quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

SAÚDE!

Não há dúvida que o povo quer é saúde, para além de alguns outros pormenores, como dinheiro, amor, viagens, automóveis, jóias, perfumes... mas na verdade a saúde é talvez a mais importante causa social dos povos europeus, em oposição a muitos outros que ainda estão num patamar que só lhes permite sonhar com paz, pão, habitação, água potável, roupinha barata, medicamentos, alfabetização.
Mas não nos iludamos, a preocupação com a saúde é unicamente justificada pelo facto de a malta querer viver mais uns anos, contradizendo o sentimento popular que refere estar tudo "pela hora da morte", um subterfúgio usado que apenas quer fazer transparecer aos outros que isto está muito mau. E não é verdade, ponto final.
Então a saúde está pior e vivemos mais anos?
A saúde é o cancro da sociedade do século XXI, capaz de esgotar todas as verbas da Segurança Social enquanto o diabo esfrega um olho, sendo objectivamente contrária aos desígnios nacionais, na medida em que não há governo que se aguente com tanta gente a querer chegar aos 100 anos e... com saúde. Onde é que isto vai parar?
Há necessidade de alterar as coisas, premiar quem tem a lucidez necessária de morrer numa idade razoável, digamos, entre os 55 e os 65 anos, proporcionando ao Estado uma poupança enorme, capaz de em meia dúzia de anos nos colocar na frente do pelotão do mundo desenvolvido. Acho até que o Estado deveria proporcionar prémios aos falecidos, em função da idade, oferecendo as despesas de funeral e pagando até uma banda filarmónica para acompanhamento, caso o falecido nunca tivesse estado de baixa e falecesse no ano em que havia de se reformar.
Mas quem é que aceita que se diga que isto está cada vez pior, que a malta responda sempre "vai-se andando..." quando lhe perguntam como vai e queira viver com saúde, pelo menos 100 anitos? não é paradoxal? então se está tudo tão mau, não seria melhor morrer com saúde mas... mais cedo que o costume?
A política do governo Pinto de Sousa tem sido um aglomerado de leis e despachos avulsos, muitas vezes contraditórios, mas no caso da Saúde não encontramos motivos de contestação, uma vez que todas as medidas se inserem numa conjuntura mais vasta de equilíbrio das contas públicas, fechando as urgências para poupar nos custos do Ministério da Saúde e em consequência deixar morrer mais alguns aposentados, poupando nos custos da Segurança Social.
Porque esta mama de viver cheio de saúde até aos 100 anos, tem mesmo de acabar, sob pena de eu ter de trabalhar até aos 90.
Ahh, já me esquecia... supondo que um médico, uma enfermeira e um administrativo estão toda a noite encostados ao balcão de atendimento do Centro de Saúde de Favaios, a receber a 200% da tabela, à espera do doente que não aparece e no dia seguinte estão de folga e não há médicos para os doentes que estão para ser atendidos às 9 da manhã, não será melhor fechar aquilo durante a noite? isto é só uma suposição, claro...
Mas um país onde um automóvel é obrigado a ir à inspecção todos os anos e uma pessoa pode estar 4 anos há espera de uma intervenção cirúrgica, é um local mal frequentado, capaz de nos levar a escrever crónicas destas, não acham?

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