sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

FRACOS NA ARITMÉTICA

Nunca percebi muito bem aquela transição de antigamente, em que se começava na escola primária com a aritmética e se acabava no final do secundário com a matemática, um tal processo evolutivo que hoje me faz lembrar outros conceitos que não domino, mas que os jornais todos os dias fazem por me esclarecer, como seja onde acaba a infância e começa a juventude ou onde esta acaba e começa a idade adulta...
É só abrir um jornal e verificar os assaltos praticados por dois jovens de 28 e 30 anos de idade, ou crianças de 14 e 15 anos para termos uma percepção do que é ser jovem neste país, para além de uns outros muito interessantes como sejam "um homem de 25 anos morreu numa obra de construção civil"... o que quer dizer que a trabalhar é homem e a roubar é jovem, quase numa elaboração semântica que nos diz que homem tem idade para ter juízo e jovem ainda tem desculpa, ou seja homem só serve para morrer a trabalhar e jovem de 30 anos ainda pode roubar que há por aí muito pessoal técnico de inserção social, reinserção se já foi apanhado 17 vezes a roubar e de rendimento social de inserção para os ladrões com mais de 40 anos que já não têm as capacidades necessárias de andar por aí a gamar, porque é preciso carregar a arma e correr depois do roubo e a idade já não permite essas performances.
Tudo isto a propósito dos assaltos a velhotes reformados, que só acontecem porque esses gatunos de "meia tigela" que andam a assaltar idosos não tiveram a necessária instrução escolar que lhe permitiria ir por novos e mais vantajosos caminhos, ou seja, não aprenderam as operações aritméticas fundamentais que lhes permitissem chegar à conclusão que a roubar velhinhos com reformas de miséria, também eles não passariam de uns ladrões pelintras. Se os ladrões soubessem fazer contas, verificariam com facilidade que teriam de roubar o mesmo velhote, todos os meses durante trinta anos, para comprar um mercedes razoável, o que daria maus resultados, não porque a polícia o conseguisse prender ao longo desses 30 anos, mas apenas porque o velhote morreria antes do ladrão arranjar o dinheiro para pagar o mercedes.
Mas a mentalidade dos ladrões está a mudar e acho que com as "Novas Oportunidades" tudo se conjuga para que deixemos de ter ladrões nas ruas, porque nas bombas de gasolina, nas finanças, nas offshores, nos bancos e em grandes obras públicas, sempre lá estiveram.
Dizia eu que, com as Novas Oportunidades porque não os ladrões associarem-se, criarem bancos e offshores? Pois... talvez fossem ladrões a mais no mercado financeiro, mas depois compravam umas cimenteiras, umas fábricas de máquinas electrónicas em Porto Rico, umas herdades no Alentejo para construirem shopings... ahh, não percebem nada de gestão? não se preocupem que os que têm estado nos bancos verdadeiros também não percebiam nada daquilo e desde que me lembro que o Maldonado Gonelha tinha o curso industrial de electricidade e foi ministro da saúde, que mal tem ser analfabeto e administrador de bancos? e o Vara? e o Vara? calma que esse era funcionário de balcão da Caixa Geral de Depósitos, mas agora é administrador e já acabou uma licenciatura de Relações Internacionais na Moderna e não há nada que me diga que o homem ande a depositar dinheiro em offshores.
E tudo isto a propósito de aritmética, da tal onde uns somam devagarinho, outros diminuem com muita pena minha, outros dividem pelos que lhes estão próximos e sempre os mesmos multiplicam à bruta, de tal maneira que falam de contas à ordem de 7 milhões de euros, realizados com muito trabalho e aplicações correctas de fundos... mas oh Loureiro, vc disse conta à ordem de 7 milhões de euros? e aí eu fui buscar a máquina de calcular, a tal da aritmética e comecei a fazer umas contas... afinal não é assim tanto como isso, ou eu estou enganado ou dava um salário mínimo nacional por dia durante 42 anos e meio!
E aquela notícia que ouvi esta manhã de um tal Monteiro, tio de não sei quem, que no ano de 2005 comprou quatro carros de luxo, a um ritmo que nem o Cristiano Ronaldo consegue acompanhar?
Fraco na aritmética sou eu, que em 36 anos de trabalho, mesmo tendo em conta que sempre ganhei o que ganho hoje, o que não é verdade, mas ajuda nas contas, ainda não consegui atingir a fabulosa soma de 1 milhão de euros... eu e mais 90% da população que nunca conseguimos passar da aritmética para a matemática.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ainda bem que não chegaste à conta do buraco do BPN que o estado,ou seja nós, vamos ter de pagar. Então eu digo-te:1800 milhões de euros!!!
Agora vai lá chorar para a casa de banho e gritar umas quantas asneiradas...verás que isso passa,...ou talvez não.
Miguel