domingo, 13 de dezembro de 2009

NUNCA VALEU TÃO POUCO...

"Ter dinheiro no banco nunca valeu tão pouco" era o título de primeira página do "Diário de Notícias" de hoje, prestigiado jornal dirigido pelo conhecido jornalista de apelido Marcelino, o qual se não estou em erro começou a fazer umas crónicas no futebolístico "Record", dominando a estratégia, a leitura de jogo, a jogada na "cabeça da área" ou as jogadas de "bola parada", para passar a um patamar superior em que já analisa discursos ministeriais ou presidenciais, não se coibindo de abordar seja que tema for e a que propósito seja. A sua postura séria, a ideia que transmite de um conhecimento profundo em todas as áreas económicas, sociais e políticas, nas várias ocasiões televisivas em que o tenho encontrado, aliada a uma imagem bem trabalhada da qual se salienta aquela barba de vários dias fazem dele um "director". Daí a luz verde do senhor director do jornal para este título, diria "bombástico", capaz de levar as pessoas a passar na agência bancária mais próxima e a levantar o pouco que lá têm, se a imprensa fosse ainda uma referência honrada, verdadeira e séria, como o deveria ser num país razoavelmente evoluído, o que não é o caso, como o comprova o facto de 90% da população não comprar com regularidade qualquer tipo de jornais, ficando-se pelas revistas que trazem os episódios das novelas, os divórcios de algumas estrelas da TV e os segundos, terceiros e até quartos casamentos das mesmas estrelas. Na verdade seria de bom tom realizar um doutoramento nesta área da comunicação, dando de barato que num país evoluído as pessoas compram jornais, mas também que um povo culturalmente maduro não compra jornais que não têm o nível que essas pessoas exigem. Paradoxal, portanto.
Ter dinheiro no banco nunca valeu tão pouco e ainda bem que é assim, porque nem ressentimentos tenho de nunca me inclinar muito para o aforro ao longo destas dezenas de anos em que tenho andado por aqui, o que me dá uma paz de espírito enorme... já viram o que era ter juntado uns milhões no banco e agora... não valer quase nada? muitas pessoas chegam até a matar-se quando dão conta de que o seu dinheiro no banco não vale quase nada e outras matam-se porque o seu quase nada não chega sequer à porta do banco.
Num subtítulo o jornalista até afirma preto no branco que "em seis meses o valor dos depósitos a prazo caiu para metade", o que se é português que ele escreve daria para uma explosão social pior que a manif dos ambientalistas em Copenhagen, mas não, na óptica de Medina Carreira é apenas ignorância e iliteracia de mais um estagiário do DN, licenciado em comunicação social numa qualquer universidade "perto de si", o qual se fosse há 30 anos começaria pela secção de "necrologia" e hoje começa logo na primeira página a dizer asneiras.
Na verdade com um pouco de atenção calculamos que o valor dos depósitos se mantenha e a taxa de juro aplicada a esses valores depositados é que caiu para metade, mas nunca fiando, porque se alguns se abotoam com milhões, outros poderão ficar com metade do que lá têm, porque a volatilidade dos valores é cada vez maior e nunca sabemos o dia de amanhã, com excepção de uns administradores de bancos, empresas de construção e até de "ferro-velhos", que antigamente não ganhavam para a bucha e hoje é o que se vê.
Na verdade "ter dinheiro no banco nunca valeu tão pouco"... e não o ter, será melhor?

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