segunda-feira, 17 de março de 2008

A LEGITIMAÇÃO DO CALHAU.

De quando em vez vou até à minha mini-biblioteca, com aquele misto de curiosidade inexplicável que me faz percorrer os livros pela enésima vez, com a sensação de que nunca lá fui, de que tudo aquilo é novidade, e retirei um com o sugestivo título de "a docência como profissão" da autoria de Carlos Loureiro, mestre em Educação Física e professor na Escola Secundária Júlio Dantas em Lagos.
O título do livro é em si mesmo uma busca incessante de um conceito profissional, que leva às mais variadas desconstruções e porventura desvalorizações de todos os matizes económicos, sociais e políticos, sem qualquer valorização hierárquica e com a premissa "matemática" da ordem dos factores ser arbitrária.
Queremos com tudo isto dizer que a docência não é profissão? se, conforme as características das profissões, elas se regem pela prestação de um serviço, pelo aproveitamento de um saber, pela remuneração, pela avaliação e pela relação entre quem fornece o saber e quem o recebe, podemos concluir que quase nada escapa ao conceito de profissão...
Mas logo apareceram uns teóricos que compartimentaram a profissão para que quem tivesse dúvidas pudesse escolher o "fato à medida"... e não foram de modas: "subprofissão", "pseudoprofissão", "profissão marginal", "quasi-profissão" ou "semiprofissão". A partir daí foi fácil a apropriação destes diferentes conceitos para denegrir a imagem dos segmentos profissionais e sociais que em cada momento devem ser "exterminados" pelo poder (em sentido figurado, porque já não estamos na "idade da pedra"), através de alguns jornalistas mais próximos da facção no poder. Outros aparecerão quando a mudança de poder acontecer, daí o facto de não termos, eu e mais uns milhões, qualquer tipo de ilusão. Já basta desejar que o Benfica ganhe o campeonato...
Todos os conceitos que referi, levaram-me a conjecturar uma definição para cada um deles, que tentarei desenvolver, sei lá...
"subprofissão" - um tal adolescente Rangel, mau estudante, indisciplinado e delinquente no Liceu de Sá da Bandeira, em Angola nos anos 60, treinando a "subprofissão" para uma possível entrada com armas e bagagens no "submundo".
"pseudoprofissão" - um tal jovem Rangel, radialista numa emissora de rádio de Sá da Bandeira, sem qualquer formação profissional nem avaliação, mas com a mania que sabia colocar no ar discos de vinil.
"profissão marginal" - um "et cetera" e tal Rangel de meia idade, com um berbequim nas unhas, a tentar arrombar uma porta da estação de rádio TSF.
"quasi-profissão" - Um Rangel e tal, com um quasi-diploma, a leccionar Comunicação Social numa universidade de "vão de escada", onde foi colocado pelos amigos e sem qualquer concurso ou avaliação. Parece ter no registo biográfico uma declaração da SIC-Bolsanamão, TSF e Rádio Sá da Bandeira, com pós-graduação.
"semiprofissão" - Um "sempre em pé" Rangel, com semi coluna no Correio (Diário da Manhã), semi-professor universitário, semi-indemnizado da RTP com 650.000 euros dos meus/nossos/vossos impostos e semi-reformado...
Um dia este Rangel vai ser o tema da minha tese de mestrado, mas... preciso de um fim de semana para a fazer.

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