sábado, 2 de junho de 2007

"CIVILIZAÇÃO LIGHT"


As pessoas são mais ou menos sensíveis e reagem em grande parte em função do meio em que se desenvolvem, o que me leva a pensar que se vivesse em alguma zona do extremo oriente, ou em Angola durante os mais de 30 anos de guerra civil, talvez nem esta crónica tivesse razão de ser. De facto vou abordar um problemazinho que só tem razão de ser num país, ou melhor, numa sociedade sem rei nem roque, como é esta, onde crianças e adultos não podem estar descansados na via pública. Isto tudo a propósito de uma notícia divulgada nos meios de comunicação social, em que uma criança foi atacada por um cão de raça husky, um nome pomposo para aqueles cães de olhos azuis e pêlo siberiano que começaram a aparecer em Portugal há uns tempos atrás, e teve de ser suturada com 32 pontos na cabeça, ou seja, levou quase tantos pontos em meia hora como o Benfica em 6 meses. Felizmente não morreu, não se sabe quem é o dono e a GNR de Valença, segundo informou, não tem como descobrir quem é o proprietário do animal porque... não tem chip de identificação. Estou mesmo a ver que em Valença do Minho cada casa de habitação tem um animal destes e de facto a GNR tem mais que fazer que olhar para os cães que andam na rua sem dono, sem açaimo, sem chip e com dentes afiados. E o pai da criança a ter de pagar a taxa moderadora lá no hospital, porque o cão não trazia dinheiro...

Dizia a notícia que, em Boivão, também lá para o norte de Portugal, embora me pareça nome de terra brasileira, dois cães de raça rohtweiler atacaram uns miúdos, felizmente sem gravidade. Entretanto uns jovens espigadotes conseguiram meter os cães dentro de uns caixotes e chamaram a GNR. Qual não foi o espanto das pessoas quando a patrulha da autoridade disse para quem quis ouvir que "não levava os cães", dando ainda ordem para que fossem soltos.

No tempo em que não havia "amigos dos animais", canis municipais, veterinários municipais e outros que tais, os empregados da limpeza, sem curso, com um encarregado também sem curso de formação e uma carroça, tinham o cuidado de ir apanhando os animais vadios que andavam nas ruas, normalmente portadores dos mais variados tipos de doença, controlando as espécies errantes, porque na verdade os animais não têm culpa de não haver consulta de planeamento familiar para eles (lá chegará o tempo...). Hoje, que um desgraçado que paga todos os impostos nem sequer pode fumar um cigarrito descansado, as ruas estão cheias de cães vadios prontos a atacar a criançada e nem a GNR quer saber do assunto.

Um dia destes saio à rua, mas de carabina ao ombro, porque além destes cãezinhos, vou encontrar lobos esfomeados que alguns iluminados andaram a largar no meio do mato, uns leões que um palerma qualquer comprou, pequeninos, e abandonou quando começou a ter medo deles. Não? na América já acontece e se o Mac Donnalds cá chegou...

E ninguém é responsável? desculpam-se porque as câmaras municipais não têm canis? e não têm porquê? é assim tão caro um canil? e essa lei que determina a obrigatoriedade de os donos colocarem um chip ou uma coleira com a identificação do animal e do dono, cumpre-se? e a obrigatoriedade de açaimo na via pública? e se o animal não tiver dono, não se faz nada? e a GNR está para proteger os cidadãos ou não quer saber disso para nada?

Na verdade, amigo dos animais sou eu, que nunca tive nenhum preso na varanda, nem dentro de casa, nunca achei aceitável lojas de venda de animais, com os desgraçados dentro de caixotes de vidro à espera de serem vendidos e sempre achei que os animais devem andar soltos, livres e em espaços próprios, com um controle adequado para que não invadam o espaço que não lhes pertence. E um dia que queira optar por companhia, adopto uma criança necessitada de carinho e condições de vida digna, faço por ela o que puder para a fazer feliz e nunca direi que "só lhe falta falar".

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