terça-feira, 23 de março de 2010

UMA CONVERSA INTERESSANTE

Hoje foi um dia especial, um daqueles dias que nos deixam bem dispostos porque sempre há momentos que nos afagam o ego, mais me parecendo uma daquelas massagens num qualquer spa, que a família me lembra existir com os mais variados efeitos, desde aqueles seixos que nos deixam completamente relaxados, à tal massagem de chocolate que nos deve deixar bem capaz de ser lambido de alto a baixo.
Num contexto de vacas magras, à semelhança do que vai acontecendo um pouco pelo país e pela sociedade, a biblioteca/centro de recursos da minha escola decidiu, em boa ou má hora só quem lá esteve saberá, decidiu dizia, levar a cabo uma sessão para todos os alunos interessados, sobre o tema "a escrita" e convidou-me, bem como ao meu colega Miguel Sentieiro, convite que acolhemos de imediato, ressalvando que o contexto de "vacas magras" não era económico, mas apenas "literário" no que me dizia respeito.
Pensei seriamente na possibilidade de dois professores de educação física poderem enfrentar a animosidade de alunos e colegas pelo facto de andarem a escrever uns blogs matreiros, umas crónicas em jornal regional e a editarem uns livrinhos... mas não, não penso que essa animosidade, se existisse, pudesse levar os colegas da área de letras a tentar penetrar na área desportiva, pelo que acho que posso dormir descansado em relação ao meu futuro profissional.
O que se passou esta manhã? uma experência muito positiva porque, em conjunto com o Miguel Sentieiro, tivemos o prazer de responder às mais diversas e interessantes questões lançadas pelos alunos, levantar alguns temas que achamos muito pertinentes e manter interessada uma plateia de dezenas de jovens durante quase duas horas, o que convenhamos não se apresentava à partida como tarefa fácil...
Afinal os jovens continuam a ser muito positivos na sua maioria e apetece até afirmar a necessidade da existência de alguns "chungas", como lhes chama o professor Miguel, para termos um factor de comparação, na medida em que só conseguimos perceber o bom havendo o mau ou o claro em contraponto ao escuro.
"E o professor escreve crónicas todos os dias?" fui apanhado de surpresa com esta questão, tentei dizer que sim, que quase todos os dias escrevo, umas vezes começo e concluo, outras não consigo concluir e mando para rascunho, mas essencialmente foquei a necessidade de escrevermos muito e sempre, porque a escrita pode não ser muito imaginativa, mas promove o seu desenvolvimento e a necessidade de consulta sobre os mais variados temas.
"O professor utiliza muita ironia quando escreve..." é verdade, sim, a ironia está subjacente na maior parte das minhas crónicas, mas existem muitos outros conceitos subliminares que procuramos disfarçar com essa ironia, ou seja, muitas vezes somos irónicos para não desesperarmos com injustiças, para não chorarmos muitas outras vezes com os dramas com que somos confrontados.
No final ficou a sensação de um momento bem passado e de nos termos conhecido melhor, professores e alunos, mais e melhor motivados a desenvolver as capacidades de cada um, a tentarmos ser melhores, porque só assim estaremos preparados para a tal sociedade do século XXI.

Um comentário:

Miguel Sentieiro disse...

Eu cá também achei piada à conversa desinibida num ambiente familiar, meu caro companheiro de devaneios escritos.