a cair, aldeias dos anos 50 do século passado, carroças puxadas por cavalos, mulheres de lenço na cabeça e saia rodada até aos tornozelos, bicicletas pasteleiras que até metiam medo, mercearias e cafés de meter medo ao susto e até mesmo no centro de Bratislava vi remendos no alcatrão e prédios tão mal conservados que a vontade foi fugir dali, sem comparação com a Viena de Austria que tinha visitado antes e Budapeste que conheci depois.
Um dia chegámos a uma pequena localidade eslovaca, daquelas com a igreja no meio da praça principal e preparámo-nos para estacionar as bicicletas junto a outras tão velhas, tão velhas que sentimos que se as nossas lá ficassem, corríamos o risco de não as voltar a ver... e o parqueamento das bicicletas era feito com vigas de ferro de cofragem, onde podíamos assentar o guiador, numa improvisação que nos deu a sensação que estávamos no Senegal ou no Togo, não fosse a cor de pele dos amigos eslovacos, mas não deixamos de reparar num jeep de alta gama que acho que nunca vi um igual em Portugal.
E vem o presidente da Eslováquia dizer que nós devíamos sair do "euro", coitado... mas se calhar ele lê o "Correio da Manhã" todos os dias.
Alguém a meu lado desabafou um facto muito interessante, ao sentir-se incomodada com a conversa do presidente eslovaco... "olha para este gajo... nem me importava que me tirassem mais dinheiro no vencimento só para não ter de ouvir este enxovalho... ainda se ele fosse norueguês ou dinamarquês...", mas isso ia tirar-nos do buraco em que esta rapaziada nos meteu? não acredito muito, ou melhor, não acredito nada e até penso que com esse sacrifício talvez os juízes ficassem sem cortes no vencimento.

domingo, 26 de dezembro de 2010

A CHULICE

Estava eu sossegado a tentar ultrapassar esta ressaca do Natal, onde a troco da comemoração do nascimento de Jesus, me empanturrei sem querer, até porque eu tenho sempre o cuidado de dizer que não quero ou quero pouco... mas onde me é impossível dizer que não quero.
- Não queres? então estive todo o dia a fazer comida e agora dizes que não queres?
- Não é não querer...
- Ahhh, pensava que não querias... vá lá só mais um bocadinho...
- Desculpa, mas já não quero mais...
- Não digas isso, ainda o jantar vai a meio... ainda só comeste um bacalhauzinho... e este borrego, não gostas?
- Gosto, gosto, mas...
- Vá lá, só mais este bocadinho, que eu sei que gostas... e sobremesa? não me digas que não queres...
Bem, como devem ter calculado, não havia hipóteses de me safar e acabei de cear nesta fria noite de Natal já passava da uma da manhã, preparado para aguentar a azia do dia seguinte, o que felizmente não aconteceu, vá lá saber-se porquê.
Mas o essencial da crónica de hoje, em contraponto com o sentimento de dádiva e partilha que sempre acontece em cada natal e que poderia alargar-se a um novo conceito de "natal" a realizar uma vez por mês, o qual acabaria com tanta necessidade e desencadearia novos sentimentos misericordiosos, veio lembrar-me o Estado "chulo" que se instalou entre nós e que a cada dia nos estrangula com novos e impiedosos mecanismos, tudo isto a propósito de uma reportagem sobre uma bolsa instituída por um, apenas um dos 25 eurodeputados portugueses, que em conjunto com os "gatos fedorentos", atribuem todos os meses 3.000 euros (três mil) a jovens com projectos relevantes. Pois sabem o que acontece à bolsa desinteressadamente atribuída por estes beneméritos? os bolseiros desse dinheiro dado, ofertado, atribuído em função do mérito leva uma roedela do Estado, pois é devido o pagamento do "imposto de selo" a quem recebe a bolsazinha. É que já não basta este Estado miserável não dar nada a quem se esforça, estuda e trabalha, porque há necessidade de conceder subsídios a quem não se esforça, não estuda e não trabalha, mas sente necessidade de cobrar o tal "imposto de selo", nem se importando que mais vale sê-lo que parecê-lo.
Já há uns meses fiquei chocado pelo facto de os telefonemas de apoio à campanha "Ajudar a Madeira", no valor de 0,60€ levar a alcavala de 0,12€ de IVA, mas o Estado chulo não descansa e não nos deixa em descanso, o que me leva a perguntar se quem governa não sente um pouquinho de vergonha quando está a olhar para a televisão e lê no rodapé que todas as ofertas para deficientes, pobrezinhos, sem-abrigo, tuberculosos, cancerosos e demais cidadãos levam em cima a tal alcavala do IVA?
Gostava de saber se os carrinhos novos que são vendidos ao Estado pagam IVA, se o Estado faz seguros obrigatórios desses veículos (ouvi dizer que não fazem), se quando recebe os subsídios de Bruxelas tem de pagar IVA e a quem... e já agora gostava de saber se quem manda nisto sabe qual a diferença entre o governo e o Estado, ou não sabem?
Mas na verdade, eu já devia estar vacinado contra isto tudo e nem devia achar estranho... então não se lembram daquela história dos filhos pagarem imposto sobre os tais 500 eurinhos que os velhotes lhes dessem de vez em quando?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

