terça-feira, 7 de agosto de 2007

A GEO-ESTRATÉGIA

A Geo-estratégia...
(lembrei-me de um comandante de apelido Carvalho, que ia à televisão mandar uns “bitaites” sempre que havia borrasca num sítio qualquer).

Por uma curiosidade própria da juventude, que não tinha muito mais que uns jornais desportivos na mesa do café “Capristanos”, foi aí que aprendi a ler juntando as letras garrafais de “A Bola” e começando a tomar conhecimento de outras realidades, através das crónicas dos “enviado-especiais” aos jogos do Benfica, na saudosa época de sessenta, onde a classe de jogadores como José Augusto, Coluna ou Eusébio, dava 3 de avanço a quem lhes aparecesse no caminho.
Em todas as deslocações ao estrangeiro, e não eram mais de 5 ou 6 por ano, na melhor das hipóteses, jornalistas como Vítor Santos (um pouco chato de ler, o homem…), Aurélio Márcio, Homero Serpa e Carlos Pinhão, entre outros, tinham oportunidade de nos contar como se vivia do outro lado da fronteira (Badajoz já era inacessível para o português dos anos 60, que só uma minoria conhecia por fugir a salto para França). Era um momento de evasão para jovens como eu, que gostavam de saber mais qualquer coisa. Ainda me lembro de um jogo Benfica-Dukla de Praga, talvez em 1963, a que assisti com meu pai, que serviu para saber um pouco da Checoslováquia, do Pacto de Varsóvia, da Guerra Fria, do Muro de Berlim que tinha sido erguido, também porque os censores do regime não eram tão severos com as crónicas dos jornalistas desportivos (nem a carteira de jornalista lhes era passada, tal a discriminação). E havia lá um tal Masopust, eleito em 1962 o “melhor jogador da Europa”…
Uns anos depois, por volta de 1969, surgiu uma revista com o John Kennedy na capa, revista essa que era dedicada aos grandes políticos mundiais e… comprei. Na contra-capa estava Dubcek, um líder da oposição checa, que seria a capa da revista nº 2. Nunca saiu para as bancas… em 1971, a viver em Lisboa, dirigi-me à morada da editora, que não recordo, mas sei que ficava próximo do cinema S. Jorge, talvez na esquina da Av. da Liberdade com a rua Castilho, mas de editora nem o rasto…
E hoje? Com toda a liberdade espalhada pelo mundo, com os filhos e os netos dos que governaram há 40 ou 50 anos a tomarem conta disto, a “coisa” melhorou?
Tudo isto a propósito de um tal Kadafi, “pai” extremoso do povo líbio, que em 1985 levou com uns morteiros do inimigo americano, meteu o rabinho entre as pernas e calou-se, fechou o país como uma coutada de caça, mandou prender e matar quem se queixasse e agora até consegue dizer que já é democrata para sacar algum dos EUA e EU. E sabem o que aconteceu? Conseguiu convencer a malta! O quê? Está no poder há 30 anos, qual Alberto João? Mandou o direito às malvas, qual Mugabe? Fez da Líbia uma prisão, qual Guantanamo? Não faz mal… disse que já se tinha recuperado e até gosta de Bush.
E a propósito de Mugabe, ainda quero ver este governo cobarde de Portugal a dizer que este “artista” do Zimbabué, que mandou expulsar os brancos que trabalhavam a terra e matar quem não se quisesse ir embora, deixando o povo desgraçado a morrer de fome, é democrata. Os ingleses, que não gostam de fazer figura de parvos, já disseram que não se sentam ao lado de ditadores.
E aquele tal Khomeini, que esteve exilado durante anos a comer “croissants” democráticos na Versalles e a ser sustentado pelo estado francês que, em 1979, foi para o Irão prender e matar quem queria comer uns “croissanzinhos” mesmo sem creme?
E o Sadam, amigo dos EUA em 1980, que recebeu armamento de guerra às toneladas dos amigos "yanques", para combater os fanáticos iranianos e alguns anos depois recebeu desses "amigos" uma corda ao pescoço em vez da cruz de guerra de 3ª classe?
Acho que tenho que acabar, quem me lê não tem paciência para ler tratados e eu começo a perder a paciência com estas mudanças geo-estratégicas…

5 comentários:

Anônimo disse...

Amigo Victor!

As férias fizeram-te bem, avivaram-te a criatividade! E trouxeram-te algo de nostalgico...talvez tenha a ver com alguma incapacidade do amigo em acompanhar hoje a evolução do estético feminino, patentente nos minúsculos bikinis q lhe teram , digo eu, ferido a vista e afectado o intelecto...o amigo já não será o q era! digo eu novamente ...e depois vem a nostalgia de um passado...
Cumprimentos do amigo
Mário

Anônimo disse...

Não seria café Claras ? Em vez de Capristanos?

vitorpt disse...

Café Capristanos, concerteza! rs
Provavelmente tenho aqui um amigo das Caldas a comentar e aproveito para dizer que antes do café Claras, relativo à Empresa Claras, houve a Empresa Capristanos e daí o café Capristanos.
Um dos sócios da empresa, José Capristano, se não erro, apoiou o Caldas na época de 50, dizendo-se até que foi ele com as suas ajudas monetárias a levar o Caldas Sport Club à 1ª Divisão Nacional.
A família Capristano merecia um reconhecimento público, pelo que contribuiu para o desenvolvimento da cidade nos anos 50 e 60.
A minha homenagem aqui fica.

vitorpt disse...

No meu comentário anterior, referi o Sr. José Capristano, quando na verdade deveria ter escrito Sr. Artur Capristano. Aqui fica a rectificação.

Anônimo disse...

É agradável ver que ainda há quem se lembre de tudo o que a família Capristano fez pelas Caldas da Rainha, sobretudo meu Pai Artur, que finalmente teve direito a nome de rua.
Não só levou o Caldas à 1ª divisão, como foi autarca de destaque, Presidente da Câmara antes do 25 e Vereador depois.
De referir, dado já ninguém se lembrar, que no último andar do Terminal de Camionagem funcionava um restaurante onde iam pessoas de Lisboa de propósito para almoçar.
Obrigado a quem se lembra.
Artur Capristano