domingo, 8 de junho de 2008

ACAMPAR É QUE ESTÁ A DAR!

Faço parte de um grupo profissional que não está conforme os cânones de um país europeu tão desenvolvido como o nosso, grupo esse que por isso mesmo é dado a maluquices capazes de os transformar em potenciais criminosos, o que só ainda não aconteceu porque ainda não fomos denunciados ao governo e os seus dirigentes, à Comissão de Protecção de Menores, ao Tribunal de Menores e seus desparasitados juízes, à ASAE e seus desinfectados técnicos, aos pedopsiquiatras e seus milhentos técnicos de apoio a menores de famílias de risco e aos paizinhos das crianças que irresponsávelmente no-las entregaram durante três dias para um acampamento mais ou menos anormal, porque se pedíssemos autorização a todos os 453 organismos que teriam de dar autorização, nunca mais lá chegávamos.
À semelhança do que vem acontecendo nos últimos 10 ou 12 anos, com passagens por Vila Nova de Milfontes, Avis, Vila Viçosa, Sesimbra, Foz do Arelho, S. Martinho do Porto, Castelo de Bode, V. Nova da Barquinha e Pedrógão Grande (se calhar esqueci-me de alguns...), lá fomos com mais 30 jovens para uma aventura que nos fez descer o Zêzere de canoa entre Álvaro e Pedrogão Grande, uns míseros 25 kms de canoagem que nos levou a uma noite descansadíssima num acampamento rigorosamente selvagem, onde a malta utilizou instalações sanitárias vindas directamente do Gana, lavou o corpinho no rio e passou a noite na companhia de umas aranhas com patas gigantes.
À noite, um road-book de vários quilómetros levou os medrosos para o meio da floresta, onde à falta de melhor, apanharam com os professores em cima, ao desfazerem uma curva do trajecto e sofreram uns sustos que os deixaram verdadeiramente pálidos, embora a escuridão lhes desse a força suficiente para dizerem que não...
Outro dia quase igual, uma ida surpresa à discoteca no final do pedy-paper nocturno e a constatação de que os jovens do século XXI são quase iguais, para pior, que os da nossa juventude (anos 60 e 70)... então não querem saber que os meninos e meninas, que aprendem a dançar na escola, entraram na discoteca e passaram a primeira hora a olhar para os professores, que dançavam satisfeitos da vida, convidando e motivando pela prática aquelas múmias paralíticas para a pista de dança? esta malta nova, a tal descontraída, descomplexada e que nos cataloga de "cota" ainda tem muito que aprender.
Mas agora, vamos ao que interessa... então não é que estes professores, saíram da escola com os jovens, na quinta feira às 8 da manhã, trabalharam com eles até sábado à tardinha, 24 horas por dia (sabem como é controlar um acampamento escolar, não sabem?) e tudo isso sem um cêntimo de horas extraordinárias, subsídio de deslocação ou outra qualquer mordomia, para além do prazer de ajudar os seus alunos a crescer? pois...
Mas se calhar é por isso que há 16 (dezasseis) anos o grupo de Educação Física da Escola Secundária de Alcanena conta com o Carlos Marques, o Miguel Sentieiro, o Pedro Marques e o João Oliveira, os quais mesmo fazendo dezenas de quilómetros para o local de trabalho e tendo opção de escolher escolas mais próximas da residência, nunca mostraram vontade de abandonar o grupo de trabalho, do qual me orgulho de fazer parte.
Mesmo um pouco cansados, enquanto almoçávamos uma "carne de porco à alentejana", já se lançavam as bases do acampamento escolar do próximo ano, com a hipótese de Sesimbra a ganhar, numa rotatividade campo/praia que tem resultado ao longo dos anos e que tem contribuído para que os jovens guardem mais uma boa recordação da sua juventude.
Então até para o ano, se as melgas que pululam aqueles organismos todos que enunciei, nos deixarem.

Um comentário:

Anônimo disse...

Estamos aí!

E como vais ser o primeiro de nós a passar à reforma (quando tiveres 78 anos), fica descansado que o topo da coluna da discoteca ainda estará reservado para os teus skills de Saturday Nigth fever, nem que a malta te ponha lá ao colo...
Abraço
Miguel