segunda-feira, 5 de novembro de 2007

A UTOPIA

Lembrei-me de tanta coisa nestes últimos dias, a propósito das notícias que nos vão chegando, que às tantas estou completamente baralhado e não consigo deixar de sorrir, de tal modo que a vontade de escrever sobe e desce ao ritmo dos alcatruzes da tradicional nora que salpicava os campos do Ribatejo. Lembrei-me agora dos burros que a movimentavam, não esses que pensaram, não, os burros-burros mesmo. Acho até que os "amigos dos animais", tão prontos para se manifestarem em frente ao Campo Pequeno, ainda não se lembraram de libertar os poucos burros que sofrem o calvário de uma vida completamente redonda atrelados à nora horas a fio...
Pois foram notícias atrás de notícias, capazes de me fazer sentar em frente ao teclado, mas... o meu espírito crítico não me deixava dar o tal passo em frente, começava a pensar na utilidade do texto, na tragédia que é ir na enchurrada de pareceres de tantos outros que diariamente vão desancando ministros, secretários, chefes disto e daquilo... não, não vou escrever mais crónicas que alinhem despudoradamente com a oposição, seja ela qual fôr. A partir de hoje vou fazer as minhas crónicas sempre tendo por base o pensamento dominante dos orgãos de poder, coisa que deveria ter começado há 30 anos atrás, mas uma pessoa quando é jovem pensa que vai mudar o mundo e depois arrepende-se. Custava-me alguma coisa ter escolhido uns cartazes cor- de -laranja ou vermelho debutado, em vez de andar atrás de minorias de cabeludos? bem, eu sei que alguns cortaram o cabelo, a barba e o bigode, para poder ascender na carreira, chegando alguns a ministros, sempre com pasta, e até a uns lugares porreiros, pá, na União Europeia.
Mas na verdade deixei passar o Procurador com ruídos na cabeça, perdão ruídos no telemóvel, a Ministra das faltas, as criancinhas do Gana, A D. Catalina da Casa Pia, o novo emprego do aposentado Mendes, a desaparecida Maddie, o Ranking das Escolas, sei lá, uma catrefada de temas capazes de preencher o mês a um chefe de redacção de um qualquer jornal.
Mas não me estava a dar para isso, começava a escrever e apagava, queria dar uma certa ironia à escrita e os casos só me davam vontade de chorar, liguei um canal da internet com os vídeos do Mr. Bean e o pessoal que estava à minha volta não achava piada nenhuma, eu sei que estávamos no dia 20 e por essa altura o pessoal não acha piada a nada...
Acabei fazendo um intervalo demasiado longo e perdi algumas faculdades que só uma prática constante nos fornece, por algum motivo se dizia a quem parava uns tempos naquelas profissões mais manuais, que tinham "perdido a mão". Na verdade é caminhando que se faz o caminho, como diria o Sr. de La Palice, mas é mesmo verdade que em tudo na vida é necessária uma boa dose de paciência, dedicação, discrição, atitude e alguma natural teimosia para se construir alguma coisa de que nos possamos orgulhar, mas que não é fácil todos sabemos.
Talvez se os predicados que apontei tivessem sido levados em conta nos casos que acima referi, acompanhados de um jornalismo mais profissional e menos sensacionalista, as coisas se resolvessem melhor, não sei...
Pronto, eu prometo que vou continuar a fazer umas crónicas!

Um comentário:

Miguel Sentieiro disse...

Meu caro Lúcio

Essa coisa de perder a mão nem parece tua. O tipo que sempre teve a mão no sítio certo,...bom às vezes também no sítio errado...
Tu sabes que quando escrevemos e batemos nos assuntos reles que nos incomodam estamos a fazer terapia. Há gajos que batem nas mulheres, outros que chamam nomes ao árbitro, a malta apenas descasca um bocadinho e depois está tudo bem. Agora vai-te lá sentar à frente do teclado e bate lá mais um bocadinho nos cavalgaduras...