sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

O EMPURRÃOZINHO...

Às vezes estamos bloqueados e não conseguimos elaborar uma crónica, não porque não nos apeteça escrever sobre os mais variados temas, mas porque eu não gosto de chover no molhado, quando todos são levados a falar de um só tema, tenho tendência para ir para o outro lado. Esta minha apetência vem desde os meus tempos de juventude, quando ficava em casa no carnaval, ou ía para a praça da fruta quando havia largadas de touros no outro lado da cidade e até mesmo quando perdia o primeiro quarto de hora de jogo em Alvalade ou na Luz só para não ir na maralha que entrava pela geral e pisava tudo e todos, com a ajuda dos cavalos da GNR, os cavalos mesmo, que não estou a falar dos agentes de segurança.
Mas a crónica não tem nada a ver com estes empurrões, que cada um vai tentando fugir deles o melhor que pode, muito embora em algumas ocasiões levemos com toques mais ou menos fortes no cadáver, sem que tenhamos tempo de nos desviarmos.
Também não podemos esquecer aquele outro tipo de empurrão, simpaticamente designado de "empurrãozinho", que de vez em quando topamos nos jornais e revistas, como a filha do ministro da justiça, que foi trabalhar para o gabinete do paizinho com cerca de 3.000 mocas por mês, o filho do ex-presidente (já não sei qual) que também foi empurrado para um lugar porreiro, pá!, a mulher de um deputado europeu nomeada secretária particular, em Bruxelas (para falar verdade, várias mulheres de vários deputados). Bem, para empurrõezinhos, estamos conversados.
E tudo isto a propósito da visita do ministro da Administração Interna, responsável pela PSP e GNR (ainda não percebi muito bem para que existem duas forças de segurança... talvez para haver lugar para dois comandantes, não sei...) a Rio de Mouro, aquela bela localidade dos arredores de Sintra onde pontifica o "homem dos 17 instrumentos" de seu nome Fernando Seara, rival de Marcelo Rebelo de Sousa na área do conhecimento global e planetário. Ele são investidas futebolisticas, aparições nas revistas do "jet-set", entrevistas em jornais e revistas, conselho nacional de desporto, entregas de globos, seminários, administração autárquica e outras que de momento não recordo.
E o que é que eu vi hoje na tv, enquanto o ministro Rui Pereira discursava para as câmaras? vi o multifacetado Seara a encostar-se ao ministro de tal forma que já não se sabia qual dos dois estava em primeiro plano. Estranhei toda aquela movimentação e reparei que o inevitável Seara estava a ser literalmente empurrado pelo secretário de estado José Magalhães, o ex-ortodoxo camarada que mudou de flanco quando viu que o comité central nunca mais ganhava as eleições. Seara sentiu-se empurrado e teve a lucidez suficiente para dar passagem ao camarada Magalhães que assim acabou o tempo de antena, abanando a cabeça para o "yes, minister".
Ao ver aquela dinâmica mudança de Seara por Magalhães, lembrei-me do Trotsky a ser afastado do palanque e eliminado das fotos oficiais e dá-me um certo gozo como ainda hoje chego a casa e o meu lugar está sempre ao meu dispôr, talvez porque não há aqui câmaras de tv.
Emplastros? há-os em todas as classes sociais e o governo deve preservá-los.

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