Ontem recebi um mail bastante interessante sobre algumas empresas, investigação e inovação que também existem neste belo país à beira mar plantado, em contraponto com inúmeros indicadores que nos envergonham e que nem vale a pena enumerar, pois basta comprar um jornal diário de vez em quando, ou até mesmo aproveitar os que os cafés e pastelarias nos colocam à disposição quando lá vamos tomar a habitual bica, esta também uma instituição nacional que, se não estou enganado é quase caso único na Europa.
Pois, ao ler o tal mail, onde se enaltecia o facto de a maioria desses jogos de computadores serem imaginados, produzidos e fabricados em Portugal e exportados para todo o mundo, onde tecnologia aplicada a telemóveis permitem pré-pagamentos que são exclusivos em Portugal, onde os automóveis se deslocam por auto-estrada e não têm de parar para pagar porque uma empresa portuguesa inventou, produziu e vendeu essa tecnologia da via-verde, onde já existem nas caixas multibanco possibilidades de pagamento de tudo e mais alguma coisa, onde a utilização da internet e das novas tecnologias nos coloca no grupo dos países mais avançados do mundo, onde eu próprio marco férias, viagens, compro, vendo, contacto com quem desejo, telefono de borla, falo e vejo a família e amigos na hora, no país que tem dez milhões de habitantes e 15 milhões de assinaturas telefónicas móveis, neste país onde existem famílias em dificuldade e num fim de semana se oferecem 2.500 toneladas de alimentos, ao contrário de alguns outros países e governos que recebem milhões e milhões de dólares de ajuda internacional e têm os seus povos a morrer de fome, eu queria dizer que... os CTT de Alcanena não têm terminal de multibanco!
É verdade, uma das maiores empresas de Portugal, com administradores pagos a peso de ouro, com movimentações aos seus balcões de milhares de euros diariamente, só aceita notinhas e moedas como pagamento, ao contrário de alguns vendedores do mercado semanal que já se apresentam com um terminal portátil de multibanco para receber o valor de peúgos, sapatos e até material de marca contrafeito.
E a cara da funcionária quando lhe disse que era perfeitamente ridículo que uma agência dos CTT não tivesse terminal de multibanco? a estranhesa pela minha inquirição até me levou a pensar que tinha entrado numa daquelas repartições públicas do século passado...
- mas se quiser, pode reclamar...
- gostava de lhe dizer que se eu fosse funcionário dos CTT já teria chamado a atenção do seu chefe para a necessidade de se adaptar aos novos tempos...
- ........
Esclarecido, saí dali o mais rápido possível, antes que me enfiassem nas catacumbas do século XIX, lembrando o facto de no balcão de Alcanena ser necessário estar numa fila que pode demorar 5 ou 50 minutos de espera, apenas porque precisamos de um selo para uma simples carta.
Por este andar "é meio caminho andado", como dizia o slogan do correio azul e "meio caminho parado", como digo eu.
2 comentários:
É que nem todos são tão avançados como V.Exª. Alguns ainda fazem as contas de acordo com um factor que se chama "margem". E verificam que alguns serviços não geram margem que cubra as comissões de MB. E se não podem aumentar os preços porque estes são fixados pela ANACOM... Mas tem razão: só quem está na idade da pedra lascada se detém com estas questões de margem e resultados, e em estudar estas questões antes de "sentenciar".
Pois muito bem, fiquei a saber que os CTT não têm margem de lucro para instalar terminais de multibanco nas agências, o que acho uma pena num país que se quer desenvolvido.
Mas para vender livros, bibelots e porta-chaves ao balcão, já tem margem? qualquer dia, para manter a margem ainda hei-de ver os funcionários a vender cerveja ao balcão...
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