terça-feira, 8 de abril de 2008

A TRAVESSIA



O dia começou bem, mesmo bem, ou não tivesse ouvido logo pela manhã, na RTP1, o engenheiro Carvalho Rodrigues dar a sua opinião sobre as possíveis "pontes" a construir entre as margens do Tejo, de uma forma simples e apaixonada, como sempre foi e será a sua forma de exprimir opiniões, capazes de me fazer sorrir e de alguma maneira conseguir isolar-me de tudo o que me rodeia. Bem podiam gritar-me da cozinha que as torradas estavam a torrar ou que o leite já fervia e entornava borda fora, porque os argumentos de Carvalho Rodrigues eram a melodia perfeita com a qual concordei desde a primeira argumentação apresentada.
E agora que acompanho esta crónica com uma das últimas canções do Pedro Abrunhosa, tudo se passa como se estivesse numa isolada ilha das caraíbas sem ninguém a dizer-me que o Benfica está numa luta acessa e fundamental para a sua sobrevivência, na luta pelo 2º lugar do campeonato... e eu a pensar que o 2º lugar é o 1º dos últimos...
Bem, devo confessar que Carvalho Rodrigues é uma das minhas referências e infelizmente dão-me todas as semanas com o professor "magdelo guebelo de sousa" e as suas iluminadas visões e convicções, que por melhor que sejam me reportam a um inusitado mergulho nas águas do Tejo, numa disputa autárquica que não venceu, como não venceu coisa nenhuma, fora dos jardins da Faculdade de Letras.
O engenheiro Carvalho Rodrigues tem o condão de me conseguir fixar tão bem aos seus argumentos como aquela cola instantânea em embalagens de 3 gramas, que à segunda tentativa já está mais que seca e que além dos objectos cola os dedos na perfeição, mas esta minha fixação já vem de trás, desde o dia em que em 1995 comprei "ontem, um anjo disse-me", um livro espectacular onde dá conta das suas ideias, sua visão e prospectiva em relação ao século XXI... e porquê século XXI? então o Homem parece já andar por aqui há 50 séculos e esqueceram-se dos outros 48?
Mas o objectivo da entrevista do engenheiro Carvalho Rodrigues é a nova ponte sobre o Tejo, na sua feliz designação a 3ª rua que pretende ligar uma metrópole de 1 milhão de pessoas a uma outra metrópole de 1,5 milhões de pessoas, com todos os entendidos a "construirem" pontes que assoream constantemente o "mar da palha" e que em cada conjunto de pilares provocam uma barreira de areias que, no caso de umas chuvadas mais fortes, já começam a inundar as zonas circundantes de Sacavém e daqui a algum tempo a zona da Expo.
E o que propõe Carvalho Rodrigues? túneis! túneis! túneis, quantos mais melhor, na medida em que será mais fácil compreender ambientalmente a existência de 10 ou 15 túneis entre o norte e o sul do Tejo, para ligação entre duas zonas metropolitanas, mesmo que os custos fossem um pouco superiores, o que não está provado. Então ingleses e franceses construíram o "tunel da Mancha" com 34 kms e nós não conseguimos fazer tuneis de 6 kms entre duas margens do Tejo?
Vá lá, perguntem ao Jorge Coelho se a Mota Engil tem tuneladoras capazes, porque se tiver, é meio caminho andado para darem razão ao engenheiro Carvalho Rodrigues.

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