domingo, 30 de março de 2008

PAPAI ME ESPRESTE O CARRO...

"Papai me empreste o carro, pra ir bater um sarro com meu bem", era este o refrão de uma bonita canção da brasileira Rita Lee, que tive oportunidade de comprar faz agora dez anos em São Paulo, numa maravilhosa discoteca com vários andares e muitas escadas rolantes que me fizeram sentir numa metrópole cheia de cor e vida, quase desconhecedor que ali ao lado do rio Tietê andavam miúdos a apanhar latas de cerveja e morriam a cada dia dezenas de pessoas vítimas de tiros de pistola.
Mas foi mesmo o facto de as pessoas morrerem de tiros de pistola que me fez pensar que este pessoal vivia num país do "terceiro mundo" e que dez anos passados eu vivo como eles, porque isto da globalização também tem os seus defeitos. E porque vivemos todos no "terceiro mundo", perguntarão vocês? simples... estamos todos no terceiro mundo porque ainda nos matamos a tiros de pistola, correndo o risco de passarmos alguns tempos na prisão, não muitos, que os nossos juízes são compreensivos e aceitam que em cada assassino há um "anjo gabriel" prontinho a dar às asas e cantar salmos de louvor aos Deuses e uma confissãozinha com arrependimento, se não dá vida ao morto, alivia-lhe a alma na subida aos céus.
Mas estamos a caminho do desenvolvimento pleno e nada melhor que matarmos os gajos que não gostamos com automóveis em vez de pistolas, o que bem vistas as coisas só traz benefícios na medida em que é mais fácil acertar na vítima com um carro que com uma bala, não temos que andar à procura de um carro para roubar e fugir e podemos ir até à esquadra depois do jogo de futebol na tv, que assim os guardas até agradecem.
Tudo isto porque ouvi hoje na tv que o motorista profissional de táxi que, bêbedo, atropelou 4 jovens numa passadeira de peões, fugiu sem prestar auxílio às crianças, uma delas ainda em estado de coma no hospital, pagou a multa por ir com os copos a conduzir e já se encontra feliz da vida a trabalhar. Ainda dizem que a justiça anda a passo de caracol...
A partir de agora só um indivíduo sem qualquer nível compra uma pistola para matar alguém, ainda por cima com a possibilidade de ser apanhado e passar algum tempo na prisão. Nada melhor, até para simplificar o processo em tribunal, que comprar um desses carros velhos "em fim de vida", por quaisquer 500 ou 600 euros, mais barato até que uma pistola jeitosa e aí vai disto, passa-se o vizinho a ferro na passadeira e diz-se que nos distraímos a olhar as pernas da mulher dele...
Só precisamos que a Rita Lee, a cantora brasileira, mude o refrão... Que tal "papai me empresta o carro, para passar o gajo a ferro"?

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