sexta-feira, 16 de novembro de 2007

"PIOLHICE"

Todos sabemos que o piolho na cabeça das crianças e jovens é como o brandy Constantino, já vem de longe, e de alguma forma dava uma ideia aos educadores do nível de educação das famílias portuguesas, especialmente na primeira metade do século passado. A temática dos piolhos era transversal a toda a sociedade, no entanto havia mães de família, donas de casa na época em que o trabalho ainda não as tinha "libertado", que procuravam dar banho aos filhos e mantê-los apresentáveis, mesmo que para isso passassem anos sem poder ir a um café ou restaurante. Sacrificavam a sua vida em prol de uma imagem de gente humilde mas que podia sair à rua lavada e com uma apresentação que não os envergonhava. Acontecia até que os vizinhos já sabiam que podiam fazer umas festas na cabeça a umas crianças e não podiam sequer aproximar-se de outras. Se alguns dizem que o dinheiro dividia as classes, eu sempre tive amigos de todas elas e quando jovem escolhia os amigos e amigas mais pela forma como se apresentavam limpos e cheirosos do que pelo dinheiro que tinham.
E a sociedade evoluiu... de tal maneira que o alguidar de "folha de flandres", o sabão azul e branco e um pouco de vinagre na água do banho (o cabelo até chiava quando lhe dava a última passagem com as mãos) deram lugar ao shampô, ao amaciador, ao gel, à água sempre quente do esquentador, mas todos sabemos como são as crianças sem a vigilância e o cuidado dos pais... não nos lembramos todos nós de deitar a água ao lado da cabeça, fazermos de conta que lavávamos e não lavávamos e que era a mãe que no final do banho ia verificar se estava bem lavado? e como não estava, lavavam de novo? pois o problema é esse, os pais mandam crianças de 7 e 8 anos lavar-se, elas fazem que se lavam, os pais não ligam e elas chegam à escola a cheirar mal e com piolhos na cabeça. Os professores dizem baixinho a esses alunos para dizerem à mãezinha para lhes lavar bem a cabeça, os miúdos dizem, as mães têm um pouco de vergonha e no dia seguinte a criança volta à escola melhor, sem que os colegas as estigmatizem com alcunhas que perduram pelo resto da vida.
O problema reside no facto de algumas famílias gastarem mais tempo com os cães, que mantém dentro de casa, do que com os filhos, misturarem bichanos e crianças no mesmo espaço, às vezes num T1 sem varanda e muitas vezes deixarem as crianças dormir com os animais. Ah pois, as crianças choram se não as deixarem dormir com o cão...
Pois meia dúzia de crianças apareceram com piolhos na cabeça e sabem o que se faz? Publica-se no jornal da região e só não deu reportagem televisiva porque a directora da escola teve o bom senso de recusar as reportagens no espaço escolar, das televisões nacionais, dispostas a mostrar ao país as crianças com piolhos a saltar na cabeça... seria mais uma televisiva piolhice, a juntar a tantas outras que vão passando pela tv que temos.
Todos se preocupam com a instrução dos filhos, eles têm de ser excelentes na profissão que escolherem, mas os pais não se podem esquecer que um patrão não quer na sua empresa um jovem com piolhos na cabeça.
E por agora chega, que tudo isto está a dar vontade de me coçar!

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