SOU SÓ EU?

Depois de um orçamento de Estado aprovado, com as medidas de austeridade a cortarem nos vencimentos do funcionalismo público, para pagar os prejuízos acumulados com obras que servem toda a comunidade, começaram as medidas avulsas a aparecer para safar alguns em detrimento de alguns outros, vai daí o governo socialista decreta que as empresas de capitais públicos que dão centenas de milhões de euros de prejuízo todos os anos, não vão ter necessidade de cortar nos seus funcionários, o governo socialista dos Açores também não vai sacrificar os seus funcionários, os assessores também não descontam porque estão em comissão, os amigos também não vão sofrer cortes nas comissões ou dividendos que recebem dos juros de capitais investidos, ao contrário de qualquer pessoa que vai ter de pagar todos os juros, até mesmo da herança da casa velha e a cair que os pais lhes deixaram...e chegados a este ponto começo a interrogar-me se o deficit vai ser reduzido só com os cortes que eu e mais uns poucos vamos sofrer em 2011.
Parece-me lógico que uma sociedade deveria pedir sacrifícios a todos conforme os seus rendimentos, com excepção daqueles que ganhando uma miséria já fazem sacrifícios desde que nasceram, mas não é isso que vai acontecer, porque quem governa não tomou chá em pequeno, aprendeu a mentir sem que lhe dessem uma palmada no traseiro e acha que é mais esperto que os outros, pelo que só vai levar corte no salário uma parte dos funcionários, o deficite vai continuar ou até mesmo aumentar e no final do ano que vem, os mesmos espertos que nos governam irão cortar ainda mais nos mesmos de sempre.
Outra coisa que me faz pensar que estes governantes, economistas e afins não percebem nada do assunto é andarem a pedir dinheiro emprestado a tenebrosas e anónimas sociedades financeiras, ao juro que elas querem e não apoiam a poupança dos portugueses, oferecendo-lhes produtos de aforro a metade ou menos dos juros que pagam a essas sociedades financeiras, convidando os cidadãos a gastar o pouco que ganham porque o juro do aforro, contando com a inflação ainda acaba por ser negativo, não contando que lhe esmifram 25% dos juros obtidos em contraponto com as mais valias dos accionistas da PT que vão recebê-las limpas e secas, sem qualquer tributação.
Eu já era professor quando um governo ditatorial mantinha um orçamento equilibrado, com uma guerra colonial onde se encontravam 100.000 homens que precisavam de ser alimentados e vestidos, onde se gastavam fortunas em barcos, aviões e armas, onde todos viviam normalmente, sem "sem-abrigos", toxicodependentes ou ladrões de ourivesarias, mas nunca ouvi dizer que os governantes da época fossem apanhados a roubar os dinheiros do Estado ou dos bancos, com excepção de um valente capitão na Guiné, que fez uma pequena fortuna a comprar batatas para a messe.
Não acredito num primeiro-ministro que, há meia dúzia de anos atrás fazia uns projectos de habitação com azulejos do lado de fora, em administradores de empresas públicas que ganham centenas de milhares de euros por mês, em assessores que só o são porque se inscreveram no partido do poder, em parasitas que levam bancos à falência e vão apanhar sol para Cabo Verde sem que ninguém os incomode, em ministros que aceitam que Timor-Leste nos empreste dinheiro para pagarmos as dívidas, sem sequer um esgar de vergonha na cara... e não sei bem, mas acredito que alguns milhões de portugueses pensam como eu, ou estarei enganado? Sou só eu?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

