sexta-feira, 20 de novembro de 2009

QUE BOM, MST...

Ontem, estava distraído e parei na TVI à hora do telejornal, não que as notícias sejam diferentes dos demais canais, mas porque os comentadores "residentes" (chamam-lhes assim porque até parece que moram lá, não é?) devem ter criado uma associação que lhes possibilita rodar por cada um deles sem se empurrarem... bem, sem se empurrarem talvez seja delicadeza minha, porque desde que veio a lume que o amigo Pacheco Pereira se abarbatava com 5.000,00€ (cinco mil euros) mensais para "quadrangular o círculo", os empurrões sucederam-se tenho quase a certeza, alguns deles, comentadores, até se dão ao luxo de registar a patente de programas de debate televisivo, para que estejam sempre a receber alguns trocos, apareçam nas câmeras ou fiquem só a ver, imitando a Teresa Guilherme que até já exporta concursos para o exterior (não tenho a certeza, mas já vi isso escrito numa dessas revistas semanais).
Bem, ontem calhava o inefável Miguel Sousa Tavares, jornalista, escritor, comentador televisivo e talvez mais alguma coisa que eu não saiba, que voltou contrariado sei-o bem, a falar dessa classe de professores, a "mais inútil e bem paga classe profissional" que existe em Portugal segundo ele, opinião que como afirmou lhe tem causado bastantes dissabores... eu sei, eu sei MST que os professores gostam de comprar livros e houve uma corporativa rejeição pelos seus livros, com uma considerável baixa de proventos, mas é a vida, essa coisa da liberdade de manisfestação por todas as formas, como vem na Constituição é balela claro e lá estão os escritores, jornalistas e comentadores a sofrer.
MST voltou a dizer que agora, com a aprovação de uma proposta do PSD os professores vão deixar de ser avaliados, que "era isso mesmo que eles queriam", esses parasitas que ganham fortunas, compram carros de luxo, viajam por todo o lado e têm 3 (três) meses de férias, para fazer um trabalho tão desqualificado que qualquer miúdo de 6 anos sabe que quando for grande quer ser... professor, ou desempregado, ou reinserido socialmente que é o que está a dar.
Sabe MST que há professores que ensinam, fomentam actividades educativas, no meu caso promovendo anualmente um intercâmbio com uma escola estrangeira, fora das actividades lectivas sem receber um único centimo por deslocações e garantindo a recepção de jovens com visitas culturais, refeições e actividades recreativas sem que o Estado contribua com qualquer verba, apenas com donativos de empresas privadas e onde a maioria dos nossos alunos tem oportunidade de efectuar o seu "baptismo de vôo"?
Pois no meu caso, era professor titular e agora vou voltar ao mesmo plano de todos os outros colegas professores e sabe o que recebi durante estes quase dois anos com essa categoria, tanto em termos económicos como de carreira profissional? zero!!!
Não tive uma única falta, com excepção de uma semana em que fui compulsivamente internado num belíssimo hospital distrital, após ter deixado uma aula a meio por me sentir a morrer... afinal era uma simples pneumonia e a médica já nem me deixou sair dalí. Estou a caminho dos quarenta anos de serviço, comecei a leccionar quando Veiga Simão era ministro da Educação, lembra-se? isso, isso, no Estado Primaveril Marcelista.
E sabe, fui buscar à secretaria da minha escola a avaliação entre Setembro de 2008 e Agosto de 2009, depois de ter definido os meus objectivos individuais, ter assegurado toda a matéria a que os alunos têm direito e ter feito o relatório exaustivo de todas as actividades proposta no planeamento anual de grupo e turmas (afinal os professores foram, são e serão avaliados) e tive a classificação de BOM, porque todos os professores na minha escola são bons e como não podiam ser todos excelentes por causa das cotas...
Esses comentários, caro Tavares, até lhe ficavam bem aos vinte anos, porque eu já passei por isso, mas na sua idade...
Que saudades da senhora sua mãe, mas acho que vc sai mais ao paizinho, aquele a quem Raul Rego um dia disse que tinha a liberdade até de lhe chamar "cara de cavalo".

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