segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O QUE ELES FAZEM...

O que eles fazem para nos sentirmos felizes... quem são eles, perguntam vocês? humm parece-me que foram de férias e nem deram por isso, eu compreendo que não dessem por isso, porque eu quando vou de férias também fico um bocado atarantado, ele são os banhos de água quente, o carro alugado, os passeios, as bebidas que o tudo incluído quase nos obriga a tomar durante o dia e a noite, os jornais e revistas que no estrangeiro nem se dão ao trabalho de apresentar o mapa da Europa com o nosso país... pois claro que eu entendo que não estejam bem a par das novidades, aquelas notícias financeiras com que a tv nos metralha de manhã, à tarde e à noite... o quê? vocês não sabem de nada e não foram de férias? bem me parecia que este mundo está cada vez pior...
Então ainda não deram pela crise financeira? acho até de bom tom esclarecer como fez o esbugalhado João Salgueiro que isto é apenas uma crise financeira e não uma crise económica... pois o economista (ou financeiro?), fez questão de salientar as acentuadas diferenças para que o povo não se confunda e comece a pensar que estar "teso" é finança quando na verdade é economia, ou que comprar a crédito é economia quando na realidade é finança... estão a ver a coisa, não?
Mas não se preocupem que os bancos vão pedir dinheiro uns aos outros, com a garantia dos governos que também vão pedir dinheiro uns aos outros, para que nós possamos também pedir dinheiro uns aos outros... lembro até a história do taberneiro que estava estabelecido ao lado de um banco e que respondia aos clientes que queriam beber a crédito ou fiado, como se dizia na época:
- "Desculpa oh Zé, mas eu fiz um contrato com o banco aqui ao lado, nem eu posso vender a crédito, nem o banco pode vender copos de vinho".
Agora a crise é tão vertiginosa que um indivíduo sai de casa de rastos, sem dinheiro para comprar um carapau e à hora de almoço já está outra vez rico com os ganhos do PSI 20, para ter de comer uma sandocha à noite porque voltou a baixar o NASDAQ...
Esta noite o telejornal abriu com uma subida das bolsas de tal ordem que até a Euribor desceu para valores impensáveis, de tal maneira que meia hora depois de ter dado a notícia, um repórter fez contas a um empréstimo de 100.000 euros a 30 anos e informou todo o povo que a prestação mensal do empréstimo descerá nos próximos meses... 4 euros! (quatro euros por extenso,porque até podiam pensar que eu já não dou com números).
Acho que tenho de deixar de ouvir as notícias, depois de ter deixado de comprar jornais, livros e revistas, deixado de ouvir rádio, deixado de sair aos fins de semana, deixado de ouvir a família que os amigos já nem os vejo há mais de seis meses, deixado de me ouvir a mim mesmo, porque eu não consigo acompanhar a velocidade vertiginosa que este século XXI imprimiu a todos nós, com pretensos comentadores, políticos, economistas e financeiros a quererem dizer-me que com Moçambique a crescer 10% e nós a crescermos 2% qualquer dia estamos atrás deles, porque o que eu aprendi em aritmética, de que 10% de zero é menos que 2% de um está errado.
A crise de facto é um bom presságio para o desenvolvimento de nichos de mercado, de tal maneira que os países africanos já pediram informações sobre a forma de importar falências como aquela que aconteceu a semana passada com a Islândia... parece que até o Mugabe quer trocar o crescimento do Zimbabué pela falência da Islândia, não sei, mas por causa das crises vou já ali à loja comprar a ultima versão do "Monopoly"... acho que aí já se podem comprar países.

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