domingo, 31 de janeiro de 2010

100 ANOS DE REPÚBLICA

100 anos de República deveriam considerar-se, estudar-se, esmiuçar-se até, como diriam os engraçados "gatos", até porque não são 100 dias nem 100 horas que cada um de nós passa ou deixa passar sem muitas ondas, ou até mesmo preparando as ondas que visitamos em cada verão, mas é um espaço de tempo apreciável, por onde passaram os meus avós, os meus pais, eu e os meus filhos, com tanta coisa para recordar, tanta coisa boa para festejar e tanta coisa tão ruim, que não sei mesmo a razão de festejar o que quer que seja... mas quem pode manda e começámos hoje a festejar os "100 anos de República", o que vai dar em 10 meses de recreio proporcionados por dez milhões de euros retirados do Orçamento de Estado, já de si com um rombo de 8,3% de deficit, mas que em Dezembro estará por 14 ou 15%, que estes republicanos são fraquinhos nas contas de multiplicar. Não sei como vai ser, mas estas calculadoras com espaço para 9 algarismos vão ter de se juntar duas a duas para haver casas para tanto milhar de milhão de euros de deficit...
E como é que começaram a festejar? com um discurso comemorativo do 31 de Janeiro, a primeira tentativa de derrube da monarquia, datada de 1891, dezanove anos antes do definitivo 5 de Outubro de 1910, mas poupem-nos de comemorações das dezenas de tentativas de golpe efectuadas nesses tais 19 anos de preparação, senão não há dias que cheguem para tantas comemorações, discursos, brindes, ajudas de custo, balões e confetis.
Podiam continuar já amanhã, que o rei D. Carlos levou com um tiro na cabeça no dia 1 de Fevereiro de 1908... mas é melhor não, para não agudizar ainda mais todas as tricas que ainda continuam desde que liberais, absolutistas, conservadores, regeneradores, progressistas, monárquicos e republicanos se foram dividindo até aos dias de hoje, mas mais comemorações terão lugar porque ninguém consegue gastar 10 milhões num só dia, porque a imaginação é muita mas não chega a tanto e proponho que se comemore a República já na 3ª feira de Carnaval, porque ninguém nota que estes governantes nem precisam de se mascarar. Depois é só aprontar a festa a 11 de Março, a 25 de Abril, a 10 de Junho (era da ditadura, mas também serve), a 15 de Agosto (é religioso, mas também não faz mal), a 28 de Setembro, a 5 de Outubro, a 25 de Novembro e com a festa final no dia 25 de Dezembro.
Bom, eu até me sinto mais republicano, valha a verdade, até porque na monarquia não poderia sequer ascender a duque, quanto mais a rei, enquanto na república até poderia ser presidente, estão a ver, mais democracia, mais valor a quem o tem, sem necessidade de ser filho de quem se é... assim é que eu gosto.
Dizem até as más línguas que na monarquia é muita gente a comer do orçamento, o rei, os príncipes, marqueses, duques, etc e eu até pensava que isso saía caro ao país, mas na república já lá vamos com 4 (quatro) presidentes, com carro, motorista, avença vitalícia, secretária, escritório e o mais que eu nem sequer sonho, pelo que venha o diabo e escolha.
Por fim e para não ser aborrecido para quem lê, direi que comemorar estes "100 anos de República" é comemorar uma república de golpes, contra-golpes, violência política, religiosa e social e quase metade do tempo de ditadura, com analfabetismo, perseguição e guerra... comemorar o quê?

Um comentário:

Anônimo disse...

...comemorar, se possível com um vinho a martelo daquele que "embabeda" facilmente, porque só muito bêbados é que achamos piada a toda esta desgraça...

abraço
Miguel