domingo, 25 de novembro de 2007

TÃO POUCOS...

Estou sentado no sofá a olhar, de vez em quando, a televisão e reparo que a tv cabo que eu pago, está a transmitir o jogo Belenenses - Estrela da Amadora. O locutor diz que está bastante frio e que a desoladora assistência não deverá atingir mil pessoas, mas como estou pouco atento nem sei se é a assistência que está desolada com tanto frio, se é a falta de gente que desola quem tem por missão fazer-nos crer que estamos a ver o "melhor espectáculo do mundo".
O comentador, que manda umas bocas para fazer sentir ao locutor que não está a trabalhar sozinho, realça de seguida o facto de o jogo do União de Leiria ter tido apenas 300 pessoas, o que num estádio de 30.000 lugares acaba por deprimir os que lá vão, sendo o comentário dos teimosos presentes parecido com um "nunca mais cá volto, senão adoeço!"
Aos cinco minutos de jogo, desliguei o som, para não me perturbar a crónica e de vez em quando dou uma olhada, pensando pelo meio da coisa se não há mais nada para ver na televisão... e para quê mudar se ainda não acabei a crónica?
E na sportv 2 o que estará a dar? olha, o Nice - Paris St. Germain e o estádio cheio, caramba! e agora reparo, estes jogos parecem-se com aqueles empréstimos que se pagam mais depressa ou mais devagar conforme o cliente quiser, passo para o Belenenses e aquilo vai lento, ligo ao Nice e a coisa acelera.
E o público? 20.000 em Nice e 1.000 em Lisboa! um jogo numa bonita cidade de província francesa e o outro na capital portuguesa... há uns tempos atrás também reparei no Bayern de Munique - Belenenses, com 62.000 assistentes na Alemanha e 4.000 em Lisboa, o que não sendo científico, quer dizer qualquer coisa.
Proponho que os campeonatos de futebol se façam em Portugal como se constituem as empresas, bastando que o capital social mínimo se estabeleça em função das assistências aos jogos. Outra hipótese seria fazer estádios com 5.000 lugares e construir apartamentos no espaço restante. Haveria enchentes em muitos estádios e sempre se faziam umas receitas extraordinárias com a venda dos apartamentos, sendo que, com a varanda virada para o estádio, o condómino via os jogos sem sair de casa, embora tivesse de colocar vidros duplos para não ouvir os habituais palavrões próprios do léxico futebolístico indígena.
Na minha juventude era habitual jogarmos e assistirmos a jogos de futebol, ficando na memória jogos emocionantes com milhares de espectadores, onde sobressaíam alguns de intensa rivalidade com o meu Caldas, Nazarenos, Torreense, Peniche e lá estava eu no Central a ouvir a intelectualidade caldense a afirmar que o futebol era o ópio do povo, dos pobres e só andava nisso quem tinha uma vida sem grandes objectivos. Nunca acreditei, porque se assim fosse numa sociedade sem objectivos como a actual, com 2 milhões de pobres, os estádios estariam cheios.
Talvez tudo se resuma a novos focos de interesse, outras solicitações mais interessantes, outros desportos e actividades, mas com excepção dos centros comerciais, eu olho e vejo tão poucos...

Nenhum comentário: