quinta-feira, 18 de março de 2010

LEI DA ROLHA

Agora deu à costa a "lei da rolha", conceito que já vem de longe, como o brandy Constantino, quando antes do "25 de Abril" o pessoal se queixava da impossibilidade de falar sobre política, ou até mesmo de outros assuntos mais sensíveis, como votar, sim votar, que a maioria não votava porque não os deixavam e agora há ainda mais que não votam porque não lhes apetece, ou seja, com rolha ou sem rolha, os portugueses continuam "à procura da rolha" uns e a oferecer a rolha outros.
Então mas não há uma diferençazinha entre esta "lei da rolha" e a outra de antigamente? claro que há diferenças significativas, até porque a nova é só para colocar tipo "chupeta" dois meses antes de eleições e a antiga colocava a "chupeta" vinte e quatro horas por dia, trezentos e sessenta e cinco dias por ano, mas eu sou contra qualquer lei da rolha como a que o Dr. Santana Lopes propôs e foi aprovada para logo a seguir ser contestada, uma vez que todos aproveitaram para criticar, eu acho que só porque não há eleições num prazo de dois meses.
Ainda me recordo daquelas reportagens de rua a seguir ao "25 de Abril", em que normalmente as mulheres entrevistadas respondiam alto e bom som "Isso era dantes, agora ninguém nos cala!", numa primeira manifestação da vontade de acabar com a tal "lei da rolha", mas ela continua, com mais qualidade na cortiça e capaz de competir em mercados como Angola, Cuba, Coreia do Norte e Guantanamo.
Então e se a moda pega? rolha no PGR, rolha nos juízes, rolha nos advogados, especialmente o bastonário, rolha no governo (aqui talvez fosse melhor engarrafá-lo), rolha nos jornais, rolha na banca, rolha nas finanças, só não é necessária uma rolha nas escolas porque uma boa parte dos alunos já não sabem dizer duas seguidas... já viram a tristeza de país que íamos construír, sem o "contraditório"?, sem as páginas do "Sol", afilhado do "Independente", sobrinho do "Tal e Qual" e neto do "Diabo"?
Soube que houve umas cheias nos arredores de Lisboa na década de sessenta, a qual provocou dezenas de mortos e sabem o que aconteceu? a rolha da censura não deixou publicar notícias sobre isso e o povo dormiu descansado. Sabem o que aconteceu ontem na televisão? um estúpido director de informação televisiva deixou publicar uma vergonhosa reportagem onde militantes políticos deitavam sangue humano no chão do parlamento de um país asiático. Não poderia aplicar-se uma rolha no senhor director?
Para os inimigos da lei da rolha, nunca se lembraram antes que em todos os partidos houve discriminação de militantes quando se manifestaram contra os chefes? Magalhães Mota, Sousa Franco, O regedor de Ponte de Lima, Zita Seabra, Salgado Zenha e dezenas de outros , são o exemplo acabado de que sempre houve rolhas e de qualidade na vida portuguesa, mas uma rolha na boca do Administrador do Pingo Doce, que justificava a atribuição de milhões de euros de prémios, bónus e promoções aos administradores, para que possam oferecer um carro à esposa, comprar uma segunda habitação ou dar cursos no estrangeiro aos filhos era uma boa medida e escusávamos de ouvir tanta bacorada de gente "importante".

Nenhum comentário: