terça-feira, 27 de novembro de 2007

INTERESSANTE...

Esta semana foquei o meu interesse numa reportagem televisiva, onde os pais e (en)carregados de educação de "crianças" entre os 9 e os 13 anos, alunos de uma escola C+S deste país, se amotinaram à frente do portão da escola e deram a conhecer ao mundo (do Sudão ao Bangladesh) o elevado nível cultural e social deste torrãozinho peninsular. Então não é que os seus filhinhos, coitadinhos, tinham de fazer ummmmmm quilóooooometro a pé, entre a escola e o pavilhão desportivo onde tinham as aulas de educação física? Pelas imagens da reportagem só deu para ver uma escola bem situada, com ruas asfaltadas e um solzinho que faria inveja às crianças de países não tão desenvolvidos como a Noruega, Suécia, Dinamarca e por aí fora... um convite a um passeio em grupo até ao pavilhão.
- Isso é que era bom, o meu filho não sai da escola, que eu não autorizo!
- Mas é só um quilómetro...
- E você acha pouco, para crianças tão pequeninas? o meu filho anda no 5º ano e só tem 13 anos... não sai da escola, já disse!
- Tenha calma...
- Tenho calma??? vou lá dentro e parto a cara a esses professores que não querem saber nada, nem resolvem este problema... só vão ao pavilhão se forem de autocarro e acompanhados de uma funcionária, porque nem nos motoristas se pode confiar. Há por aí tanto malandro...
- Com calma tudo se...
- Lá está você com as calmas, não vê que isto só se resolve com barulho e com a televisão a mostrar tudo? e você acha pouco um quilómetro? alguém me disse que na verdade é um milhão de milímetros, um milhão, ouviu??? um milhão de seja o que fôr é um exagero... e estava você para aí com essa do quilómetro...
- pois...
- Ele entra aqui às 8 da manhã e sai às 6 da tarde e mais nada! e se me chateiam muito fica cá até à meia noite, que eu tenho de trabalhar e não posso andar a trazer e buscar a criança, ouviu?
Entretanto e porque tenho este vício de ler jornais, fui chocar com uma notícia de um jornal regional onde se destacava a recuperação de uma escola no Kosovo, feita por militares portugueses, na zona de Orlann, onde "faltava quase tudo", como destacava o tenente-coronel Mário Pereira, comandante do batalhão.
"Na memória de Mário Pereira estão as filas de crianças, que nalguns casos percorriam mais de 8 quilómetros por dia por estradas cobertas de neve, ao frio e descalças, só para irem à escola"
E agora eu pergunto:
Estarão as nossas crianças (e os seus pais) preparadas para dentro de alguns anos, ajudarem quem quer que precise, depois de se negarem a fazer a pé um percurso de um quilómetro, em grupo, até uma aula de educação física?

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