terça-feira, 12 de junho de 2007

A ESTUPIDEZ TERÁ LIMITES?

Sinceramente, começo por concordar com quem dizia há cerca de 2000 anos, que "bem aventurados os pobres de espírito, porque deles será o reino dos céus". É que eu estou a ficar cheio de nódoas negras e nem é porque vou para as manifs dos G8, ou para as discotecas nas febres de sexta feira à noite, nada disso. É só porque eu quase todos os dias tenho de me beliscar para ter a certeza que estou vivo, devido à leitura de jornais, outro vício que vou ter de deixar para preservar um pouco a minha lucidez mental, muito embora oiça cada vez mais os familiares e amigos dizerem "já foste ao médico?", "ganha juízo, pá" ou "cada vez estás pior", para além daquele encolher de ombros, que noto depois de dizer qualquer coisa sobre qualquer assunto.
Parece-me haver um "top 100" da estupidez, assim como aquele "top mais" da música que a tv nos recomenda ao Sábado, quando estou a almoçar com a família. Uma boa maneira de ultrapassar o trauma dos mortos em Bagdad que a tv me presenteia sempre que estou para mastigar um peixinho assado na brasa. Porque a estupidez não mata mas moe, como dizia um amigo meu, tenho de revelar que no Sábado passado, o título de primeira página era sobre uma família condenada a pagar 5.000 euros de custas judiciais e advogado oficioso, porque o filho de 4 anos fora atropelado e morrera à porta de casa, vítima de um condutor que seguia em contra-mão. Mais umas beliscadelas, para confirmar estar vivinho da costa e a notícia lá continuava. O juiz tinha decidido que a criança é que tinha tido a culpa, porque ao sair de casa não tinha tomado as devidas precauções, como seja olhar à esquerda e depois à direita. O quê? o motorista ia em contra-mão numa rua? humm, devia ir distraído e uma distração qualquer um tem, mas entre um adulto ir em contra-mão de automóvel e uma criança, de 4 anos, sair para a rua de bicicleta sem olhar, p`ra que lado me vou virar, p`ra que lado? (como diz a canção...) .
A criança morreu, o desgosto dos pais foi e é enorme, o caso vai para tribunal por ordem do ministério público, uma vez que os pais, pobres, não podiam levar o caso a tribunal e (outra beliscadela) o douto juiz chega à brilhante conclusão que a criança tinha sido a culpada do acidente. Aí surge a ilimitada estupidez em acção e os pais da criança são condenados a pagar quase 5.000 euros de custas e custos de um processo para o qual não foram tidos nem achados, uma vez que a iniciativa de mandar o caso para os tribunais foi de um delegado do ministério público.
Não haverá por aí uma televisão a dar a notícia, tal como o tem feito e bem, com o desaparecimento da Madeleine? Pelo menos para que os tribunais tenham vergonha da justiça que administram.
Vou ter de terminar, já não tenho mais corpo para tanto beliscão.

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