segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

POBRES...

Fui este fim de semana alertado para um problema tão grave como a história da humanidade, que é o problema da pobreza nos jovens, assunto que a sociedade não tem por hábito abordar, na medida em que os pobres têm tido aos longos dos tempos, a humilde atitude de encobrirem as suas próprias dificuldades, verificando-se muitas vezes casos da tal "pobreza envergonhada". Talvez por isso o problema da pobreza não tenha sido muito discutida, uma vez que as pessoas e jovens vítimas não gostam muito de dar a conhecer essas suas dificuldades, ainda para mais numa sociedade como a nossa, tão pródiga em catalogar as pessoas pelo que têm, desvalorizando o que elas são...
Os jornais tornaram público um trabalho de campo que mandava os nossos jovens para o último dos quatro grupos dos "pobres" europeus, embora não estivessemos com tão más companhias como se possa imaginar, porque a Espanha, o Luxemburgo e a Itália estão connosco no grupo dos últimos, no parâmetro "jovens pobres", ou melhor dizendo em risco de pobreza, uma vez que a notícia afirmava que 25% dos nossos jovens correm risco de pobreza e é bom realçar este risco, porque estar em risco não significa ser pobre, pobre mesmo.
Não confio muito nestes trabalhos de campo sobre um tema tão relativo como a pobreza, uma vez que nem sei como tudo se organiza para chegar a uma conclusão, mas concerteza isso parte de um determinado rendimento económico do agregado, do seu nível cultural, dos meios que estão ao seu dispôr... será que um jovem em risco de pobreza no Luxemburgo estará ao mesmo nível de um jovem da Roménia, que embora pertencendo à União Europeia, não entrou no estudo por falta de dados?
O risco de pobreza é um problema de difícil quantificação, eu acho, mas não me admira nada que os jovens portugueses estejam em risco de pobreza e se encontrem no último grupo dos jovens europeus, até porque basta dar uma volta por essas escolas do ensino básico para confirmar alguns dados. Sabia que há uma elevada percentagem de crianças e jovens que saem de casa pela manhã sem tomar absolutamente nada? e que quando a professora distribui o leite escolar, perguntam se podem beber outro pacote?
Sabia que há uma imensa multidão de adultos que, sem rendimentos que o possibilitem, não se inibem de tomar o pequeno almoço fora de casa, sabendo que estão a prejudicar os seus filhos, não os alimentando suficientemente em casa? e que os serviços sociais, sabendo dessas situações, lavam as mãos como Pilatos?
Sabia que em Portugal a classe média e instruída tem em média um filho por casal, enquanto os menos favorecidos económica e culturalmente têm dois, três e quatro filhos, com o beneplácito de médicos, assistentes sociais e governo, que nada fazem para parar esse ciclo gerador de pobreza?
Talvez uma atitude mais responsável de quem governa nos fizesse sair em meia dúzia de anos da vergonha que é ter cada vez mais jovens em risco de pobreza, mas já alguém dizia que é necessário haver pobres e a economia não se desenvolve sem eles... e depois, para que eram necessárias tantas organizações caritativas, tantos peditórios, tantos bancos alimentares, tantos...
Afinal, poderia dizer-se que todos os jovens em risco de pobreza são tão necessários ao sistema, como o pão para a boca... mas eu continuo a pensar que talvez fosse melhor fazer um esforço para acabar com estes resultados que, na Europa, apenas nos envergonham.

Um comentário:

virginia disse...

Se há coisa que actualmente me irrita é a estatistica onde qq. nr. é relativo. Mas não tenho dúvidas sobre a miséria moral que nos atinge. Até porque vem de cima!
Continua...