quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

PORTUGAL E O FMI

Aproveitando este feriado do 1º de Dezembro, que já me criou alguma azia, quando um jornalista televisivo perguntava a um jovem lindo de olhos azuis, ciberneticamente actualizado e capacitado, playstationíssimamente habilitado, mas completamente ignorante em relação às suas raízes históricas, o significado do "dia da independência", em contraste com um idoso que logo lembrou como se tivesse participado como conjurado, o lançamento de Miguel Vasconcelos para o Terreiro do Paço e os vivas a D. João IV naquela manhã de 1 de Dezembro de 1640. Felizmente que os espanhóis estavam com os seus exércitos a combater a vontade independentista da Catalunha e descuraram o flanco português, razão ainda para o meu amigo Josep Blasco me dizer quando nos encontramos que só somos hoje independentes à custa da Catalunha, o que eu sempre faço por agradecer.
Claro que a ignorância dos jovens em relação à sua história só vem porque cada data importante da nossa história é estudada como um "fait divers"...
- meninos, sabem porque é que amanhã é feriado?
- não, senhora professora...
- então eu vou explicar...
e para cada feriado a sua explicação, seja o 25 de Abril, o 10 de Junho ou o 1º de Dezembro, sempre explicados com a profundidade que se percebe na véspera e... ponto final, que os miúdos precisam é de saber inglês e internet, para além das 12 horas de educação sexual que todos os directores de turma tentam incorporar nas actividades dos colegas docentes que, sem qualquer preparação nem documentação tentam impingir aos alunos com uns filmes que os jovens acabam por ver meia duzia de vezes por ano. Para isso há tempo e horas, mas para a divulgação da nossa história não é preciso, que o professor Hermano Saraiva trata disso no canal 2, tarde e a más horas.
Claro que a partir daqui temos que aguentar toda a série de disparates, como um "opinião pública" que perguntava se era preferível uma união ibérica, apresentando como justificação a candidatura ao mundial do pontapé na bola de 2018, fazendo uma confusão nada dignificante entre uma necessária cooperação ibérica e uma tonta proposta de união ibérica, comparando até a reunificação alemã que a guerra separou há 60 anos atrás e o bom senso unificou, com uma nação de cerca de 9 séculos de história, unida e pulverizada de seguida pelos "nuestros hermanos" com a complacência, ignorância e desvergonha de uma geração de gente ignorante e cobarde.
Na verdade, o tema que eu propunha hoje não tinha nada a ver com o que acabei de escrever, mas as conversas são como as cerejas, vêm sempre umas atrás das outras, pelo que nada se perde, tudo se transforma, como dizia alguém mais inteligente que eu... e esse tema era "Portugal e o FMI", até porque uma agência de apostas, a "Unibet" tinha nas apostas uma questão interessante "o FMI entra em Portugal até 31 de Março de 2011?". Quem apostasse "sim" ganharia 1,7 do apostado, quem apostasse "não" ganharia 3,4, o que de alguma maneira dá a entender que eles vêm mesmo antes de 31 de Março.
Logo me veio à ideia uma solução para o problema do deficit, fácil de resolver e que vou tentar fazer chegar ao primeiro-ministro, ou seja, se o deficit são 10 mil milhões de euros, o governo deve apostar na Unibet uma quantia igual no "não", fechar todas as fronteiras até ao dia 1 de Abril para que o FMI não possa entrar e receber o prémio de 3,4 vezes o dinheiro apostado, resolvendo até o deficit de mais dois ou três anos que aí vêm. Vai uma aposta?

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