sexta-feira, 4 de abril de 2008

NÃO VOU SAIR DAQUI, NEM QUE A VACA TUSSA!

É a vida, um indivíduo começa bem cedo na história aos quadradinhos desta mega-metragem, que só espero acabar quando igualar o BI do senhor Manoel de Oliveira, que já faz filmes na Ribeira desde o tempo da "Segunda Guerra" e vai correndo, umas vezes em velocidade pura, outras em maratonística resistência. Alguém dizia que a vida faz-se... fazendo-se, tal qual La Palice dizia que depois da tempestade vem a bonança, isto era o que se dizia, porque em português técnico, já não é bem assim... a seguir à tempestade vem sempre um tsunami, não daqueles com um camião de gigabytes, que se podem comprar em 315 prestações sem juros, mas um desses verdadeiros, capazes de virar do avesso qualquer trabalhador que já visse um palmo de areia branca, umas palmeiras e umas caipirinhas bebidas com os pés em água morna, depois de 73 anos de descontos.
Essas mentes distorcidas, capazes de desiquilibrar o défice em menos de um fósforo, nada fazendo para nos colocarmos no pelotão da frente dos países mais desenvolvidos do século XXI, só pensavam dia e noite nessas tais reformas, defraudando as expectativas do país, confrontado com milhões que pouco fazem e pouco ganham, para se transformarem em outros tantos milhões de reformados que nada fazem e tudo querem ganhar. E quem pagava? o Estado não era? Claro que isso foi chão que deu uvas e nada como a introdução de uns decretos-lei para acabar com esta parasitagem, que queria uma reforma de deputado com apenas 36 anos de descontos, esquecendo que isso era no tempo em que os trabalhadores morriam com 50 anos de idade. Ora, começavam a trabalhar aos 10, eram reformados aos 46 e morriam aos 50. E tudo andava na paz do Senhor, não fosse o maldito SNS e aquelas malfadadas aspirinas da bayer para fazer o pessoal andar na boa até aos 90 anos... e que fazer, e que fazer? nada mais fácil, ou trabalham até aos 80 ou o sistema rebenta pelas costuras no ano 2022, que é para não se armarem em parvos com essa treta da segurança social e quejandos.
E eu, compenetrado, responsável e sempre a bem da nação, já disse aqui em casa que vou trabalhar até morrer, talvez porque ficarei bem visto, com a possibilidade de uma medalha no 10 de Junho, e afinal de contas sempre acho mais saudável trabalhar até morrer, que morrer a trabalhar.
Os meus colegas é que não querem, porque só podem subir de escalão quando o maluco do "velhote" se reformar, pelo que não acham piada nenhuma a esta minha ideia de não sair nem empurrado. Até já dou o chá a provar ao colega mais novo, com medo que me envenenem o "lipton" que todas as manhãs aqueço no micro-ondas do gabinete. Não, não é verdade o que escrevi, até porque os meus caros colegas gostam de me ver sempre que chegam de manhã ao pavilhão e me encontram com aquele ar jovial e feliz, sem nada que fazer, porque eu estou lá quando o horário manda e quando não manda. Mas já começam a desconfiar da minha saúde mental, porque marcam as reuniões, assembleias, formações e outras que tais e eu não refilo, estou sempre presente e com um sorriso inexpressivo, até mesmo quando me mandam ir ao Lidl comprar umas bolachas de manteiga e uns pãezinhos de leite pra acompanhar o cházinho... o que lhes vai retirando a ínfima possibilidade de subirem a titulares antes do ano 2045.
Mas eu faço que não percebo, quando eles estão a falar e se calam quando eu chego por perto, e vou continuar assim por mais umas décadas, porque sair mais cedo, velho, careca e com 48% de desconto na reforma, além do IRS, Segurança Social, Sindicato e do IVA do ginásio... isso nunca!
E o pior mesmo é que nesta aldeia global quem governa ainda não tomou consciência de que o benefício de uns é sempre o prejuízo de outros, que se uns trabalham anos a mais, outros trabalharão anos a menos, que se não me deixam gozar uns tempos de lazer, os empregados da indústria hoteleira ficam sem nada para fazer, se não posso fazer umas viagens de avião, a TAP dá prejuízo e os impostos aumentam...
Vamos lá a ver se deixam a vaca tossir...

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Lúcio
Podes ficar descansado que da minha parte não terás o lipton envenenado,...quanto muito a cervejinha do almoço,...ops,..., parece que não se pode beber na escola. Mas depois como é que a malta aguentava sem as tuas rezinguisses de velho mal disposto quando a chávena não está debaixo do raio da máquina de café que está avariada?...Por mim bem que podes ficar a titular à vontade, porque, quando o Carlos der o berro a preencher tanta papelada, não entrarei eu concerteza;... mas sim o velho ranzinza da chávena do café...
Abraço
miguel

vitorpt disse...

Caro Miguel,
é só para informar, antes que o PGR me levante um processo que a cerveja de que falas é a mesma do Figo... zero de álcool, ok?