
Nem eu, um indíduo bem disposto por natureza, com natural inclinação para dar umas boas gargalhadas quando me contam ou leio umas anedotas bem esgalhadas, de preferência imaginativas e dispensando as palermices e os palavrões dos humoristas da SIC Radical... eu queria saber o nome deles, mas não me ocorre, não porque seja transcendente para quer vier a ler esta crónica saber o nome dos nossos televisivos humoristas, mas eu nunca tive oportunidade de saber o nome deles, se bem que talvez tenha alguma coisa a ver com qualidade, não sei, porque o mrs. Bean, o Herman do "Tony Silva", o Raul Solnado do Zip-Zip, o Camilo de há 20 anos atrás, a Ivone Silva, o António Silva de há 40 anos, desses eu sei o nome.
Mas não sei porque é que estou a escrever de humor e de humoristas quando afinal eu só queria dar a conhecer uma iniciativa do Centro de Emprego e Formação Profissional da Guarda, uma delegação do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), que vai revolucionar toda a estrutura Pedagógico-Educacional da Comunidade Europeia e até mesmo da comunidade das nações, com a ONU a mandar a Portugal os seus técnicos de educação para estudar e desenvolver por todo o globo as nossas inovações.
Então não é que foi criado o curso de "Jogador de Futebol"? é verdade, na área 813. Desporto, conforme se pode ler no panfleto em anexo, com a saída profissional - Jogador de Futebol e com o nível de qualificação 2 da União Europeia (acho que o nível dos técnicos administrativos é o 3 e têm de saber ler e escrever...) qualquer jovem entre os 15 e os 25 anos, com o 6º ano de escolaridade, pode tirar o curso e ser-lhe-á atribuído o diploma do 9º ano de escolaridade.
Presumo até que o IEFP promoverá para os "jogadores de futebol", já portadores do tal 9º ano e com idade entre os 25 e os 35 anos, o curso de "treinadores de futebol" com a atribuição do diploma do 12º ano ou até de "bacharelato" se entretanto souberem uma língua estrangeira.
Depois é fácil, entre os 35 e os 45 anos, o diplomado com o "bacharelato" e o cartão de treinador, terá entrada na universidade, como fez o Vitor Baía, onde completará o mestrado em Gestão Desportiva, tudo isto sob o alto patrocínio do Instituto de Emprego e Formação Profissional.
Entretanto até aos 65 anos é um instante e a reforma estará por aí a chegar...
Lembrei-me agora de uma "estória" verídica que passo a contar: nos anos 50 era necessário ter a 4ª classe para jogar futebol e o Parreira, um defesa central de "antes quebrar que torcer", não sabia ler nem escrever e foi fazer o exame, com o professor a par da necessidade do diploma para que o nosso jogador entrasse em acção. No livro da 1ª classe, que serviu de base ao exame, as palavras eram acompanhadas de imagens esclarecedoras, pelo que o professor começou o exame soletrando...
- Oh Parreira, vamos lá... P... I... PI, P... A... PA. agora diz tudo de uma vez...
- Barril!
É que a imagem do livro era mesmo um barril.
- Está bom, toma lá o diploma e vai lá jogar à bola.
Será que a Universidade Independente, com cursos de Engenharia tirados ao fim-de-semana terá alguma coisa a ver com isto? claro que não deve ter, mas que a imaginação também nos leva outros assuntos, outros caminhos...
E porque não o IEFP promover outros cursos interessantes, como "agente comercial de produtos químicos", "relações públicas nocturnas", "manipulador de fechaduras auto", "gestão de residências alheias", tudo isto para jovens entre os 8 e os 80, com atribuição de diploma de equivalência ao 9º ano?
Estamos no bom caminho, sim senhor. Ler, escrever e contar foi chão que deu uvas e não passámos da cepa torta, ou isso de saber escrever com sujeito, verbo e complemento directo deu algum lucro ao país? exportámos analfabetos e recebemos casas com azulejos na parede.
Agora, não. Exportamos jogadores de futebol, na maior parte dos casos também analfabetos (mas com o 9º ano, não se esqueçam), e recebemos figuras do "jet-set", com investimentos em resorts, revistas cor-de-rosa e carros de gama alta, naturalmente designados pela nação, embaixadores do "estado a que isto chegou" e da nossa genuína cultura universal.
Daqui lanço uma proposta, que concerteza o governo vai ter em consideração: façam um curso de "jogador de futebol" em cada freguesia! fechem as escolas entre o 6º e o 9º ano (eles jogam futebol e recebem o diploma) e se algum não tiver jeito nem para suplente, obriguem-no a ir para a universidade.
Mas não volto a falar no assunto, porque com a mania da poupança o governo ainda vai aprovar a ideia...
Um comentário:
Está um espectáculo. O nosso país é um espectáculo em matéria de educação. Mais digo, a Educação, foi, é e pelo caminho continuará a ser o grande FALHANÇO da nossa democracia conquistada no 25 de Abril.
Não tem ponta por onde se lhe pegue......desculpem tem... as nossas escolas ainda produzem muita qualidade devido á qualidade, capacidade e devoção de muitos dos nossos professores, mesmo sem serem valorizados socialmente nem materialmente.
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