PORTUGAL E O FMI

Aproveitando este feriado do 1º de Dezembro, que já me criou alguma azia, quando um jornalista televisivo perguntava a um jovem lindo de olhos azuis, ciberneticamente actualizado e capacitado, playstationíssimamente habilitado, mas completamente ignorante em relação às suas raízes históricas, o significado do "dia da independência", em contraste com um idoso que logo lembrou como se tivesse participado como conjurado, o lançamento de Miguel Vasconcelos para o Terreiro do Paço e os vivas a D. João IV naquela manhã de 1 de Dezembro de 1640. Felizmente que os espanhóis estavam com os seus exércitos a combater a vontade independentista da Catalunha e descuraram o flanco português, razão ainda para o meu amigo Josep Blasco me dizer quando nos encontramos que só somos hoje independentes à custa da Catalunha, o que eu sempre faço por agradecer.
Claro que a ignorância dos jovens em relação à sua história só vem porque cada data importante da nossa história é estudada como um "fait divers"...
- meninos, sabem porque é que amanhã é feriado?
- não, senhora professora...
- então eu vou explicar...
e para cada feriado a sua explicação, seja o 25 de Abril, o 10 de Junho ou o 1º de Dezembro, sempre explicados com a profundidade que se percebe na véspera e... ponto final, que os miúdos precisam é de saber inglês e internet, para além das 12 horas de educação sexual que todos os directores de turma tentam incorporar nas actividades dos colegas docentes que, sem qualquer preparação nem documentação tentam impingir aos alunos com uns filmes que os jovens acabam por ver meia duzia de vezes por ano. Para isso há tempo e horas, mas para a divulgação da nossa história não é preciso, que o professor Hermano Saraiva trata disso no canal 2, tarde e a más horas.
Claro que a partir daqui temos que aguentar toda a série de disparates, como um "opinião pública" que perguntava se era preferível uma união ibérica, apresentando como justificação a candidatura ao mundial do pontapé na bola de 2018, fazendo uma confusão nada dignificante entre uma necessária cooperação ibérica e uma tonta proposta de união ibérica, comparando até a reunificação alemã que a guerra separou há 60 anos atrás e o bom senso unificou, com uma nação de cerca de 9 séculos de história, unida e pulverizada de seguida pelos "nuestros hermanos" com a complacência, ignorância e desvergonha de uma geração de gente ignorante e cobarde.
Na verdade, o tema que eu propunha hoje não tinha nada a ver com o que acabei de escrever, mas as conversas são como as cerejas, vêm sempre umas atrás das outras, pelo que nada se perde, tudo se transforma, como dizia alguém mais inteligente que eu... e esse tema era "Portugal e o FMI", até porque uma agência de apostas, a "Unibet" tinha nas apostas uma questão interessante "o FMI entra em Portugal até 31 de Março de 2011?". Quem apostasse "sim" ganharia 1,7 do apostado, quem apostasse "não" ganharia 3,4, o que de alguma maneira dá a entender que eles vêm mesmo antes de 31 de Março.
Logo me veio à ideia uma solução para o problema do deficit, fácil de resolver e que vou tentar fazer chegar ao primeiro-ministro, ou seja, se o deficit são 10 mil milhões de euros, o governo deve apostar na Unibet uma quantia igual no "não", fechar todas as fronteiras até ao dia 1 de Abril para que o FMI não possa entrar e receber o prémio de 3,4 vezes o dinheiro apostado, resolvendo até o deficit de mais dois ou três anos que aí vêm. Vai uma aposta?