sábado, 22 de dezembro de 2007

TROCAS E BALDROCAS

Tribunal de uma Comarca próxima de si, 19 de Novembro de 2007.
Peça num acto (desesperado)
Juíza - O seu nome?
- Carlos Jesus...
Juíza - Com que então, excesso de velocidade... o senhor não sabe andar devagar?
- Mas...
Juíza - Cale-se! ainda por cima tem a mania que é um ás do volante, desses que encontramos todos os dias nas estradas a provocar a desgraça de muitas famílias... já se esqueceu que houve um cidadão que perdeu a vida neste acidente?
- A senhora doutora deve...
- Cale-se, que ninguém lhe pediu para falar! É sempre a mesma coisa, têm sempre uma desculpa pronta, mas na hora de pegar no volante esquecem-se das regras de conduta. Não se lembra que já anteriormente teve uma contra-ordenação grave?
- Grave?... descul...
- O senhor vai ficar calado e não volta a interromper, ouviuuuuu? se volta a interromper vai ver a pena agravada. É por estas e outras que todos os anos vemos milhares de mortos e feridos nas estradas do país... e já vi que essa primeira ocorrência deveria ter servido para o arguido tomar consciência da gravidade da sua conduta, uma vez que até passou um sinal vermelho...
- Sinal vermelh...
- O senhor além de péssimo condutor é mal educado! Vai condenado a nove meses de prisão com pena suspensa por um ano, oito meses de inibição de condução e setecentos euros de multas, custas do processo e outras despesas, dado o facto de ser reincidente. Tem alguma coisa a declarar?
- Meretíssima, como advogado do senhor Carlos Jesus, tenho a declarar que o meu constituinte nunca foi multado por atravessar sinais vermelhos, nem objecto de contravenções muito graves, pelo que sou levado a pensar que V. Exª. se equivocou e trocou os processos, uma vez que ficou provada na altura a culpa do condutor falecido no acidente.
- ...
- Face ao engano verificado...
- A setença foi proferida! Caso ache que a razão lhe assiste, faça o recurso da sentença.
(A boca de cena não foi fechada, como devia, no final do acto, mas ninguém deu por isso... o público saiu em silêncio, depois de ter sido feito um peditório a favor do Carlos Jesus, porque a juíza não aceitou o pagamento com cheques pré-datados).
Entretanto o morto foi exumado para ver se tinha no casaco a verba suficiente para pagar o processo, caso o Menino Jesus, perdão, o Carlos Jesus seja absolvido, o que não acreditamos, pois ao Kafka aconteceu o mesmo.
Há uns tempos, escrevi uma crónica em que concluía que das mulheres na GNR/Polícia, no futebol e na magistratura, só se aproveitavam os perfumes, mas ninguém ligou...

3 comentários:

Anônimo disse...

Voçê deve de ter alguma coisa contra as mulheres nestes cargos. E as professoras serão melhoras? Nessas voçê nem toca se não caí-lhe a casa em cima.

vitorpt disse...

Na verdade, eu tenho preconceito em relação a algumas opções profissionais da mulheres, bem como não gosto de ver homens educadores de infância, não sei porquê, mas não gosto...
Mas gosto de ver mulheres na educação, na ciência, na moda, no comércio, nas companhias aéreas...
E quero acreditar que a sua professora não a ensinou a escrever "voçê".
Beijinhos!

Anônimo disse...

Portugal...terra fundada em preconceitos... penso que a sua explicação para o facto de não gostar de homens educadores de infância é simplesmente soberba digna de uma criança de 3 anos.
se calhar fez-lhe falta um educador de infância, para conseguir ensinar-lhe argumentar as suas opiniões.