domingo, 20 de abril de 2008

E AS NOVAS TECNOLOGIAS?

Num período em que as novas tecnologias se afirmam a cada dia que passa, com propostas cada vez mais prafrentex, capazes de fazer renascer o grande "brother" da vigilância total que todos abominam mas desejam, uma vez que sentem que a sua segurança está em causa e é melhor abdicar de uns "direitozinhos humanos" para salvaguardar a pele, as empresas propõem GPSs, hardwares e softwares, para que o menino nunca se perca dos pais ou até mesmo os avós acompanhados do amigo Alzheimer possam ser encontrados entre dois esquecimentos.
- Ah e tal, isso vai contra a minha liberdade, os meus direitos e a minha privacidade, independentemente de um dia destes a minha mulher me poder ver na tv com uma matulona loira, numa daquelas avenidas com cameras de filmar em cada esquina, quando o operador de imagem da TV estiver a olhar o pessoal em vez de direccionar a camera para o transito dos Cabos Ávila ou para o IC19...
- Oh pá, mas isso já acontece sem a malta dar por isso... olha, meti gasóleo na estação de serviço e paguei com multibanco. Ficaram logo a saber onde é que eu estava e a que horas, entrei na A1 e passei na "via verde", acabei por sair uma hora depois, sabem eles muito bem onde e a que horas, levantei dinheiro num multibanco e o talão confirma o que levantei, onde e a que horas, fiz umas compras no shoping com o cartão de crédito e ficaram a saber que tenho uma dívida para pagar dentro de um mês, jantei num restaurante à beira mar acompanhado com alguém que não era a minha mulher porque o cartão dela estava a pagar umas roupas numa loja a 200 kms de distância, dormi num hotel em quarto duplo, paguei com cartão e eles souberam...
- Caramba, não tinha pensado nisso, mas isto está cada vez mais perigoso...
Eu hoje não queria falar disso, o que me levou a fazer esta crónica é a falta de jeito dos governantes para aproveitar as novas tecnologias em benefício do bem estar das pessoas... então não é que se aproveitam todas as hipóteses de promover o "cartão na hora", "empresa na hora" e "quase tudo na hora", mas nunca ouvi falar na necessária e oportuna decisão da "votação na hora"? talvez porque as coisas ficam muito cibernéticas, faltará a emoção da contagem dos votos, dos delegados de mesa que deixarão de receber a diariazinha, faltarão também aquelas toneladas de papel que sempre ajudam a compor o orçamento da "Gráfica Mirandela", não sei se é esse o nome, mas não tem importância.
Achamos que a votação em qualquer eleição já deveria ter avançado para a tal votação internética, na medida em que resolveria muitos problemas relativos a mau tempo, deslocações dentro e fora do país, um dia de praia no verão, pessoal que poderia estar deslocado em trabalho e até eleitores internados em hospitais sem capacidade para se deslocarem a uma assembleia de voto. Se eu posso pagar os meus impostos através da internet, porque não posso eleger os meus candidatos da mesma forma?
Que melhor oportunidade teria o senhor engenheiro para proclamar as virtudes das novas tecnologias, senão legislar a "votação na hora"? ou ele acreditará que um eleitor pode ser manipulado no seu voto, lá em casa, sob a influência de familiares, amigos e caciques? e em redor das assembleias de voto ou fora delas, não acontecerá o mesmo?
Eu sei, eu sei, depois as estações de tv não têm a quem perguntar "já votou?" ou entrevistar os candidatos com aquelas perguntas com respostas em anexo, ou correr à assembleia boicotada para entrevistar o presidente da junta que está contra o fecho das urgências, ou da escola que já não tem crianças há 17 anos, ou dos lixos radioactivos que ainda não conseguiram matar os mineiros que entraram para as minas aos 10 anos e se queixam de estar doentes há mais de 60, exigindo uma indemnização... vá lá senhor engenheiro, arranje maneira de eu votar no meu portátil, numa tarde de verão, com a água do mar a molhar-me os tornozelos, que eu até voto em si.

Um comentário:

virginia disse...

Ao Brasil vão buscar o Brasilês (sem chapéu?) e não conseguem trazer a votação ele(c)trónica?
Não seria mais fácil?
Cá por mim falo...ou escrevo!
Á tua ideia tiro o circunflexo!