domingo, 15 de julho de 2007

Y VIVA ESPAÑA !

Acordei mal disposto hoje, não sei porquê, mas também não faz mal... eu sempre achei um desperdício estarmos sempre a tentar justificar tudo o que nos acontece, costumo até dizer que só o homem justifica o injustificável. Afinal para que serve justificar porque acordei mal disposto? acaso o cão justifica o osso? pois seja pelo que fôr, acordei mal disposto e ponto final. Bem, ponto final é uma maneira de dizer porque fiquei a pensar se teria sido do tempo nublado, da chuva miudinha, do café da manhã que tomei já fora de horas... caramba, não consigo passar à frente sem me justificar.
Mas a experiência diz-me que há sempre algo que nos tira a má disposição, há sempre um amigo (ou amiga, de preferência), uma notícia, uma canção, uma surpresa... e na verdade assim foi, comprei o jornal e a primeira página foi a gargalhada do dia. "Portugal acabará por integrar-se na Espanha". Quem afirmou? José Saramago, ele mesmo, o nosso Prémio Nobel, o homem que já tinha escrito há muitos anos a "Jangada de Pedra", aquela estória da Joana Parda, a tal Ibéria solta da Europa, à deriva no Atlântico. Afinal não era só um livrinho, era já o pensamento do mestre, o "livrinho vermelho" do camarada Saramago. Ora toma que é para saberes, o camarada que quis fazer a revolução, "com os seus enormes erros e disparates", tais como andar no Diário de Notícias a sanear os jornalistas fascistas e reaccionários, vem agora dizer que na "Ibéria" é que nós estavamos bem. Boa, camarada!
Integrados mesmo na Espanha? Claro que sim, tal qual como na Catalunha, Galiza, Andaluzia... no País Basco não, que eles são um pouco virados pr`á porrada, continua o camarada Saramago. Que maneira original de mandar umas boas gargalhadas... qual má disposição, qual carapuça, este simpático Saramago faz-me melhor que o "benuron" para as dores de cabeça.
Parece que os israelitas ficaram de pé atrás com o camarada Saramago, porque ele disse que aquilo na Palestina era pior que o holocausto (está-se mesmo a ver que é), mas aqui pode dizer que era melhor integrar-mo-nos na Espanha que ninguém leva a mal. E pode até continuar a dizer mais umas parvoíces que aos idosos a malta dá o devido desconto. Mas é estranho que uma pessoa que pautou a sua conduta pela defesa da auto-determinação dos povos, que achou que as nações existem, melhores ou piores ao longo da sua história, são um factor de identidade dos povos, queira agora que façamos parte de uma "Ibéria". Não seria melhor uma Afro-Sud-IberoAmericana? Oh camarada, uma coisa dessas, com Portugal, Espanha, Cabo Verde, Guiné, Angola, Moçambique, Timor, Brasil, Argentina, Venezuela, Chile, Ecuador, Paraguai e mais algum que não recordo, a falar "portunhol", com livros editados em duas línguas, patrocinados pela Editorial Caminho, perdão, pelo Paes do Amaral , o maior capitalista do espaço "mediacomunication", que você considera um "homem sério", não seria melhor ideia? Uma coisa que me chateia é ver tanta malta a mudar de rumo (não é, José Afonso?), ele é o camarada Pina Moura na Iberdrola, a camarada Zita no PSD, o camarada Lino no governo, o camarada-sindicalista Carvalho da Silva a fazer um dia de greve nos últimos 30 anos... parece que já me está a voltar a má disposição.
Bem, também li que este verão é aquele com menos fogos nos últimos anos... será do tempo fresco? hummm, não me parece, acho que só há menos fogos porque os incendiários foram todos para o governo. Todos não, o José Saramago ainda está cá fora.

Um comentário:

tD@m disse...

Quanto aos fogos não admira, nos últimos anos ardeu a maior parte do País (que ainda teimo em escrever com letra grande). Quanto ao iberismo latente... com a miséria de políticos e governos que temos tido... não sei... nunca o pensei dizer, mas se calhar era uma sorte. Que me perdoe o Zeca Afonso, o Fanhais, o Zé Mário Branco... e quantos lutaram contra uma ditadura; e peço perdão sobretudo àqueles que deram a vida por um ideal chamado PORTUGAL.