segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

SOU SÓ EU?

Depois de um orçamento de Estado aprovado, com as medidas de austeridade a cortarem nos vencimentos do funcionalismo público, para pagar os prejuízos acumulados com obras que servem toda a comunidade, começaram as medidas avulsas a aparecer para safar alguns em detrimento de alguns outros, vai daí o governo socialista decreta que as empresas de capitais públicos que dão centenas de milhões de euros de prejuízo todos os anos, não vão ter necessidade de cortar nos seus funcionários, o governo socialista dos Açores também não vai sacrificar os seus funcionários, os assessores também não descontam porque estão em comissão, os amigos também não vão sofrer cortes nas comissões ou dividendos que recebem dos juros de capitais investidos, ao contrário de qualquer pessoa que vai ter de pagar todos os juros, até mesmo da herança da casa velha e a cair que os pais lhes deixaram...e chegados a este ponto começo a interrogar-me se o deficit vai ser reduzido só com os cortes que eu e mais uns poucos vamos sofrer em 2011.
Parece-me lógico que uma sociedade deveria pedir sacrifícios a todos conforme os seus rendimentos, com excepção daqueles que ganhando uma miséria já fazem sacrifícios desde que nasceram, mas não é isso que vai acontecer, porque quem governa não tomou chá em pequeno, aprendeu a mentir sem que lhe dessem uma palmada no traseiro e acha que é mais esperto que os outros, pelo que só vai levar corte no salário uma parte dos funcionários, o deficite vai continuar ou até mesmo aumentar e no final do ano que vem, os mesmos espertos que nos governam irão cortar ainda mais nos mesmos de sempre.
Outra coisa que me faz pensar que estes governantes, economistas e afins não percebem nada do assunto é andarem a pedir dinheiro emprestado a tenebrosas e anónimas sociedades financeiras, ao juro que elas querem e não apoiam a poupança dos portugueses, oferecendo-lhes produtos de aforro a metade ou menos dos juros que pagam a essas sociedades financeiras, convidando os cidadãos a gastar o pouco que ganham porque o juro do aforro, contando com a inflação ainda acaba por ser negativo, não contando que lhe esmifram 25% dos juros obtidos em contraponto com as mais valias dos accionistas da PT que vão recebê-las limpas e secas, sem qualquer tributação.
Eu já era professor quando um governo ditatorial mantinha um orçamento equilibrado, com uma guerra colonial onde se encontravam 100.000 homens que precisavam de ser alimentados e vestidos, onde se gastavam fortunas em barcos, aviões e armas, onde todos viviam normalmente, sem "sem-abrigos", toxicodependentes ou ladrões de ourivesarias, mas nunca ouvi dizer que os governantes da época fossem apanhados a roubar os dinheiros do Estado ou dos bancos, com excepção de um valente capitão na Guiné, que fez uma pequena fortuna a comprar batatas para a messe.
Não acredito num primeiro-ministro que, há meia dúzia de anos atrás fazia uns projectos de habitação com azulejos do lado de fora, em administradores de empresas públicas que ganham centenas de milhares de euros por mês, em assessores que só o são porque se inscreveram no partido do poder, em parasitas que levam bancos à falência e vão apanhar sol para Cabo Verde sem que ninguém os incomode, em ministros que aceitam que Timor-Leste nos empreste dinheiro para pagarmos as dívidas, sem sequer um esgar de vergonha na cara... e não sei bem, mas acredito que alguns milhões de portugueses pensam como eu, ou estarei enganado? Sou só eu?

Nenhum comentário: