domingo, 16 de março de 2008

A AVALIAÇÃO, POIS CLARO!


Já lá vão uns anos que em pleno segundo período do ano lectivo, levo os meus jovens alunos a abordar a dança, uma das muitas matérias em que, embora não especializado, fui fazendo a minha formação, através de acções técnicas organizadas e levadas a cabo pelo departamento a que pertenço. A abordagem e consequente incorporação nos programas da disciplina de novas modalidades desportivas e culturais tem levado muitos profissionais de Educação Física (ou será Motricidade Humana?) a uma permanente actualização que não se compadece com imobilização ou cristalização de conhecimentos, como tenho lido em muitas crónicas jornalísticas, que denotam um total desconhecimento da realidade escolar.
Mas porque raio venho novamente falar de ensino, de educação e tudo o mais, quando desde há mais de um ano tenho o meu blog e nunca tinha tratado do assunto? não sei, na verdade este "tsunami" de críticas aos profissionais de educação deve ter uma influência decisiva para que o foco dos meus pensamentos não saia deste domínio.
Hoje, na rotina do café de Domingo, percorri o "Correio da Manhã", por especial favor do proprietário da pastelaria, jornal que só comprarei quando me esquecer de um tal Rangel, que me rangeu os dentes há uns dias... e não é que fui dar com semelhante criatura numa festa de apresentação do "Sasha", onde modelos, namorados, ex-namorados, jovens artistas jet-setianos sorriam para as fotos que irão encher as "holas" cá do sítio? é ali, naquele ambiente pós-moderno, com copos, fumo e o mais que eu não digo mas suspeito, que o Rangel prepara as suas "hooliganianas" crónicas? talvez fosse aconselhável recomendar-lhe que sopre o balão antes de começar a escrevê-las...
Pois, voltando à dança, não sabem quanto temos de ser amigos, companheiros descomplexados, compreensivos agentes de confessionário, para levar jovens de 17 anos a gingar, bambolear o corpo, promover a rotação da cintura, mexer os pés em ritmo binário e terciário, a agarrar a mão da colega ou do colega quando a turma tem 15 rapazes e 10 raparigas e não há o adequado parceiro de dança... o começo do bloco com os rapazes a recuar até à parede de topo do ginásio, escondidos atrás das colegas que não se escondem atrás deles porque a parede não deixa, os passes básicos do merengue, do vira, da rumba, do malhão ou da salsa, que só começam a ficar mais ou menos apreendidos na quarta ou quinta aula, a melhoria que lhes dá uma crescente auto-confiança. que os começa a fazer sorrir e a preparar-se para a coreografia final que todos querem apresentar nas duas últimas aulas de avaliação. O princípio, meio e fim de um processo de relação e socialização, tão necessário à construção do homem do futuro, o profissional capaz de interiorizar os benefícios das tarefas em grupo, da imagem simples que nos leva a dizer que o todo não é apenas a soma das partes.
Ahhh, mas já me esquecia do objectivo da crónica, da avaliação de desempenho dos diferentes técnicos com cinco anos de licenciatura, na maioria dos casos, que posteriormente concorreram a um estágio pedagógico com dois anos de duração e avaliação positiva. Estes professores, vão ser avaliados, através de objectivos pedagógicos, que perseguem; planos, fichas e acções que elaboram quase diariamente; análises e reanálises que vão corrigindo; pareceres e propostas que vão apresentando; supervisão pedagógica a que serão sujeitos em actividade pedagógica directa e presencial. Pois bem, eu acredito que a grande maioria vai demonstrar uma qualificação pedagógica bastante elevada, muito embora essa qualificação impeça mais de 90% dos professores de aceder aos últimos escalões da carreira docente, uma vez que dentro de 3 ou 4 anos não haverá vagas nesses escalões, o que é fácil entender, na medida em que os professores deixarão de sair ao fim de 36 anos, para saírem com 44, 45 ou 46 anos de serviço.

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