terça-feira, 26 de outubro de 2010

O ORÇAMENTO

O "orçamento de Estado" continua na ordem do dia, de tal modo que ontem quase tinha uma paragem cardíaca ao ver o telejornal, senti um formigueiro, o corpo a gelar e eu a gritar que queria um chá bem quente para acalmar e a lembrar que um médico disse que o chá é um estimulante, que não acalma coisa nenhuma, mas vinho tinto áquela hora tb não me sabia grande coisa... e tudo porque o primeiro jornalista afirmou que o governo e a oposição estavam em negociações e passou em directo para o segundo que disse em primeira mão que o governo e a oposição continuavam em negociações, ao qual um terceiro jornalista também em directo e mesmo à porta das negociações afirmou que naquele momento estavam o governo e a oposição a negociar o orçamento... e já lá vão 12 minutos de telejornal, com declarações cada vez mais elucidativas, tendo mesmo um dos jornalistas revelado que nada se sabia das negociações, ou melhor, nada transpirava da mesa de negociações.
E aí eu percebi que estava a ver uma tv pública, com prejuízos colossais de centenas de milhões de euros, que esmifra mais umas centenas de milhões aos desgraçados que precisam de um contador de luz na casa, porque três jornalistas a dizer a mesma coisa na mesma peça é obra, é talvez o supra-sumo da política governamental do 3 por 1, só que aqui na RTP é três na rua a fazer a mesma reportagem por um que fica no estúdio a dizer o mesmo, na linha da medida governamental dos três que saem por um que entra.
Então o rico Balsemão, com a SIC enriquece, faz festas, paga bem, tem lucro, não me cobra taxas e a RTP tem centenas de milhões de euros de prejuízo?
Qual é o propósito de um Estado que tem empresas de transporte a receber chorudas indemnizações em concorrência com tanta empresa privada de transportes, chegando ao ridículo de estas conseguirem oferecer preços mais baixos aos seus utentes e apresentarem lucros no final de cada ano, sem receberem qualquer indemnização "compensatória"?
A que propósito gastou o Estado mil milhões de euros para modernizar a "linha do norte" e no final dos gastos a viagem Lisboa-Porto encurtou em 10 minutos?
Porque é que o Estado subsidiou estádios de clubes de futebol e tem um Estádio Nacional completamente abandonado onde se realiza um jogo oficial por ano, com directores, directores-técnicos, administrativos, cortadores de relva e mais não sei quantos funcionários?
Porque não extingue centenas de organismos com funcionários que nada fazem, porque as suas funções se esvaziaram em virtude de os sucessivos governos gastarem milhões de euros em pareceres, estudos e outras alcavalas efectuadas por gabinetes de amigos e amigos dos amigos?
Porque não promovem a formação e o efectivo desempenho de tarefas a todos aqueles que recebem os mais variados subsídios do Estado?
Porque é que não proíbem a acumulação de reformas com vencimentos a toda a gente, independentemente de quem seja e em que condições se encontrem? Porque é que esta medida só produz efeitos a partir de agora e os amigos dos governantes que estão nessa situação não são abrangidos?
E porque não retiram o abono de família de crianças, mas só das que nascerem a partir de 2011, como fizeram em relação à acumulação atrás descrita?
Eu sei porquê mas não digo...
Antigamente os que mandavam eram sempre os mesmos, mas agora não... passam de pais para filhos, numa republica monarquizada, onde só entra quem vier por mal.
Lá vamos cantando e rindo, levados, comidos e gamados sim...

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