quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

TAMBÉM TU, BHUTO?

Fico sempre num estado muito desagradável quando estou a almoçar, ou a jantar, com a família e sou presenteado com a notícia de um ataque suicída, o que neste ano de 2007 só deve ter acontecido umas 100 a 120 vezes para não ser tão taxativo. Poderão ainda argumentar que não é nada de extraordinário, porque ainda ficam cerca de 250 dias para as outras notícias, que todos pensamos serem agradáveis... mas nem por isso, a RTP, a SIC e a TVI têm o cuidado de me mandar na sobremesa com uns assaltos, sequestros, violações e desaparecimentos, de tal maneira que começo a pensar se a falta de pessoas nas ruas é devida a todos estes acontecimentos, não sei...
Às vezes até penso no Iraque e nos seus telejornais... aquilo devem ser noticiários de 3 ou 4 horas a transmitir ataques e funerais, diariamente, o que de certo modo justifica o facto de os iraquianos só beberem chá, porque aquela nossa mania de cozidos à portuguesa, entrecosto com ervilhas, feijoada e sopa de pedra, regado com um bom vinho, não se conjugava com esse tipo de cenários guerreiros, dando-nos a volta ao estômago a cada noticiário televisivo.
Felizmente a tv tem vindo a diminuir o número de mortos por cada ataque, seja por má pontaria dos suicídas, seja porque há cada vez menos gente nas ruas de Bagdad.
Agora até fiquei a pensar que uns ataques ao almoço, via tv, é estratégia do governo, para que a malta perca o apetite e além de poupar uns cobres na alimentação, ainda fique com um corpinho mais atlético... pelo menos eu não consigo engordar nem um quilinho, ao olhar os telejornais e já reparei que o Rodrigues dos Santos também tem perdido o apetite. O homem faz sempre umas caronhas feiosas depois de debitar os mortos e feridos...
Tudo isto a propósito do assassinato de Benazir Bhuto, filha do também assassinado Ali Bhuto, ambos ex-presidentes do Paquistão, o que me leva a pensar que talvez os filhos da Benazir optem por ir estudar para Oxford, como fez a mãe, mas fiquem por lá a ver o Ronaldo marcar golos. Aquilo no Paquistão é uma autêntica fogueira onde se queimam literalmente os filhos da Nação e onde só os militares se safam com vida.
Na vizinha Índia, a maior democracia do mundo, como a Europa gosta de lhe chamar, era a família Gandhi a eleita para atear as fogueiras da política (por algum motivo os indianos optam por queimar os corpos a céu aberto...). Começou com o Mahatma, passou pelo Nehru, depois a Indira Gandhi e o filho desta, Rajiv Gandhi, todos assassinados e queimadinhos na fogueira, com excepção de Nehru, talvez porque mandou invadir Goa e os indianos tenham gostado de ver aumentar a nação e o tenham poupado ao sacrifício...
Mas quanto à Benazir, se não fosse hoje, era um dia destes... todos sabem como as coisas se resolvem para oriente. E democracia numa nação de 500 milhões é um pouco difícil, digo eu... transportem a nossa democraciazinha de 10 milhões para a Índia e façam uma pequena ideia do que sejam, na devida proporção 20.000 presidentes de câmara, 100.000 vereadores a tempo inteiro e 200.000 presidentes de junta de freguesia, mesmo a meio tempo... quem é que queria ser democrata numa "freguesia" destas?
Aguentem lá o Musharaf para ver se os filhos do bin laden e do kohmeini não saem do buraco durante uns anos mais...

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