quinta-feira, 19 de junho de 2008

A PROPÓSITO DE LIXO...




A propósito do lixo reduzido, reciclado e reutilizado que o meu amigo Miguel tratou devidamente numa crónica excelente do seu blog http://devaneioscronicas.blogspot.com que recomendo a quem tem espírito de humor, falta de ar nas algibeiras ou não recebe heranças dos tios desde o Maio de 68, achei por bem abordar o tema, de uma forma mais ligeira, tradicional e nada ecológica, tal qual os meus queridos vizinhos.
Há uns anos, mais ou menos uns trinta para ser mais preciso, a civilização urbana acabava na minha casa, o que pressupunha que o carro do lixo acabava ali a voltinha diária, mas também indicava que o final do bairro era à minha porta e já que era para acabar em beleza a câmara municipal (ainda eram camarários os lixos) decidiu colocar no final do percurso dois contentores verdes, daqueles de tampa fácil de abrir e difícil de fechar que levavam tudo junto, papel, plástico, vidro e lixo orgânico.
A urbanização foi crescendo e agora são mais 15 vivendas, os mesmos 2 (dois) contentores de há trinta anos, com uma única mudança, onde havia dois contentores ficou um, mudando-se o outro para o novo final da urbanização. Facilmente se conclui que o contentor está sempre cheio e aos fins de semana transborda, para gáudio dos animais que andam por ali à solta fora da época de caça.
De vez em quando vejo na tv umas imagens da Índia, ou de alguns países africanos, com as ruas cheias de lixo e respiro fundo porque isso normalmente não acontece na minha rua, mas de vez em quando concluo que a côr da pele não tem nada a ver... é que surgiu por aqui o hábito de colocar o lixo ao lado do contentor quando ele está cheio, ou seja, os europeus do século XXI desta Europa tecnológica e desenvolvida, colocam o lixo no chão da rua, para os cães revolverem e... em frente da casa do vizinho!
Uma vez, já lá vão uns anitos, reparei que a vizinhança continuava a colocar os sacos do lixo no chão ao lado do contentor e tive uma ideia luminosa, pintei uma placa onde se lia " Se o contentor estiver cheio, guarde o lixo! Não deixe o lixo no chão!"
Entretanto o lixo continuava a ser deixado fora do contentor e ao observar este tipo de comportamento, indaguei junto de uma vizinha:
- Oh vizinha, então não reparou na placa?
- Oh vizinho, eu reparar, reparei, mas... eu não sei ler...
Isto já foi há bastantes anos e acho que já não há tanta gente sem saber ler neste país, mas seria de bom tom e muito boa educação que, estando o contentor do lixo cheio, as pessoas voltassem para trás com o lixo e o acondicionassem num qualquer lugar da sua casa até que o contentor estivesse vazio, mas... é pedir demais, eu sei. Então, sempre que o contentor está cheio e o lixo se acumula, tenho o hábito de colocar uma lage de mármore do tamanho da abertura do contentor e dar uns pulinhos por forma a calcar o lixo e a ganhar espaço para mais uns sacos, normalmente os que já estão espalhados pelo chão.
Tão entretido estava com os meus pulos que nem dei por três jovens que me olhavam tipo "extraterrestre", tentando perceber se eu estava de perfeita saúde... parei e tentei esclarecê-los do "projecto", eles abanaram a cabeça, sorriram e já estou a ver a ideia com que ficaram do professor que, se tudo correr bem os encontrará numa turma do secundário daqui por meia dúzia de anos.
Pois é Miguel, é difícil ser prior numa freguesia destas...


2 comentários:

Anônimo disse...

E eu a pensar que não havia pior do que um tipo colocar garrafa a garrafa no buraquinho, e apareces tu aos saltos em cima do lixo?...ó bigodes, de ti eu já esperava tudo,...agora aos saltos em cima do lixo, cum camandro.

Abraço
Miguel

virginia disse...

Eu tenho dois irmãos...
Os dois apresentam a mesma preocupação... curioso! Um impõe regras familiares para evitar as multas por deficiente triagem dos lixos, o outro é "penalizado" porque se preocupa com o acondicionamento da recolha dos lixos. E esta hem?
Cá por mim ... vou ter batatas provenientes dos restos do lixo doméstico "reciclado"! Vai faltar o bacalhau... não nasceu!