terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O ESTADO DOS MILHÕES

Mais um dia de descanso religioso, para cristãos, não cristãos, ateus, agnósticos, muçulmanos, budistas, hindus, evangélicos, islamistas e todos os outros que nem lembra ao diabo, fruto de um oportunismo bacoco que me dá um certo gozo, uma vez que nunca vi um grupo de pitorescos anarquistas e, ou contestatários de tudo e mais alguma coisa, pedir a realização de um referendo para acabar com estes diazinhos que se gozam na perfeição à custa da metafísica suspeição de que há um Deus que nos protege e consequentes santas, santinhos, anjos e arcanjos para onde nos viramos quando estamos com a corda no pescoço, salvo seja, ou quando algum jogador do nosso clube marca um golo, se benze 27 vezes e olha para o céu a agradecer.
Poderia ter escrito uma crónica a semana passada, dentro da mesma linha, onde se comemorou um feito dos nossos antepassados monárquicos, pela independência da corte em relação a Castela, dia esse bem gozadinho de descanso por todos os republicanos deste país onde afinal tudo serve para comemorar seja o que for, desde que seja feriado, seja ele político e ninguém goste de política nem dos políticos, seja religioso e ninguém saiba onde fica a porta da igreja.
Ora um dia tão bom como o de hoje, que em princípio se repetirá em 2010, tinha de ficar ainda mais interessante com a notícia do jornal onde se dá conta de que o Estado, ou o Governo, ou o Chefe de uma qualquer repartição de finanças, ou até mesmo um simples mas inteligente ministro vendeu uma penitenciária, ali mesmo por cima do Parque Eduardo VII, numa das melhores, mais bonitas e mais caras da cidade de Lisboa, onde até o Bil Gates gostaria de viver e o Jorge Coelhone da Mota Engil gostaria de construir um arranha-céus panorâmico com vista para o Tejo, dizia eu que venderam a penitenciária por 81 milhões de euros, ficando a pagar a módica quantia de 7 milhões de euros por ano de renda, o que quer dizer que daqui a 12 anos o Estado não tem dinheiro, nem penitenciária, nem terreno, mas terá rendas para pagar e presos a quem alimentar, caso o Papa não consiga aministiá-los todos nas 14 viagens a Fátima previstas para os próximos 7 anos.
E eu que sou um perfeito ignorante nestas coisas da fazenda pública, nestes negócios onde se vendem os anéis com dedos e tudo, ninguém pede responsabilidades a ninguém e ainda bem porque o tribunal que mandou parar a co-incineração já deu ordem contrária, o outro que acusou o Caldeira já o ilibou, aquele que acusou o cheque falso do Valentim Loureiro já o prescreveu, aquele outro que isaltinou contas na Suiça já amnistiou tudo e o "Estado" que andou por aí a gritar sobre as facturas falsas das "Soares" e "Motas" empresas de construção acabou por acusar e culpar o Calçada da Gouxaria que parece que comprou uns sapatos novos e se esqueceu de pagar o IVA.
Espero ter saúde suficiente para ver Portugal ser engolido pelo descongelamento dos glaciares, antes mesmo de os credores cá virem tomar conta disto, até porque no Brasil os meus amigos sempre me disseram que "quem não tem condições, não se estabelece", mas por cá há sempre quem se estabeleça até à 5ª geração.

Um comentário:

Miguel Sentieiro disse...

Ó Lúcio, p'ro ano quando te reformares e comprares uma casita no Brasil, pode ser que eu comece a ficar farto de ser engolido por estes glaciares da pouca vérrgônha, me tenhas de aturar como vizinho. Pelo menos aí não temos frio...