sábado, 12 de julho de 2008

O TERRITÓRIO DA APELAÇÃO

Os territórios ocupados da Palestina vieram-me à memória quando fui ontem surpreendido com o início da guerra afro-romani da Quinta da Fonte, no concelho de Loures, em Portugal, um dos vinte sete membros da primo-mundista comunidade europeia, onde se vive bastante melhor que no resto do globo, de Marrocos ao Zimbabué, do Azerbeijão ao Nepal, da Bolívia às Honduras... e da Quinta do Mocho à Quinta da Fonte.
Então não é que a TV me mostrou os trabalhadores africanos e os empresários romanis aos tiros no meio da rua, imagens tão iguais às que costumo ver nos telejornais, com enviados especiais ao Iraque, Zimbabué, Palestina e Israel? ali mesmo, no meio da rua alcatroada e ajardinada de um bairro social onde, quase acredito, não se paga a ponta de um chavo pela renda de casa que o Estado mandou construir com o dinheiro dos poucos que contribuem.
Alguns simpáticos construtores da sociedade sem clivagens sociais, organizações não governamentais, dos amigos dos animais, do SOS Sadismo, dos grupos arco-íris, do green peace, do "make love not war", acham que o problema é devido à sociedade injusta em que vivemos, que tudo começou quando o Bush nasceu, quando os colonizadores colonizaram, quando o desemprego desemprega sempre os mesmos, normalmente os que não têm muita apetência para a coisa, ahhh já me esquecia do G8, essa tenebrosa organização que tem sempre atrás dela uns jovens que têm sempre dinheiro para ir fazer barulho na porta do hotel, seja no Japão ou na Cochichina... mas eu continuo a gostar de ouvir o Sarkozy chamar-lhes "escumalha", o que é que querem, cada um é como cada qual.
As imagens da TV esclareceram-me quanto à necessidade de andarem aos tiros, na medida em que os parvos que nos governam alcatroaram as ruas todas... se tivessem deixado as ruas sem alcatrão, sempre havia pedra com fartura para arremessar e não havia necessidade de armas, tal qual a Palestina que mantém as intifadas com muita pedra em ruas esburacadas e sem necessidade de andar a fornecer armas ao pessoal.
Outra coisa que me intriga é haver tantos técnicos sociais e não saberem que a integração cultural destas comunidades não se promove com casas de alvenaria. Com prédios de 4 andares, com jardins na frente e parque de estacionamento? é claro que depois é vê-los com tenda montada em frente do prédio, como tive o prazer de ver ontem na TV, em animada festa de aniversário, onde se faz barulho durante três dias e o vizinho que se lixe. Parece que esta malta andou por toda a Europa, desde Noruega, Suécia, Holanda, França e só se fixou em Espanha e Portugal... podem explicar-me porquê? parece que nesses países não podiam fazer barulho quando lhes apetecia.
Por último, li no Diário de Notícias de hoje que 90% (noventa por cento) das famílias da Quinta da Fonte recebe do estado o RMG (rendimento mínimo garantido)... deve ser tão bom que até dá para comprar armas.
Outra coisa interessante que reparei na reportagem televisiva foram os carros, alguns de gama alta, que enchiam os passeios da "Quinta da Fonte" (já repararam que não é "bairro" como antigamente? "quinta" é que é, para elevar o estatuto social)... pertencem todos aos 10% que não recebe o "rendimento mínimo garantido"? é capaz de dar dez carritos a cada um...
Os "nossos" amigos americanos parece que resolveram uns problemas com uns artistas nascidos nos Estados Unidos, filhos e netos de açorianos, que se meteram na marginalidade, de tal maneira que todos os outros entraram nos eixos e quase acabaram as deportações para os Açores... será que ainda há hipóteses de contratar uns "sherifs" nos Estados Unidos para fazer da Quinta da Fonte um lugar onde se possa viver?

Um comentário:

Anônimo disse...

Caro bigodes

Com o feitio com que tu andas, em vez de lixares a cabeça aos teus colegas de grupo, bem que poderias ir fazer de xerife a essa rapaziada...

Abraço
Miguel