domingo, 20 de janeiro de 2008

A IMAGINAÇÃO NÃO TEM LIMITES!




Nem eu, um indíduo bem disposto por natureza, com natural inclinação para dar umas boas gargalhadas quando me contam ou leio umas anedotas bem esgalhadas, de preferência imaginativas e dispensando as palermices e os palavrões dos humoristas da SIC Radical... eu queria saber o nome deles, mas não me ocorre, não porque seja transcendente para quer vier a ler esta crónica saber o nome dos nossos televisivos humoristas, mas eu nunca tive oportunidade de saber o nome deles, se bem que talvez tenha alguma coisa a ver com qualidade, não sei, porque o mrs. Bean, o Herman do "Tony Silva", o Raul Solnado do Zip-Zip, o Camilo de há 20 anos atrás, a Ivone Silva, o António Silva de há 40 anos, desses eu sei o nome.
Mas não sei porque é que estou a escrever de humor e de humoristas quando afinal eu só queria dar a conhecer uma iniciativa do Centro de Emprego e Formação Profissional da Guarda, uma delegação do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), que vai revolucionar toda a estrutura Pedagógico-Educacional da Comunidade Europeia e até mesmo da comunidade das nações, com a ONU a mandar a Portugal os seus técnicos de educação para estudar e desenvolver por todo o globo as nossas inovações.
Então não é que foi criado o curso de "Jogador de Futebol"? é verdade, na área 813. Desporto, conforme se pode ler no panfleto em anexo, com a saída profissional - Jogador de Futebol e com o nível de qualificação 2 da União Europeia (acho que o nível dos técnicos administrativos é o 3 e têm de saber ler e escrever...) qualquer jovem entre os 15 e os 25 anos, com o 6º ano de escolaridade, pode tirar o curso e ser-lhe-á atribuído o diploma do 9º ano de escolaridade.
Presumo até que o IEFP promoverá para os "jogadores de futebol", já portadores do tal 9º ano e com idade entre os 25 e os 35 anos, o curso de "treinadores de futebol" com a atribuição do diploma do 12º ano ou até de "bacharelato" se entretanto souberem uma língua estrangeira.
Depois é fácil, entre os 35 e os 45 anos, o diplomado com o "bacharelato" e o cartão de treinador, terá entrada na universidade, como fez o Vitor Baía, onde completará o mestrado em Gestão Desportiva, tudo isto sob o alto patrocínio do Instituto de Emprego e Formação Profissional.
Entretanto até aos 65 anos é um instante e a reforma estará por aí a chegar...
Lembrei-me agora de uma "estória" verídica que passo a contar: nos anos 50 era necessário ter a 4ª classe para jogar futebol e o Parreira, um defesa central de "antes quebrar que torcer", não sabia ler nem escrever e foi fazer o exame, com o professor a par da necessidade do diploma para que o nosso jogador entrasse em acção. No livro da 1ª classe, que serviu de base ao exame, as palavras eram acompanhadas de imagens esclarecedoras, pelo que o professor começou o exame soletrando...
- Oh Parreira, vamos lá... P... I... PI, P... A... PA. agora diz tudo de uma vez...
- Barril!
É que a imagem do livro era mesmo um barril.
- Está bom, toma lá o diploma e vai lá jogar à bola.
Será que a Universidade Independente, com cursos de Engenharia tirados ao fim-de-semana terá alguma coisa a ver com isto? claro que não deve ter, mas que a imaginação também nos leva outros assuntos, outros caminhos...
E porque não o IEFP promover outros cursos interessantes, como "agente comercial de produtos químicos", "relações públicas nocturnas", "manipulador de fechaduras auto", "gestão de residências alheias", tudo isto para jovens entre os 8 e os 80, com atribuição de diploma de equivalência ao 9º ano?
Estamos no bom caminho, sim senhor. Ler, escrever e contar foi chão que deu uvas e não passámos da cepa torta, ou isso de saber escrever com sujeito, verbo e complemento directo deu algum lucro ao país? exportámos analfabetos e recebemos casas com azulejos na parede.
Agora, não. Exportamos jogadores de futebol, na maior parte dos casos também analfabetos (mas com o 9º ano, não se esqueçam), e recebemos figuras do "jet-set", com investimentos em resorts, revistas cor-de-rosa e carros de gama alta, naturalmente designados pela nação, embaixadores do "estado a que isto chegou" e da nossa genuína cultura universal.
Daqui lanço uma proposta, que concerteza o governo vai ter em consideração: façam um curso de "jogador de futebol" em cada freguesia! fechem as escolas entre o 6º e o 9º ano (eles jogam futebol e recebem o diploma) e se algum não tiver jeito nem para suplente, obriguem-no a ir para a universidade.
Mas não volto a falar no assunto, porque com a mania da poupança o governo ainda vai aprovar a ideia...

Um comentário:

Anônimo disse...

Está um espectáculo. O nosso país é um espectáculo em matéria de educação. Mais digo, a Educação, foi, é e pelo caminho continuará a ser o grande FALHANÇO da nossa democracia conquistada no 25 de Abril.
Não tem ponta por onde se lhe pegue......desculpem tem... as nossas escolas ainda produzem muita qualidade devido á qualidade, capacidade e devoção de muitos dos nossos professores, mesmo sem serem valorizados socialmente nem materialmente.